Diferenças
de
conceitos
e
nomenclatura
entre
estas
Lições
de
Português
e a
Moderna
Gramática
Portuguesa
Evanildo Bechara(2000:
12-14)
1 –
Predicado
e
sujeito
A
tradição tem
posto o
sujeito
como
núcleo da
oração.
Mais
recentemente
considera-se o
predicado
como
centro da
função
predicativa,
donde partem,
graças aos
conteúdos
léxicos
implicados,
todos os
outros
termos,
inclusive o
sujeito.
Como
conseqüência
deste
novo
modelo de
descrição,
não se adotará
a
divisão do
predicado
em
verbal,
nominal e
verbo-nominal,
já
que
não se atribui
ao
nome a
posição
central no
chamado
predicado
nominal,
mesmo
porque
um
advérbio pode
exercer a
função de
predicativo.
Também
segundo
este
novo
modelo, o
predicativo,
como
complemento
verbal, está
no
mesmo
nível
sintático do
objeto
direto,
por
exemplo.
2 –
Complementos
verbais
A NGB
divide os
complementos
verbais
em
diretos e
indiretos. O
complemento
indireto
tem-se mostrado de
difícil
conceituação,
já
que a
consideração
como
complemento
preposicionado acaba abarcando
termos de
comportamentos
sintáticos
diferentes,
como
nos
exemplos:
Dei
um
livro
à Belinha.
Gostamos de Belinha. Fui à
casa
de Belinha.
Por
outro
lado, há o
caso dos
dativos
livres
que
quase
sempre
não se prestam
à
caracterização
de “complementos
verbais”,
como,
em
casos de:
Para
mim,
ele
está
doente.
Não
me
mexam nesses papéis,
etc.
3 –
Complemento
nominal
e
adjunto
adnominal
Considerado o
complemento
nominal uma
expansão do
nome, à
semelhança do
adjunto
adnominal,
autores
modernos
preferem colocá-lo no
grupo
adjetival, transposto de
substantivo
para
adjetivo,
mediante o
concurso da
preposição.
Daí a
preferência de
classificação da
oração
subordinada
completiva (O
desejo
de
que
venças... Estou desejoso
de
que
venças, etc.)
como
adjetiva.
Primitiva
substantiva
que,
mediante a
preposição, é
transposta a
adjetiva,
analogamente a
homem
de
coragem,
café
com
leite,
etc. A
mesma
transposição ocorre
com a
primitiva
oração
substantiva
que,
pelo
concurso da
preposição,
passa a
adverbial de
agente da
passiva,
em
exemplos do
tipo
O
livro
foi
escrito
por
quem
não
esperávamos.
4 –
Artigo
“o” X
pronome
“o”
Outra
análise
diferente
ocorre
com a
construção do
tipo:
Não
sei o
que
possa
fazer.
Ela
vê
o
que
eu
não
vejo,
em
que a
tradição tem
considerado o, a, os, as (=
aquilo
/
aquele
/
isso,
aquela,
aqueles,
aquelas)
como
pronome
demonstrativo seguido de
um
pronome
relativo
que transpõe a
oração a
adjetivo,
com a
seguinte
análise:
Não
sei o
que
possa fazer
1ª
oração:
não sei o
(=
isto,
aquilo)
2ª
oração:
que possa
fazer:
subordinada
adjetiva
Autores há
que vêem na
construção uma
substantivação,
mediante os
artigos o,
a, os, as, da
primitiva
oração
adjetiva
introduzida
pelo
pronome
relativo
que.
Assim, a
análise
passaria a:
1ª
oração:
não
sei
2ª
oração:
o
que
possa
fazer:
subordinada
substantiva
objetiva
direta.
O
aparecimento
de o, a, os, as resulta da
primitiva
construção
O
menino
que,
A
menina
que,
Os
meninos
que,
As meninas
que,
com
posterior apagamento dos
substantivos:
O
que
/ A
que
/ Os
que
/ As
que,
analogamente ao
que ocorre
com
O
homem
inteligente,
A
mulher
inteligente,
Os
homens
inteligentes,
As
mulheres
inteligentes,
que se
simplificam
em
O
inteligente,
A
inteligente,
Os
inteligentes,
As
inteligentes.
5 –
Construções
com
infinitivo
Em
construções
infinitivas do
tipo:
Vejo
crescer as
árvores,
em
que
tradicionalmente se analisa as
árvores
como
sujeito de
crescer
(= Vejo
que
as
árvores
crescem), há a possibilidade de se
considerar
as
árvores
como
objeto
direto (=
Vejo-as
crescer),
análise
que
vê
crescer
como
predicativo do
objeto
direto
as
árvores,
analogamente a
construções do
tipo
Vejo as
árvores
caídas / Vejo-as caídas,
em
que caídas
é
predicativo de
árvores.
Talvez
porque
árvores
não seja
sujeito de
crescer,
mas o
objeto
direto de
vejo, é
que o
infinitivo
normalmente
não se
flexione nestes
casos.
6 –
Orações
intercaladas
Nas
chamadas
orações
justapostas interferentes
ou
intercaladas (de
citação, de
opinião,
etc.), há a
tendência,
cada
vez
mais
generalizada, de entendê-las
como
um
período à
parte,
que se
justapõe a
outro
período,
com
análise
própria,
independente daquele
período
em
que se
inserem. (Cf. tb. BECHARA, 1999:480-481 e 2000: 118-119).
7 –
Grupos
oracionais
(período
composto)
e
oração
complexa
Há
modernamente a
orientação de
distinguir a
coordenação
como
resultante de
“junção”
de
orações (só
as
conjunções
coordenativas “ligam”), da
subordinação
como
resultante da
“degradação”
de uma
oração
independente à
condição de
um
termo
oracional.
Assim, as
chamadas “conjunções”
integrantes e
o
pronome
relativo
não passam de
transpositores.
Destarte, na
coordenação
teremos
grupos
oracionais
ou
período
composto,
enquanto na
subordinação
teremos
orações
ou
períodos
complexos.
8 –
Conjunções
coordenativas
Por
fim, vai-se
hoje
retornando à
lição
já
antiga de se
considerarem
apenas
três
tipos de
conjunções
coordenativas: as aditivas, as adversativas e as
alternativas.
As outras estariam representadas
por
advérbios
que
estabelecem
relações de
conclusão
(logo,
pois,
portanto,
por
isso,
etc.),
explicação
(pois,
porquanto),
continuação
(ora,
demais,
outrossim,
etc.),
concessão
(não
obstante,
embora,
contudo,
entretanto,
etc.), e
que
mais pertencem
à
esfera dos
marcadores
textuais.
Não havendo a
presença de
conjunção,
orações
começadas
por
esses
advérbios
serão
consideradas assindéticas.
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