O
CASO
DA
FLEXÃO
DE
GÊNERO
E OUTRAS
INADEQUAÇÕES
na
moderna
terminologia
gramatical
José
Pereira
da Silva (UERJ e ABF)
Retomando o
tema
apresentado no IV
Seminário
Superior de
Língua
Portuguesa, da
Academia
Brasileira de
Filologia,
apresento
aqui uma
versão
acrescida de
alguns
novos
argumentos
surgidos a
partir das
contribuições
ali recebidas,
principalmente
por
parte daqueles
que tentam
contestar a
realidade dos
fatos
aqui
apresentados,
como se fossem
absoluta
novidade.
A
história da
gramaticologia
ocidental
moderna,
afirmei naquele
evento, tem
base na
gramaticologia
greco-latina,
com numerosas
e
indesculpáveis
conseqüências
terminológicas
absolutamente
distanciadas das diversas
realidades
lingüísticas
descritas
ou
normatizadas.
Todos sabemos
que as
modernas
gramáticas das
línguas
românicas, de Nebrija a Bechara, vêm adotando uma
adaptação
terminológica
das
gramáticas
latinas
que,
por
sua
vez,
não fizeram
uma boa
adaptação da
terminologia
da gramaticologia
grega,
muito
mais
fiel à
tradição do
que à
ciência
lingüística,
que
já
não se pode
considerar
adolescente.
É
natural
que a
preocupação
dos
gramáticos
greco-latinos
não
era a
descrição da
língua,
conforme se
faz na
lingüística
moderna,
sem
qualquer
praticidade
ou
pragmatismo. A
gramática
greco-latina,
em
princípio,
era uma
gramática normativa,
com o
objetivo de
indicar,
pedagógica e
exemplarmente,
as
formas
corretas da
língua,
abonadas
com a
autoridade dos
escritores
corretos.
Eis o
que disse
Bruno Fregni Bassetto no VII
Congresso
Nacional de
Lingüística e
Filologia
em
agosto de
2003,
absolutamente
de
acordo
com o
que pensam os
reformistas
mais
incomodados
com a
descabida
inadequação da
terminologia
lingüística
ocidental
moderna (BASSETTO,
2003: 63):
Em
relação à
nossa
terminologia
gramatical, urge
não
esquecer
que,
em
grande
parte,
ela
remonta a Dionísio Trácio,
que escreveu a
primeira
gramática do
Ocidente. Os
gramáticos
latinos (Varrão, Aulo
Gélio, Carísio, Donato, Prisciano)
apenas adaptaram, traduziram
ou
apenas decalcaram os
termos
gregos. No
correr dos
séculos,
muitos desses
termos tiveram
seu
conteúdo
semântico ampliado
ou reduzido, empanando a
indispensável
transparência
que uma
terminologia
científica de
qualquer
área do
conhecimento
humano
precisa
ter.
Penso
que seria
muito
útil se voltássemos à
etimologia dos
termos da
nomenclatura
gramatical das
vertentes grego-latinas, evitando
sobretudo
ampliações
semânticas indevidas. O
resultado
certamente seria
profícuo
sobretudo
nos
diversos
níveis de
ensino. Memorizam-se os
termos
gramaticais
sem
que se perceba a
relação significante-significado e
esse
fato impede a
compreensão
clara do
fato
lingüístico estudado.
Todos os
que se dedicam a
esse
ramo do
conhecimento
humano,
como Gladstone
Chaves de Mello, sentem o
problema e
com
ele se angustiam; uma reforma da
nomenclatura
gramatical deve
levar
em
conta essas
vertentes greco-latinas, cujas
contribuições
não podem se ignoradas
mas
sim expurgadas de
aplicações indevidas e obnubiladas,
que
lhe foram acrescidas ao
longo dos
séculos. Os
avanços
atuais
nos
estudos da
linguagem podem e devem adicionados,
mas
mesmo
esses partem daquelas
bases.
Não podemos
ignorar o
esforço de
gramáticos
como Walmírio
Macedo (1991), Evanildo Bechara (1999 e 2001), Manoel
Pinto
Ribeiro (2002)
e
muitos
outros,
que vêm
lutando
com essa
enorme
dificuldade
terminológica,
além de
toda a
Academia
Brasileira de
Filologia,
empenhada na reforma da
Nomenclatura
Gramatical
Brasileira
vigente (mas
já
não
tão vigente).
TERMINOLOGIA
FONÉTICO-FONOLÓGICA
A
inadequação da
terminologia
relativa à
fonética e à
fonologia das
línguas
ocidentais
modernas resulta basicamente da
falta de
adaptação de
uma
terminologia
apropriada
para
línguas tonais
e
não
para
línguas
intensivas,
como é o
caso do
português e
demais
línguas
românicas.
Neste
caso, seriam
inadmissíveis
termos
como
arrizotônico
(a),
átono (a),
atonicidade,
oxítono (a),
paroxítono (a), postônico
(a), pretônico (a),
proparoxítono (a),
rizotônico
(a), subtônico (a),
tônico (a),
tonicidade,
tônico (a)
etc.,
apesar de
não dispormos
de uma
sugestão
adequada,
pois
isto deverá
ser
feito
com as
necessárias
análises
etimológicas e
semânticas e
enfrentará uma
enorme
resistência de
vários
setores
tradicionalistas e
até de
alguns
outros
não
tão
tradicionalistas.
Uma reforma dessa
envergadura,
no
entanto,
afetaria a gramaticologia de todas as
línguas
modernas
ocidentais e,
seguramente,
de algumas
línguas
orientais
que caíram na
mesma
armadilha.
QUESTÕES DE
FLEXÃO E DE
GÊNERO
Em
geral, há uma
grande
dificuldade
em
distinguir tecnicamente a
flexão da
derivação,
como se pode
ver
em BECHARA
(1999: 341),
pois
A
flexão consiste
fundamentalmente no
morfema
aditivo sufixal acrescido ao
radical,
enquanto a
derivação consiste no
acréscimo ao
radical de
um
sufixo
lexical
ou derivacional.:
casa + s:
casas (flexão
de
plural);
casa + inha: casinha (derivação).
...............................................................................
No
plano sintagmático, a
flexão provoca o
fenômeno da
concordância:
móvel
novo →
móveis
novos
em
oposição a a
casa
nova → a casinha
nova.
Ora, se
mal se
consegue
distinguir
flexão de
derivação, o
que levou a
NGB a
definir o
grau
como
flexão, e se o
conceito de
gênero nas
línguas
românicas tem sido
quase
sempre
confundido
com o
conceito de
sexo,
não seria
óbvia uma
definição
adequada
para essa
categoria.
O Prof. Castelar de
Carvalho,
defendendo a
posição
oficial
sobre o
problema do
gênero do
substantivo
como
flexão,
indicou-nos o
livro
Morfologia
Portuguesa, do Prof. José Lemos Monteiro (2002),
que
mais
nos ajudou na
confirmação de
nossa
hipótese,
que afirma, na
página 79,
referindo-se às
categorias
nominais de
gênero e de
número:
Observemos
que
nem
todo
nome
ou
pronome possui essas
quatro subcategorias [de
gêneros
masculino e
feminino e de
número
singular e
plural]. Estruturalmente, uma subcategoria
sempre se opõe a
outra.
Ou seja, uma
palavra
só apresenta a
marca do
masculino se tiver
um
feminino
correspondente.
Não há
plural
sem
singular e
vice-versa.
E continua o
Professor, dando o
exemplo
que
nos ajudou,
visto
que
não se pode
falar de
flexão
quando a
nova
forma significa (no
mundo
exterior)
outra
coisa
diferente da
que
supostamente
sofreu
mera
flexão:
Os
masculinos
saco,
ele,
doutor,
ateu e
espanhol estão marcados
pela
desinência
zero (Ø)
que se opõe ao morfe [a] dos
femininos
saca,
ela, doutora, atéia e espanhola.
Está
evidente
que o
autor se
enganou
porque
saca
não é uma
flexão de
saco,
mas
um
tipo
diferente de
embalagem,
assim
como
cavala
não é o
feminino de
cavalo,
pasta
não é o
feminino de
pasto e
casa
não é
feminino de
caso,
como
ensina,
corretamente,
na
página 80:
De
modo
análogo,
em
máquina,
caneta,
criatura e
sacola, o [a]
final
não constitui
desinência de
gênero,
mas
vogal
temática. Será
erro
considerar o morfe
zero
como
traço desinencial
opositivo do
gênero das
palavras citadas. O
zero deve
ser usado
sempre na
ausência de morfe,
jamais na
inexistência de
morfema.
Com
relação a
formas do
tipo
cavalo,
pasta,
casa e
carteira,
também
não se
fala
em
desinência de
gênero,
embora haja as
formas
cavala,
pasto,
caso e
carteiro. É
que
falta a
correspondência
semântica,
fundamental na
caracterização do
gênero.
Na
verdade,
para
esclarecer
grande
parte do
que
discutiremos a
seguir, é
indispensável
distinguir
flexão de
derivação, o
que poderemos
fazer, levando
em
consideração
também as
palavras de
José Carlos Azeredo (2000: 82):
A
derivação é
um
processo
que dá
origem a
novos lexemas –
ou
palavras [...],
enquanto a
flexão produz variações da
forma de
um lexema, dando
origem ao
que chamamos
vocábulos morfossintáticos.
O
dicionário
registra os lexemas, e
não os
vocábulos morfossintáticos,
porque
estes
são
formas flexionadas.
Mais
adiante, no
parágrafo 219 o Prof. José
Carlos Azeredo (2000: 110-1) dá as
seguintes
razões
que
nos esclarecem
sobre a
distinção
entre
flexão e
derivação,
considerando a
marcação de
gênero de
substantivo
como uma
derivação:
·
o
conceito de
flexão é
incompatível
com a
quantidade de “exceções” observada
na
classe dos
substantivos.
Para
muitos
substantivos
em –o
não existe
contraparte
feminina
em
uso (mosquito,
besouro,
papagaio,
lagarto (lagarta
é
um
inseto),
veado,
camundongo);
em
outros
pares de
nomes, a
fêmea é designada
por
meio de
um lexema
que nenhuma
regra é
capaz de
produzir (homem /
mulher,
carneiro /
ovelha,
cavalo /
égua etc.);
·
a
flexão
expressa a variação
formal da
mesma
palavra (feio
/
feia /
feios / feias,
saber / se / sabendo / soubesse,
leão /
leões).
Coelho e
coelha
não
são duas
formas da
mesma
palavra,
mas
palavras
lexicais distintas (MATHEWS, 1974; BECHARA, 1999).
A
atribuição de
um
gênero
diferente a uma
unidade
lexical
substantiva é uma
forma de
criar
um
novo
substantivo,
isto é,
um
processo de
derivação;
·
a
criação e o
emprego de
certos
nomes
femininos (chefa,
sargenta, presidenta),
ou
mesmo de
certos
nomes
masculinos (borboleto, formigo, pulgo,
possíveis nas
histórias infantis)
são
freqüentemente encarados
como
opções
pessoais
ou
escolhas
estilísticas dos
falantes, o
que
não acontece
quando estamos
diante de uma
flexão
regular.
Tratando dos
aumentativos e
diminutivos,
Bechara esclarece
mais
sobre o
conceito de
flexão
(BECHARA, 1999: 140):
A
flexão se
processa de
modo
sistemático,
coerente e
obrigatório
em
toda uma
classe
homogênea,
fato
que
não ocorre na
derivação, o
que
já levara o
gramático e
erudito
Varrão a considerá-la uma derivatio voluntaria.
Para
não
buscar
outra
bibliografia,
relacionei os
primeiros
cem
substantivos
abaixo,
registrados no
Dicionário
Eletrônico
Houaiss da
Língua
Portuguesa,
só encontrei
um
substantivo
que tenha uma
forma
masculina e
outra
feminina (“abade”
/ “abadessa”),
com
exceção
daqueles
que
tanto podem
funcionar
tanto
como
substantivos
quanto
como
adjetivos,
evidenciando
que a o
gênero do
substantivo
não é formado
por
flexão:
a
aabora
aachense
aacheniano
aal
aaleniano
aaleniense
aalênio
aalense
aaquenense
aaqueniano
aardvark
aardwolf
aariano
aarônida
aaronita
aaru
ãatá
aavora
aba
ababá
ababaia
ababalhos
ababangai
abá-baxé-de-ori
ababone
ababoni
ababuí
abaca
abacá
abaçá
abacaí
abaçaí |
abaçanamento
abacatada
abacataia
abacatal
abacate
abacate-do-mato
abacateiral
abacateiro
abacaterana
abacatirana
abacatuaia
abacatuia
abacaxi
abacaxibirra
abacaxi-branco
abacaxicultor
abacaxicultura
abacaxi-de-tingir
abacaxi-silvestre
abacaxizal
abacaxizeiro
abacé
ábace
abaceias
abacebilidade
abacelabilidade
abacelamento
abacenino
abacense
abaci
abácia
abaciado
abaciamento |
abácias
abaciato
abácida
abacinamento
abacisco
abacista
ábaco
abacômita
abacomitato
abacômite
abacondado
abaconde
abacote
abactínea
abacto
abactor
abáculo
abacutaia
abada
abadá
aba-de-estrela
abadágio
abadalassa
abadão
abadavina
abade
abadejo
abadengo
abadense
abadema
abadessa
abadessado
abadia
abadianense |
O
mesmo
gramático
(BECHARA, 1999: 131)
ainda lembra
que “Todo
substantivo
está dotado de
gênero,
que, no
português, se distribui
entre o
grupo do
masculino
e o
grupo do
feminino”.
Mas,
logo no
início da
página
seguinte dá
uma
informação
nova e
revolucionária
entre os
mais
conhecidos
gramáticos
brasileiros: “Só
que esta
determinação
genérica
não se
manifesta no
substantivo da
mesma
maneira
que está
representada no
adjetivo
ou no
pronome,
por
exemplo,
isto é,
pelo
processo de
flexão”.
Continuarei transcrevendo a
Gramática do
Bechara,
que,
além de
ser
autoridade respeitada
entre os
filólogos,
lingüistas e
gramáticos de
todo
mundo
ocidental,
teve a
coragem de
enfrentar os
tradicionalistas
para
desmascarar essa
farsa de
flexão de
gênero dos
substantivos
(BECHARA, 1999: 132-134):
Apesar de
haver
substantivos
em
que
aparentemente se manifeste a
distinção
genérica
pela
flexão (menino
/
menina,
mestre / mestra,
gato /
gata), a
verdade é
que a
inclusão num
ou noutro
gênero depende
direta e
essencialmente da
classe
léxica dos
substantivos e,
como diz Herculano de
Carvalho, “não é o
fato de
em
português existirem duas
palavras
diferentes –
homem /
mulher,
pai /
mãe,
boi /
vaca, e
ainda
filho /
filha,
lobo /
loba (das
quais estas
não
são
formas de uma
flexão,
mas
palavras
diferentes
tanto
como aquelas) –
para
significar o
indivíduo
macho e o
indivíduo
fêmea (duas
espécies do
mesmo “gênero”,
em
sentido
lógico)
que permite
afirmar a
existência das
classes do
masculino e do
feminino,
mas,
sim, o
fato de o
adjetivo, o
artigo, o
pronome, etc., se apresentarem
sob duas
formas diversas exigidas
respectivamente
por
cada
um dos
termos de
aqueles
pares
opostos –, “este
homem
velho” / “esta
mulher
velha”, “o
filho
mais
novo” / “a
filha
mais
nova” –,
formas
que de
fato constituem uma
flexão”. (CARVALHO,
[s/d.]a: v. 9, s.v.
gênero)
A
aproximação da
função cumulativa
derivativa de –a
como atualizador
léxico e
morfema categorial se
manifesta
tanto
em
barca de
barco,
saca de
saco,
fruta de
fruto,
mata de
mato,
ribeira de
ribeiro, etc.,
quanto
em
gata de
gato,
porque dá “ao
tema de
que entra a
fazer
parta a
capacidade de
significar uma
classe
distinta de
objetos,
que
em
geral constituem uma
espécie de
gênero designado
pelo
tema
primário” (CARVALHO,
[s/d.]b: 536 n. 38; [s/d.]c: 21). É
pacífica
mesmo
entre os
que admitem o
processo de
flexão
em
barco →
barca e
lobo →
loba, a
informação de
que a
oposição
masculino –
feminino faz
alusão a
outros
aspectos da
realidade,
diferentes da
diversidade de
sexo, e serve
para
distinguir os
objetos
substantivos
por
certas
qualidades
semânticas, pelas
quais o
masculino é uma
forma
geral, não-marcada semanticamente,
enquanto o
feminino
expressa uma especialização
qualquer:
barco /
barca ( =
barco
grande)
jarro /
jarra (um
tipo
especial de
jarro)
lobo /
loba (fêmea
do
animal chamado
lobo)
Esta
aplicação
semântica faz dos
pares
barco /
barca e restantes da
série
acima
não serem consideradas primariamente
formas de uma
flexão,
mas
palavras
diferentes marcadas
pelo
processo de
derivação. Esta
função
semântica está
fora do
domínio da
flexão. A
analogia
material da
flexão de
gênero do
adjetivo é
que levou o
gramático a
pôr no
mesmo
plano
belo /
bela e
menino /
menina.
Este
fato explica
por
que na
manifestação do
gênero no
substantivo,
entre
outros
processos, existe a
indicação
por
meio de
sufixo
nominal:
conde /
condessa,
galo /
galinha,
ator /
atriz,
embaixador /
embaixatriz, etc.
Sem
ser
função
precípua da
morfologia do
substantivo, a
diferença do
sexo
nos
seres
animados pode manifestar-se
ou
não
com
diferenças
formais neles. Esta
manifestação se realiza
ou
pela
mudança de
sufixo (como
em
menino /
menina,
gato /
gata) – é a
moção –,
ou
pelo
recurso a
palavras
diferentes
que apontam
para
cada
um dos
sexos – é a
heteronímia (homem
/
mulher,
boi /
vaca). Na
primeira
série de
pares,
como
já vimos na
lição de Herculano de
Carvalho,
não temos
formas de uma
flexão,
mas, nelas,
como na
segunda
série de
pares, estamos
diante de
palavras
diferentes.
Quando
não ocorre
nenhum destes
dois
tipos de
manifestação
formal,
ou o
substantivo,
com o
seu
gênero
gramatical, se
mostra
indiferente à designação do
sexo (a
criança, a
pessoa, o
cônjuge, a
formiga, o
tatu)
ou,
ainda
indiferente
pela
forma, se acompanha de
adjuntos (artigos,
adjetivos,
pronomes
ou
numerais)
com
moção de
gênero
para
indicar o
sexo (o
artista, a
artista,
bom
estudante, boa
estudante).
Inconsistência do
gênero
gramatical
A
distinção do
gênero
nos
substantivos
não tem
fundamentos
racionais,
exceto a
tradição fixada
pelo
uso e
pela
norma;
nada justifica serem,
em
português,
masculinos
lápis,
papel e
tinteiro e
femininos
caneta,
folha e
tinta.
A
inconsistência do
gênero
gramatical fica
patente
quando se compara a
distribuição de
gênero
em duas
ou
mais
línguas, e
até no
âmbito de uma
mesma
língua
histórica na
sua
diversidade
temporal,
regional,
social e
estilística.
Assim é
que
para
nós o
sol é
masculino e
para os
alemães é
feminino die Sonne, a
lua é
feminino e
para
eles
masculino das Mond;
enquanto o
português
mulher é
feminino,
em
alemão é
neutro das Weib.
Sal e
leite
são
masculinos
em
português e
femininos
em
espanhol: la
sal e la leche.
Sangue é
masculino
em
português e
francês e
feminino
em
espanhol: le sang (fr.) e la sangre (esp.).
Mesmo
nos
seres
animados, as
formas de
masculino
ou do
feminino podem
não
determinar a
diversidade de
sexo,
como ocorre
com os
substantivos chamados
epicenos (aplicados a
animais
irracionais),
cuja
função
semântica é
só
apontar
para a
espécie: a
cobra, a
lebre, a
formiga
ou o
tatu, o
colibri, o
jacaré,
ou os
substantivos aplicados a
pessoas, denominados
comuns de
dois, distinguidos
pela
concordância: o / a
estudante,
este / esta
consorte, reconhecido /
reconhecida
mártir,
ou
ainda os
substantivos de
um
só
gênero denominados sobrecomuns, aplicados a
pessoas,
cuja
referência a
homem
ou a
mulher
só se depreende
pela
referência anafórica do
contexto: o
algoz, o
carrasco, o
cônjuge.
A
mudança de
gênero
Aproximações
semânticas
entre
palavras (sinônimos,
antônimos), a
influência de
terminação, o
contexto
léxico
em
que a
palavra funciona, e a
própria
fantasia
que
moldura o
universo do
falante,
tudo
isto representa
alguns dos
fatores
que determinam a
mudança do
gênero
gramatical dos
substantivos. Na
variedade
temporal da
língua, do
português
antigo ao
contemporâneo,
muitos
substantivos passaram a
ter
gêneros
diferentes,
alguns
sem
deixar
vestígios,
outros
como
mar,
hoje
masculino,
onde o
antigo
gênero continua
presente
em
preamar (prea =
plena,
cheia) e
baixa-mar.
Já foram
femininos
fim,
planeta,
cometa,
mapa,
tigre,
fantasma,
entre
muitos
outros;
já foram usados
como
masculinos:
árvore,
tribo,
catástrofe,
hipérbole,
linguagem,
linhagem (SAID
ALI, [1931]: I, 65-70; DOMINGUES, 1932).
Voltando à
argumentação
contrária a
nossa
hipótese,
transcrevo o
tópico “Desinência
de
gênero
ou
sufixo?”, do
Prof. José Lemos Monteiro (2002: 87-87), ao
qual farei
alguns
comentários
em
notas de
pé de
página:
Alguns
autores entendem
que o morfe [a],
marcador do
gênero
feminino, se alista
entre os
sufixos derivacionais,
quando o
vocábulo for
um
substantivo. Nessa
linha, Bechara (1999) parece
defender a
idéia de
que inexiste o
processo flexional na
distinção
entre os
gêneros dos
substantivos. E Azeredo (2000), acatando a
mesma
opinião, afirma
que a
análise do
gênero
como
flexão,
embora
muito difundida e consolidada,
precisa de uma reformulação. A
rigor,
segundo
tais
estudiosos,
em
lobo –
loba tem-se uma
derivação,
desde
que as
formas do
masculino e do
feminino expressam significações
inerentes diversas.
É
evidente
que, sendo a
hipótese difundida
por
nomes consagrados
como os de Bechara e Azeredo,
não é
para
ser desprezada
sem uma
reflexão
mais acurada. A
favor dela há,
entre
outros, o
argumento de
que o morfe [a]
não se aplica sistematicamente a
todos os
substantivos.
Mas
esse
mesmo
argumento
poderia
valer,
por
exemplo,
para os chamados
adjetivos
uniformes (doente,
simples etc.).
Desse
modo, o
grande
problema
para a
aceitação da
proposta reside no
fato de
que, morficamente, o
adjetivo tem
sob
esse
aspecto o
mesmo
comportamento do
substantivo.
Como se pode
entender
que
ambos
são
nomes,
apenas diversificados
quanto à
função,
afirmar
que ocorre
flexão,
quando se
trata de
adjetivo, e
derivação,
quando o
nome é
substantivo, termina descaracterizando a
flexão e a
derivação
como
processos morfológicos. Se a
coerência e a
simplicidade
são os
princípios
que devem
nortear uma boa
descrição, parece
que
tais
princípios deixam de
ser
levados
em
conta, ao se
admitir
que o [a],
embora seja
desinência de
gênero
nos
adjetivos, é
sufixo derivacional
nos
substantivos.
Além disso, há
outros
fatos
complicadores.
Conforme explica Azeredo (2000: 111),
em
vocábulos
que
são
potencialmente
substantivos e
adjetivos (faxineiro,
embaixador,
sabichão etc.) “existem
contrapartes femininas
regularmente formadas
por
flexão”.
Ora, a
nosso
ver, insistimos
mais uma
vez,
substantivos e
adjetivos
não
são
classes de
palavras,
mas
funções (Cf. o
capítulo
final “Classes e
funções”), sendo
pouco
provável encontrar-s
um
critério
capaz de
predizer
quando
um
nome funciona
exclusivamente
como
adjetivo
ou
como
substantivo.
Os
que se caracterizam
preferencialmente
como
substantivos (inteligência,
beleza etc.)
em
geral
não admitem
oposição de
gênero,
caso
em
que o [a]
final, se
presente,
não é
desinência
nem
muito
menos
sufixo derivacional.
Por
outro
lado, se entendermos
que
em
pares do
tipo
coelho e
coelha
não se tem a
mesma
palavra,
porém duas
palavras distintas, o
que
dizer dos
pronomes
ou
numerais
que admitem a
oposição de
gênero? Os
femininos
ela,
toda, aquela, duas etc. seriam
também
palavras distintas dos
substantivos
correspondentes?
Por essas
razões, parece
prudente
manter nesse
ponto a
tradição
gramatical
que considera a
marca mórfica de
gênero
como
um
mecanismo flexional.
Mas o
assunto continua polêmico e merece
novos
estudos.
Depois de
esclarecer os
fundamentos
das
formas
que
nos dão a
ilusão de
flexão de
gênero dos
nomes
que
são “potencialmente
substantivos e
adjetivos”, o
Prof. José Carlos Azeredo (2000:111-2):
Em
todos os
demais
casos
em
que à
distinção de
gêneros
não corresponde uma
distinção
sistemática de
significados,
como a
oposição “macho /
fêmea”, os
substantivos,
embora formados
com
base no
mesmo
radical, apresentam
relações de
significado
bastante
variáveis
ou
mesmo de sistematização
impossível.
Esses
pares de
substantivos podem
ser distribuídos
em
dois
grupos:
Grupo A:
nomes
que diferem no
gênero e na
forma:
balanço /
balança,
barco /
barca,
barraco /
barraca,
bicho /
bicha,
bolso /
bolsa,
braço /
braça,
caneco /
caneca,
cerco /
cerca,
cesto /
cesta,
cinto /
cinta,
cunho /
cunha,
encosto /
encosta,
espinho /
espinha,
fosso /
fossa,
fruto /
fruta,
grito /
grita,
horto /
horta,
jarro /
jarra,
lenho /
lenha,
madeiro /
madeira,
palmo /
palma,
poço /
poça,
ramo /
rama,
saco /
saca,
veio /
veia.
Grupo B:
nomes
homônimos de
gênero
diverso: o
cabeça / a
cabeça, o
guarda / a
guarda, o
caixa / a
caixa, o
lente / a
lente, o
moral / a
moral, o
rádio / a
rádio, o
capital / a
capital, o
rosa (cor)
/ a
rosa (flor),
o
cinza / a
cinza, o
violeta / a
violeta, o
guia / a
guia.
Como
nos lembra
John W. Martin (2000: 65), indo
um
pouco
além do
que propomos
(SILVA, 1999: 9-27) e do
que propõe
Bechara, “Se
não fosse o
fenômeno da
concordância,
não haveria
por
que
falar
em
gênero
para
descrever adequadamente a
língua”.
O
que
torna
evidente
em
seu
artigo é
que os
substantivos “marcantes”,
que
são os
femininos,
levam os
seus
determinantes
para uma
forma “marcada”. O
que ocorre
quando estão
isolados
ou
em
contextos “puros”.
Em
contextos “impuros”
não há
concordância.
Ex.: Maria é
alta. Maria e
Joana
são
altas. Maria e
Pedro
são
altos.
E conclui o
articulista
(MARTIN, 2000: 68-69):
O
termo “feminino”, de
significação
tão
francamente
polar, faz
sentido
somente
quando
oposto a
seu
contrário, “masculino”,
e
este, vimos
já,
não tem
justificativa numa
gramática da
língua portuguesa.
No
lugar de “gênero”,
então, fica o
conceito de
adjetivos
marcados
ou
não marcados. Os marcados correspondem aos “femininos”
da
gramática
escolar, e aparecem
somente
quando o
adjetivo está relacionado a
um
substantivo
marcante. Os
não marcados aparecem
EM TODAS AS OUTRAS
CIRCUNSTÂNCIAS, haja
ou
não
um
substantivo a
eles relacionado. É
este
último
fato
que determina
que o
assunto
não seja uma
mera
questiúncula
terminológica,
pois as
conclusões dele decorrentes transformam dum
modo
essencial
nossa
maneira de
encarar a categorização dos
substantivos e o
fenômeno da
concordância
adjetiva.
Na
mesma
época
em
que
publicávamos o
artigo de John
W. Martin, Azeredo publicava o
livro
acima
referido,
em
que escreveu o
seguinte nas
páginas 108 a
109:
Gênero é uma
propriedade
gramatical
inerente aos
substantivos e
que serve
para distribuí-los
em
dois
grandes
grupos:
nomes
masculinos (carneiro,
porco,
caderno,
muro,
caramelo,
sol,
dia,
brilho,
clarão) e
nomes
femininos (ovelha,
porca,
borracha,
parede,
bala,
lua,
noite,
claridade,
escuridão).
Todo
substantivo
pertence,
portanto, a
um
gênero,
que ordinariamente vem indicado
nos
dicionários. O
gênero é, de
um
modo
geral, uma
característica
convencional dos
substantivos historicamente fixada
pelo
uso. Iso explica
por
que
alguns
substantivos mudaram de
gênero ao
longo do
tempo (fim
e
mar,
que
já foram
femininos e
hoje
são
masculinos)
ou apresentam
gêneros
diferentes
conforme a
variedade de
língua (grama
(unidade de
peso) e
cal,
cujos
gêneros variam
conforme os
usos da
língua:
coloquial e
informalmente diz-se e escreve-se duzentas
gramas, o
cal é
branco,
enquanto
nos
usos
técnicos e
formais prefere-se duzentos
gramas e a
cal é
branca).
Nos
casos de
carneiro /
ovelha e porco
/
porca, o
falante de
português se
vale da
oposição de
significados
entre
macho e
fêmea
para
identificar
corretamente o
gênero desses
substantivos. Pode-se,
portanto,
dizer
que, nestes
últimos
exemplos, o
gênero,
que é uma classificação
eminentemente
gramatical, corresponde à – e é motivada
pela –
distinção de
conteúdos
lexicais. O
mesmo
não se pode
dizer,
contudo, dos
demais
exemplos. O
mesmo
não se pode
dizer,
contudo, dos
demais
exemplos. O
gênero de
caderno,
muro,
caramelo,
sol,
dia e
brilho
não tem
qualquer
fundamento
além da
convenção
social;
esse é
também o
caso de
borracha, parece,
bala,
lua e
noite.
Quanto a
claridade e
escuridão,
são
femininos
por
força de uma
regra morfológica – a
que
nos diz
que
são
femininos
todos os
substantivos formados de
adjetivos
com
acréscimo das
terminações –idade
e –idão
Como se
vê, as
verdades
milenarmente
estabelecidas
também
são dignas de
revisões e de
novas
formulações,
com
base nas
novas
ciências
que surgem a
cada
momento e,
agora,
com
muito
mais
velocidade do
que acontecia
antes da
globalização
virtual dos
conhecimentos.
TERMINOLOGIA
GRAMATICAL
SEGUNDO
O
DICIONÁRIO
ELETRÔNICO
HOUAISS
DA
LÍNGUA
PORTUGUESA
Como o
tempo
disponível
para essa
exposição é
muito
curto,
tratamos
apenas de
alguns
tópicos,
deixando registradas algumas poucas
notas apensas
ao
extrato
feito do
Dicionário
Eletrônico
Houaiss da
Língua
Portuguesa.
acento
–
Destaque,
relevo,
realce
que uma
sílaba
ou uma
palavra têm
em comparação
com outras na
mesma
cadeia
falada, seja
pela
maior
intensidade
com
que é pronunciada (acento
de
intensidade), seja
pela
maior
altura (acento tonal)
ou seja
pela
maior
duração (acento de
quantidade);
acento
tônico.
Uso
lingüístico desse
acento, seja
como o
único
elemento distinguidor de
palavras
com
significados
diferentes (por
exemplo
fábrica e fabrica), seja
para
marcar a
fronteira de
unidades
lingüísticas (função
demarcativa),
como ocorre no
francês,
onde a
sílaba
mais
forte indica
onde termina
um
vocábulo e
começa
outro,
ou
ainda
para
dar a
feição
peculiar de
cada
palavra
tal
qual o
falante
nativo a conhece (por
exemplo,
todo
falante
nativo de
português reconhece a
palavra
sagrada,
mas estranhará *ságrada
ou *sagradá).
Sinal
diacrítico,
gráfico,
com
que se indica
como deve
ser pronunciada uma
vogal
quanto à tonicidade
ou
quanto ao
timbre.
adjetivo
–
Que serve
para
modificar
um
substantivo, acrescentando uma
qualidade, uma
extensão
ou uma
quantidade
àquilo
que
ele nomeia (diz-se de
palavra).
Que tem
função de
adjetivo (diz-se de
locução,
oração,
pronome
etc.),
como
por
exemplo:
homem de
coragem =
homem
corajoso;
pessoa
sem
memória =
pessoa
desmemoriada,
móvel D. João V (equivalente a
móvel no
estilo do
período de D. João V); o
homem é
um
animal
que ri.
Palavra de
natureza
nominal
que se
junta ao
substantivo
para
modificar o
seu
significado, acrescentando-lhe uma
característica.
Em
lingüística estrutural,
elemento
não
essencial do
sintagma
nominal e usado
como
núcleo de
certos
tipos de
predicados.
adjunto
–
que serve
para
modificar
ou
restringir o
sentido de
outra
palavra,
sem
ser exigido necessariamente
por esta (diz-se de
palavra
ou
locução).
Adjunto
adnominal –
palavra
ou
expressão
acessória, de
valor
adjetivo
que,
junto de
um
substantivo, delimita
ou especifica o
significado do
mesmo (p.ex.,
pão
duro,
pão
integral,
pão
com
passas etc.).
Adjunto adverbial –
palavra
ou
expressão de
valor adverbial
que indica alguma
circunstância do
fato
expresso
pelo
verbo
ou
que intensifica o
sentido do
mesmo, de
um
adjetivo
ou de
um
advérbio;
adjunto circunstancial.
Adjunto circunstancial é o
mesmo
que
adjunto adverbial. A NGB,
entretanto, deu
preferência a
adjunto adverbial,
em
detrimento de
adjunto circunstancial.
advérbio
–
Palavra
invariável
que funciona
como
um modificador de
um
verbo (dormir
pouco),
um
adjetivo (muito
bom),
um
outro
advérbio (deveras
astuciosamente), uma
frase (felizmente
ele chegou), exprimindo
circunstância de
tempo,
modo,
lugar,
qualidade,
causa,
intensidade,
oposição, afirmação,
negação,
dúvida,
aprovação etc.
arrizotônico
– Diz-se do
vocábulo
cujo
acento
tônico
não recai na
raiz,
mas num
sufixo derivacional
ou flexional (por
exemplo, livr-eiro, am-amos).
artigo
– Subcategoria de
determinantes do
nome; tem o
traço
semântico
definido (o, a, os, as)
ou
indefinido (um, uma, uns,
umas), e pode
ser precedido de
um pré-artigo (todo
o
país )
ou seguido de
um pós-artigo (o
mesmo
assunto);
em
português, é
sempre anteposto ao
nome,
mas existem
línguas (como o
romeno e o búlgaro)
em
que
ele é posposto.
artigo
definido
–
Artigo
que indica
determinada
pessoa
ou
coisa
entre outras da
mesma
espécie,
que o
falante supõe
ser do
conhecimento do
ouvinte,
ou
que
já tenha sido mencionado
antes,
como
por
exemplo, o
em
ele trouxe o
livro; a
em
ele tem uma
casa
linda: é a
casa
mais
confortável desta
rua; indica,
ainda, genericamente, o
conjunto dos
seres da
mesma
espécie (o
papagaio é uma
ave
falante).
artigo
indefinido
–
Artigo
que indica
pessoa
ou
coisa de
modo
indeterminado,
não particularizado,
como p. ex.
um
em
um
amigo
sempre
ajuda nas
horas difíceis; serve
ainda
para se
referir a
algo
que se pressupõe
não
ser de
conhecimento do
ouvinte,
como
por
exemplo, estou esperando uma
colega.
aspecto
–
Categoria
semântica
que
expressa
detalhes
qualitativos
ou
quantitativos
internos de uma
determinada
ação,
processo
ou
estado.
CATEGORIA
–
Cada uma das
classes de
elementos do
sistema
lingüístico, organizada de
acordo
com
um
determinado
critério:
semântico,
gramatical,
funcional etc. Ex.: <Categoria
de
palavras> <Categoria
do
tempo> <Categoria do
gênero> <Categoria do
discurso>
categoria
flexional -
Agrupamento de
palavras de
acordo
com as modificações flexionais
que podem
receber
para
indicar
gênero,
número,
caso,
pessoa,
tempo etc.
categoria
funcional
- O
conjunto das
unidades
que equivalem a
cada
um dos
constituintes
imediatos da
frase:
sintagma
nominal,
sintagma
verbal, etc. e os
constituintes destes:
verbo,
substantivo, etc.;
categoria
sintática
categoria
gramatical
–
Cada uma das
classes de
palavras
que compõem o
léxico de uma
língua, e
que
são
possíveis
núcleos de
sintagmas:
nomes,
verbos,
preposições,
advérbios;
categoria
sintática
circunfixação –
Processo de
formação de
palavras
através de circunfixos. É o
que se costuma
chamar de
parassíntese.
circunfixo –
Afixo formado
por duas
partes,
entre as
quais se situa o
radical
ou
tema da
palavra. Essas duas
partes do circunfixo costumam
ser confundidas
com
um
prefixo e
um
sufixo
que,
entretanto,
não podem
funcionar separadamente nesta
situação. . Ex.: a+noit+ec+er, a+manh+ec+er etc.
colocação
–
Ordem dos
vocábulos na
frase e
sua
disposição
com
relação aos
outros
termos. Ex.: <colocação
dos
pronomes
átonos> <sintaxe de
colocação>.
combinação
–
Relação de uma
unidade da
língua
com outras
unidades, no
plano do
discurso [Na
teoria saussuriana, o
eixo sintagmático é o das
combinações.].
Tipo de
formação de
palavra,
em
que se unem
partes de duas (ou
mais)
palavras
para
formar uma
terceira; p. ex.,
Grêmio +
Internacional deu Grenal (clássico
do
futebol
gaúcho);
Flamengo +
Fluminense deu Flaflu (clássico
do
futebol
carioca);
português +
espanhol deu portunhol (mescla
de
português
com
espanhol) etc.; blend, palavra-valise.
complemento
–
Sintagma
nominal,
sintagma preposicional
ou
oração
que desempenham na
frase a
função de
complementar o
sentido de
um
substantivo (por
exemplo:
fazer o
elogio da
virtude), do
adjetivo (por
exemplo:
estar
confiante no
resultado), do
verbo (por
exemplo:
fechar o
armário,
desejar
que o
natal chegue
logo), do
advérbio (por
exemplo:
dormir
depois do
almoço).
Complemento
nominal
–
Sintagma
que
complementa o
sentido de
um
substantivo derivado de
verbo e
que na
frase
com o
verbo equivalente corresponde a
um
complemento (direto
ou
indireto),
expresso
por
um
sintagma
nominal
ou uma
oração
integrante
objetiva;
por
exemplo:
convidar
para o
casamento –
convite de
casamento; viu a
cena – a
visão da
cena.
Complemento
verbal
– O
que
completa o
sentido do
verbo e
normalmente vem ligado a
ele; pode
ser: o
objeto
direto, o
objeto
indireto e o
predicativo.
COMPOSIÇÃO
–
Formação de
palavra
pela
união de
elementos
léxicos
independentes, da
qual resulta
um
novo
conceito
único e
autônomo, e
que pode
ocorrer
por
justaposição (passatempo,
vaivém,
escola-modelo, amor-perfeito)
ou
por aglutinação (agricultura,
tragicômico) [Da
composição das
palavras eruditas, participam
radicais
gregos e
latinos (geografia,
telefone,
vermífugo etc.).].
concordância
[gramatical]
-
Fenômeno
sintático
pelo
qual, no
português,
um
substantivo
ou
um
pronome impõe alteração
formal
sobre
outros
termos
com os
quais
forma
sintagma, sejam
verbos de
que
ele é
sujeito, sejam
adjetivos,
particípios
ou
demais modificadores
que a
ele se referem, resultando na
adequação,
entre
ambos, das
marcas de
pessoa,
gênero e
número;
acordo
gramatical,
concordância [As
regras de
concordância variam de
língua
para
língua.].
concordância
modo-temporal
–
Fenômeno
sintático
pelo
qual os
verbos das
orações subordinadas se põem no
tempo e no
modo
que o
sentido da
oração
principal exige;
correlação de
tempo, consecutio temporum [É
típico das
línguas românicas,
mas
não é uma
regra
universal.] Ex.: <queremos
que
eles façam / queríamos
que
eles fizessem> <comerá
quando tiver
fome / comeu
quando teve
fome>
concordância
nominal
–
Conformidade
entre o
gênero e/ou o
número de
um
ou
mais
substantivos
e as
flexões dos
seus modificadores (adjetivos,
artigos,
numerais,
pronomes
demonstrativos,
possessivos,
indefinidos etc.)
concordância
verbal
–
Conformidade de
flexão do
verbo
com as
categorias de
pessoa e o
número do
sujeito da
oração.
conjugação
–
Conjunto das
formas (sós
ou acompanhadas de
verbos
auxiliares) de
um
verbo,
geralmente dispostas
segundo uma
ordem tradicionalmente estabelecida,
que obedece a
diferenças de
modo,
tempo,
pessoa,
número,
voz etc.
Ato
ou
efeito de
dizer
ou
escrever as diversas
formas do(s)
verbo(s),
especialmente
como
prova
ou
exercício
escolar.
Ato de
flexionar
um
verbo;
utilização, na
escrita
ou na
fala, das diversas
flexões de
um
verbo. Ex.:
ele está falando razoavelmente o
português,
mas
não é
forte
em
conjugação de
verbos.
Cada
um dos
subconjuntos de
verbos de
qualquer
língua, agrupados
segundo
suas
características flexionais. Ex.:
amar é
um
verbo da
primeira
conjugação. Nas
línguas semíticas e no
sânscrito,
entre outras, designação do
sistema constituído pelas
formas flexionais
simples de
um
verbo e
cada uma das
formas derivadas
que alteram o
sentido deste, acrescentando-lhe significações
aspectuais (verbos freqüentativos e
intensivos),
modais (verbos
desiderativos), de
voz (voz
passiva
ou
reflexiva)
ou uma
noção
semântica de
outro
tipo (verbos
causativos).
crase
– Na
gramática
grega,
fusão
ou
contração de duas
vogais, uma
final e
outra
inicial,
em
palavras unidas
pelo
sentido, e
que é indicada na
escrita
pela
corônis.
Fusão de duas
vogais idênticas numa
só,
que ocorre,
por
exemplo:, na
evolução das
línguas românicas (por
exemplo:
latim colore 'cor'
>
português coor >
cor).
Contração da
preposição a
com o
artigo a
ou
com o
pronome
demonstrativo (à = a + a;
àquele = a +
aquele; àquela = a + aquela;
àquilo = a +
aquilo). A
contração da
preposição a e o
artigo a (ou no
pl.: as), grafada à, às, e
seu
emprego na
língua
escrita (já
que na
fala essas
formas
geralmente
não se distinguem). Ex.: <erra
muito
em
crase.> <fez
muito
erro de
crase.>. O
acento
grave
que
marca na
escrita a
contração.
desinência
– nas
línguas flexionais,
sufixo flexional
que aparece no
final de
vocábulos adicionando ao
seu
radical
significados
gramaticais.
dígrafo
–
Grupo de duas
letras usado
para
representar
um
único
fonema; digrama,
monotongo [No
português
são
dígrafos: ch, lh, nh, rr,
ss, sc, sç, xc; incluem-se
também am, an,
em, en, im, in, on,
om,
um, un (que
representam
vogais
nasais), gu e qu
antes de <e> e de <i>, e
também ha, he, hi, ho,
hu e,
em
palavras estrangeiras, th,
ph, nn, dd, ck, oo
etc.].
ditongo
–
Emissão de
dois
fonemas
vocálicos (vogal e
semivogal
ou
vice-versa) numa
mesma
sílaba, caracterizada
pela
vogal,
que nela representa o
pico de sonoridade,
enquanto a
semivogal é enfraquecida [Além
do
ditongo intraverbal – no
interior da
palavra,
como
pai,
muito –, ocorre
em
português
também o
ditongo interverbal,
entre duas
palavras,
como
por
exemplo:
Ana e Maria,
que exerce
papel
importante na versificação portuguesa.].
ditongo
crescente
– O
que tem a
semivogal
como
primeiro
som (por
exemplo,
quadro).
ditongo
decrescente –
Aquele
que tem a
semivogal
como
segundo
som (por
exemplo,
mau).
feminino
– Diz-se de
ou
gênero
gramatical
que se opõe ao
masculino
nos
idiomas
que têm
dois
gêneros e
que,
nos
que têm
três, se opõe ao
masculino e ao
neutro [Classificam-se
por
este
critério os
seres
animados do
sexo
feminino e,
por
convenção,
certos
substantivos
que designam
seres
inanimados,
bem
como os
determinantes desses
termos.].
flexão
–
Processo morfológico
que consiste no
emprego de
diferentes
afixos acrescentados aos
radicais
ou aos
temas (nominais,
verbais etc.) das
palavras
variáveis
para
exprimir as
categorias
gramaticais (número,
gênero,
pessoa,
caso,
tempo, etc.).
Cada uma das
formas flexionadas de uma
palavra (substantivo,
pronome,
verbo)
que variam
segundo o
caso, o
gênero, o
número, a
pessoa etc. O
conjunto das
formas flexionadas de uma
palavra.
flexão
de
grau
–
Indicação de comparação (de
igualdade, inferioridade e
superioridade)
entre
dois
termos, e da
noção de
superlativo (relativo
ou
absoluto)
nos
adjetivos e
advérbios,
ou seja, da
intensificação da
qualidade
que
eles denotam,
ou da
noção de
aumentativo e
diminutivo
nos
substantivos (indicação
de
que
eles
são
maiores
ou
menores do
que a
norma,
ou, metaforicamente,
expressão de
conteúdos
afetivos,
irônicos etc.).
Categoria
lingüística
que acrescenta a uma
palavra
ou a
um semantema a
noção de
quantidade,
intensidade
ou
tamanho; pode
ser
explícito,
quando
expresso numa
construção
sintática:
mais
feliz, o
mais
feliz;
ou
implícito,
quando incluído na
denotação da
palavra:
muito,
pouco,
maior,
grande, felicíssimo, casinha,
facão,
saltitar,
voejar.
Futuro
do
presente
–
Tempo
verbal do
modo
indicativo
que situa uma
ação
ou
um
estado
em
momento
posterior
àquele
em
que se
fala;
futuro. Ex.: ‘Eu
estudarei.’ ‘Eu terei estudado.’
Futuro
do
pretérito
-
Tempo
verbal
que situa uma
ação
ou
estado no
futuro
em
relação a
um
momento
passado (por
exemplo, 'a
filha nasceu
em 1976, e
em 1977 nasceria [ou
teria nascido] o
filho');
ou
mais
freqüentemente indica
um
fato
dependente de uma
condição (por
exemplo, 'se fosse
convidado,
claro
que iria' [ou
teria
ido’);
ou
ainda é usado
quando o
locutor
não
quer responsabilizar-se
pela
informação do
enunciado (por
exemplo, 'os
ossos encontrados seriam (ou
teriam sido) de
um
homem
pré-histórico').
Futuro
do
subjuntivo
–
Tempo
verbal do
modo
subjuntivo
que exprime
um
fato
futuro
em
relação ao
momento da
elocução,
mas
com a
nuance
modal de
ação
hipotética,
em
frases
condicionais,
temporais etc. (por
exemplo, 'se
ele for'
ou ‘se
ele tiver
ido’; 'quando
ele vier'
ou ‘quando
ele tiver vindo’).
gênero
(dos
substantivos e dos
adjetivos) –
Categoria das
línguas
que distingue
classes de
palavras a
partir de
contrastes
como
masculino /
feminino /
neutro,
animado /
inanimado, contável /
não contável etc.; nas
línguas, a
distribuição das
palavras nessas
classes pode
coincidir
em
parte
com uma
distinção
semântica,
como,
por
exemplo, a
distinção de
sexos,
pela
qual a
classe de
palavras designando
machos é
gramaticalmente
masculina, e a
classe de
palavras designando
fêmeas é
gramaticalmente
feminina (por
exemplo:
cavalo e
égua);
mas as
palavras podem
também
entrar numa
ou noutra
classe
gramatical
por
critérios
convencionais,
como se
vê,
por
exemplo,
em
garfo (masculino)
e
faca (feminino),
onde
não é
pertinente a
distinção
natural
entre os
sexos.
gerúndio
– Uma das
formas
nominais do
verbo, formada
pelo
sufixo –ndo (por
exemplo, cantando, vendendo,
partindo).
Forma
nominal do
verbo, terminada
em –ndo, usada
para
exprimir uma
circunstância
ou
formar,
quando
conjugada
com os
auxiliares
andar e
estar,
verbos freqüentativos,
ou
para
expressar a
ação incoativa de
um
verbo,
quando estiver
junto dos
auxiliares
ir e
vir.
grau
–
Vide
FLEXÃO DE
GRAU.
masculino
– Diz-se do
ou o
gênero
gramatical
que,
nos
idiomas
com
dois
gêneros, se opõe ao
feminino e
que,
nos
que têm
três
gêneros, se opõe ao
feminino e ao
neutro; nas
línguas indo-européias
nomes
relativos a
seres
animados do
sexo
masculino
são do
gênero
masculino,
mas
este inclui
também
nomes
que designam
seres
inanimados, e
até
alguns
nomes aplicáveis ao
sexo
feminino. Cf.
FEMININO.
número
–
Categoria
gramatical
que indica a
unidade (número
singular)
ou a
pluralidade (número
plural) de
substantivos,
adjetivos,
pronomes,
artigos e
verbos; o
número pode
ser
expresso flexionalmente (ele
/
eles;
gato /
gatos)
ou
lexicalmente (eu
/
nós).
a) a
construção
pequeno
número de foi considerado
galicismo
pelos puristas,
que sugeriram
em
seu
lugar:
poucos, poucas b) podemos
distinguir na
categoria
gramatical de
número o
aspecto
sintático e o
aspecto
semântico; o
primeiro,
sintático, refere-se à
forma,
por
exemplo, o
singular é
caracterizado
pela
ausência do
morfema de
plural –s; o
segundo,
semântico, refere-se à
interpretação,
por
exemplo, a
noção de 'coisa
unitária',
que é sistematicamente
associada à
forma de
singular,
não constitui
sua
única
interpretação,
pois
que podemos
também
expressar a
idéia de 'mais de
um',
portanto de
plural,
por
meio de
construções sintaticamente
singulares
como 'tenho
muito
livro'.
objeto
direto
–
complemento de
verbo
transitivo
direto introduzido
sem
preposição, representado
por
um
sintagma
nominal
ou
por
pronome
oblíquo
átono (recebendo
geralmente a
interpretação de
paciente)
ou
por uma
oração completiva.
objeto
direto
preposicionado
ou
preposicional -
Objeto
direto
que,
em
certos
casos, vem regido de
preposição; ocorre
para
evitar
ambigüidade (por
exemplo: à
cobra matou o
lavrador),
com os
verbos
que expressam
sentimento (por
exemplo: Maria
ama a João),
quando o
verbo é omitido (por
exemplo:
respeito
meu
mestre
como
você a
seu
confessor),
para
enfatizar o
sentido do
verbo (por
exemplo:
sacar da
arma); é
obrigatório
quando
expresso
pelos
pronomes
pessoais
oblíquos
tônicos e
pelo
pronome
relativo
quem (por
exemplo: chamou a
mim e a ti; esta foi a
atriz a
quem vimos
como Medéia).
objeto
indireto
–
Complemento de
verbo
transitivo
indireto, a
ele ligado
por uma
preposição (o
objeto
indireto pode
ser representado
pelos
pronomes
pessoais
oblíquos
átonos, neste
caso,
sem
preposição).
oração
absoluta
–
Oração é uma
frase,
ou
membro de
frase,
que contém
um
verbo.
Oração
absoluta é a
que
forma,
sozinha,
um
período (por
exemplo: as
folhas cobriam as
árvores);
período
simples.
oxítono
– Diz-se de
ou
vocábulo de duas
sílabas
ou
mais
cuja
sílaba
tônica é a
última (por
exemplo:
café,
coração,
também,
tatu). Ex.: <as
palavras oxítonas trazem
mais
força e
vigor aos
versos> <os
oxítonos terminados
em –em,
como
porém, levam
acento
agudo>.
palavra
–
Unidade da
língua
escrita, situada
entre
dois
espaços
em
branco,
ou
entre
espaço
em
branco e
sinal de
pontuação.
Unidade pertencente a uma das
grandes
classes
gramaticais,
como
substantivo,
verbo,
adjetivo,
advérbio,
numeral etc.,
não levando
em
conta as modificações
que nela ocorrem nas
línguas flexionais, e
sim,
somente, o
significado;
vocábulo.
Para o
estruturalismo
norte-americano,
unidade
mínima
com
som e
significado
que pode,
sozinha,
constituir
enunciado;
forma
livre
mínima,
vocábulo.
parassíntese
–
Processo de
formação de
palavra
por
prefixação e
sufixação, simultaneamente (por
exemplo,
anoitecer [a- + noit- + –ecer]).
Ver
conceito de circunfixação.
paroxítono
–
Palavra
em
que o
acento
tônico ocorre na
penúltima
sílaba (por
exemplo,
busto,
casado,
pororoca).
pessoa
–
Categoria
lingüística,
ligada
especialmente a
verbos e
pronomes,
que
mostra a
relação dos participantes do
ato de
fala
com o(s) participante(s) do
acontecimento narrado
predicado
–
Aquilo
que se afirma
ou se
nega a
respeito do
sujeito da
oração (por
exemplo, na
frase
ele é o
maior
mentiroso
que
já existiu, o
predicado é
quase
tudo,
com
exceção de
ele; na
frase morreu o
maior
mentiroso
que
já existiu, o
predicado é morreu).
pronome
pessoal
do
caso
oblíquo
–
Com
exceção do
nominativo, diz-se dos
demais
casos de
um
paradigma de
declinação. Diz-se dos
pronomes
pessoais
que exercem na
frase a
função de
complemento
ou
adjunto (o, a,
lhe,
me,
te, se,
nos,
vos,
mim, ti,
si,
comigo,
contigo,
consigo,
conosco,
convosco)
pronome
pessoal
do
caso
reto
– Diz-se do
caso
nominativo. Diz-se de
pronomes
pessoais
que exercem na
frase a
função de
sujeito (eu,
tu,
ele,
ela,
nós,
vós,
eles,
elas)
proparoxítono
–
Palavra
em
que o
acento
tônico cai na
antepenúltima
sílaba (por
exemplo,
câmara,
tímido, amávamos etc.)
radical
–
Parte da
estrutura de uma
palavra
que contém
seu
significado
básico e recebe os
sufixos flexionais,
como,
por
exemplo,
livro /
livros; pode
ou
não
ter
afixos derivacionais:
livreiro /
livreiros [É
simples, se constituído de
um
único
morfema:
feliz; e
complexo, se constituído
por
mais de
um
morfema:
infeliz (in- +
feliz),
livreiro (livr- + –eir- + –o).];
base.
raiz
–
Elemento
que
forma a
base de uma
palavra, obtido
quando
todos os
afixos
são retirados (por
exemplo:
feliz
em in- +
feliz + –mente);
semantema, lexema.
Em
gramática
histórica, o
mínimo
segmento
lexical de uma
língua
antiga, documentada
ou reconstruída
pelo
método
comparativo,
que teria
dado
origem às
formas
posteriores de uma
ou várias
línguas aparentadas (por
exemplo, a
raiz
hipotética *sed- do
indo-europeu,
que originou sedere
em
latim, sit 'sentar'
em
inglês,
sedentário
em
português, sidet' 'estar sentado'
em russo etc.).
rizotônico
–
Cujo
acento
tônico cai
em
sílaba do
radical (por
exemplo, cant-o, am-o) [diz-se de
vocábulo].
subtônica – Numa
palavra
polissílaba, a
vogal
ou a
sílaba
em
que ocorre o
acento
secundário.
sufixo
–
Afixo
que, posposto a uma
raiz,
radical,
tema
ou
palavra, produz
formas flexionadas
ou derivadas.
sujeito
–
Termo da
oração
sobre o
qual recai a
predicação da
oração e
com o
qual o
verbo concorda.
surdos
– Diz-se de
cada
um dos
sons
vocais
em
cuja
articulação as
pregas
vocais
não vibram,
por estarem semi-abertas, sendo,
portanto,
inexistente a
produção de
ondas sonoras de
origem laríngea (por
exemplo, os
sons [p], [t], [f], [s] etc.).
tema
–
Parte da
estrutura da
palavra constituída de uma
raiz
ou de
um
radical
mais uma
vogal
temática, a
que se acrescentam os
sufixos flexionais (por
exemplo, a
vogal
temática de
ponto é –o, a de
pente é –e, a de
mapa é –a; a
vogal
temática dos
verbos da 1ª conj. é –a-; da 2ª é –e-
e da 3ª é –i-: amamos, vendemos, partimos).
Tom
–
Fonema supra-segmental
que consiste na
diferença de
altura da
vogal de determinadas
sílabas de uma
palavra, permitindo
opor
dois
vocábulos,
iguais
quanto aos
fonemas segmentais,
mas
com
significados
distintos [Tal
oposição é encontrada
em
línguas
como o sueco, o norueguês, o servocroata, o chinês,
o
japonês, o
vietnamita, o hotentote etc.].
Tonema
–
Em
qualquer
língua tonal,
cada
tom,
visto
como
fonema (elemento
que distingue
palavras).
vocábulo
–
Cada uma das
unidades átonas do
léxico (preposições,
conjunções,
artigos,
pronomes
oblíquos)
que,
não podendo
constituir
um
enunciado sozinhas, se agregam a
outra formando
um
vocábulo
fonético [Não se
confunde
com
afixo,
porque admite
intercalação de
outros
elementos
entre
ela e a
unidade a
que se
liga.];
palavra, pseudopalavra.
vocativo
– Diz-se de
ou
forma
lingüística usada
para chamamento
ou
interpelação ao
interlocutor no
discurso
direto, expressando-se
por
meio do
apelativo,
ou,
em
certas
línguas, da
flexão
casual.
vogal
(e
consoante)
de
ligação
–Trata-se de
vogal (ou
consoante)
desprovida de
significado
que, na
formação de nossas
palavras e das
que importamos de
línguas estrangeiras,
principalmente
quando o
radical termina
por
vogal
tônica, se intercala
para
facilitar a
pronúncia
ou
para
evitar
hiatos. Ex.: dent-i-frício, gas-ô-metro, cha-l-eira,
pedr-e-gulho.
vogal
temática
– A
que se
junta a uma
raiz
ou
radical, constituindo o
tema, a
que se juntam as
desinências:
casuais
para os
nomes e os
adjetivos, e
verbais
para os
verbos; no
latim dominus,
por
exemplo, a
raiz é domin-, a
vogal
temática é o (no
latim
arcaico dominos) e a
desinência do
nominativo é –s;
nos
verbos
em
português, as
vogais
temáticas
são a, e e i,
para a 1ª, 2ª e 3ª
conjugações,
respectivamente,
em
amar,
vender e
partir,
seguidas da
desinência r do
infinitivo
impessoal.
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Tomo I:
Língua,
Lingüística e
Filologia.
São Gonçalo:
DEL(UERJ) / CiFEFiL, 2000, p. 9-27.
José
Pereira
da Silva
Mestre e
Doutor
em
Lingüística e
Filologia
Românica
pela
Universidade
Federal do
Rio de
Janeiro
Professor
Adjunto de
Filologia
Românica,
Língua
Latina e
Língua
Portuguesa na
Universidade
do
Estado do
Rio de
Janeiro
Membro
efetivo da
Academia
Brasileira de
Filologia, do
Círculo
Fluminense de
Estudos
Filológicos e
Lingüísticos e
da
Confederação
das
Academias de
Letras do
Brasil, de cujas
diretorias
participa
atualmente
Autor de
numerosos
trabalhos
acadêmicos e
organizador e
editor de
diversas
periódicos
científicos da
área de
Letras
Organizador de
diversos
eventos da
área de
Letras,
entre os
quais o
Congresso
Nacional de
Lingüística e
Filologia,
Semana
Nacional de
Estudos
Filológicos e
Lingüísticos,
Encontro
Nacional
com a
Filologia,
Jornada
Nacional de
Filologia,
Semana
Nacional de
Língua
Portuguesa,
Seminário
Superior de
Língua
Portuguesa e
Seminário
Superior de
Literatura
Brasileira
Rio de
Janeiro,
março de 2004
Esse elemento não faz parte, naturalmente, de nossa descrição gramatical.