O DISCURSO INDIRETO LIVRE EM VIDAS SECAS,
DE GRACILIANO RAMOS

Castelar de Carvalho (UFRJ, ABF)

INTRODUÇÃO

Na estruturação do texto narrativo dispõe o narrador de três recursos ou tipos de discurso para transmitir ao leitor os pensamentos e as palavras de suas personagens, sejam elas reais ou fictícias. Esses discursos dividem-se em: 1) direto; 2) indireto e 3) indireto livre.

No discurso direto, o narrador limita-se a introduzir a personagem, deixando-a, em seguida, exprimir-se por si mesma, com suas próprias palavras, tal como fazem Capitu e Bentinho, no diálogo com que Machado de Assis fecha o capítulo LXV de Dom Casmurro:

– Você tem razão, Capitu, concluí eu; vamos enganar toda esta gente.

– Não é?, disse ela com ingenuidade.

Formalmente marcado pela presença de verbos dicendi, como dizer, afirmar, ponderar, pensar, perguntar, responder, etc. e pelo emprego de travessões ou aspas, o discurso direto pode ser facilmente reconhecido pelo leitor, mesmo quando aparece sob a forma de monólogo, como nesta fala interior de Bentinho (DC, XVIII): “E Capitu tem razão, pensei, a casa é minha, ele é um simples agregado...”.

Do ponto de vista expressivo, o discurso direto empresta colorido e espontaneidade à narrativa, reproduzindo diretamente, com o auxílio de sinais gráficos (exclamações, interrogações, interjeições), estados de espírito e sentimentos da personagem.

No discurso indireto, o narrador incorpora à sua fala o discurso da personagem, introduzindo-o indiretamente através de um verbo de elocução (dizer, afirmar, confessar, perguntar, responder, etc.) e de uma oração subordinada substantiva, introduzida geralmente pela conjunção integrante que, como no seguinte exemplo: “Capitu segredou-me que a escrava desconfiara, e ia talvez contar às outras” (DC, XXXIX).

Como se vê, no discurso indireto, a fala da personagem perde em espontaneidade, adquirindo um tom mais informativo, mais intelectivo, devido ao fato de vir introduzida por meio da subordinação sintático-semântica, que busca estabelecer uma correspondência entre a fala realmente pronunciada pela personagem e a frase reproduzida indiretamente pelo narrador. Desse modo, no discurso indireto, a personagem fica subordinada ao narrador, perdendo o seu discurso, de certa forma, em emotividade e detalhes acessórios, mas conservando sua essência significativa e expressiva.

Um bom exemplo da comparação entre esses dois tipos de discurso – o direto e o indireto – encontra-se no trecho abaixo, transcrito do capítulo “Cadeia”, de Vidas secas. O narrador apresenta Fabiano desconfiado da cachaça que lhe fora servida por seu Inácio e reproduz a pergunta mental do personagem, usando o discurso indireto, com as devidas adaptações. Logo em seguida, emprega o discurso direto, repetindo, neste caso, as próprias palavras do personagem:

Ia jurar que a cachaça tinha água. Por que seria que seu Inácio botava água em tudo? , perguntou mentalmente. Animou-se e interrogou o bodegueiro:

Por que é que vossemecê bota água em tudo?

O DISCURSO INDIRETO LIVRE

O discurso (ou estilo) indireto livre é um terceiro tipo de recurso narrativo, uma espécie de expediente híbrido resultante da conciliação dos dois discursos acima referidos. Trata-se, portanto, de um tipo misto, em que o narrador, em vez de reproduzir ipsis litteris as próprias palavras da personagem (discurso direto), ou de informar o leitor sobre o que ela teria dito (discurso indireto), aproxima-se da personagem e confunde-se com ela, transmitindo a impressão de que ambos falam em uníssono, por isso, às vezes, torna-se um pouco difícil separar a fala da personagem do discurso do narrador. É que a fronteira entre os dois se apresenta, em certos casos, bastante sutil, devido à liberdade formal de que dispõe o narrador, a par da motivação basicamente psicológica inerente ao discurso indireto livre.

Formalmente, o discurso indireto livre é uma espécie de discurso indireto sem elos subordinativos, porém mantendo a feição original da fala ou do pensamento da personagem, com todas as suas implicações de ordem emotiva, como interrogações e exclamações, preservando assim a oralidade ou a enunciação mental subjacentes.

Para exemplificar, tomemos uma frase em discurso indireto, como esta que aparece no capítulo V de Dom Casmurro: “José Dias recusou dizendo que era justo levar a saúde à casa de sapê do pobre”. Suprimindo o verbo declarativo “dizendo” e a conjunção “que”, formamos dois períodos independentes, em que o segundo encontra-se no discurso indireto livre, contendo a própria fala do personagem, mas preservando as adaptações feitas no discurso indireto puro: “José Dias recusou. Era justo levar a saúde à casa de sapê do pobre”. Aqui, o narrador, Bentinho, abre um espaço no seu próprio discurso para que José Dias possa expressar sua opinião, mas devido à ausência de elo subordinativo e de verbo de elocução, o discurso do personagem pode passar despercebido ao leitor não-familiarizado com esse recurso narrativo. (No discurso direto, teríamos as próprias palavras do personagem, com o verbo ser no presente: “José Dias recusou dizendo: – É justo levar a saúde à casa de sapê do pobre.”).

No trecho a seguir, extraído do capítulo “Fuga”, de Vidas secas, Graciliano Ramos emprega os três tipos de discurso, mesclando-os com extrema habilidade estilística. Começa com a pergunta de sinha Vitória, em discurso direto, introduzido por um verbo carregado de expressividade (“zumbiu”, lembrando uma vespa no ouvido do marido), passa para o indireto narrativo nos dois períodos seguintes (“Fabiano estranhou a pergunta e rosnou uma objeção.”), insere sutilmente o indireto livre, com a objeção rosnada de Fabiano (“Menino é bicho miúdo, não pensa.”), em seguida, retoma o indireto narrativo, para referir-se à indagação de sinha Vitória e à reação do marido (“Mas sinha Vitória renovou a pergunta – e a certeza do marido abalou-se.”), e volta ao indireto livre, com Fabiano novamente, dessa vez ruminando sobre a capacidade de raciocínio da mulher (“Ela devia ter razão. Tinha sempre razão.”). O discurso indireto puro reproduz a indagação de sinha Vitória a respeito do futuro dos meninos (“Agora desejava saber que iriam fazer os filhos quando crescessem.”). A resposta de Fabiano projeta para o futuro dos filhos sua própria condição de vaqueiro e, plena de convicção, se faz em discurso direto e introduzido por um verbo de opinião, circunstâncias inusitadas na fala do monossilábico e reticente personagem (“– Vaquejar, opinou Fabiano.”). Mas vamos conferir no texto:

Em que estariam pensando?, zumbiu sinha Vitória. Fabiano estranhou a pergunta e rosnou uma objeção. Menino é bicho miúdo, não pensa. Mas sinha Vitória renovou a pergunta – e a certeza do marido abalou-se. Ela devia ter razão. Tinha sempre razão. Agora desejava saber que iriam fazer os filhos quando crescessem.

– Vaquejar, opinou Fabiano.

Lembremos que, do ponto de vista expressivo, o discurso indireto livre permite uma narrativa mais fluente, de ritmo e tom mais expressivamente elaborados, com grande efeito estilístico, em virtude da ausência de quês e de cortes e adaptações sintático-semânticas. O elo psíquico que se estabelece entre o narrador e sua personagem, nesse tipo de discurso, faz com que este seja bastante empregado nas narrativas de cunho memorialista ou de fluxo da consciência, como é o caso de Vidas secas. Como a distinção entre a fala e os estados mentais da personagem e o discurso do narrador é por vez um tanto sutil, o contexto narrativo desempenha papel importante, em se tratando da apreensão do discurso indireto livre.

Se os discursos direto e indireto, como formas de expressão inerentes ao gênero narrativo, são tão antigos quanto a própria arte literária, o discurso indireto livre é recurso narrativo mais ou menos recente. As literaturas grega e latina não o conheciam. Charles Bally (1912), o primeiro a estudar o assunto na literatura francesa, declara não ter encontrado vestígios do seu emprego no período do Renascimento (os escritores clássicos, devido à influência da sintaxe latina, não o utilizaram), e só a partir de La Fontaine (séc. XVII), de quem era o recurso narrativo predileto, é que o discurso indireto livre se manifesta.

Na literatura de língua portuguesa da era clássica, raros são os exemplos desse recurso narrativo, como este que nos é lembrado pelo professor Mattoso Câmara (1977:31), que o vê inclusive “já perfeitamente estruturado em Camões”:

Na primeira figura se detinha

O Catual que vira estar pintada,

Que por divisa um ramo na mão tinha,

A barba branca, longa e penteada.

Quem era e por que causa lhe convinha

A divisa que tem na mão tomada? (Lus., 8, 1)

Na verdade, somente a partir do século XIX é que o discurso indireto livre começou a ganhar vulto por influência dos escritores franceses Gustave Flaubert e Émile Zola. Charles Bally foi o primeiro a chamar a atenção para a nova técnica narrativa, dando-lhe o nome de estilo indireto livre. Mas isto somente em 1912, porque até então as gramáticas simplesmente não o mencionavam, e Bally (1912:605) explica a razão: “Le style indirect libre est une forme de pensée, et les grammairiens partent des formes grammaticales” [o estilo indireto livre é uma forma de pensamento, e os gramáticos partem das formas gramaticais].

Ao estudo pioneiro de Charles Bally seguiram-se o de Albert Thibaudet, que fez uma análise do discurso indireto livre na obra de Zola, em 1922, e o livro, hoje clássico, de Marguerite Lips, intitulado Le style indiret libre, Paris, Payot, 1926. Entre nós, merece destaque o estudo primoroso de Mattoso Câmara (v. bibliografia) sobre o estilo indireto livre em Machado de Assis, mestre da narrativa psicológico-memorialista e, não por acaso, um dos mais exímios cultores desse recurso narrativo em nossa literatura.

Passemos agora a estudar o discurso indireto livre, nos planos formal e expressivo, tal como ele se apresenta no capítulo “Cadeia”, extraído do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos.

No plano formal

Formalmente, o discurso indireto livre apresenta características híbridas: trata-se de um artifício para introduzir discreta e sutilmente a própria fala ou o pensamento da personagem no discurso indireto através do qual o narrador conta a história. Desse modo, aproximando o narrador da personagem, pode o discurso indireto livre dar ao leitor a impressão de que ambos passam a falar em uníssono. No exemplo abaixo, essa impressão se faz nítida:

Estirou as pernas, encostou as carnes doídas ao muro. Se lhe tivessem dado tempo, ele teria explicado tudo direito. Mas pegado de surpresa, embatucara. Quem não ficaria azuretado com semelhante despropósito?

As duas primeiras orações pertencem ao discurso do narrador, descrevendo os gestos de Fabiano. Subitamente, porém, no trecho grifado, o narrador deixa aflorar, em discurso indireto livre, a indagação interior do personagem, como se este pensasse alto. Misturam-se os dois discursos, o do narrador e o do personagem, fato que, pela liberdade sintática do segundo, pode levar o leitor desatento a confundir os dois níveis de fala. Contudo, a partir da conjunção condicional “se”, nada mais pode ser atribuído ao narrador, pois o que se tem é o personagem refletindo sobre sua situação de injustiçado. Note-se, a propósito, a presença do pronome “ele” no papel de sujeito, e não Fabiano, o que reforça essa impressão. Por último, a pergunta (“Quem não ficaria azuretado com semelhante despropósito?”), misto de incompreensão e perplexidade, denuncia diretamente ao leitor o estado de espírito inconformado do personagem, mas o faz de maneira sutil, característica, aliás, da maior parte do texto de Vidas secas, em que Graciliano Ramos manipula habilmente os discursos narrativo, indireto puro e indireto livre, conciliando a onisciência do narrador (terceira pessoa) com a semisciência do personagem (primeira pessoa indireta), numa expressiva simbiose discursiva.

Eis outro exemplo representativo, extraído do mesmo capítulo “Cadeia”:

Lembrou-se da casa velha onde morava, da cozinha, da panela que chiava na trempe de pedra. Sinha Vitória punha sal na comida. Abriu os alforjes novamente: a trouxa de sal não se tinha perdido. Bem. Sinha Vitória provava o caldo na quenga de coco. E Fabiano se aperreava por causa dela, dos filhos e da cachorra Baleia, que era como uma pessoa da família, sabida como gente.

Aqui, como no trecho anterior, o fluxo da consciência de Fabiano, divagante, saltando de uma imagem a outra, de uma lembrança a outra, é quebrado subitamente pela expressão sensível de seu próprio pensamento, de sua constatação aliviada: “a trouxa de sal não se tinha perdido. Bem”. Trata-se de um discurso em que predomina a interiorização da linguagem, verdadeiro monólogo interior. A observação a respeito do sal é nitidamente do personagem, pois, no caso, o narrador é onisciente e não teria sentido sua incerteza. Tal impressão é reforçada pelo suspiro de alívio e de contentamento (“Bem”), que só poderia partir de Fabiano, após a constatação de que o sal ainda estava no alforje. O predicado verbal “não se tinha perdido”, no pretérito mais-que-perfeito, é outra marca, esta formal, do discurso indireto livre. E o narrador retoma imediatamente o fio da história, volta ao discurso indireto estrito, lembrando ao leitor que ele continua presente, ao lado do personagem de sua ficção.

O trecho acima citado serve como bom exemplo para ilustrar uma das possibilidades do discurso indireto livre, que é justamente a de estabelecer um elo psíquico entre o narrador e o personagem. Aquele se transpõe para junto deste, e ambos falam em uníssono, os dois discursos se mesclam e se interpenetram, por isso o discurso indireto livre tornou-se o processo narrativo preferido dos escritores que privilegiam os textos de introspecção psicológica, como é o caso de Graciliano Ramos, sobretudo em Vidas secas, um romance em que o autor “fala” e “pensa” pelo seu personagem, Fabiano, um homem rude, sem grandes recursos expressivos. Aliás, o próprio narrador adverte, nesse capítulo “Cadeia”, que “Fabiano também não sabia falar”. Não precisava. Graciliano fala por ele e com ele. Para isso, é que existe o discurso indireto livre. É oportuno lembrar também que o molde frasal desse processo narrativo, por sua economia verbal, ajusta-se como uma luva ao estilo de Graciliano Ramos, conhecido como enxuto e objetivo.

No plano expressivo

O emprego do discurso indireto livre realça também os aspectos da expressividade estilística, porque, como afirma Fábio Freixeiro (1971:102),

possibilita a reprodução de gestos da personagem; evita o pesado uso dos quês; mantém as interrogações e exclamações sob a forma originária; traduz estados mentais das personagens.

Comprova essa afirmação de Fábio Freixeiro o trecho abaixo, em que as indagações originais do personagem, preservadas no discurso indireto livre, com as devidas adaptações (verbo no pretérito imperfeito: serviam, e não servem), enfatizam a perplexidade e a revolta de Fabiano contra sua injusta prisão. Observe-se que o narrador, para retratar a aquietação dissimulada do personagem diante do carcereiro, preferiu usar o discurso direto, justificado, no caso, pela necessidade de expressar com nitidez as próprias palavras de Fabiano:

Afinal para que serviam os soldados amarelos? Deu um pontapé na parede, gritou enfurecido. Para que serviam os soldados amarelos? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro chegou à grade, e Fabiano acalmou-se:

– Bem, bem. Não há nada não.

Mais expressivo ainda se faz o emprego do discurso indireto livre na pena de um escritor experimentado, senhor pleno da arte de narrar, como Graciliano Ramos, que sabe mesclá-lo, em um mesmo passo, aos discursos direto e indireto, numa simbiose contrastiva de extraordinário efeito estilístico. Vejamos a respeito alguns exemplos:

– Bem, bem.

Passou as mãos nas costas e no peito, sentiu-se moído, os olhos azulados brilharam como olhos de gato. Tinham-no realmente surrado e prendido. Mas era um caso tão esquisito que instantes depois balançava a cabeça, duvidando, apesar das machucaduras.

Ora, o soldado amarelo... Sim, havia um amarelo, criatura desgraçada que ele, Fabiano, desmancharia com um tabefe. Não tinha desmanchado por causa dos homens que mandavam. Cuspiu, com desprezo:

– Safado, mofino, escarro de gente.

No primeiro e quarto parágrafos, começando e encerrando o trecho escolhido, temos o discurso direto, marcado pela presença dos travessões: Fabiano resmungando e Fabiano desabafando.

No segundo parágrafo, quase todo ele em discurso indireto narrativo, nota-se uma única interrupção, para a interseção da fala do personagem, fala mental, é claro: “Tinham-no realmente surrado e prendido”. Através desse recurso, deixa o narrador que a reflexão do personagem, direta, viva, se filtre entre os vãos do seu discurso indireto estrito (o narrativo). E Fabiano pensa em sua situação incômoda de preso sem culpa nem acusação formal, e custa a acreditar no absurdo daquela vicissitude, mas o advérbio “realmente”, brotando da própria fala do personagem, reflete, a essa altura, a consciência da realidade e da injustiça que está sofrendo.

O terceiro parágrafo, carregado de intenção psicologista, desaguadouro da ira e das indagações interiores do personagem, apresenta-se todo ele em discurso indireto livre, com exceção da última oração. E compreende-se que assim seja: trata-se da própria fala mental do personagem, verdadeiro desabafo do ruminar interior de Fabiano, que atinge o clímax com as imprecações do quarto parágrafo, não sem antes a intervenção do narrador para informar ao leitor que Fabiano “cuspiu, com desprezo”. E o clímax, isto é, o xingamento, só podia vir em voz alta, em discurso direto (diretíssimo), livre da intervenção do narrador: “– Safado, mofino, escarro de gente”.

Cumpre destacar que até o discurso direto de Fabiano foi introduzido pelo discurso indireto livre e pelo discurso indireto estrito, numa espécie de “unidade estilística circular”, para usarmos a feliz expressão de Fábio Freixeiro (1971:106). O último parágrafo, contendo o desabafo irado de Fabiano, fecha o círculo.

CONCLUSÃO

O discurso indireto livre é uma forma mais expressiva e mais íntima de o narrador apresentar as reações e os estados de espírito da personagem. Condicionando e moldando-lhe o caráter, imagens vivas, percepções, lembranças, catarses verbais e mentais surgem e se manifestam num acaso aparente, mas, na verdade, habilmente manipuladas pelo narrador, através do emprego desse rico processo narrativo. Ressalte-se também a importância do contexto, para que o leitor possa desentranhar do discurso indireto estrito do narrador o discurso indireto livre, porta-voz da personagem, com todas as suas implicações de oralidade e introspecção psicológica subjacentes. Revelando os sentimentos, as angústias e motivações mais íntimas da personagem, enfim toda a sua dimensão humana, tal como acontece com o Fabiano de Vidas secas, presta-se o discurso indireto livre aos mais altos vôos da prosa narrativa, sobretudo na pena de um escritor exímio e universalista, como o nosso Graciliano Ramos.

BIBLIOGRAFIA

BALLY, Charles. “Le style indirect libre en français moderne”. In: Germanisch-Romanische Monatschrift. Heilderberg, IV, 1912.

CÂMARA JR., J. Mattoso. Ensaios machadianos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1977.

FREIXEIRO, Fábio. Da razão à emoção. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro / INL, 1971.

GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 10ª ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1982.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 5ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1955.