A CATEGORIA DE ASPECTO NA CONJUGAÇÃO DO VERBO LATINO

Syllas Mendes David (UFF)

 Num mundo dominado por relógios, agendas e computadores, de tal modo o falante das línguas ocidentais contemporâneas está subjugado à noção de tempo que julga imprescindível determinar o preciso momento em que se realiza uma ação, estado ou movimento. A palavra alemã que indica verbo, parece um exemplo dessa mentalidade: Zeitwort, ‘palavra de tempo’. É como se as desinências modo-temporais  fossem absolutamente essenciais para a expressão de ações, movimentos e estados.

Trabalhos de campo de lingüistas têm evidenciado que há línguas em que o aspecto de uma ação verbal é mais importante que o tempo e outras em que a categoria de tempo sequer existe[1]. No próprio português, a função  do tempo pode ser minimizada, em construções em que o presente tanto pode substituir o pretérito, no chamado presente histórico: Descidos em terra, Cabral e seus homens aprestam-se a tomar posse. No outro dia, erguem um altar..., como em frases no registro coloquial: Ontem, quase que eu compro uma moto. Eu saio de casa e dou com o Zé... O sentido de pretérito não se perde com a reiteração das formas no presente. Igualmente, o futuro pode ser representado, mesmo sem o concurso de advérbios de tempo. Não há grande diferença nas frases: ‘Irei ao cinema’ e ‘Vou ao cinema’.

 Por original síntese do latim, nas línguas ocidentais, o sistema modo-temporal de conjugação precisa a ação dos verbos, por meio de desinências, que situam a relação de agora, antes ou depois da fala do emissor da mensagem. Esta passa a tornar-se, pois, como que um marco espaço-temporal, ou o ponto dêitico, ao qual se referem temporalmente os verbos do período no presente, pretérito e futuro verbais, tanto da fala atual: vou, fui, irei, como no da fala pretérita, com os tempos relativos, do mais-que-perfeito e do futuro do pretérito: Fulano  disse que foi ao cinema [num tempo antes deste em que estou falando] ou que fora [num tempo anterior àquele referido ato de dizer]; Fulano iria/ ia ou teria ido [antes de eu falar esta frase agora, no futuro de agora há pouco] ao cinema, se tivesse ou tivesse tido [passado condicional e irrealizado em relação este atual futuro da minha fala] o dinheiro do ingresso. – Diz agora que, quando tiver o dinheiro, irá.

No indo-europeu, especificações tão acuradas do tempo de uma ação não seriam de modo algum necessárias, visto que a estruturação de seus verbos desconhecia os morfemas modo-temporais e se fazia pelo aspecto verbal, isto é, pela duração do processo referido pelo verbo. O tempo não se indicava, tendo por marco referencial o falante, mas como que estabelecendo dois marcos, ou duas estacas, na linha de duração da ocorrência, uma, no momento em que se inicia a ação do verbo e outra, no fim, (caso o aspecto verbal escolhido expressasse esse final). Têm-se, assim, dois aspectos, o perfectivo, de um processo plenamente completado, estático, correspondente ao radical do perfeito e, em oposição a ele, o aspecto imperfectivo, cujo tema, no radical do presente, se caracterizava pelo aspecto dinâmico e progressivo, de ações em curso, não ‘perfeitas’ ainda.

Além desses dois aspectos, havia mais um, indicando a ação, como pontual e plenamente atemporal, do que o grego clássico ainda manteve pelo aoristo, como forma verbal de origem nominal, para indicar um aspecto zero, caracterizado como pontual ou não durativo[2].

Pierre Monteil supõe - no seu Eléments de phonétique et de morphologie du latin[3] - que as formas aspectuais do verbo indo-europeu se organizariam, numa convergência acidental, visto que um radical, como *bher ‘‘segurar, levar’ deu ferw em grego, com o aspecto imperfectivo de estou para levar, com valor puramente durativo, que poderia produzir tão somente um presente e nunca um perfeito ou um aoristo. Isto explica a diversidade de raízes em bom número de verbos do grego clássico que fazem a dor-de-cabeça de estudantes sem grande experiência de leitura, como: lhgw, erw, eipon, eireka  = ‘dizer, declarar, ler, mandar’ e o indefectível  ferw, oisw, enegka, enhnoca = ‘levar,suportar’, presente no latim como fero, fers, ferre ‘‘começar a levar’, no aspecto imperfectivo e tuli, latum ‘‘levar, suportar’, com radicais diferentes para as formas do pretérito perfeito e do supino e pletora de derivados, com a mesma característica aspectual do grego, mesmo que já não percebida como tal pelos falantes do período clássico e muito menos pelos ginasianos de outrora, às voltas com a ‘decoreba’das famigeradas formas primitivas, explicadas como irregularidades arcanas. E à lógica inexplicável de fero, fers, tuli, latum, ferre, replicavam os alunos com traduções em semelhante lógica: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”, além de outras, infensas à educada escritura.

A originalidade do latim, na expressão aspectual, é que, não dispondo da forma verbal do aoristo, conservou os temas dos dois aspectos gregos, denominados pelos gramáticos: infectum, ou imperfectivo, com a idéia do processo em vias de realização, nos tempos derivados do presente e perfectum, de aspecto estático, nos tempos dele derivados, como completo, perfeito. Neles, o latim inovou com a adoção de três ou dois tempos possíveis para cada modo e aspecto, no dizer de Ernesto Faria, “não encontráveis em outras línguas da família indo-européia, nem mesmo naquelas que lhe são mais próximas, como as do grupo ítalo-céltico, ou mesmo do ramo itálico, por exemplo, o osco ou o umbro”[4].

Basta observar o quadro de conjugação do verbo de ligação esse, com o tema do perfectum: fu-, em fui, fueram, fuero, fuisse, etc. e os do infectum: es- em sum,es, eram, esse, etc – para os quais, a análise do sânscrito as-mi - <*es-mi, as-i - <*e[s]-si, as-si - <*es-t[i], s-mah - <*s-me/os, s-tha - <*s-te, s-anti - <*s-e/onti -- e a hipótese do indo-europeu trouxe plena clarificação, além de explicar a diferença (e a lógica) do grego, visto que as terminações pronominais do sânscrito[5]  correspondiam às desinências pessoais no grego eimi, ei, esti, esmen, este, eisin, de einai e, no latim, sum,es,est,sumus,estis,sunt, de esse.

O falante do português atual mantém ainda alguma intuição lingüística de traços dessa característica aspectual nos tempos derivados do infectum e do perfectum latinos. Quando se lê a frase Quiuis struit domum: ‘Fulano constrói uma casa’ -  ou struebat ou struet ‘construía / construirá uma casa’, supõe-se que a casa ainda está sem telhado ou incompleta. Quando se lê

O radical latino usado foi stru [de strues ‘montão, pilha, donde o sentido empilhar, construir...], com o tema do infectum, do verbo struo, struere, nos tempos presente, pretérito e futuro de aspecto imperfectivo no latim. Quando se lê a mesma frase, com o tema do perfectum, no verbo struxi, esse aspecto perfectivo pressuporá a realização completa e acabada da ação, movimento ou estado verbal: Quiuis struxit, struxerat ou struxerit domumFulano fez, fizera e terá feito uma casa’. Os mesmos três tempos de algo completo e perfeito, assumem o radical do pretérito perfeito, como: perfeito, mais que perfeito e futuro anterior, sugerindo o aspecto perfectivo e tem-se todo o direito de imaginar a casa como completa, com pleno acabamento, não em relação ao ponto dêitico da enunciação da frase, mas do processo de construção da casa, (como observa Sônia Costa, quanto à expressão acabado.)[6]

Dois exemplos ciceronianos, da diferença de aspecto no tema do perfectum e do infectum, ocorrem no Orator de Cícero, em citação de Madvig[7]: In Graecia musici floruerunt, discebantque id omnes ‘Na Grécia floresceram os músicos e todos aprendiam’. dicebat melius quam scripsit Hortensius (Or., 37.) ‘Hortênsio falava melhor do que escreveu ou soube escrever

Este, o significado gramatical de perfeito e imperfeito. Não exatamente uma designação de tempo do falante, exterior ao do verbo, mas de tempo interno ou aspecto verbal.

Certos verbos latinos, inclusive, mantiveram somente o valor aspectual do perfectum, devido, certamente, a seus significados, de caráter permanente, como noui, odi, memini ‘conheço, odeio, lembro-me’, que só se usam nos tempos do perfectum, mesmo com o sentido de presente temporal permansivo: Odi profanum vulgus et arceo (Hor. Ode.III, i,1) ‘Odeio o povo ignorante e mantenho [o que digo]’.

Nas línguas ocidentais modernas, o que se entende por aspecto pode exprimir-se por vários recursos, existentes já no latim, como o sintático, dos adjuntos adverbiais temporais. Sônia Borba Costa arrola, em O aspecto em português[8], alguns exemplos  de “circunstanciais temporais”, tanto os temporais, propriamente ditos, hoje em dia, futuramente, depois de..., como os pontuais  de repente, subitamente..., os durativos e de freqüência sempre, até hoje, há tempos, freqüentemente...

1. Mattoso Câmara observa que “certos semantemas verbais têm em si uma noção de aspecto, como – partir (incoativo)  chegar (concluso), andar (durativo)”[9] além de repetir (iterativo), explodir (pontual). Assim, muitos verbos já expresssam semanticamente no lexema a noção de aspecto: ‘A bomba explodiu, explode, explodirá’; ‘o copo caiu e quebrou’. Nesses casos, a ação é completamente realizada, numa fração imponderável de tempo. Por outro lado, verbos como crescer, dormir, normalmente, têm aspecto imperfectivo, por serem permansivos e suporem-se não terminados, o que também ocorria na língua latina.

A arte de ‘temperar’ a noção de aspecto com as já supostas nos verbos acima citados exige toda a intuição lingüística de um falante nativo, para a ‘dosagem’oportuna de verbos auxiliares, em conjugações perifrásticas, como se percebe em: ‘Este copo está quebrando’; ‘Aquela viga está caindo’(progressivo, ainda no estágio das causas –no caso, através da constatação de alguma rachadura, ‘estará sendo carcomida?’- e não no da atuação do verbo principal).

2.             Alguns verbos intransitivos tornam-se transitivos, pela mudança de conjugação, ou também, por mudança de quantidade da sílaba do radical, e passam a exprimir a resultante do que indica o verbo intransitivo: assim, de fugio,ere (3a conj.), tem-se fugo,are ‘afugentar, pôr em fuga’; de iaceo,ere (2a conj.) = o que seria a 1a pessoa do pres. ind. do verbo defectivo ‘jazer’, transformado em iacio,ere (3a)  conjugação ‘eu lanço’, (correspondente ao parassintético ejacular). Continuando a lista: pendeo, ere ‘eu pendo, estar suspenso v.i., torna-se pendo,is,ere (3a) v.t.d. ‘suspender’’ ;  cado,ere ‘cair’ torna-se caedo, ere (3a), ‘fazer tombar’; sedeo,ere (2a) torna-se sedo,as,are (1a) ‘apaziguar, sedar’.

3.             Um outro recurso da língua para exprimir o aspecto verbal é mais de natureza lexical que morfológica, pelo processo de composição por meio de prevérbios, que parece ter sido mais importante que o da derivação sufixal. Muitos dentre esses prevérbios concorriam com um sema, ou traço semântico, que delimitava a noção expressa pelo verbo simples.: taceo  ‘estou quieto’ opõe-se a conticeo, com o prevérbio cum + taceo ‘calo-me subitamente’, ou reticeo  ‘imponho-me o silêncio’. (Cf. em português, os adjetivos: tácito, reticente, etc: ‘acordo tácito; homem reticente’.) Sedeo ‘sento’opõe-se a sido, ou a ad + sido ‘estou sentado’. Um exemplo sugestivo é o de Lucrécio, no De Rerum Natura, III,1068-9: hoc se quisque modo fugit, at ... / effugere aut potis est... “é assim que cada um busca fugir de si ... [imperfectivo e indeterminado] /  mas incapaz de escapar de si próprio”... [perfeito determinado].

O composto de prevérbio indica também a ação no seu início ou entrada num estado: vigillare ‘velar [duração + aspecto indeterminado]  x aduigillo ‘abrir o olho’ (cf. Plauto, Pe, 615: Advigilla.) Eo ‘vou’ [duração; port. ‘vou indo] x abeo ‘eu me vou, irei’; sequor ‘sigo’ x consequor ‘obtenho, consigo’; caedo ‘firo’ x occido ‘firo de morte, mato’.

4. Quanto ao emprego de sufixos, cumpre lembrar que o conceito mais recente de aspecto, restrito ´à estrutura temporal interna de um fato’[10], limita notavelmente sua extensão, visto que exclui os freqüentativos, por representantes não da categoria de tempo, mas da de número (não referente a pessoas gramaticais, mas a verbos)  quando repetidos, ou iterativos, em oposição aos semelfactivos. Assim saltitar, em oposição a saltar.

 A Gramática de Madvig, na sua edição francesa de 1885, na parte III do Capítulo XIII, sobre a derivação dos verbos, analisa os verbos derivados de outros verbos, bem como de adjetivos e até substantivos, e divide-os em: uerba frequentatiua com o sufixo -ito, verba inchoatiua, com o sufixo -sco, uerba desideratiua, com o sufixo –urio e uerba deminutiva, com –illo[11].   A riqueza de exemplos é reduzida aqui somente a alguns.

4.1. Freqüentativos com –ito: (pertencem à 1ª conjugação e significam geralmente a repetição iterativa do que significava o verbo primitivo): clamo ‘gritar, ralhar, torna-se clamito ‘vociferar, esbravejar’; rogo ‘peço, suplico’, torna-se rogito ‘pedinchar’; dico ‘dizer’, pelo supino dictum e o sufixo -it-, tornado dictito ‘tagarelar’.

4.2.          Os desiderativos, em –urio exprimem desejo, vontade de. Assim, esurio,is,ere ‘estou com fome’, de esum, supino de edo,is,ere/esse ‘comer’; parturio ‘começar a dar à luz’, do supino de pario,is,ire, peperi, partum ‘conceber’.

A idéia de ação repetida se exprime também, pela simples desinência da primeira conjugação, acrescentada ao supino de muitos verbos. Assim, de adiuuo, adiutum ‘socorrer’, temos o verbo adiuto, adiutare, tornado ‘ajudar’, em português, basicamente com a idéia de ação repetida, em oposição a socorrer, num momento pontual de perigo; de salio, saltum ‘saltar’, temos salto, saltare ‘dançar’; de capio, captum ‘captar’, pegar, capto, captare ‘procurar’, catar; de cano, cantum, canere ‘cantar’,  canto, cantare, cantatum ‘cantar e dançar ao mesmo tempo’. Essa forma evolui para cantito, cantitare, pelo sufixo –ito, com a significação de cantarolar.

4.3.          Verbos incoativos: O sufixo –sco, formador de –esco, em português, no latim acrescenta o sentido de ação em seu início: labasco    de labo, labare

As formas derivadas são em geral por formação parassintética, como também no português. Assim: exardesco ‘pegar fogo’, de ardeo, ere ‘queimar’; effloresco ‘floresço’, de floreo, ere ‘estou florido’. Ingemisco ‘suspiro’ de gemo,is,ere,itum ‘gemo’. Obdormisco ‘adormecer’, de dormio,is,ire ‘dormir’.

Além dos verbos incoativos derivados de -sco, há muitos verbos em –esco, derivados de adjetivos, inchoatiua nominalia, como maturesco ‘amadureço, de maturus,a,um ‘maduro’; mitesco ‘torno-me doce’, de mitis,is ‘manso.

4. 4.         Os raros diminutivos derivam-se pelo sufixo –illo, mais ou menos correspondente ao nosso –olo, de cantarolo. Assim, cantillo ‘cantarolo’, do supino cantum, de cano,is,ere ‘cantar’.

Manifestando uma evolução que as línguas românicas viriam a continuar, o latim  procurou aperfeiçoar a expressão do tempo e do relacionamento dos tempos entre si, nos períodos mais complexos, especialmente na hipotaxe, em que a noção de anterioridade entre dois tempos é notada, com precisão desconhecida no grego. E, como observa Monteil, a distinção entre tempos absolutos e tempos relativos tem mais importância na sintaxe latina que as oposições de aspecto[12]. Estas aparecem, como na maior parte das línguas atuais, mais no vocabulário e no uso estilístico que na morfologia e sintaxe,  não constituindo, portanto, o aspecto verbal verdadeira categoria gramatical, com expressão constante e precisa.

Termino, com a expressão usada pelos professores de antanho: Relata reffero quod retulli, ‘trago o que ouvi relatado e retive’. [reffero, de fero, no aspecto imperfectivo; retuli, de fero, no aspecto perfectivo; relata forma nominal, neutra, plural, do supino de fero], e não relata relato, como teria dito solenemente, em exame, algum aluno, ato contínuo e com a mesma solenidade, ‘bombeado’ naqueles áureos tempos.

 

BIBLIOGRAFIA

BENVENISTE, E. “Le langage et l’expérience humaine”, em Problèmes de linguistique générale. (Collection Diogène) Paris, 1966.

COSTA, Sônia Bastos Borba. O aspecto em Português. São Paulo, Contexto, 1990. 101p.

CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português contemporâneo. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1995. p.100. 719 p.

GLEASON, H.A.  An Introduction to Descriptive Linguistics. Item 14.19. Holt, Rinehart and Winston, 1967. Trad. fr. Introduction à la linguistique trad. de Françoise Dubois-Charlier. P. 190. Paris, Larousse, 1969. 380 p.

MADVIG, J.R. Grammaire Latine du Dr...4a ed. Trad. do alemão por N. Theil. Paris, Firmin-Didot, 1885. 625p.

MATTOSO CÂMARA, J. Jr. Dicionário de Filologia e Gramática – referente à Língua Portuguesa. Rio, J. Ozon, 1970. 409 p.

MONTEIL, P.  Élements de phonétique et de morphologie du latin. Paris, Nathan, s.d. 407 p.

 



[1] GLEASON, p.8 e 11; MONTEIL, p.266.

[2] BENVENISTE, p. 8 ss.

[3] MONTEIL, P.  Élements, p.267. Paris, Nathan, s.d.

[4] FARIA, Ernesto. Gramática da língua latina. Brasília, FAE,1995. p.194.

[5] MONTEIL, p.281.

[6] COSTA, p. 33.

[7] MADVIG, p. 319.

[8] COSTA, p.80-1

[9] CÂMARA, p. 86.

[10] Idem, p. 38.

[11] MADVIG, p.194-7.

[12] MONTEIL, o. cit. p.219       e 317-8.