A HERANÇA VOCÁLICA LATINA NAS LÍNGUAS ROMÂNICAS

Bruno Fregni Bassetto (USP)

Entre as homenagens que este Congresso Nacional de Lingüística e Filologia presta ao filólogo Antônio Houaiss, certamente cabem algumas considerações filológicas pancrônicas sobre alguns aspectos dos sistemas vocálicos, sobretudo quando tônicos, das línguas românicas, herança que são do sistema latino. A base comum latina foi perdendo, num período de alguns séculos, a antiga característica vocálica da quantidade, herdada do indo-europeu, substituindo-a pelo sistema da intensidade, em que se diferenciam claramente vogais tônicas e átonas, aberta e fechadas, freqüentemente fator importante de distinção fonológica, portanto, significativa. Por influência do substrato, do superstrato e até dos adstratos das diversas regiões da România, o sistema vocálico tônico do latim vulgar foi adquirindo coloração local; deu-se tratamento diferenciado às vogais médias de timbre aberto ou fechado, cuja diferenciação remonta às variações latinas de breve ou longa. Desse modo, para sabermos se a tônica de determinada palavra deve ser pronunciada aberta ou fechada, ou a razão de existirem pares cuja distinção única se faz pelo timbre da tônica, basta recorrer ao étimo latino e verificar se a correspondente era breve ou longa: se breve, a correspondente é aberta; se longa, fechada. Por exemplo, lat. de)cem > port. de7z; no(vem > no7ve, mas ace#tu > aze8do e to#tu > to8do. Tal correspondência, porém, não é absoluta; a fidelidade à tradição latina é bastante variável de uma para outra língua românica. Sob esse aspecto, uma comparação entre as línguas românicas torna-se muito profícua e esclarecedora. Antes, porém, é preciso recordar alguns aspectos da fonética latina, embora bem conhecidos.

O latim herdara do indo-europeu a quantidade das vogais, que consistia em emiti-las de modo mais prolongado quando longas ou mais rápido quando breves. Desse modo, o latim dispunha, na prática, de dez vogais fonologicamente distintas, divididas em duas séries de cinco longas e cinco breves:

 

Longas

a#

e#

i#

o#

u#

Breves

a(

e(

i(

o(

u(

 

Uma longa equivalia a duas breves quanto à duração na emissão (a# = a(a(). Essa equivalência era tão perceptível aos falantes nativos, que até as crianças a conheciam, segundo afirma Quintiliano: “Longam esse duorum temporum, brevem unius etiam pueri sciunt.” (Inst. Orat. 9, 4, 47) Esse sistema conferia à frase um caráter musical e constituía a base da métrica clássica. Os diversos pés de verso ou metros diferem entre si pela seqüência de longas e breves. Assim, o dáctilo era constituído por uma longa e duas breves, resultando em uma musicalidade em ritmo de valsa; é chamado heróico por ser característico das grandes epopéias, como a Odisséia e a Eneida; o jambo, constituído de uma breve e uma longa; o troqueu, de uma longa e uma breve; o espondeu, de duas longas; o anapesto, de duas breves e uma longa; o coriambo, de uma longa, duas breves e outra longa.

A quantidade vocálica tinha também implicações fonológicas; assim, em porta(, por exemplo, o /a(/ é característico do nominativo, enquanto em porta#, o /a#/ caracteriza o ablativo. A mesma distinção fonológica verifica-se em ma(lum, “maçã” e ma#lum, “o mal”; em le(git, “ele lê” (pres. ind.) e le#git, “ele leu” (pret. perf. ind.); le(vis, “leve”, e le#vis ,“liso”; o(s , “osso” e o#s, “rosto”, “boca”; so#lum, “só”. e so(lum, “solo”.

Ao lado dessa quantidade, havia também o acento tônico, de intensidade, manifestado na prática por um maior volume dinâmico em sua emissão, considerado "a alma" do vocábulo pelos gramáticos latinos. Segundo se pode deduzir das línguas indo-européias, como o indiano primitivo, o lituano e o grego, no próprio indo-europeu a colocação desse acento de intensidade era livre, ou seja, podia recair sobre qualquer ápice silábico. Posteriormente, a maior parte das línguas indo-européias mudou a colocação desse acento flutuante, generalizando um acento inicial, fixado na primeira sílaba da palavra, o que aconteceu com o protogermânico tardio, o proto-itálico nos estágios que precederam à fixação do latim e do osco-umbro, o celta e talvez também o ilírico. O passo seguinte foi a fixação da sílaba de intensidade, no latim e no grego, em uma das três últimas, segundo a lei do trissilabismo: no grego, a quantidade da última sílaba servia como norma; se essa última fosse longa, a palavra podia ser oxítona ou paroxítona, conforme o caso, como em fronw' (“penso”) e ojnomavtwn (gen. pl. de o[noma, “dos nomes”), em oposição ao nom. ojnovmata; somente se a última fosse breve, a palavra podia ser proparoxítona. No latim, esse mecanismo é sem dúvida mais simples: o ponto de referência é a quantidade da penúltima sílaba, e não a da última como no grego; se a penúltima for longa, sobre ela recai o acento intensivo; caso contrário, se for breve, o acento recua para a antepenúltima, segundo explica o gramático Donato (VI séc. d.C.):

 

In trisyllabis et tetrasyllabis et deinceps, si paenultima correpta fuerit, acuemus antepaenultimam, ut Tullius, Hostilius; si paenultima (...) longa fuerit, ipsa acuetur. (Grammatica 4, 371)

“Nos trissílabos, tetrassílabos ou de mais sílabas, se a penúltima for breve, acentuaremos a antepenúltima, como Tullius [Túl-li-us], Hostilius [Hos-tí-li-us]; caso a penúltima seja longa, a mesma será acentuada.”

 

Essas são as duas possibilidades existentes nesse campo, pois o latim não dispunha de palavras oxítonas. Esse jogo dos acentos intensivos, ainda que dependentes do acento quantitativo, tinha função fonológica, como, por exemplo, em ceci#di (paroxítona) de caedo (“eu matei” e “eu mato”) e ceci(di (proparoxítona) de cado (“eu caí” e “eu caio”). No latim, esse processo de alocação do acento tônico se fixou volta do séc. II a.C. Daí, pode-se afirmar que o acento de intensidade ganhou peso e importância com o tempo, passando a conviver com o de quantidade, pois não são excludentes. No latim literário, certamente o quantitativo predominou, enquanto no vulgar o intensivo foi lentamente eliminando e substituindo o quantitativo, como se deduz de afirmações de Cícero e de Santo Agostinho, citadas abaixo.

As línguas românicas herdaram, de modo geral, esse trissilabismo latino. O romeno apresenta casos, cuja colocação do acento tônico vai além da antepenúltima, como por exemplo o numeral cíncisprezece (“quinze”). Entretanto, a própria Gramatica da Academia de Bucareste (vol. I, pág. 161-162) reconhece como legítimas e literárias formas como cinsprezece e cincizeci, enquanto a forma corrente e popular cin½pre não é recomendada, embora seja resultado de uma tendência normal comum nas línguas românicas. Em outras línguas, como no português, no castelhano e no italiano, ocorrem casos com tônica na quarta última em formas verbais com pronomes enclíticos, como port. disseste-no-lo, façam-se-lhes; no cast. asistíamosle, asístasele; no it. tóglielo, consíderano. Tais casos, porém, são tipicamente eruditos, só ocorrendo na linguagem literária. Não neutralizam o caráter geral do trissilabismo românico.

O latim literário manteve esse quadro dos acentos qualitativos e quantitativos inter-relacionados. Mesmo nos versos, esses dois aspectos eram levados em consideração. Vários autores estudaram a coincidência do icto (incidência do acento melódico) com a tônica nos dois últimos pés de verso do hexâmetro: em Catulo, essa coincidência chega a 98,6%; em Horácio, a 95%; em Juvenal, a 97,7%; em Lucano, a 99,6%; em Ovídio, a 99,6; em Pérsio, a 98,1%; em Virgílio, a 99,5% (Cf. Ernesto Faria, Fonética Histórica do Latim, p. 157). Esses fatos mostram claramente que os dois tipos de acento integravam fundamentalmente o sistema latino, revelando ainda a capacidade romana de adaptar às características de sua língua os metros emprestados dos gregos.

Contudo, a complexidade do sistema acarretava lapsos e problemas. Assim, Cícero (De Oratore LI, 173) observa que a platéia vaiava os atores nos teatros, quando se enganavam na emissão da quantidade e cometiam silabada:

 

In versu quidem theatra tota exclamant, si fuit una syllaba aut brevior aut longior; nec vero multitudo pedes novit nec ullos numeros tenet nec illud quod offendit aut cur aut in quo offendat intellegit: et tamen omnium longitudinum et brevitatum in sonis sicut acutarum graviumque vocum indicium ipsa natura in auribus nostris collocavit.

 

No verso, então, a platéia inteira protesta, se alguma sílaba for mais breve ou mais longa; contudo, a multidão não tem conhecimento dos pés (de verso) nem se atém a algum número, nem atina com aquilo que a choca, nem por que ou em que: pois a própria natureza colocou em nossos ouvidos a medida de todas as variações das longas e breves nos sons e também das vozes agudas e graves.

 

Infere-se, portanto, que inicialmente a quantidade vocálica estava presente também no latim vulgar, pois não parece lógico afirmar que toda a platéia fosse composta apenas por falantes do sermo urbanus, embora não se trate de um conhecimento reflexo. Como as línguas românicas desconhecem totalmente essa característica vocálica, o latim vulgar deve tê-la perdido, ou melhor, substituiu-a pelo acento intensivo, tornando as tônicas mais longas e fechadas e as átonas, mais breves e abertas; com isso, o timbre assumiu um papel importante. Quanto à época em que tal fato teria ocorrido, divergem os romanistas, dada a falta de dados precisos. Contudo, pode-se tomar como ponto de referência o texto de Santo Agostinho, em De Doctrina Christiana, IV, 24:

 

Cur pietatis doctorem pigeat imperitis loquentem, ossum potius quam os dicere, ne ista syllaba non ab eo quod sunt ossa, sed ab eo quod sunt ora intelligatur, ubi Afrae aures de correptione vocalium vel productione non iudicant.

 

Pois o instrutor ao falar no culto hesita em dizer ossum (“osso”) de preferência a o(s, com receio de que este monossílabo seja compreendido não com seu significado de ossa (“ossos”), mas com o de ora (“bocas”), já que os ouvidos africanos não se atêm a vogais breves ou longas.

 

O texto afirma claramente que a quantidade vocálica e suas implicações haviam sido eliminadas do latim falado, vulgar. Ora, sabe-se que o norte da África foi uma região profundamente romanizada e dispunha de importantes centros culturais; sua população devia, por isso, falar um latim, embora vulgar, bastante razoável. Confirma essa suposição, por exemplo, o fato de tradução do Novo Testamento dita Afra ser melhor que a Itala. Ora, se na África, presumivelmente mais culta, não mais se distinguia a quantidade vocálica, pode-se afirmar que essa perda da quantidade havia então atingido também as populações de outras regiões do Império. Por outro lado, a perda de um elemento lingüístico importante como a quantidade é um processo longo e lento, cuja apreensão pelas pessoas cultas certamente não é imediato. Destarte, dispomos de um terminus a quo, o testemunho de Cícero (106-43 a.C.) sobre a vigência da quantidade entre a massa popular, e um terminus ad quem, a declaração explícita de Santo Agostinho (354-430 d.C.) de que esse elemento lingüístico se perdera no latim vulgar. Trata-se, sem dúvida, de um período bastante longo, não porém demasiado, considerando-se a grande importância da quantidade no sistema latino, ainda herança do indo-europeu, além da morosidade inerente a esse tipo de alterações. Desse modo, o processo de desaparecimento da quantidade como elemento fonológico estendeu-se lentamente por mais de quatro séculos, não sendo possível fixar-lhe uma data precisa. Parece suficiente saber que no séc. V havia sido substituída completamente pelo acento de intensidade no latim vulgar, embora certamente continuasse presente em outros níveis, como no culto e literário.

Quanto ao timbre, a emissão das vogais longas, por sua maior duração, propiciou seu fechamento, enquanto as breves, por sua menor duração, tornaram-se abertas no latim vulgar. Nessa variedade lingüística, portanto, a função antes desempenhada pela quantidade passou a ser exercida pelo timbre. O timbre, na definição de Maurice Grammont (Traité de Phonétique, pág.87). é “a qualidade específica do som, independente da altura e da intensidade”. Não se sabe com certeza qual era o timbre das vogais latinas. Divergem muito os romanistas nesse aspecto: P. Fouché afirma que todas eram fechadas, embora as breves o fossem um pouco menos; T.H. Maurer julga terem sido todas “ligeiramente abertas” (Gram. do Lat. Vulg., pág. 11); e Ernesto Faria, “pelo que nos ensinam as línguas românicas, a epigrafia e as explicações dos gramáticos latinos, havia um certo paralelismo no latim em se pronunciarem as vogais longas fechadas, e as vogais breves como abertas (Fonética Histórica do Latim, pág. 66). Joaquim Mattoso Câmara observa que não havia, no latim, a necessidade de distinção das vogais pelo timbre, uma vez que essa função era exercida pela quantidade (Dicionário de Filologia e Gramática, s.v.)

Com o fechamento das vogais longas e a abertura das breves, o latim vulgar acabou por confundir o / i(/ com o /e#/, resultando /e/ fechado, e o / u(/ com o /o#/, dando ambos /o/ fechado; o / e(/ e o / o(/, porém, se mantiveram de modo claro e distinto, conforme se pode verificar nas línguas românicas, embora esse quadro não seja comum a todas elas. Levando em conta também a afirmação de Lucílio de que não havia distinção entre o /a#/ e o / a(/, resultou no latim vulgar de amplas regiões um sistema vocálico de sete fonemas. Dado o grande número de empréstimos gregos, incluiu-se no quadro abaixo o u grego, ao qual se apõem os sons que o transcrevem, embora independam de estarem em sílaba tônica ou átona:

 

a# / a( > a

e( / æ > e7

|e# / œ/ i( > e8

i# > i

o( > o7

o# / u( > o8

u# > u

u / y > u/i

 

 

Supõe-se que o centro de difusão da pronúncia fechada das longas e aberta das breves tenha sido o domínio dialetal osco-umbro (centro e sul da Itália), pronúncia que se impôs também às camadas populares da cidade de Roma e se estendeu depois a amplas regiões do ocidente do Império: Itália central e norte, Dalmácia, Ístria, Récia, Gália e Ibéria. As primeiras atestações desse fenômeno vocálico datam do séc. III, mas que é sem dúvida mais antigo. Como não dispomos de comprovação direta de que esse sistema realmente foi vigente no latim vulgar, as línguas românicas, resultantes das transformações dessa variedade do latim, fundamentam suficientemente o quadro acima.

O sistema de sete fonemas vocálicos, portanto, não é geral para toda a România. Postulam-no as línguas românicas das regiões supracitadas, que constituem um primeiro grupo com sistema de sete fonemas vocálicos verificáveis nos seguintes exemplos:

a#/a( > a: lat. bra#cchium, lat. vulg. brachiu > port. braço, cast. brazo, cat. bras, prov. bratz fr. bras, friul. bras, eng. bratsch, it. braccio. e( > e7: lat. pe&dem, lat. vulg. pe7de > port. pé, cast. pié, cat. peu, prov. pe, fr. pied, friul. pit, eng. pe, it. piede, vegl. pitsch. eÜ > e8: lat. aceÜtum, lat. vulg. ace¥tu > port. azedo, cast. acedo, prov. azed, eng. aschait, it. aceto, vegl. akait. iá > e8: lat. si(tim, lat. vulg. se8de > port. sede, cast. sed, cat. set, prov. set, fr. ant. soi, fr. mod. soif, friul. set, eng. sait, it. sete, vegl. sait. iÜ > i: lat. viÜvum, lat. vulg.. vivu > port. vivo, cast. vivo, cat. viu, prov. viu, fr. vif, friul. vif, it. vivo, vegl. vei. o( > o7: lat. ro(ta, lat. vulg. ro7ta > port. roda, cast. rueda, cat. roda, prov. roda, fr. roue, friul. aruede, eng. rouda, it. ruota. o# > o8: lat. su#do#rem, lat. vulg. sudo8re > port. suo7r (mod. suo8r), cast. sudor, cat. suor, prov. suzor, fr. sueur, eng. suur, it. sudore, vegl. sudaur. u( > o7 > lat. lu(tum, lat. vulg. lo7tu > port. lodo, cast. lodo, cat. llot, prov. lot, it. loto. uÜ > u: lat. pu#rum, lat. vulg. puru > port. puro, cast. puro, cat. pur, prov. pur, fr. pur, fiul. pur, eng. pür, it. puro.

Esse sistema de sete fonemas vocálicos se mantém integralmente no português, com distinção fonológica entre /e8/ e /e7/ e /o8/ e /o7/, como em lat. le(vem > port. leve, de(cem > dez, de(bet > deve ao lado de debe#re > dever, me#(n)sa > mesa, te#gula > telha; e o#pera > obra, po(test > pode, no(vem > nove, ao lado de to#tum > todo, prio#rem > prior, curio#sus > curioso. Encontra-se geralmente também no catalão e no provençal; nas outras línguas da região, o /e7/ e o /o7/ freqüentemente se ditongaram, sobretudo quando livres, pelo fenômeno denominado ditongação espontânea. Desse modo, a distinção fonológica, baseada apenas no timbre, ficou consideravelmente enfraquecida e restrita a um número relativamente pequeno de palavras, geralmente homógrafas heterofônicas, com exceção do francês. Vejam-se os seguintes exemplos: fr. je ferai [fere8], “eu farei” e je ferais [fere7], ”eu faria”, est [e7] e et [e8], dais [de7], “pálio” e dès [de7], "desde", e dé [de8], “dado”; paume [po8m], “palma”, e pomme [po7m], “maçã”; ou no it. è (do verbo essere, “ser”) e e (conj.); pe7sca, “pêssego”, e pe8sca, “pesca”; co8lto, “culto”, e co7lto, “colhido”; so7lo, ”solo”, e so8lo, “só”; também no cat. pèl , “pêlo”, e pel, “pelo”, sèu, “sebo”, e seu, “seu” e “sede”; mòlt, “moído”, e molt, “muito”; sòl, “solo”, e sol, “sol”; no prov. se7t, “sete”, e se8t, “sede”: bre7s, “berço”, e bre8s, “arapuca”; so7l, “solo”, e so8l, “sol”, “só”: so7lh. “lodo”, e so8lh, “planície” ; no rét. (sobresselvano) 8r, “pera” e7r, “par”; 8z, “ponta” e7z, “peito”; fo8tta, “raiva”, sto8ppa, “estopa” e o7rma, ”alma”, no7zza, “bodas”.

No castelhano, tanto o /e7/ como o /o7/ ditongaram-se respectivamente em /ié/ e /uó/ > /ué/, do que resultou indistinção entre os respectivos timbres abertos e fechados e o desaparecimento, na prática, do sistema de sete fonemas vocálicos. Assim, lat. me(lem > miel; pe(dem > pié; de(cem > diez; po(rta > puerta; no(vum > nuevo; ho(spitem > huesped. No dalmático, particularmente no veglioto, melhor conhecido, verifica-se uma ditongação praticamente de todas as vogais, tanto livres como travadas, de modo que a distinção fonológica entre as vogais médias de segundo grau deixou de existir. Assim, o /e7/ (< lat. e(/æ) > /i/ em sílaba livre, como em lat. bene > vegl. bin, decem > dik, melem > mil; /e/ > /ia/, em sílaba travada: bellum > bial, ferrum > fiar, ventum > viant. Já o /e/8 ( < lat. e# / i ) em sílaba livre > /ai/: cenam > kaina, fidem > faid, nivem > naid; em sílaba travada, porém, > /a/: firmum > farm, lingua > langa, piscem > pask.

Em conclusão, as línguas dessas regiões da România partem do sistema vocálico tônico de sete fonemas, herdado do latim vulgar; posteriormente, porém, cada qual o tratou segundo suas próprias características e tendências, fazendo surgir modificações que alteraram consideravelmente esse esquema básico. Nesse aspecto, urge levar em conta os fatores do substrato e do superstrato. Assim, por exemplo, em fr. o /a/ > /e/ (patrem > père, matrem > mère, caput > chef, carum > cher, cantare > chanter) por influência celta, embora esse fato só ocorra em sílaba livre. O português, como o sardo, por não apresentar nenhuma ditongação espontânea, mantém plenamente o sistema original. Nas outras línguas, a distinção entre as vogais médias de primeiro e de segundo graus não tem a mesma importância fonológica que no português.

Nas outras regiões da România, não incluídas entre as mencionadas acima, desenvolveram-se sistemas um tanto diferentes:

1) Nos Bálcãs, com exceção do território do dalmático, cujo vocalismo se enquadra no de sete, encontramos um sistema de seis fonemas vocálicos, em que houve a neutralização da distinção fonológica entre /o8/ e /o7/, e o /u/ breve ou longo resulta igualmente /u/. Na série das anteriores, porém, houve inicialmente distinção entre /e8/ e /e7/, resultando um sistema de seis fonemas:

a( / a# > a

e( / Q > e7

e# / ¿ / i( > e8

iÜ > i

o(( / o## > o

u(((( / u## > u

 

Quanto ao timbre, o /o/ é fechado, segundo Tiktin (Romanisches Elementarbuch, pág. 14), como em lat. cognosco > rom. cuno8sc, nos >no8i, nodu >no8d; em certos contextos fonéticos, pode assumir um timbre semifechado (Cf. Boris Cazacu, A Course in Contemporary Romanian, pág. 27), como em corpus > corp, cornu > corn, porcus > porc. Com isso, porém, não se estabelece qualquer diferença fonológica, à semelhança do que ocorre, por exemplo, no português. Esse sistema não estava restrito à Dácia, pois os empréstimos latinos às outras línguas balcânicas o evidenciam, como, por exemplo, o grande número de empréstimos por via popular ao albanês: lat. fu#ndu > alb. funt (“fundo”), gu(tta > guta (“gota”), avu(nculu > ungj (“tio”, cf. fr. oncle mas rom. unchi), tu#fa > tufë (“moita”), cu(rtu > shkurtë (“curto”). No romeno, encontra-se sempre /u/: lat. iu#gu > rom. jug (“jugo”); lu#na > luna( (“lua”); du#ru > dur (“duro”); lu(tu > lut (“lodo”); lu(pu > lup (“lobo”); mu(sca > musca( (“mosca”). Comparando-se os vocábulos romenos com os correspondentes portugueses, nos quais temos as correspondências /u#/> /u/ e /u(/ > /o8/, notam-se claramente as diferenças. A distinção entre /e8/ e /e7/ do latim vulgar balcânico não se manteve no romeno. O /e7/ sofreu a chamada ditongação espontânea por volta do séc. VI, passando a /ie/: lat. me(le > rom. miere (“mel”); fele > fiere ("fel"); ferru > fier ("ferro"); pectu > piept ("peito"), ao passo que o /e8/ se manteve, como em lat. densu > rom. des (“denso”); credo > cred (“creio”); mensae > mese (“mesas”); stellae > stele (“estrelas”). Com isso, perdeu-se a distinção fonológica entre as duas emissões dessa vogal, ainda persistente em outras línguas românicas. Por outro lado, a ausência de uma distinção entre /o7/ e /o8/ impediu a ditongação espontânea /o7/ > /uó/ (> ué), como por exemplo lat. bonu > it. buono, cast. bueno. Comparando-se os vocábulos romenos com os correspondentes portugueses, nos quais temos as correspondências /u#/> /u/ e /u(/ > /o8/, notam-se claramente as diferenças entre os dois sistemas.

O romeno dispõe ainda de dois fonemas vocálicos, empréstimos do eslavo, representados respectivamente por /a/( (sinal gráfico idêntico à braquea, denominado caciula), classificado como central, semi-aberto, não-arredondado, em geral proveniente de um /a/ latino átono, muito semelhante ao som albanês representado por /ë/; e /î/ ou /â/, central, fechado, não-arredondado; outros romanistas, qualificam-no como gutural, “voyelle moyenne intermédiaire entre i et u, articulée dans la zone médiane, la partie centrale de la langue levée vers le palais, avec les lèvres écartées” (Bourciez, Éléments, p. 549). Esse fonema desenvolveu-se a partir de /a/ + /n/ ou de /a/ + /m/ + consoante, como em lat. impacare > rom. împa(ca ("apaziguar"), îmboga(("enriquecer", do esl. boga(t, "rico"); lat. antaneu rom.>întîi (“primeiro”), manu > mîna( (arom. mâna(, meglen. mo7na(, ístrio-rom. ma(ra(); granu > grîu (“grão”), frangere > frînge (“quebrar”); francu > frînc (“franco”). Esse metaplasmo é muito antigo e comum a muitas línguas balcânicas; não se verifica, porém, em vocábulos que são empréstimos mais recentes, como francat (“isento”), franciscan (“franciscano”), franzelar (“padeiro”), mandarin (“mandarim”) mantela( (“mantilha”). Observe-se que entre /a/(((((( e /a/ há distinção fonológica, mas só em sílaba tônica ou final, como em ma(ri (“mares”) e mari (“grandes”); jena( (“tortura”) e jena (“a tortura”, em que houve crase do a final do vocábulo com o a do art. fem. sing.). Dá-se o mesmo entre /a(((((/ e /î/, comumente também só em sílaba tônica, como em va(((r (“primo”) e vîr (“eu introduzo”), ra(u (“mau”) e rîu (“rio”), ura( (“ele desejava”) e urî (“ele odiou”). Desse modo, o sistema vocálico do romeno pode ser representado sob a seguinte forma triangular, conforme Boris Cazacu (op. cit., p. 35; cf. também A. Rosetti, Istoria Limbii Române, p. 98), na qual se destacam os fonemas ditos "centrais", característicos e únicos entre os sistemas fonológicos das línguas românicas, uma vez que o correspondente por vezes apontado do português de Portugal não tem valor fonológico:

 

i î u

 

e a((((((( o

 

a

 

 

Das vogais latinas ficaram apenas as cinco básicas, sem distinção de timbre; tanto o /e/ como o /o/ normalmente são fechados; com as duas variantes centrais típicas, primeiramente /a(/ e posteriormente /î/, o romeno passou a ter sete fonemas fonologicamente distintos.

Na Sardenha, dadas as condições peculiares de isolamento e, sem dúvida, com alguma influência do antigo substrato da civilização mediterrânea, como também ao norte da Calábria e ao sul da Lucânia, além de alguns pontos dos Apeninos (montes Papa e Pollino), encontra-se um sistema vocálico de apenas cinco vogais, correspondente às vogais latinas sem a quantidade. Segundo o que se pode deduzir de escritores africanos, como Santo Agostinho (De Doctrina Christiana, 4,10) e o gramático Consêncio (8.19), o latim do norte africano tinha o mesmo sistema. Desse modo, não se verifica, nos dialetos dessas regiões, distinção fonológica entre as vogais médias /e7/ - /e8/ e /o7/ - /o8/, segundo o seguinte esquema evolutivo:

a#/a( > a

e#/e(/ae/oe > e

i#/i( > i

o#/o( > o

u#/u( > u

 

De modo geral, as vogais médias /e/ e /o/ são pronunciadas abertas quando a vogal da sílaba final for /a/ ou /e/ ou /o/; fecham-se quando a vogal final for /i/ ou /u/, mas sem implicações fonológicas. Exemplos: lat. fe#lle ("fel") > log. fe7le, luc. (sul) fe7le; lat. he#rba ("erva") > log. e luc. e7rva; lat. cate(na ("cadeia") > log. kade7na, luc. cate7na; lat. fe(mina ("fêmea", "mulher") > log. fe7mina, luc. fe7mmina; lat. caelu ("céu") > lat. vulg. kelu > log. ke8lu; lat. fi#lu ("fio") > log. e luc. filu; lat. pi(ra ("pera") >log. e luc. pira; lat. ni(ve ("neve") > log. nie, luc. nive; lat. ro(ta ("roda") > log. ro7da, luc. ro7ta; lat. no(vem ("nove") > log. no7e, luc. no7ve; lat. so#le ("sol") > log. e luc. so7le; lat. bu(cca ("boca") > log. bukka, luc. vucca; lat. nu(ce ("noz") > log. nughe, luc. nuce; lat. mu#ru ("muro") > log. e luc. muru; lat. veru > log. e luc. ve8ru.

Esse quadro das vogais leva à conclusão de que nessas regiões a quantidade se perdeu muito cedo, ou bem mais tarde como julga Lausberg (Lingüística Românica, I, p. 212), pois, enquanto nas outras regiões da România são claros os vestígios indiretos da quantidade, como o fechamento do timbre das longas e a abertura do das breves e a conseqüente ditongação das abertas em grande parte das línguas românicas, nada disso ocorre no sardo e nos dialetos das regiões mencionadas. Desse modo, caracteriza-se esse sistema como arcaizante, sendo encontrado no logudorês, no campidanês, no nuorês, no galurês e no corso do sul, enquanto o sassarês e o corso do centro e do norte evoluíram consideravelmente por influência do toscano, que quebrou uma possível unidade lingüística primitiva das ilhas.

Por fim, na Sicília e em parte do sul da Itália, encontra-se o chamado esquema siciliano, também com apenas cinco vogais como o sardo, mas com distribuição diferente em relação à origem latina, segundo o quadro:

a#/a( > a

e( > e

e#/ i#/ i( > i

o( > o

o#/ u(/ u# > u

 

Alguns exemplos: lat. caballu > sic. cavad8d8u ("cavalo"); lat. vulg. be(llu > bed8d8u ("belo"); me(di(cum > medicu; fe#mina > fimmina; ste#lla > stid8d8a; galli#na > jad8d8ina; gi(psu > jissu; o(leum > ogghiu: vo(lo > vogghiu; ho#ra > ura; amo#ro#su > amurusu; vo#ce > vuce; su(nt > sunnu. Nota-se que o latim vulgar deve ter conservado por mais tempo algo da quantidade, cuja substituição pela intensidade originou esse quadro, igual ao do sardo no resultado final, embora diferente no que tange à base latina originária em vários casos. Certamente, o grau mais profundo de romanização da Sicília, a primeira província romana fora do continente italiano, e a maior conservação da cultura latina explicam essa manutenção por mais tempo.

Para encerrar essas considerações sobre o vocalismo românico, considerado como herança repartida entre as línguas neolatinas, algumas rápidas considerações sobre os sistemas de acentuação gráfica na línguas românicas, uma vez que são uma decorrência das variações do timbre, especialmente das médias de primeiro e de segundo graus. Assim, as características vocálicas do sardo, do siciliano, do romeno, do dalmático e do rético dispensam o uso de acentos, salvo um ou outro caso de acento diferencial. Nas línguas em que se mantém diferenciação fonológica baseada no timbre aberto ou fechado especialmente das vogais médias e, além disso, existe a possibilidade de as mesmas palavras terem conteúdo semântico diverso se forem oxítonas, paroxítonas ou proparoxítonas, os acentos gráficos desempenham papel importantes na ortografia. Com base na experiência, os sistemas ortográficos românicos foram sendo aperfeiçoados, sem influência da herança latina, já que a língua-mãe os desconhecia. Nesse contexto, destaca-se o português, por ser a língua românica que conserva os sete fonemas vocálicos em sua plenitude em ocorrências muito freqüentes, além de ter vocábulos com as três possibilidades de sílaba tônica. As regras de acentuação gráfica em português, de fato, foram ditadas pelas tendências internas da língua. Como se trata de uma língua basicamente paroxítona, uma vez que os nomes proparoxítonos latinos comuns com muita freqüência sofrem a síncope da postônica em sua forma vulgar, traço ao qual se liga maior número de nomes, normalmente esses não levam acento gráfico. Por outro lado, os proparoxítonos, todos eruditos ou semi-eruditos, por contrariarem essa característica do português, tendem a ser emitidos como paroxítonos e por isso devem ser acentuados graficamente. Na mesma linha, considerando que o latim não tinha oxítonos, os oxítonos do português em /a/, /e/ e /o/ devem ser convenientemente acentuados graficamente: jacá, sofá, café, rapé, ipê, pererê, cipó, capô, pois contrariam a tendência vernácula de emiti-los como paroxítonos.

A diacronia mostra ainda que os nomes de origem latina em geral não apresentam /-i/ ou /-u/ tônicos em posição final. Conseqüentemente, tais palavras do português não são de origem latina e por isso são sempre oxítonas e, por isso, não necessitam de acento gráfico, como saci, jaboti, quati; tatu, urubu, umbu. Palavras como tatuí, jataí, itaú. capeí são acentuadas graficamente por terem o /-i/ ou o /-u/ tônicos em hiato e não por estarem em posição final. Aliás, a tendência de evitar o hiato é muito clara já no latim vulgar e em todas as línguas românicas; quando, porém, o hiato é inevitável, geralmente por razões semânticas, o acento gráfico avisa o leitor para que não siga a tendência normal no português e não o leia como ditongo, sobretudo nos casos de distinção fonológica, como em sai e saí, cai e caí, saia e saía.

Comparando o sistema de acentuação gráfica do português com o do francês, por exemplo, percebem-se diferenças interessantes. No português, os acentos gráficos têm a dupla finalidade de indicar a sílaba tônica e o timbre da vogal; daí resulta que uma palavra só pode ter um acento gráfico, que deve coincidir com a tônica. O francês é uma língua oxítona e por isso o acento gráfico não tem a função de indicar a sílaba tônica, restando-lhe apenas a de indicar o timbre da vogal. Em vista disso, uma palavra pode necessitar de vários acentos, como décédé, "falecido", aîné, "primogênito", déjà, "já", élève, "aluno", o que não pode ocorrer no português. Por outro lado, talvez por falta de um modelo do tronco comum, o valor atribuído aos sinais gráficos difere de uma língua para outra. No português, o circunflexo indica timbre fechado, como em pêssego, eletrônico, ao passo que em francês aponta timbre aberto, em être, fenêtre, além da síncope etimológica, de modo geral, de um /-s-/; essa função secundária do circunflexo em francês propicia seu aparecimento sobre o /-i-/ e /-u-/, como em abîme, "abismo", août, "agosto", goût, "gosto", fato característico da ortografia francesa estreitamente ligado à etimologia. E enquanto em português o acento agudo indica timbre aberto (elétrico, heróico), em francês, fechado (général). O grave tem função secundária nas duas línguas: no português aponta apenas a fusão de dois /a/, a conhecida crase; em francês assinala a mudança de timbre de uma vogal fechada para aberta, como em dernier > dernière, préférer > je préfère ou apresenta um caráter meramente diacrítico, como ou, "ou", e , "onde", il a, "ele tem", e à, "a" (prep.).

Mais próximo ao português, embora sem a problemática de distinguir fonologicamente o timbre das médias, uma vez que o /e7 / se ditongou em /ié/ e o /o7/ em /uó/ > /ué/, o castelhano emprega apenas o acento agudo, denominado tilde, desconhecendo o circunflexo e o grave, com a função de indicar apenas a sílaba tônica, segundo regras muito semelhantes às do português, sobretudo as relativas aos proparoxítonos, /i/ e /u/ tônicos em hiato e oxítonas (acentuando todas, diferentemente de nosso sistema).

Entretanto, em todas as línguas românicas, que usam acentos gráficos, é mais comum o uso de algum sinal gráfico, agudo ou grave, como diacrítico, isto é, indicativo de monossílabo ou dissílabo tônicos ou de diversidade morfológica, segundo se disse acima em relação ao francês. Vejam-se alguns exemplos, para concluir: friulano: a, "a" (prep.) e à, "tem", di, "de", e dì, "dia", po, "depois", e pò, "pode"; catalão: féu, "fez", e feu, "feudo"; món, "mundo", e mon, "meu"; ós, "urso", e os, "osso"; rés, "rezo", e res, "nada"; castelhano: el, "o" (art.), e él, "ele"; mi, "meu", e , "mim", mas, "mas", e más, "mais"; se, "se" (pron.), e , "sei". Observe-se que justamente esse tipo de acento gráfico foi abolido no português pela reforma ortográfica de 1971, em flagrante contraste com os sistemas românicos vigentes. Também nesse aspecto uma visão de conjunto das línguas românicas pode ajudar a evitar incoerências e possíveis retrocessos.

Os fatos relacionados, entre muitos outros, patenteiam quão presente está a herança latina em todos os aspectos do vocalismo românico.

 

BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

 

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