MÁSCARAS E VERDADES NA SALA DE AULA

Marísia Teixeira Carneiro (UERJ)

Todos nós, envolvidos com o ensino e a educação transformadora, temos compromisso social com a verdade dos conhecimentos e das intenções identificadas com o processo de formação psicossocial dos alunos, com os quais nos encontramos, quase diariamente.

Contudo, no teatro da sala de aula, é mais freqüente do que se imagina os atores das cenas pedagógicas usarmos máscaras sob as quais a realidade vive sem que intencionalmente queiramos escondê-la. Estou falando precisamente do conflito entre o dever fazer e o poder fazer que costuma acontecer em sala de aula.

Estou me referindo, por um lado, à consciência clara do que devemos fazer para abrir o diálogo em sala de aula, mais especificamente, para reconhecer e criticar a manipulação ideológica que a cultura de massa, compromissada com a política da globalização, pratica, visando a influenciar nossas mentes, sobretudo as mentes de nossos jovens alunos. Estou, por outro lado, me referindo às limitações que a situação nos impõe, de tal ordem é desigual o poder que temos, considerando-se os instrumentos de persuasão e convencimento de que dispomos, e o poder, quase absoluto, que os agentes da cultura de massa detêm, considerando-se, sobretudo, os meios de que dispõem. Dentre estes meios, a televisão se destaca pela sua penetração em milhões de famílias, só perdendo para o rádio. Diante disso, parece que nossa ação, em sala de aula, tem o efeito de certos antibióticos que mascaram a infecção. E nós também, afinal, ficamos iludidos.

Encontramos facilmente provas dessa realidade, basta observar mais atentamente o discurso e as práticas pedagógicas. Incentivamos o hábito de leitura, criamos momentos de leitura individual quando os alunos lêem o que eles escolhem, mas o tempo de exposição dos alunos aos programas de televisão continua a ser de quatro a oito horas diárias. E, no quadro geral da cultura, a produção e venda de livros e o número de bibliotecas, no Brasil, continuam a ter índices que estão entre os mais baixos do mundo. No interesse da ideologia difundida pela mídia, o livro é objeto de raras campanhas, mais raras que as de doação de sangue.

Outro exemplo é o da manipulação de valores de tal modo que o cenário é moderno, inovador, porém mascara o conteúdo conservador, que de certa forma também se observa na escola. Quando se propala a liberação econômica e sexual da mulher, ainda no ensino fundamental a maioria das aulas são ministradas por mulheres, que assumem a superposição das imagens de professora e de mãe (tia), acolhedora, maternal, com efeitos depreciativos da própria atividade. Não é raro ouvirmos, mesmo aqui dentro da academia, referências à professorinha do ensino fundamental: Ah,...ela é uma professorinha com pós-graduação!

Essa imagem marcada pelo preconceito é reforçada pela mídia, aparentemente, inovadora, mas que reflete muitas vezes, um conservadorismo subjacente quando mostra a professora autoritária e antipática, como a mãe, que repreende os filhos quando comem, escondidos e fora de hora, uma guloseima. A imagem da “tia” autoritária, antipática, que vimos recentemente num filme publicitário está associada ao interesse de consumo, porque, sugere o filme, só uma professora antipática proíbe o consumo de certo produto em sala de aula. Num certo sentido, é essa mesma imagem conservadora que, de modo geral, as pessoas querem ver na televisão.

É absolutamente contrário à ação negativa dos meios de cultura de massa o pensamento do nosso homenageado, professor, pesquisador, filólogo e lingüista, Antônio Houaiss. O pensamento de Antônio Houaiss destaca-se dentre aqueles que alertam seus leitores a respeito da ação de agentes da cultura de massa, ação nociva à expressão e desenvolvimento da cultura nacional, sobretudo no interesse da valorização da língua portuguesa como língua de cultura. Ele também recusava as máscaras.. Buscou sempre a verdade na suas leituras do mundo que o rodeava e na qualidade dos conhecimentos que produzia. Sempre fiel à sua consciência não escapou da perseguição do poder ditatorial que praticou desmandos neste país nas décadas de sessenta, e setenta, e o mestre Houaiss acabou exilado, voltando mais tarde.

Em seu livro O português no Brasil (1985), com o sugestivo subtítulo Pequena Enciclopédia da Cultura Brasileira, trata a questão da natureza do português no Brasil e a sua trajetória de língua natural a língua de cultura. Às páginas 134 a 140, aponta fatores corruptores do português como língua de cultura difundida pela escrita e pela escola, língua que ele arrola como um bem social dentre o nutricional, o alimentar, o habitacional, o linguageiro que contribuem para a melhora geral da cultura em nosso país.

Esses fatores apontados por Antônio Houaiss, há quinze anos passados, são a dramática situação do livro, do cinema, do teatro, do rádio, da televisão que ofereciam (ainda oferecem) à massa informação de baixa qualidade motivada pelo interesse do lucro ou dos índices de audiência. Portanto, aqui está mencionada uma situação que tem de ser considerada nas trocas de saber em sala de aula, onde, através de práticas pedagógicas adequadas, se pretende tudo fazer para lançar fora as máscaras que ocultam a ideologia dominante, máscaras que são simulacros difundidos pela mídia eletrônica. A crítica e o abandono dessa simulação, que repercute na escola, poderá contribuir para a neutralização da força da televisão sobre a formação cultural e ideológica dos nossos jovens desde crianças. Parece-me que, apesar da consciência que a maioria de nós, professores, temos a respeito da questão, ainda há um descompasso entre o que está ocorrendo fora da sala de aula e o que a escola tem oferecido, de outro modo, não estaríamos hoje diante do aumento de índices de repetência, da falta de motivação de parte significativa dos professores, enfim, do desinteresse do alunado pela sala de aula.

Tentamos aumentar a força de nossa ação pedagógica, no sentido de desvelar a verdade da ideologia da cultura que, sobretudo, a televisão passa aos jovens alunos do Ensino Fundamental.

Sem dúvida, é claro, os esforços nesse caminho são muitos.

E a pergunta que cabe fazer é: Como praticar, em sala de aula, a crítica à simulação, e mesmo, ao baixo nível das informações televisivas (à exceção de programas de certos canais da NET, conhecidos por todos que temos esse privilégio de tão poucos nesse imenso país de profundas desigualdades sociais) O conteúdo, de modo geral, sobretudo das mensagens das telenovelas, dos programas de variedades e dos filmes publicitários é preenchido por pseudo valores, pseudoconhecimentos, pseudo-acontecimentos o que, nas palavras de Muniz Sodré, no seu livro A máquina de Narciso, reforça a dominação no interesse de poucos sobre muitos.

Num questionário recentemente aplicado por nós em turmas de 6ª e 8ª série de alunos da classe média aponta-se, como um dos preferidos, um programa em que se exibem cenas de violência social e familiar. É, portanto, bastante útil aos propósitos da educação, que se pretende transformadora, praticar a crítica ao conteúdo ideológico das mensagens semiolingüísticas da mídia eletrônica. É a televisão na sala de aula.

Nos limites de espaço e de tempo recriados pela televisão, o jogo de máscaras e de verdades se submete à simulação. Hoje, os nossos alunos sofrem os efeitos dessa simulação porque aprendem a ler o mundo não somente conduzidos pelas determinações dos atores sociais prestigiados na escola e na família, mas também e, principalmente, dos atores - totens modernos - prestigiados pela televisão. Talvez, aqui, perguntasse o mestre Houaiss: como isso afetaria as atividades culturais de nossos alunos e nesse bojo, também, a vitalidade do português como língua de cultura?

Na escola, freqüentemente o que se ensina nem sempre é o que a consciência do professor dita para se alcançar efeitos práticos e conceituais consistentes, isto é, libertadores, efeitos práticos que venham a servir os futuros cidadãos na representação do mundo tal como é, sem a interferência de simulacros, ou seja, de imagens duplicadas que mostram o que é irreal sob a aparência do real e sem a interferência do interesse do lucro.

Certa feita, estando uma professora de uma escola pública, durante todo o primeiro semestre do ano letivo, a ler e interpretar textos em turma da 7ª série, uma aluna, transferida de uma escola particular a inquiriu: Quando a senhora vai começar a dar a matéria? Tem-se a impressão de que a leitura nem sempre é colocada no seu lugar verdadeiro. A leitura crítica só não tem sentido para aqueles que vêem a escola como transmissora de verdades perenes e imutáveis.

Em casa, o jovem recebe mensagens manipuladas, desfocadas, através da televisão, a cuja programação ele fica exposto durante um tempo excessivo. E poucos têm a oportunidade de discutir, em família, o conteúdo dessas mensagens. Nesse período, ele é iludido pela telerrealidade que mascara o mundo e o exibe segundo desejos e necessidades forjadas, que são atribuídos aos telespectadores. Em shows de variedades, em telenovelas e em filmes publicitários, existe uma realidade exterior, do lá de fora, indiretamente referida, mas contextualizada segundo outros parâmetros: o do consumo, o da carência (nem sempre real) de algo a ser buscado ou comprado, e o da alteridade, que atrai o indivíduo para fora de si mesmo e pulveriza a subjetividade que passa a constituir-se de uma complexidade e pluralidade de “eus” cujo ponto de fuga é o lugar da identidade com o outro, o lugar compartilhado com o outro. Submetem-se, então, subjetividades complexas e dinâmicas sob a manipulação de intenção niveladora de um determinado projeto de comunicação de massa.

A televisão tem ocupado parte importante do lugar da ação da escola e da família na educação das crianças e dos jovens: informações, comportamentos, hábitos e valores são sugeridos e inculcados nas suas mentes sob formas ora sutis ora grotescas. Dentre essas formas sutis destacamos o que fazem os filmes publicitários, que merecem uma atenção especial do educador. Citando Patrick Charaudeau (1994: 44) que aqui traduzimos:

... a publicidade é um objeto de estudo interessante desde que se saiba adaptá-la aos objetivos e às condições do ato de formação (seja na escola ou fora da escola). E mais, entra-se aqui num maravilhoso paradoxo: aprender a ler as mensagens publicitárias é o melhor ato de resistência de que uma sociedade pode fazer prova face à invasão do economismo - e mesmo se a publicidade aí participa - pois tomando a publicidade como um objeto cultural e não mais como um objeto mercantil, têm-se algumas oportunidades de não morrer por demais idiota.

Na escola, a leitura crítica do filme publicitário ajuda a resgatar uma atitude ativa do telespectador jovem diante da televisão. De certo haverá condições para isso. Que aspectos do poder fazer dificultariam o nosso dever fazer? Aqui talvez fosse conveniente, arrolar tudo o que dificulta o trabalho do professor no sentido de tirar as máscaras dos atores sociais no espaço interno da sala de aula, e passar à encenação de um discurso pedagógico compromissado com a verdade em contraste com outros discursos.

Todos conhecemos a diversidade de condições porque as experimentam vivamente no seu dia-a-dia. Vou, portanto, continuar a tratar de um aspecto dessa questão polêmica que não é absolutamente tema novo na área da Lingüística Aplicada e da Análise do Discurso: a publicidade na sala de aula como estímulo para a produção de textos argumentativos. E assim proponho a pergunta: Como a leitura de filmes publicitários veiculados pela televisão pode ser praticada em sala de aula para a formação do leitor consciente?

Para tanto vou apresentar e comentar, mais adiante, alguns exemplos retirados de redações escolares produzidas, em 1998, (há dois anos), por alunos da 8ª série do Ensino Fundamental do Colégio Pedro II, cujas professoras de Língua Portuguesa, Maria de Fátima P. Costa, Maria Lilia S. de Oliveira e Edna P. Viveiros, com interesse franquearam nossa entrada e permanência em suas salas de aula para colher o material de nossa pesquisa: redações sobre um tema de um filme publicitário sem que nessa fase fossem exibidos o filme e as redações sobre o mesmo tema, desta feita, após a exibição do filme publicitário selecionado dentre os muitos que são exibidos no horário diurno, mais freqüentado pelos jovens adolescentes.

Entendemos, aqui, o sentido da expressão leitor consciente como aquele leitor capaz de analisar objetivamente os conteúdos das formas semiolingüísticas do discurso publicitário (e mesmo de qualquer outro modo de discurso) e desses conteúdos inferir o que se pretende fazer com sua mente já que o texto publicitário é persuasivo e sedutor. O leitor consciente deverá ser capaz de apreciar a possibilidade de assumir novas atitudes face à realidade que costuma ser mascarada sedutoramente e apresentada como o reflexo dos desejos e necessidades dos telespectadores. Ele apreciará sua nova postura porque estará, dessa maneira, em condições de vislumbrar a saída da caverna onde os simulacros se repetem insistentemente e enveredar pelo caminho da busca da possibilidade de alcançar uma certa liberdade de pensar e de estar no mundo.

A esse respeito há uma importante ressalva a ser feita: os efeitos das mensagens publicitárias não são os mesmos em todas as pessoas. Na verdade os estímulos da publicidade combinam-se com a subjetividade e a história individual de cada telespectador, resultando em diferenças quanto à percepção da mensagem. Portanto o conceito de telespectador ativo é importante para se compreender a interação telespectador e televisão, e a contribuição dos telespectadores na negociação do sentido. O conceito de telespectador ativo, segundo Sonia Livingstone (1998: 46) “has implications for the nature of the viewing experience or mode interaction with the television, and for the effects of viewing. Os efeitos da televisão não reúnem os telespectadores em grupos de leitores que manifestam interpretações homogêneas. Este é mais um argumento poderoso para que se leve o filme publicitário para a sala de aula. Já existem, como se sabe, trabalhos publicados que propõem técnicas para esse fim: levar o aluno a produzir sentidos a partir dos programas de televisão, desta vez usados como objetos de estudo e leitura semiolingüística.. Já há algum tempo vem ocorrendo um aumento de interesse por objetos alternativos de leitura em sala de aula. Não se trata de usar a televisão e o vídeo apenas como recursos motivadores, mas trata-se de explorar criticamente o conteúdo das mensagens transmitidas por esse meio de comunicação de massa.

Sabemos que a produção de sentido em sala de aula a partir da atividade de leitura abre janelas para as mais diversas interpretações do que se diz e do que se quer dizer. O signo torna-se um objeto vivo enquanto faz a mediação entre pensamento e realidade. Não apenas o signo verbal, mas outros tipos de signos. A leitura de textos publicitários, em suas formas diversificadas de linguagem, treina o aluno a ativar suas habilidades de compreensão e interpretação em diversos momentos do seu quotidiano. Sobretudo tratando-se de filmes produzidos com o propósito bem definido de criar simulacros, ou seja, imagens afastadas da realidade, que seduzem e persuadem os telespectadores.

Conforme Sodré (1994:65) a intenção dos atores responsáveis pela produção televisiva é sem dúvida anular as diferenças individuais:

prontos a exibir a tecnoestrutura como único modelo com o qual cada um pode identificar-se para bem existir socialmente, mas prontos também a esvaziar o indivíduo de seus próprios modelos, suas imagens autônomas. (SODRÉ, 1994: 65).

Entrar nessa estrutura e ver o que ela esconde é uma verdade que a sala de aula tem de resgatar. Não há como olhar para nossos alunos sem sentir o que eles trazem do mundo “surreal” da televisão que eles tanto apreciam. Não há como ler textos expressivos da publicidade e constatar as formas sob as quais se ocultam preconceitos entre eles a desumanidade do racismo. O propósito é submeter as pessoas às diversas formas de padronização cultural e ideológica. São pessoas brancas, por vezes louras e de olhos claros, bem vestidas, que são mostradas como totens, em torno dos quais os telespectadores vivem seu imaginário, identificando-se com eles. Não é difícil concluirmos que a verdade da sala de aula se oblitera face à mentira da telerrealidade.

Os trechos que apresento a seguir foram extraídos de redações de alunos da 8ª série aos quais se pediu que escrevessem sobre a vaidade, após termos exibidos para eles o filme publicitário, sobre o colorante de cabelo Wellaton:

Vaidade, palavra abstrata que está ligada a beleza fundamental para as mulheres. Ela está presente em toda parte e não poderia estar fora, é claro, da mídia a qual influencia a vida de todos.

As meninas do colégio toda hora param para passar batom, pentear cabelo e retocarem a maquiagem. As vezes o professor está ensinando a matéria e elas estão produzindo-se, e na hora da prova dizem que o professor não ensinou a matéria, por isso acho que vaidade de mais atrapalha.

A media apresenta muito bem propaganda de produtos que atuam na coloração capilar, usando artistas, no filme visto usaram a famosa Xuxa e sua paquita, mas há outro filme do mesmo produto que expõe melhor para o seu consumidor (público feminino), é de uma mulher que muda a cor do cabelo e ao entrar no elevador despertar o desejo de três homens muito conhecidos artisticamente (Márcio G., Edson C. e Fábio A.), ela se sente a mulher mais cobiçada do mundo. Eu acho que este comercial desperta muito bem a vaidade feminina e leva essa mulher a comprar o produto.

Cada frase trabalha com o inconsciente das meninas talvez por serem extremamente sonhadoras, a frase “e você acha que todas as paquitas nasceram loiras...”dá a impressão de que o produto dará um visual natural, como se fosse loira de verdade e conseqüentemente sortudas, extrovertidas, espontâneas como as paquitas.

Esses trechos mostram o que se repetiu em todas as redações dos alunos dessa turma: vaidade é coisa de mulher, vaidade é o cuidado com a aparência física; os produtos divulgados pela televisão visam à beleza física e ao sucesso. Todas as redações constituem material rico para um trabalho de leitura e interpretação em sala de aula porque, de certa forma, os alunos podem estar correlacionando o filme exibido aos seus próprios textos. Além disso, o uso da língua de cultura, tratado a partir da linguagem do aluno e do seu mundo, poderá ser praticado, expandido-se sob outras formas na medida em que se perceberá a possibilidade de propor outros valores e conceitos sobre a realidade. De certo, está aí um rico material que deve servir à autocrítica e à crítica social em sala de aula.

O ensino para a transformação e para a liberdade desmascara em sala de aula o que de ilusório as pessoas assimilam em razão de sua atitude diante dos filmes publicitários. 1) os mais variados preconceitos; 2) o prestígio dos objetos de consumo que elevam o status social (carros cujas especificidades de forma e de desempenho dividem as pessoas) e mudam os comportamentos; 3) o esvaziamento da subjetividade que perde referenciais escolhidos pelo próprio indivíduo e se desintegra na ansiedade de o sujeito ser como o outro (o padrão de comportamento da telerrealidade é obedecido, e assim reduzem-se as escolhas individuais que rompam com a norma); 4) o conservadorismo dos valores sob a aparência inovadora das formas; e 5) a limitação do recurso à linguagem verbal.

A prática da leitura e da crítica do filme publicitário em sala de aula é sem dúvida um procedimento vigoroso que vai arrefecer a ação subliminar da mídia sobre as mentes de nossos alunos. Citando Muniz Sodré (1994:41) concluímos esta breve exposição em que tenho a pretensão de despertar um interessante debate entre os colegas presentes:

Ao simular o mundo, conferindo aos simulacros uma independência crescente, a televisão acena com a morte das referências clássicas do real, dos modelos de representação, onde ainda se poderia pretender uma equivalência entre signo e real. Mas, para legitimar a sua operação e aplacar prováveis angústias, ela se obriga ao máximo de realismo ao nível de seus conteúdos. Um efeito “realista” procura escamotear a percepção da divisão radical entre produção e consumo, dirigente e executante, mas também torna mais aceitável a pedagógica demonstração do mundo pelo vídeo.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHARAUDEAU, Patrick. Le discours publicitaire, genre discursif. Paris : Mscope, 1994.

HOUAISS,Antônio.O português no Brasil. Pequena enciclopédia da cultura brasileira. Rio de Janeiro : Unibrade, 1985.

LIVINGSTONE, Sonia. Making sense of television. New York : Routledge, 1998.

SODRÉ, Muniz. A máquina de Narciso. Televisão, indivíduo e poder no Brasil. São Paulo: Cortez, 1994.