PROVÉRBIOS MEDIEVAIS EM LATIM – O DISCURSO DA DOMINAÇÃO

Álvaro Alfredo Bragança Júnior

Sinopse: A produção de exercícios escolares em latim durante a Idade Média e a utilização de expressões proverbiais como
marcadores literários do modus agendi e modus cogitandi social. Eixos temáticos básicos e respectiva exemplificação na
paremiologia em latim medieval.

1. INTRODUÇÃO
O
 presente texto tem por finalidade estudar a produção fraseológica em língua latina da Baixa Idade Média em manuscritos
provenientes, em sua grande maioria, do mundo germânico durante os séculos XII a XV, período esse abrangido pela obra de
Jakob Werner, Lateinische Sprichwörter und Sinnsprüche des Mittelalters (Pro-vérbios e máximas latinas da Idade Média),
que proporciona o corpus para a nossa pesquisa. Através do estudo até agora empreendido, percebemos que a linguagem
fraseológica em latim não tem recebido por parte de filólogos, historiadores e demais interessados pela cultura medieval ou pela
língua do Lácio a merecida atenção. A pesquisa sobre a fraseologia latina medieval, contudo, é por nós entendida como
importante, senão indispensável, para um conhecimento bem mais profundo da realidade física, espiritual e material que cercava
o homem medievo. A existência de uma intrínseca relação entre os textos em latim, representantes das mais variadas ciências e
atividades da esfera humana e a classe ou classes sociais, que daquela língua faziam uso como instrumento para expressão,
propiciou a prática de um tipo de discurso escrito marcado pela concepção de vida então vigente, cujos alicerces  já estavam
solidificados havia séculos, desde a Grécia e Roma e a partir da difusão e afirmação do cristianismo como religião oficial do
Império Romano do Ocidente em 325 d.C.
No tocante à Antigüidade Clássica, vários foram os autores que utilizaram provérbios, adágios, frases feitas, máximas e
sentenças em seus textos. Aristóteles, Demócrito, Sófocles, Catão, Cícero, Publílio Siro, dentre outros escritores, lançam mão
de expressões fraseológicas, que refletem um posicionamento do homem dessas épocas perante o mundo em que estava
inserido, mundo esse vivenciado de acordo com os valores culturais, morais e éticos herdados de seus antepassados e
incorporados à galeria de exemplos que deveriam ser seguidos ou refutados pela humanidade.
A vitória do cristianismo trouxe consigo os traços e características do pensamento religioso, que paulatinamente se constituíram
em norteadores do modus vivendi, do modus agendi e do modus cogitandi da civilização ocidental durante toda a Idade Média.
Com a difusão do saber antigo aliado à teologia cristã, com o desenvolvimento das artes liberales, com o aparecimento das
primeiras universidade européias no final do século XI e princípios do século XII, com os contatos culturais com os árabes e
consequente acesso a textos sobre medicina, astronomia, música, matemática, literatura, filosofia, dentre outras ciências,
plasma-se uma cultura medieval litterata, que tem como seus grandes representantes homens da Igreja e universitários.i
Muitas vezes utilizados como exercícios escolares, os textos com expressões fraseológicas eram redigidos em latim, por ser a
língua de Cícero a lingua franca dos homens de cultura de então. Todavia, esse registro do latim, modificado em uma
perspectiva espaço-temporal e influenciado pelos emergentes romances, distancia-se dos padrões clássicos, configurando-se
naquilo que é denominado “latim medieval”, conceito esse que não suscita uniformidade entre os estudiosos quanto à sua
definição e delimitação. Traços fonéticos, morfológicos, sintáticos, lexicais e semânticos, contudo, demonstram sua
especificidade.
Uma outra característica distintiva da fraseologia latina medieval reside no fato do surgimento da rima. A mudança do acento
quantitativo para o intensivo, segundo Segismundo Spina (1971,16), representou o passo para o estabelecimento da poesia
românica na Idade Média. Para o autor, a rima foi utilizada
“como recurso artístico de expressividade musical, expediente mnemônico ou instrumento apto para enfatizar passagens de
sentimento patético.”
O uso desse artifício requeria estudos tais, que somente poderiam ser feitos em conventos, mosteiros e universidades, o que
evidencia um trabalho intelectual apriorístico com a forma do texto.
Variados são os metros ao alcance dos poetas e estudantes de então: o redondilho heptassilábico, o octossílabo, o
decassílabo, o hendecassílabo, o alexandrino etc.  Quanto à fraseologia medieval, encontramos uma maior quantidade de
expressões fraseológicas compostas por um só verso de seis, sete ou oito sílabas, bem como de dísticos, os quais, inclusive,
estão assinalados pela presença de sinais de pontuação.
A leitura e tradução das expressões fraseológicas constantes em nosso corpus nos levaram a perceber a incidência de
determinados temas de frequente recorrência. Assim, nomes de animais, expressões relativas ao cristianismo e à Igreja, alusões
à personagens da mitologia greco-romana, bem como referências lisonjeiras ou não à figura da mulher formaram, a nosso ver,
os quatro principais eixos temáticos, sobre os quais a produção fraseológica versava. Enfim, temos à nossa disposição uma
plêiade de temas, que nos conduzem ao pensamento medieval e suas repercussões sociais.

2. A FRASEOLOGIA: ESPELHO SOCIAL
“As fórmulas colectivas e tradicionais reflectem maravilhosamente a mentalidade de um povo, sua história, seus costumes,
crenças, estados afectivos, tendências gerais, aos olhos de quem saiba vê-las e utilizá-las como instrumentos de indagações
superiores.”ii
Uma das formas de conhecimento da história do pensamento social no correr dos séculos está presente em um vasto número
de expressões, muitas vezes caracterizadas como populares, as quais seriam portadoras das vivências de uma ou mais
gerações e que funcionariam como instrumentos de conduta aptos para serem aplicados no cotidiano.
A transmissão cultural e seu próprio desenvolvimento podem ser bem analisados, se levadas em consideração as informações
de cunho social contidas nas expressões proverbiais. Partindo-se de temas comuns ao homem, procura-se chegar a um
consenso sobre o posicionamento do mesmo perante o mundo e as tribulações e alegrias nele encontradas.
Um dos recursos, talvez o mais preciso para a eficácia da mensagem proverbial, seja a metáfora, já que esta, não apenas pela
beleza literária, mas principalmente pela sua funcionalidade, encerra em si um valor conotativo simbólico universal, depreendido
pelo público. Peter Seitel define o provérbio como
“o uso social estratégico da metáfora, isto é, a  manifestação  em forma tradicional, artística e relativamente curta da razão
metafórica, usada em um contexo interacional para resolver certos problemas (sociais).”iii
Por outro lado, a complexidade de uma resposta concludente sobre a origem popular dos enunciados proverbiais, traz,
contudo, pontos polêmicos. Se, de acordo com Renzo Tosi, com uma análise mais simples de provérbio o entendemos como:
“uma frase feita segundo  uma formulação padronizada  (mesmo que não absolutamente rígida), que se tornou  tradicional  e à
qual se atribui autoridade de verdade inconteste, fruto da sabedoria antiga e popular.”iv
Por outro lado somos obrigados a concordar, que:
“muitas vezes os provérbios não passam de redações estereotipadas de topoi literários e que as relações entre a  tradição
literária e a pretensa “sabedoria popular” se revelam profundas e complexas.”v
A continuidade da tradição cultural clássica durante a Idade Média nos leva a considerar a difusão dos provérbios e demais
expressões fraseológicas, não apenas como mero exercício de latim com finalidades estéticas de metrificação, mas do mesmo
modo, como consolidação de uma mentalidade moral cristã de dominação e de regulamentação da vida social através do
discurso (oral e escrito), que sintetiza através de exempla, florilegia e libri proverbiorum, por exemplo, um manual de conduta
dos membros das classes sociais.vi
Do ponto de vista social, a origem e o papel das expressões fraseológicas através de gerações prendem-se à transmissão de
um legado cultural de conselhos práticos de vida baseados na experiência e na sabedoria dos antigos.
O provérbio possui, contudo, alguns níveis de estruturação fônica (entonação, ritmo e métrica próprios), sobre os quais não
discorreremos aqui. Salientamos, entretanto, a métrica e a rima como auxiliares para a memorização da mensagem proverbial.
Este tipo de discurso ocorrente na literatura medieval como meio pedagógico proporciona aos interessados o discurso da
sabedoria, que, no teocêntrico ambiente do medievo, pode ser alcançada através da revelação das verdades (humanas e
bíblicas) e através do aprendizado dos discípulos dentro dos padrões éticos e morais condizentes a um cristão e que
configuram uma retórica de dominação.
A estrutura extremamente teocêntrica da vida medieval, cuja meta residia na tentativa de incorporar no ser humano as virtuosas
lições morais de Cristo, é marca fundamental para a compreensão do modus vivendi, do modus agendi e do modus cogitandi
do homem medievo. O clero possuía um papel dominante na hierarquia medieval, regulamentando, através de seus
ensinamentos, normas para o procedimento do homem no mundo. Por outro lado, reis e imperadores, assim como a chamada
“baixa nobreza”, constituída por duques, barões, condes e demais nobres senhores feudais, desenvolvem paulatinamente um
gosto maior pelo luxo, representado pela chegada de tapeçarias, especiarias e demais produtos oriundos do Oriente.
Poder-se-ia dizer, como já o fizeram vários historiadores, que paralelamente a essa sociedade de formação cristã surgiam, da
mesma forma, os evidentes sinais de fortes interesses políticos e econômicos, interesses esses que levaram imperadores, reis e
nobres, sob a proteção da Igreja e sob o pretexto de combate e expulsão dos infiéis da Terra Santa e adjacências, a
organizarem expedições militares e “santas”, as Cruzadas, com o intuito de estenderem seu poder político até àquelas regiões.
No século XII há o aparecimento e consolidação das primeiras grandes universidades européias (Paris, por exemplo) - não
devemos nos esquecer aqui da Escola de medicina de Salerno e da universidade de Bolonha, já em atividade no século XI. As
artes liberales, divididas no trivium, gramática, dialética e retórica - e no quadrivium - aritmética, geometria, música e
astronomia - eram ensinadas nos principais centros de cultura de então ao lado das recentes universidades, os mosteiros, os
conventos e as escolas das catedrais. Chartres e Cluny ainda são os mais destacados pólos irradiadores do pensamento e da
tradição da Antigüidade greco-romana. Com a progressiva melhoria da vida desde o século XI, com o fim das invasões, com a
formação de uma cultura de corte por parte de nobres e letrados, com melhores técnicas de aproveitamento do solo, a
sociedade européia consolidou suas bases para o século seguinte, que viria a ser de indiscutível importância para a solidificação
de seu código de valores.
O progresso comercial estava aliado à evolução do pensamento e ao desenvolvimento dos estudos humanísticos. Na parte
filosófica, as obras de Aristóteles, graças aos árabes, chegaram ao alcance dos leitores medievais e revolucionaram os
pressupostos da filosofia escolástica. Na parte literária, os clássicos latinos eram leitura obrigatória: Cícero, Virgílio, Ovídio,
Horácio eram  auctoritates. Sêneca, Publílio Siro  Catão e Aviano representavam o discurso doutrinário da sabedoria empírica
humana. Os textos sagrados, a Bíblia e os ensinamentos dos padres da Igreja formavam a base moral, ética e comportamental
da sociedade. Sêneca, Justiniano, Donato, dentre outros autores, gozavam, da mesma forma, de grande reputação. Todos os
grandes autores podiam ser encontrados nas bibliotecas das escolas dos mosteiros, pois, como então se dizia, claustrum sine
armario est quasi castrum sine armentario.
A filosofia escolástica alimenta-se de textos, unindo em um só corpus, o cristianismo e o pensamento antigo. Está formada a
filosofia que explica o mundo através da fé!
A síntese de todo esse conhecimento era expressa em latim. Os florilégios, coletâneas de provérbios e exempla, da mesma
forma, acentuaram-se a partir do século XII, em virtude dessa revitalização da cultura. Entretanto, a Idade Média e, mais
concisamente, a Baixa Idade Média (séculos XI-XV) já apresentava uma rica gama de textos em língua latina, diferente já dos
padrões clássicos. As idéias cristãs permeavam o mundo medieval e seu efeito sobre a língua do Lácio foi decisivo para a
constituição do chamado “latim medieval”, cujas especificidades fogem ao escopo deste trabalho.

3. A RIMA: A CRIAÇÃO MEDIEVAL
A poesia cristã, com seu objetivo primordial didático-encomiástico, servia-se do latim para a expressão de suas “boas-novas”
com um novo artifício de expressão estética para o fazer poético. Silvio Elia assim se pronuncia a esse respeito:
 “Só queremos notar que o latim destas poesias não era, propriamente, o latim desarticulado do povo, nem o que podemos
encontrar nos documentos dos tabeliães do tempo. Ainda assim, a sensibilidade poética evoluía nitidamente, no sentido das
línguas vivas, dando origem a uma florescência estética em  que o ritmo acentual, permitam-nos a expressão, triunfava,
definitivamente, sobre a musicalidade do verso clássico, sob o signo da quantidade métrica.”vii
No século XII, a difusão da versificação acentual e rítmica ganhou a primazia dentro da produção poética em latim. Como
sabemos, a versificação clássica era baseada na quantidade silábica - sílaba longa e sílaba breve -, marcadas as sílabas pelo
macron e pela braquia. Na acentuação rítmica, já com a presença de elementos como o ritmo binário, admissão do hiato,
isossilabismo (mesmo número de sílabas em cada verso), interdição da sinalefa e colocação do acento em lugar fixo,
caracterizar-se-ão a poesia latina da Baixa Idade Média e os próprios metros românicos, que não analisaremos,8 baseados
também na intensidade silábica, ou seja, oposição entre sílaba forte X sílaba fraca, isto é, vogal tônica X vogal átona.

4. EXEMPLOS DE TEMÁTICAS
A pesquisa dos provérbios medievais rimados em latim nos levou à observação sobre alguns eixos temáticos, cuja incidência,
posteriormente, ajuda-nos a ratificar a  hipótese de que os provérbios possuiriam função didático-moralizante dentro da
sociedade medieval.
A tradição fabulística de Esopo, Fedro e Aviano legou à humanidade o uso de animais como imagens refletidas, metáforas do
próprio homem, com seus sentimentos nobres e vis. Joyce E. Salisbury em The beast within. Animals in the Middle Ages
salienta o papel dos animais para o próprio auto-conhecimento do homem, pois quando
“as pessoas podem ver um animal agindo como um  homem,  a metáfora pode ser eficaz  nos dois sentidos,  revelando o
animal dentro de cada ser humano.” (1994:105)viii
Os animais, portanto, veiculavam mensagens, que serviam para a reflexão do ouvinte/leitor (se adotarmos a dualidade
produção escrita, destinada a um público litteratus X oralidade, presente, por exemplo, na homilias e sermões), mensagens
essas que estavam imbuídas de uma sabedoria experencial aliada à sabedoria primeira oriunda do conhecimento e aplicação
diária da palavra de Deus.
A palavra bíblica assumia o papel de instância primeira e última para o homem medieval. Como ponto de partida, as Sagradas
Escrituras e como ponto de chegada a própria vida, por elas regulamentada de acordo com a interpretação da Igreja. Os
exemplos de Cristo, dos santos e dos papas serviam de guias práticos de moral. Naqueles tempos, ser sábio era seguir e usar
em sua vida diária a palavra de Deus.
Como diz Derek Kidner, é necessário
“ser bom para ser sábio - embora Provérbios se ocupe especialmente em indicar o outro lado disto: que é  necessário  ser
sábio para ser  realmente bom, pois a bondade e a  sabedoria  não são duas qualidades que se pode separar: são dois
aspectos de  uma só unidade. Levando o assunto até às suas origens, é  necessário ser  piedoso para ser sábio; e  isto não é
porque  a  piedade traz vantagens, mas porque a única sabedoria através da qual se pode tratar das coisas da vida diária
conforme a natureza delas é a sabedoria através da qual foram divinamente feitas e ordenadas.”ix
Com a incorporação do legado cultural clássico e desenvolvimento de uma ciência medieval em diversos ramos do saber
humano, como Arquitetura, Astronomia, Direito, Filosofia, Gramática, História, Matemática, Medicina, Música e Retórica,
dentre outros, a transmissão desse novo conhecimento despertou uma busca à sabedoria, quer através de discussões e debates
dentro das universidades e escolas seculares, quer nas ruas e tavernas. Como monumento maior da cultura de então temos a
Summa theologica, de São Tomás de Aquino, onde a ciência do homem é embasada pelo conhecimento da sabedoria divina.
Destarte, o homem medieval une o profano ao sagrado para conseguir sabedoria. O sagrado norteia a vida humana e o homem
(rei ou vassalo, nobre ou clérigo) precisa ter acesso à verdade cristã para poder sobreviver na Terra, enquanto aguarda a
eternidade. Em cadernos escolares, os jovens clérigos recebiam em seus primeiros estudos, provérbios, muitos deles rimados,
que continham, em doses diminutas, ensinamentos práticos para a vida. Esses mesmos clérigos, mais tarde padres e monges, os
proferiam diante da massa não litterata para servirem de fio condutor de suas ações. Os provérbios refletiam atitudes,
sentimentos, condutas, modos de agir e de pensar que conviriam ou não a um cristão. A mensagem simbólica daqueles
expressaria e justificaria o seu uso.
No campo da Literatura, Grécia e Roma forneceram para o mundo medieval europeu autores, temas e personagens. No que se
refere a estas últimas, Ulisses, Helena, Enéias, Tirésias, Baco, Vênus, dentre inúmeros nomes, entraram para a galeria de
personagens medievais como arquétipos de astúcia, beleza, coragem, sabedoria, prazeres mundanos e amor. Os compêndios
de provérbios medievais as incluem constantemente, representando deuses pagãos ou simples mortais, figuras heróicas ou vilãs,
que fazem parte da história universal.x  Seus comportamentos são motivo de reprimenda ou louvor e caberá ao homem “saber”
discernir o que aquelas figuras universais trazem de contribuição para suas vidas no claustro, no palácio e na casa simples.
A alusão a personagens da mitologia greco-romana demonstra, da mesma forma, o trabalho intelectivo com as fontes escritas,
onde as mesmas se encontram. No labor dos scriptoria e nas salas de aula e átrios de igrejas e universidades, o elemento
cultural pagão é assimilado e compreendido dentro de uma ótica cristã e exercerá a função de espelhar vícios e virtudes
comuns a quaisquer homens, em quaisquer épocas.
A caracterização do papel da mulher dentro da sociedade medieval apresenta-se como extremamente rica em detalhes. Não
cabe aqui, devido aos objetivos deste trabalho, discorrer extensamente a respeito.
A opinião eclesiástica, a princípio, não seria favorável à figura feminina. Uma figura feminina, representada por Eva, tinha, pois,
levado a Humanidade para o pecado, afastando-a do caminho do Criador. Do mesmo modo, porém, Cristo, o redentor da
Humanidade pecadora, aquele que veio à terra restituir a união entre filhos e Pai, foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de
uma mulher virgem e sem máculas, Maria. Este exemplo de mulher poderia resgatar o próprio sexo feminino de sua
antepassada pecadora. Sua vida é digna de ser cantada e imitada, tanto em igrejas quanto em cortes e a união da mulher
espiritual com a dama da nobreza impulsiona a produção literária da época.
Como visto, então, a lírica mariana e o amor cortês enobrecem a mulher. A primeira, por relacionar e ressaltar as qualidades de
Maria como mãe de Cristo, tais quais pureza, humildade, bondade, piedade, abnegação, resignação, dentre outras. Maria
tornou-se a regina mundi e, paralelamente ao culto mariano, desenvolveu-se em fins do século XI e início do século XII na
região da Provence, um tipo de lírica que podemos caracterizar nas palavras de Aurélio González (1991:36) como
“feuda-lismo de amor”, onde vigorava todo um código de comportamento artificial, estilizado, baseado na humildade,
subserviência do homem à mulher e na “cortesia”. Da Provence, passando pelas terras do Sacro Império Romano-Germânico,
chegando até à Península Ibérica, a lírica trovadoresca e suas canções de amor e de amigo celebravam a mulher e o amor
desejado.
Essa figura feminina, entretanto, surgia com freqüência nos proverbia medievais simbolizando o mal, razão pela qual
acreditamos numa elaboração eclesiástica dos mesmos.
Intentaremos, nos próximos sub-itens, uma exemplificação sumária ( apenas um provérbio) de cada um destes quatro eixos
temáticos e procederemos, do mesmo modo, a uma rápida apreciação sobre a parte formal e conteudística dos mesmos,
abordando aspectos literários e culturais pertinentes.

4.1. O mundo animal
a
) Provérbio: Cattus sepe satur cum capto mure iocatur
b) Tradução:Freqüentemente o saciado gato brinca com o aprisionado rato;xi
f) Análise literário-cultural
Preliminarmente, os gatos desempenham um papel de importância na história humana. Adorados e divinizados no Egito,
simbolizados como animais demoníacos ou portadores de má-sorte (até hoje em dia, deparar-se com gatos numa sexta-feira,
dia 13 de qualquer mês é considerado como sinônimo de azar), os felinos domésticos aparecem com freqüência nos libri
proverbiorum e bestiários medievais. Rápidos, ágeis, perseguidores incansáveis de ratos, há  menção aos gatos e suas
qualidades até no Direito galês do século X:
“Suas qualidades são ver, ouvir, matar ratos, possuir as patas sadias, nutrir e não devorar seus
gatihos.”(SALISBURY:1994,14)”
Como controlador dos roedores, o gato possuía (até hoje em dia) uma função dentro da sociedade humana. Em uma página do
manuscrito do Livro de Kells, de origem céltica e datação incerta, há uma figura, cuja simbologia nos é similar ao do provérbio
37 do manuscrito de Basel. Joyce E. Salisbury assim a descreve:
“A figura mostra dois gatos que apanharam dois ratos  pelo rabo, os quais parecem estar mordiscando um objeto circular
marcado com a forma de uma cruz, provavelmente  uma  hóstia de comunhão. ... Os gatos  neste caso representam os
aprimorados guardiães desempenhando o papel deles esperado de manter a população de ratos sob controle.” (1994:65)

Os gatos, defensores da sagrada tradição da eucaristia, aproximam-se, portanto, dos eclesiásticos, que, através de seu
comportamento, devem manter a ordem social de acordo com a palavra de Deus. Odo de Cheriton (nascido em 1185), ao
utillizar suas fábulas para oferecer mensagens de comportamento humano para preservar a ordem social medieval, lançava
freqüentemente mão da figura de gatos tonsurados e paramentados como um monge para perseguir um rato. (SALISBURY,
1994:124-125)
A mentalidade medieval associava aos ratos, em geral, a estragos e danos, muitas vezes permanentes. Em  Os defeitos das
mulheres, poema datado do final do século XIII e início do seguinte e feito em França, temos a mulher comparada a um rato
para “destruir” (SALIS-BURY:1994, 157-158), donde inferimos a conotação negativa dada aos ratos.
Assim, Cattus sepe satur cum capto mure iocatur transmite a singela mensagem do gato, saciado, que se diverte com o rato
capturado, mas, em suas entrelinhas, vemos, nas metáforas do gato e do rato as figuras da vigilância da Igreja e do males
causados por este último, o qual tenta destruir aos poucos a inabalável ordem do mundo medieval. Os custodes desta ordem,
enfim, aprazem-se com o rato capturado, pois é sempre certa a vitória da palavra de Deus.

4.2.) A moral cristã
a
) Provérbio: Demon non potuit clero mala fundere plura,
Quam quod ei tribuit famulos omni sine cura.
b) Tradução: O demônio não pôde ao clero muitos males causar,
Senão pelo fato de a ele servos sem qualquer prudência destinar.
f) Análise literário-cultural
Este provérbio é bastante representativo no tocante à preocupação da Igreja com os meios, pelos quais o demônio penetra na
família cristã. A figura de Lúcifer e de seus seguidores, que desafiaram a autoridade de Deus, ameaça a paz entre os homens.
Os homens oram, nos altares, nos palácios e em suas casas para que o poder do Criador dissipe e derrote as forças das
trevas. Canta-se em louvor do Pai e pede-se-lhe proteção. O canto gregoriano é uma arma de defesa contra o mal e Georges
Duby (1994:54) nos adverte que nós
“esquecemos aquilo que o canto gregoriano tinha de másculo, violento; esquecemos que ele era um canto de guerra, criado
pelos monges, esses combatentes, contra  os  exércitos satânicos,  para impor-lhes a derrota, arremessando contra eles, como
dardos, a mais segura das armas: as palavras da prece.”
A arma para vencer definitivamente aqueles que seguem os anjos decaídos estava, portanto, nas mãos da Igreja, todavia,
segundo Duby (1994:62), esta
 “não domina pelas armas, mas sim pela palavra. Ensina dogmas, a vida reta da qual ninguém deve se desviar, uma ética que
cada qual deve pôr em prática sem hesitação nem murmúrio.”
Os membros eclesiásticos recebiam formação cultural intensa, aliando o trabalho manual de copistas em  scriptoria às leituras e
discussões dos textos dos Padres da Igreja, bem como o conhecimento profundo das Sagradas Escrituras. Entretanto, o
demônio, por ser oriundo da mesma luz que criou os anjos, ( Lucifer ou “aquele que possui a luz”) conhece as fraquezas
humanas, inclusive nos membros do clero. Os apelos da carne, das riquezas, do luxo, da venalidade de bens materiais e até
espirituais somente são refutados, quando a armadura da fé e o domínio, na mente e no coração, da palavra de Deus estiverem
presentes. Cura simboliza a prudência, o cuidado de que necessitamos para viver verdadeiramente de acordo com os
ensinamentos de Cristo.
Esta preocupação, pois, com os malefícios que podem ser causados pela não observância das regras cristãs de
comportamento, por parte daqueles que divulgam os exemplos de Cristo, reflete-se em outros provérbios da época, rimados
ou não. Werner cita Prudens cum cura vivit, stultus sine cura (manuscrito BA, 62) e Prudentis cura facit ipsi commoda plura
(manuscrito BA, 113).(WERNER:1912, 73)
A nosso ver, portanto, a mensagem do provérbio adverte, como num exercício de escrita e de teologia destinado aos futuros
clérigos, de que a falta de cuidado, advindo da prudência, qualidade daquele que observa a palavra de Deus e, principalmente,
daquele que a guarda e a divulga aos leigos, permite ao demônio entrar na casa do Senhor e, a partir daí, perturbar a ordem
natural do mundo, desviando o rebanho de homens de seu principal pastor. Daí inferirmos o caráter de advertência do
provérbio, para que a estrutura social teocêntrica, cujo vértice era representado na terra pela Igreja, mantenha-se inabalada
como instância máxima sobre a face da Europa medieval e do mundo  contemporâneo.

4.3. A Antigüidade greco-romana
a
) Provérbio: Tesseribus, Bacho, stabili meretricis amore
Qui committit ei, proprio privatur honore.
b) Tradução: Nos dados, em Baco, no constante amor de uma meretriz
Quem neles incorre, é privado da própria honra.
f) Análise literário-cultural
Jogo, bebida e prostitutas são temáticas recorrentes na Idade Média como dignas de sérias reprimendas àqueles que a elas se
dedicam. O fascínio exercido pelo jogo, onde sorte e azar convivem lado a lado e levam os homens muitas vezes à completa
ruína financeira, sem falar na moral; ao vinho, que desde os antigos era a bebida da verdade, pois in vino veritas, dedicavam-se
os homens sem limites; as mulheres de vida fácil fechavam o ciclo de prazeres mundanos, ofertando, em troca de pagamento,
àqueles que as procuravam a fruição da carne.
Pelo exposto, acreditamos, pois, que o provérbio em dístico por nós analisado é um veemente ataque àqueles que preferem os
prazeres do mundo à santidade de vida, ou seja, referendando um discurso pedagógico de censura que tenciona nortear o
mundo de acordo com um ponto de vista secular. O elemento mitológico da Antigüidade greco-latina, aqui Baco, não estava
imbuído de qualidades e virtudes cristãs, manifestando somente suas características pervertoras e nocivas a uma comunidade
regulamentada pelas palavras de Cristo. Contra ele, o jogo e a prostituta se ergue a voz moral de fundamento cristão. Seu
efeito retórico persuasivo apela diretamente à  propria honor do censurado, de forma a reconduzi-lo ao Pai com as bênçãos da
Igreja.

4.4. A mulher
a
) Provérbio: Uxori temere noli mandare secretum!
Vix in corde suo tenet illa luce quietum.
b) Tradução: Não queira irrefletidamente contar um segredo à esposa!
Dificilmente aquela o guarda quieto por um dia em seu coração.
f) Análise literário-cultural
A mulher não merece a confiança de seu esposo. Um ato sem reflexão dele, como o simples contar um segredo pode significar
problemas futuros, na medida em que ela não sabe guardá-lo para si, revelando-o a outros.
A imagem negativa atribuída à mulher neste provérbio reforça uma posição não privilegiada da mulher na estrutura social
medieval. Referindo-se a isso, Jacques le Goff  (1984,42) assim se pronuncia:
“Está fora de dúvida o facto de a mulher ter sido inferior.  Nesta sociedade militar e viril, de subsistência sempre ameaçada  e
em que, por conseguinte, a fecundidade é mais uma maldição ( e  daí a interpretação sexual e procriativa do pecado original)
que uma bênção, a mulher não estava em posição privilegiada. E bem parece que o cristianismo pouco fez  para  lhe melhorar
a  situação material e moral. É ela a grande responsável pelo pecado original. E é também ela a pior encarnação do mal nas
formas da tentação diabólica.”
A genealogia da mulher, remontando a Eva, não deixa dúvidas quanto ao seu caráter tentador. Muitas vezes, nem mesmo o
matrimônio cristão pode definitivamente apagar o passado pecaminoso do sexo feminino. Henry R. Loyn, ao comparar a visão
mariana da mulher a partir do século XI com a concepção mundana da mesma, assim nos diz:
“Seu oposto era a forte tradição misógina herdada de  São Paulo e dos escritos patrísticos, que retratavam a mulher como Eva,
a suprema tentadora e obstáculo para a salvação; era melhor casar do que se consumir - mas não muito melhor - e um homem
decidido a levar uma vida santa deveria ingressar numa ordem religiosa.” (LOYN:1992,264)
Obviamente que o contexto socio-político-cultural europeu durante a Idade Média variou de região para região e com o
crescente avanço das primeiras economias mercantis, com o desenvolvimento do tear e de um incipiente comércio nas cidades,
houve uma revitalização e mudança do papel das mulheres, não mais apenas mães e monjas, mas também trabalhadoras e
parceiras comerciais.
No entanto, a indiscrição e loquacidade femininas são motivos de reprimenda no provérbio acima. A esposa, muitas vezes
casada em um matrimônio de interesse, não seria digna de conservar consigo um segredo, já que sua natural predisposição à
falta moral a impeliria a divulgá-lo. Ao homem, pois, caberia cautela, expressa pelo advérbio temere, “às cegas,
inconsideradamente”, ou seja, sem uma reflexão prévia. Este já deveria saber que no coração feminino, que tem em Eva o seu
modelo original, não se pode confiar. O homem deve sempre lembrar-se da inocência de Adão!
A marca discursiva do provérbio, portanto, manifesta-se em uma advertência ao perigo, no qual os homens incorrem, quando
revelam segredos às suas esposas. Pelo tipo de construção e mensagem do texto, parece-nos mais um exemplo de uma lição
moral de conduta, expressa em latim sob a concisa forma de um provérbio. Por trás do texto, como indicadores sociais,
notamos ainda corrente um discurso eclesiástico, que privilegia o homem como criatura suprema racional feita por Deus e que
insere a mulher num plano inferior.

5. CONCLUSÃO
Conforme as pesquisas e os estudos até agora desenvolvidos, podemos concluir preliminarmente, que a produção fraseológica
medieval em latim, com sua variada gama de recursos estilísticos, oferece um amplo panorama socio-cultural sobre a Idade
Média, uma produção rimada, normalmente em pentâmetros e hexâmetros, com vários tipos de versos e que tem como base
precípua a manutenção da ordem social de estrutura teocêntrica da vida medieval.
Os provérbios, como fonte de sabedoria, têm no Livro dos Provérbios de Salomão uma fonte continuamente compilada,
estudada e adotada pelos homens da Igreja durante a época medieval. Esta, por sinal, fruto do desmembramento político e,
consequentemente cultural, do mundo clássico, (em especial do mundo romano) atravessou séculos de constantes mudanças
político-sociais até o advento de Carlos Magno em 768, época em que foram lançadas as pedras fundamentais para um novo
incremento à cultura, onde o latim tornou-se a ferramenta dos letrados. A partir do século XII, as escolas eclesiásticas e as
universidades dinamizam a transmissão do conhecimento do novo, com uma sólida base cristã, aliado ao antigo legado clássico,
com  as artes liberales moldando o intelectual deste tempo.
No que concerne à língua latina, em uso nos textos científicos e artísticos de então, podemos considerá-la um somatório
lingüístico, que possui como principais fontes o uso cristão, a influência de adstratos e substratos, sobretudo germânicos, a
ampla difusão do sermo vulgaris e o uso de formas tabelionais. Os textos em latim medieval, em virtude, portanto, da
pluralidade de sua origem, apresentam ao estudioso uma grande dificuldade para a configuração de seus traços específicos.
Apesar disto, porém, é inegável sua importância como língua de cultura e de conhecimento, mantenedora, divulgadora e
amplificadora das ciências e das artes.
Do ponto de vista meramente estilístico e formal, uma das marcas medievais por excelência reside na presença da rima. Em
textos poéticos ou meros exercícios escolares há o desenvolvimento e aperfeiçoamento de diversos tipos de versificação, nos
quais o efeito estético salienta a mestria do trabalho com a forma. Em contrapartida, a sonoridade da rima facilita a apreensão
da mensagem textual e especificamente no caso dos provérbios atua, de forma mnemônica e artística, para a sua internalização
e possível utilização no dia-a-dia.
Sabedoria e experiência, teoria e prática, pois, caminham lado a lado nos provérbios, formas didáticas de fundo moralizante,
tendo como suportes o cristianismo e o discurso institucionalizado da Igreja.
A aliança entre a sabedoria advinda do conhecimento divino e a cultura laica de tradição eminentemente greco-romana
configurou, através de exercícios escolares de escrita com finalidade mnemônica, o discurso proverbial intelectualizado, em
forma metrificada, que deveria ser aplicado à realidade concreta do dia-a-dia.
Em muitos casos, frutos de uma vivência popular, porém em muitos outros adaptados ao longo dos séculos para justificar uma
primazia político-ideológica, os provérbios revelam, pelo menos, os subterrâneos de um discurso de dominação. James
Obelkevich em seu artigo Proverbs and Social History  também possui a mesma opinião:
“O que define o provérbio, entretanto, não é seu desenho externo mas sua função externa, e aquele, geralmente, é moral e
didático: as pessoas usam provérbios para dizer a outras o que fazer em uma dada situação ou  que atitude tomar diante dela.
Provérbios, então, são ‘estratégias para situações’; mas eles são estratégias com autoridade, formulando uma parte de um
senso comum da sociedade, seus valores e modo de fazer as coisas.”xii
Em suma, animais como metáforas do comportamento humano, o legado cultural da Antigüidade Clássica presente em deuses e
personagens mitológicos carregados de uma nova simbologia, a mulher, que traz em seu caráter as marcas pecaminosas de Eva
e as lições de vida pregadas pela Igreja determinam, em linhas gerais, as principais temáticas dos provérbios medievais,
reflexos incontestáveis de uma sociedade conduzida pela palavra de Deus e pela escritura da Igreja!
 

6. BIBLIOGRAFIA
Todas as indicações bibliográficas pertinentes ao presente trabalho (66 títulos) podem ser encontradas em
BRAGANÇA JÚNIOR, Álvaro Alfredo. A fraseologia medieval latina: reflexo de uma sociedade. Rio de Janeiro:
Universidade Federal do Rio de Janeiro,  Faculdade de Letras, 1997. (Monografia inédita para o Exame de Qualificação)

7. NOTAS
i. Não cabe, no momento, a discussão sobre trovadores e menestréis, pois o tipo de texto por eles composto não se insere no
corpus a ser analisado por nós.
ii. AMARAL, A.(1948) p.242.
iii. Idem, op. cit., pp. 87-88.
iv. TOSI, R. (1996) p.XIII.
v. Idem, ibidem, p.XIII.
vi. Este tópico será desenvolvido com mais profundidade em nossa tese.
vii. ELIA, S. (1968) p.22.
viii. Isto não significa o desaparecimento da versificação quantitativa em latim, apenas o aparecimento e destaque da
versificação acentual rítmica.
ix. KIDNER, D. (1992) p.31.
x. Claro está, que personagens bíblicas também são citadas nos provérbios. Que diremos, pois, por exemplo, da força dos
cabelos de Sansão? E da sabedoria de Salomão? Entretanto, no nosso corpus não há tantos provérbios mencionando
antropônimos. bíbilicos.
xi. Procuramos, na medida do possível, respeitar em nossa proposta de tradução a rima e o verso acentual rítmico dos
provérbios medievais. Do mesmo modo, inserimos vírgulas e pontos para melhor adequação do texto às regras de pontuação
da língua portuguesa.
xii. OBELKEVICH, Jame. IN: MIEDER, Wolfgang (Edit.), (1994), p. 213.