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O FILÓLOGO DE PLANTÃO
“Um jornal que teima em buscar a verdade na doce ilusão de encontrá-la”
Publicação do CIFEFIL Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos.
Nova Série, ano 1, n.º 6. Rio de Janeiro, agosto de 2021.
Visite www.filologia.org.br para saber das novidades da área de Letras e do CiFEFiL.
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Verba Sapientiae
Tal como sucede passar uma
pessoa no anonimato à celebridade
sem perceber porque, também não é
raro que, depois de ter andado a
espanejar-se à calorosa aura
pública, acabe sem saber como se
chama.
José Saramago (1922-2010)
(SARAMAGO, José. Todos os nomes. São Paulo:
Companhia das Letras, 1997, p. 29-30.)
EDITORIAL
Neste número, desejando ao blico uma boa
leitura, pela qual somos sempre gratos,
chamamos a atenção, de início, para as colunas:
“Flashes de Lusofonia”, interessante reflexão
de Márcia Pituba Freitas e Sandra Lourenço
sobre a saudade na cultura lusófona;
“Nossos povos, nossas línguas” com texto
sobre uma concepção equivocada do senso
comum sobre a existência de tribos indígenas no
Brasil, apresentando a tipologia das sociedades
nativas brasileiras, com destaque para o étimo
dos termos usados para designá-las e exemplos
de algumas dessas formações sociais;
“Pílulas de baianidade”, com crônica acerca
de OXALÁ, interjeição, nome sagrado e título de
canção curioso(a)? Pois é: sem mais spoilers;
“Holofotes”, com nosso resumo de estudo
sobre dois romances policiais de escritora baiana
que rompem com o none do gênero;
Agenda Aliae, com a programação deste mês
do “Leituras de África” e informações sobre o II
Webinário Estudos Amadianos, promoção de
instituições culturais e pós-graduação stricto
sensu de várias universidades públicas da Bahia.
Pax et bonum!.
EXPEDIENTE
CiFEFiL
Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e
Linguísticos
Gestão 2020-2024:
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O Filólogo de Plantão
Editor-geral; autor dos textos não assinados
Prof. Dr. Ricardo Tupiniquim Ramos
Próximas Atividades do CiFEFiL
XIV CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E
FILOLOGIA
em homenagem a Cilene da Cunha (1952-2019) e
ao Quinto Centenário dos Correios de Portugal
24 e 26 de agosto de 2021
2
Flashes de Lusofonia
A COR DA SAUDADE:
ENTRE MANCHAS DE MEMÓRIA, O MITO DA RESISTÊNCIA
Márcia Silva Pituba Freitas
1
Sandra Caldas Lourenço
2
A saudade nos remete a uma relação espaço e tempo, elementos da memória. Para
se sentir saudade, é preciso vasculhar na memória lembranças instauradas nas dobras do
tempo em algum lugar. Essa busca é uma forma de resistência humana ao decurso do
tempo, marcado por manchas amarelas acumuladas nas paredes ou numa folha de papel.
Exercer a resistência, então, é se manter equilibrado em uma corda bamba entre a
fragilidade e a fortaleza, porque não nascemos prontos e precisamos encontrar o caminho
do meio. Evocar a memória para reavivar a saudade é um movimento de refazer ou de
reconstruir um momento que já se materializou em significação e clama por uma
ressignificação. Essa simbologia pode se dar por uma questão individual ou coletiva.
Propomos uma reflexão sobre a saudade sob os holofotes do campo humanístico,
principalmente quanto à semântica, que essa palavra ganhou amplitude de sentidos e
significados a partir de seu uso pelos lusófonos, em particular portugueses e brasileiros,
em conceitos de memória que podem modificar a forma como ela se lhes apresenta.
Na primeira década do século XX, o culto da saudade, levado à cabo “na sua forma
extrema, que somente um português seria capaz de nutrir” (MOISÉS, p. 319), acaba por
sustentar a transformação da palavra-sentimento em elemento-símbolo de identidade
lusitana. Pode-se afirmar, assim, que o Saudosismo (1910-1915), movimento estético-
literário da Renascença portuguesa, tem cunho religioso, filosófico e fortemente político.
Liderada por Portugal no século XVI, a Era dos Descobrimentos evidencia, naquele e
em séculos subsequentes, a saudade palavra-sentimento como elemento-símbolo da
identidade lusitana. Não obstante, cremos não ser escusado afirmar que a palavra-
sentimento acaba por se tornar traço herdado pelos povos colonizados, como o brasileiro.
Desse modo, para efeito de uma breve análise, tomamos o traço político da saudade
lusitana, corroborado pelo caráter messiânico da nação portuguesa, quando da fundação
do mito sebastianista, após o desaparecimento do rei D. Sebastião na batalha de Alcácer-
Quibir, no Marrocos (1578), na tentativa de trazermos desde um elemento que traz uma
memória afetiva até outros elementos que remetem a uma memória coletiva ou social.
Numa dimensão coletiva, a constituição do sujeito pode se dar por meio de crenças,
saberes e lembranças pulverizados num espaço-tempo, num determinado contexto social
e político. O conhecimento herdado dos antepassados vem com um toque amarelado de
representações que se apresentam, para além de um viés histórico, imbuído de
pluralidade semântica que nos chega como legado passado de geração a geração, como
elemento contributivo na formação de uma memória não apenas coletiva, mas também
social: ”[...] a memória dos operários, enquanto grupo, é uma memória coletiva; mas a
memória que circula globalmente na sociedade, e que possui disseminações finalmente
mais culturais que sociais, recebe o nome de memória social” (PAVEAU, 2013, p.94)
Quanto à memória, Halbwachs traz uma relevante contribuição para entendermos a
conformação da saudade como característica de identidade lusitana e, por conseguinte,
uma herança transmitida aos povos colonizados: “nós diríamos voluntariamente que cada
memória individual é um ponto de vista sobre a memória coletiva, que este ponto de vista
muda conforme o lugar que ocupo e que até mesmo este lugar muda de acordo com as
relações que estabeleço com outros meios” (HALBWACHS, 1997 [1950], p.94-95).
Não obstante, afirma Paveau (op.cit, p.96): “a memória transmite formas, conteúdos e
discursos”. Assim, um momento político, uma situação de conflito, questões econômicas
3
podem evocar, ainda que sejam das aulas de História, lembranças cheias de saudade do
que não se viveu, mas foi vivido por antepassados, viajantes de um tempo e de um lugar,
pertencentes a uma humanidade que se renova de geração em geração.
Assim, a saudade, palavra-sentimento, é absorvida pela humanidade como memória
histórica, que perpassa tempos e espaços, o que demonstra uma atividade semântica
exercida pelos sujeitos, que permite uma partilha entre o sujeito e a sociedade na
construção dessa memória, resultado de experiências humanas e de suas histórias.
Referências
HALBWACHS, M. A memória coletiva. Paris: Albin Michel, 1997 [1950].
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. 37.e. São Paulo: Cultrix, 2013.
PAVEAU, Marie-Anne. Os pré-discursos: sentido, memória, cognição. Campinas: Pontes,
2013.
__________________
1. Doutoranda em Língua Portuguesa, PUC-SP; Mestra em Língua Portuguesa PUC-SP; Especialista em
Linguagens da Infância, UniÍtalo-SP; licenciada em Letras (português-inglês-espanhol), UniÍtalo-SP.
2. Especialista em Cultura, Educação e Relações étnico-raciais, CELACC-USP/SP. Licenciada em Letras
(português-espanhol), UniÍtalo-SP.
LIRA NOVA
ORAÇÃO A MINHAS FILHAS
Antônio de Pádua*
Obrigado, Serra da Bandeira
Obrigado, Rio de Ondas
Rio de Janeiro
Rio Grande
E aos outros rios
Que compõem tua bacia…
Obrigado por tudo que me deste
Obrigado pela pessoa humana
Que me tornaste
Mas, principalmente,
Pelas duas borboletas
Sem no mundo igual
Que me presenteaste:
Alba Lígia:
Aurora Aventureira
Bela, sensível e exemplar
Sem subserviência
Como deve ser toda mulher…
Alice Ananda:
Coelhinha de minha cartola
Essência do ser…
* Professor (IFBA / UNEB) e poeta baiano, de Barreiras.
4
Nossos povos, nossas línguas
SOCIEDADES INDÍGENAS ANTES DA INVASÃO EUROPEIA
Como muita desinformação sobre as sociedades indígenas em geral, propomo-
nos a tentar esclarecer algumas categorias básicos das Ciências Sociais, que podem
ajudar não na compreensão das diferentes formas de organização sócio-política
desses povos como também no combate à desinformação e ao preconceito.
Segundo Oberg (1955, apud Fausto 2000, p. 36-37), ao chegarem à América no
início da era moderna, os europeus encontraram povos nativos organizados nas
seguintes formações políticas, ordenadas conforme o grau de complexidade: tribos,
cacicados, Estados feudais
1
, cidades-estados e impérios teocráticos
2
. Embora distintos,
como se verá abaixo, esses sistemas sociais “[...] não estavam isolados, mas articulados
local e regionalmente” (FAUSTO, 2000, p. 9), em várias redes comerciais. Uma
interpretação possível para a existência dessas formações sociais é que
[...] a cada uma das formas organizacionais corresponde um limiar
demográfico, pois se supõe que o desenvolvimento institucional é uma
resposta adaptativa ao crescimento populacional. À medida que a população
aumenta e se adensa, novos mecanismos de integração e organização
tornam-se necessários para produzir e distribuir recursos, garantir a paz
interna e a defesa externa. (FAUSTO, 2000, p.15-16)
Expliquemos, então, as duas primeiras e a quarta, referentes ao Brasil.
Entende-se por TRIBO (< lt. tribus ‘tribo’ HOUAISS, 2001, p. 2765), uma organização
associada ao nomadismo que reúne pessoas com língua, costumes, instituições e
tradições comuns a partir de um tipo de chefia temporária, mas com suficiente prestígio
para mobilizar pessoas para a guerra ou outros fins específicos. Havia dois tipos de
tribos: as segmentadas (conjunto heterogêneo de sociedades com tecnologia de
subsistência muito rudimentar e sem instituições políticas e predomínio de pequenos
bandos de caçadores-coletores nômades) e as homogêneas (aldeias permanentes, mas
dispersas no território, com maior número de pessoas, associadas por parentesco).
Inicialmente, o termo foi aplicado à Roma Antiga, depois a outras sociedades antigas
do Velho Mundo. Contudo, com a invasão europeia ao “Novo Mundo”, passou a ser usado
de forma pejorativa na designação de alguns povos nativos americanos, prática mantida
em pela Antropologia eurocêntrica do fim do século XIX e início do século XX. Contudo,
com o surgimento de novos dados e o desenvolvimento de outras teorias, pôde a
Antropologia revisar-se e hoje negar ter existido, na América, essa forma de organização
social típica do Velho Mundo (SILVA, 2009). Logo, embora alguns indígenas se referiam à
sua aldeia (território ocupado por seu povo) como tribo, repetindo palavra aprendida ao
senso comum ou à ciência eurocêntrica não indígenas, elas, de fato, não o são.
Se, tecnicamente, nunca houve tribos na América e, por consequência, no Brasil,
qual o termo correto para designar nossas sociedades indígenas? Às atuais e a muitas do
passado, poderíamos chamar de CACICADOS (< esp. cazicados), organizações com um
poder local subordinado a um centro de poder supralocal, mas não um Estado. O poder
local é exercido por um(a) cacique
3
palavra oriunda do taino (língua de povo homônimo
da ilha de Santo Domingo), através do espanhol (HOUAISS, 2001, p. 553), donde
cacicado. Cada língua nativa terá seu próprio nome para designar essas lideranças.
Entre 1000 a.C. e 1500 d.C., a Amazônia assistiu à emergência e desenvolvimento
de cacicados complexos: sociedades hierarquizadas, com chefia centralizada na figura do
cacique que, além de dominar amplos territórios, organizava continuamente seus
guerreiros para a conquista de novos territórios. Aparentemente era essa a organização
social dos omáguas no século XVII. Segundo Gaspar de Carvajal (apud Porro, 1981), o
nome genérico de seus territórios era aparia, classificável em menor (aldeia local) ou
5
maior (centro de poder supralocal chamado “província omágua” pelos espanhóis).
Para a surpresa de muitos, no início da década passada, a equipe do arqueólogo
norte-americano Michael Heckenberger e índios xinguanos descobriram ruínas de um
assentamento humano permanente caracterizável como CIDADE-ESTADO, Kuhikugu,
jamais encontrada pelos europeus “[...] porque eles estavam procurando pela coisa
errada. Queriam achar cidades perdidas e essas eram estruturas multicêntricas, com
redes de pequenos assentamentos, o que eu gosto de chamar de cidades-jardim.
(HECKENBERGER, apud URBIM, 2014, p.32)
O pesquisador estima que, em seu apogeu, a cidade tivesse 50 mil habitantes, algo
equivalente à das cidades-Estados gregas, organizações políticas dotadas de população
com identidade linguística e cultural: extenso território densamente povoado e separadas
das congêneres por área desabitada; estruturas públicas com função político-cerimonial e
articulação entre diferentes povoados; paz interna e guerra externa.
Além disso, de Kuhikugu saíam estradas de vários metros de largura e margeadas
por imensas hortas e pomares em direção a mega-aldeias semelhantes, o que
caracterizaria a estrutura política das cidades-Estados. Nessas vias, a presença de
plantações leva os pesquisadores a aventar a possibilidade de ser boa parte da floresta
amazônica resultante de obra humana: “A distribuição de frutas e de um solo específico
a terra preta sugere a ação do homem. ‘Muitas áreas do Xingu são 100%
antropogênicas, gigantescos pomares. E os povos do local ainda dominam sofisticados
sistemas de uso do solo’, diz Heckenberger” (URBIM, 2014, p.32)
Cacicados simples e complexos, cidades-Estados: diferentes formas de organização
política de sociedades indígenas brasileiras, ligadas não apenas por essa condição, mas
também pela causa de sua extinção, no passado: epidemias trazidas pelos invasores
/conquistadores do Velho Mundo para as quais os povos nativos não tinham anticorpos,
que mataram, como as armas e, infelizmente, ainda no nosso tempo, continuam a fazê-lo.
Referências
FAUSTO, Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetivo, 2001.
PORRO, Antônio. Os Omágua do Alto Amazonas: demografia e padrões de povoamento
no século XVII. In: HARTMANN, Thekla; COELHO, Vera Penteado (Org.). Contribuições
à antropologia em homenagem ao Professor Egon Schaden. São Paulo: USP, 207-
231. Disponível em: <http://www.etnolinguistica.org/biblio:porro-1981-omagua>. Acesso:
14.maio.2020.
SILVA, Kalina V. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2009.
URBIM, Emiliano. O Brasil antes de Cabral. Superinteressante, São Paulo, ano 27, no.
329, p.30-9, fev./2014. Disponível em: <https://super.abril.com.br/superarquivo/329>.
Acesso: 13.dez.2014.
_______________
1. Embora sem registros no Brasil, houve, alhures, na América, Estados feudais indígenas sistemas
multiétnicos e multilinguísticos, culturalmente homogêneos e internamente pacíficos, articulados por
rituais, por trocas de bens de valor e relações matrimoniais, compostos de pequenas comunidades locais
relativamente móveis, com economia igualitária e descentralizada de subsistência e sistema político
hierárquico distintivo entre juniores e sêniores e em linhas de chefia.
2. Definíveis como sociedades complexas, com centralização política e religiosa, aparelho estatal
desenvolvido (órgãos de administração pública e tributação), estratificação social, sistemas intensivos de
produção agrícola e pecuária extensiva, especialização profissional e desenvolvimento de técnicas e
tecnologias, foram três os impérios teocráticos pré-colombianos: o asteca, o maia e o inca, nenhum deles
localizados em território hoje brasileiro.
3. Muitos povos nativos hoje são liderados por mulheres. Embora cacique seja nome comum aos dois
gêneros, como usamos aqui, muitas dessas lideranças femininas, com justa razão, preferem se referir a
si com o neologismo cacica, afirmando o seu gênero.
6
PÍLULAS DE BAIANIDADE
OXALÁ: CONFLUÊNCIAS FONÉTICO-RELIGIOSAS AFRO-
ISLÂMICO-BAIANAS E A ESPERANÇA EM CANÇÃO LUSITANA
Ainda outro dia, um diálogo doméstico e a oitiva de bela canção do grupo português Madredeus me
recordaram evento ocorrido em 2009, na Casa Afrânio Peixoto, na aprazível Lençóis, centro turístico da
Chapada Diamantina, promovido pelo campus XXIII da Universidade do Estado da Bahia, sediado em
Seabra, à época sob direção do dileto colega, amigo e compadre, Gildeci Leite. Boas lembranças de
saudoso tempo de vigor acadêmico e cultural fomentado pela universidade naquela região, de então para
cá e, mesmo antes da pandemia, infelizmente em contínuo descêncio (o vigor, a instituição)!
Durante o evento, em mesa-redonda sobre literatura baiana, um expositor tratou da presença de
deidades do candomblé nagô-ketu (de língua litúrgica iorubana), na prosa de autores baianos, como o
próprio Afrânio Peixoto (1876-1947), Herberto Sales (1917-1999) ambos naturais da Chapada , Jorge
Amado (1912-2001), entre outros. No fim da atividade, no diálogo entre palestrantes e público, lançaram
questão curiosa sobre haver alguma identidade entre Oxalá nome da “divindade suprema do panteão
ioruba, abaixo apenas de Olorum” (HOUAISS, 2001, p. 2095) e oxalá, interjeição indicativa de vivo
desejo que determinada coisa ocorra”, sinônimo compacto de frases optativas como “Queira Deus!”, “Se
Deus quiser”, ou de locuções mais coloquiais, como Tomara” e Assim seja” (HOUAISS, loc. cit). Como
ninguém soube responder à questão, pedi vênia a todos e esclareci a diferença de significado acima,
acrescendo a informação etimológica sobre oxalá, afirmando desconhecer a do hierônimo iorubano.
Na época, eu apenas começava a percorrer a trilha de pesquisa, ainda hoje em curso, sobre as
diversas religiões afro-brasileiras amalgamadas no termo candomblé, via que acabou me conduzindo, em
2016, aos honrosos postos de Ogã e Obá de Xangô do venerando templo caetiteense Ilê Aé Danadana,
mesmo sendo praticante do Budismo Nichiren desde 1988. Essa estupefaciente contradição (que me
rendeu a gracejosa alcunha de budista-macumbeiro, dada pelo citado compadre e confrade no Instituto
Geográfico-Histórico da Bahia) seria real se eu não soubesse separar, no coração e na mente, as
dimensões do devoto e do pesquisador, ou se não nascera na Bahia, local onde, ideal e corriqueiramente,
o diverso não se contradiz ou violenta, exceto em casos lamentáveis de ódio e recalque, mais usuais após
2018, por obscuros motivos que desconhecemos. (Será mesmo?)
Voltando a Oxalá (< ior. orixá-nla < orixá + nla ‘grande’, donde ‘o grande orixá
1
(BENISTE, 2011, p.
592), Houaiss (loc. cit.) O define como orixá da (pro)criação, a suprema divindade iorubana, abaixo
apenas de Olorum, por sua vez, o único Deus do candomblé nagô-ketu
2
, do qual Oxalá e demais orixás
são emanações. Nesse panteão, o status superior Lhe advém do papel de criador do mundo e da
humanidade daí a alcunha Ba(< ior. Pai’) , por incumbência do Deus único, Seu Pai; Sua condição
filial leva-o a ser sincretizado” palavrinhas de ideologia bolorenta sincretismo e seus derivados, pois
escondem dissimetrias da formação sociocultural e brasileira com Jesus Cristo, o Deus-Filho cristão.
Alguns de Seus epítetos destacam traços de Sua personalidade revelados em vários itãs (< ior. ‘narrativa
mítica’): Obatalá (< ior. obá ‘rei’ + ti-o ‘que’ + n’la ‘grande’; donde: ‘o rei que é grande’ ou obá + ti pano’ +
ala ‘branco’; donde: ‘o rei do pano branco’), donde o caráter de orixá da pureza e da paz; Eledá (< ior.
eledá ‘construtor’) (CASTRO; ARAÚJO, 2020, p. 390-391).
Por outro lado, embora de étimo menos controverso, a interjeição oxalá, possui história igualmente
rica e ligada a uma tradição religiosa, no caso, islâmica: provém do ár. in sha allah ~ wa shallah ‘queira
Deus’ (NASCENTES, 1955, p. 371). Segundo Houaiss (loc. cit.), teria chegado ao português via espanhol
(ojalá), tendo o primeiro registro escrito em 1495. Originalmente uma oração subordinada (NIMER, 2005,
p. 593), ela é consagrada no Alcorão, capítulo 18, versículo 23: “Nunca digas: farei isso amanhã, sem
ajuntar: se Deus quiser” (SILVA, 2002, p. 346), v.g. “Se Deus quiser, iremos a Meca” (NIMER, loc. cit.). Da
alta frequência dessa expressão de profunda fé em Deus e no porvir surgiu, paulatinamente, seu caráter
interjetivo (NASCENTES, loc.cit.).
Como se vê, em português, oxalá e Oxalá são vocábulos homófonos (com a mesma sonoridade) e
quase homógrafos (com a mesma grafia), porque o módulo minúsculo ou maiúsculo da letra inicial os
diferencia minimamente, não fazendo deles um caso de perfeita homonímia, menos ainda de polissemia
(vários sentidos de uma mesma lexia), mas de convergência fonética de formas originais divergentes.
A despeito disso, o talento e a sensibilidade do compositor português Pedro Ayres Magalhães
conseguiram juntá-los na canção Oxalá (MADREDEUS, 2002), construída a partir da ambiguidade
provocada pela virgulação após a palavra-título que, assim, parece ser, ao mesmo tempo, uma invocação
ao Senhor da Paz (Olorum, Iavé, Jesus Cristo, Alá, Seu nome pouco importa) ou a interjeição que projeta
e submete os votos humanos à Sua vontade. Nos dois casos, uma oração, tão necessária nos atuais
tempos sombrios, desde que não pronunciada em público pelo Presidente da República, que é laica:
7
Oxalá, me passe a dor de cabeça
Oxalá, o passo não me esmoreça
Oxalá, o Carnaval aconteça
Oxalá, o povo nunca se esqueça
Oxalá, eu não ande sem cuidado
Oxalá eu não passe um mau bocado
Oxalá, eu não faça tudo à pressa
Oxalá, meu Futuro aconteça
Oxalá, que a vida me corra bem
Oxalá, que a tua vida também
Oxalá, o Carnaval aconteça
Oxalá, o povo nunca se esqueça
Oxalá, o tempo passe, hora a hora
Oxalá, que ninguém se vá embora
Oxalá, se aproxime o Carnaval
Oxalá, tudo corra, menos mal
Encerramos esta crônica, então, com essa poética e vigorosa (porque ambígua) prece por benefícios para
mim (versos 1, 2, 5 a 9), para ti (verso 10) e para todos (versos 17 e 20); pela perpetuação, na memória
popular, de todas as perdas (quase 600 mil, entre nós) desse período (versos 4 e 16) e, acresço, de
seus responsáveis, por ações ou inércias; pela preservação da vida de todos (verso 18); enfim, pelo
retorno do Carnaval e sua alegria (versos 8 e 15), tão queridos na chamada “Terra da Felicidade”, a minha
ainda poética, apesar de tudo, Salvador, Cidade da Bahia.
Referências
BENISTE, José. Dicionário yorubá-português. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 2011.
CASTRO, Laís Coimbra; ARAÚJO, Paula Josane C. “O léxico iorubano da língua de santo”. In: RAMOS,
Ricardo Tupiniquim et al. (Org.). Afrobrasilindades. Rio de Janeiro: Litere-se, 2020, p. 378-401. [E-book
disponível para download gratuito na aba “Livraria” do site do CiFEFiL: www.filologia.org.br]
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetivo, 2001.
MADREDEUS. “Oxalá”. In: Id. Antologia. Lisboa: EMI, 2000, faixa 3. Disponível em:
<https://www.letras.mus.br/madredeus/157085>. Acesso: 15.jul.2021.
NASCENTES, Antenor. Dicionário etimológico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1955.
NIMER. Miguel. Influências orientais na língua portuguesa: os vocábulos árabes, arabizados, persas e
turcos etimologia, aplicações analíticas. 2e. rev. São Paulo: EDUNESP, 2005.
RAYMUNDO, Jacques. O negro brasileiro. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, ano 108, n. 106, p. 7-8,
3/2/1935. Disponível em:
<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=364568_12&pasta=ano%20193&pesq=%22Arthur
%20Ramos%22&pagfis=34696>. Acesso: 14.jul.2021.
SILVA, Dionísio da. A vida íntima das palavras: origens e curiosidades da língua portuguesa. 4e. São
Paulo: Arx, 2002.
_________________
1. Isoladamente, Raimundo (1935, p. 8), aponta outros três prováveis étimos para o hierônimo, sendo favorável ao
primeiro deles a forma ioruba oshan’la, de oshan ‘lima, limeira’ + nlá grande, notável’ por ser a lima um dos
símbolos de Oxalá ou Obatalá que, [...] não só ministra a justiça, mas, concorrendo com Ifá, prediz também o futuro; a
justiça que distribui é a oshanla ‘a grande mercê’ e que, quando devassa o porvir, chama-lhe oshah-nla ‘a grande
mensageira’”. Por fim, aventa, ainda a proposta de ser aquele nome sagrado a convergência das três formas.
2. Imagino a surpresa de alguns leitores diante dessa informação, pois o que o senso comum nos informa é ser o
candomblé uma religião politeísta. No entanto, todas as nações dessa religião professam a em um deus único, cujo
nome varia conforme a língua litúrgica. Na nação nagô-ketu, essa língua é o ioruba e nela o nome do Sagrado é
Olorum (< ior. olϙ ‘dono’ + ϙrun ‘céus’; donde ‘o dono, o Senhor dos Céus’) (CASTRO; ARAÚJO, 2020, p. 383)
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FICA A DICA
LITERATURA A fera mais bela”, de Bárbara Sá
Érica Oliveira*
A jovem escritora baiana Barbará Sá, 26, se inspirou em um dos mais famosos
contos infantis de todos os tempos, “A Bela e a Fera”, para escrever a novela “A fera
mais bela” (2020), que integra a antologia Femme Fatale, composta por 12 novelas
sem relação entre si, de 12 diferentes autoras.
Promotora de justiça, Linda é uma bela negra que não teme enfrentar os casos mais difíceis nos
tribunais. Imponente, ela chama atenção pelo físico marcante, pelo cabelo raspado e estilo elegante de
vestir e caminhar, mas é por suas ões incisivas na tribuna que é conhecida como Fera. Não tem vergonha
de sua origem humilde nem de ter sido criada por uma mãe-solo. Adaptada para maiores de 18 anos, a
narrativa tem um diferencial dos contos infantis: a Fera não tem complexo ao expressar sua sexualidade.
A novela é bem curtinha, mas suas páginas são suficientes para apresentar uma personagem com alta
dose de representatividade para pessoas desacostumadas a ver corpos semelhantes aos seu desfilando pelas
páginas brancas da literatura hegemônica.
Referência: SÁ, Barbara. A fera mais bela. [s/loc.] Increasy, 2020. Disponível em:
<https://br1lib.org/book/5800793/50b5ed?id=5800793&secret=50b5ed>.
____________________
* Mestre em Estudos da Linguagem pela UNEB.
CINEMA Doutor Gama, de Jeferson De
Camila dos Santos Silva*
Com estreia no dia 5 deste mês, como presente de aniversário ao nosso
editor, “Doutor Gama” é uma cinebiografia de uma das mais marcantes
personalidades brasileiras do século XIX, o poeta, jornalista e primeiro
advogado negro do país, o soteropolitano Luís Gonzaga Pinto da Gama
(1830-1882), Patrono da Abolição da Escravatura no Brasil, agraciado um
mês pela USP como Doutor Honoris Causa (FRANZÃO, ZANIN, 2021)
Filho de um português com a africana livre Luísa Mahin, talvez exilada devido a sua participação
na Revolta dos Malês (1835) e na Sabinada (1837). Nascido livre, Luís Gama foi dado como escravo
a traficantes negreiros em pagamento às dívidas de jogo do pai. Em São Paulo, mesmo escravizado,
conseguiu se alfabetizar, estudar e conquistar a liberdade.
Em 1850, graças ao racismo, teve recusado seu ingresso na Faculdade de Direito do Largo do
São Francisco, unidade da atual USP, tornou-se autodidata em matéria jurídica, obtendo do Tribunal
de Justiça da Província de São Paulo autorização para advogar. Em sua advocacia gratuita, libertou
mais de 500 pessoas negras da escravidão, o que lhe custou o envolvimento em muitas polêmicas
com membros da aristocracia e da justiça paulistas de então.
Nas referências, indicamos ao leitor alguns livros de Gama para conhecimento e fruição.
Referências: DE, Jefferson (Dir.). Doutor Gama. Brasil: Globo Filmes, 2021.
FRANZÃO, Luana; ZANIN, Matheus. Luiz Gama, o novo Doutor honoris causa da USP. Jornal do
Campus, 6.jul.2021. Disponível em: <http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2021/07/luiz-gama-
o-novo-doutor-honoris-causa-da-usp/>. Acesso em 23.jul.2021.
GAMA, Luís. Obras completas. Bruno Rodrigues de Lima. (Org.). São Paulo: Hedra, 2021, 10 vol.
GAMA, Luís. O diabo coxo. São Paulo: EDUSP, 2005.
___________________
* Acadêmica de Letras Língua Portuguesa e Literaturas pela UNEB; pesquisadora da obra de Luís Gama.
9
HOLOFOTES
SANTANA, Thaís Pires do Carmo. Pistas, indícios e possibilidades: o gênero policial na ficção
de Sônia Coutinho. 2021. Dissertação: Mestrado em Estudos de Linguagens. Departamento de
Ciências Humanas, Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2021.
Ainda encarados como estruturas rígidas e pouco flexíveis, os gêneros discursivos são artefatos
sociais em desenvolvimento conjunto com a sociedade, implicando transformações nos textos,
sejam eles falados ou escritos. Dessa premissa, Bakhtin (1997), Marcuschi (2002), Derrida
(2014), Deleuze e Guattari (1995) apontam a possibilidade de criação, via literatura, de rotas de
fuga dos aparelhos que bloqueiam o gênero em sua dinamicidade. Ora, modalidade literária
mundialmente conhecida, a narrativa policial apresenta autoria majoritariamente masculina,
sendo rara a presença de autoras. Contudo, Portinho (2009) e Coutinho (1994), dentre outras,
apontam que, sob escrita feminina, o gênero subverte a lógica masculina, sinalizando traços
diferenciais recorrentes. Atrelada à crítica feminista, a autoria feminina nesse gênero narrativo
busca superar os estereótipos de um cânone literário hegemônico, branco e excludente.
Narrativas policiais, os romances “O caso Alice” (1991) e “Os seios de Pandora” (1998/2013), da
escritora baiana Sônia Coutinho descontroem, zombam e carnavalizam obras congêneres,
tratando, inclusive de temas socialmente sensíveis, como a violência contra a mulher. A partir da
abordagem qualitativa do objeto própria das técnicas da Análise Literária em perspectiva
comparada (SANT’ANNA, 2003 e CHALHUB, 2005), foi possível perceber que, entre os recursos
empregados na construção da trama, em “O caso de Alice”, destaca-se a paródia, estratégia de
rasura da tradição do gênero, que permite a passagem da condição social do sujeito feminina
para a narrativa. Por sua vez, a metanarrativa de “Os seios de Pandora” estabelece semelhanças
e diferenças entre a literatura policial canônica e a ficção detetivesca da autora.
CINEMA Paternidade, de Paul Weitz
Filipe Tupiniquim*
O momento mais feliz da vida de Matt (Kevin Hart) é tomado por uma dor
irreparável. Um dia após o nascimento de sua filha, a esposa morre em
decorrência de uma complicação da cirurgia cesárea. Se já não bastasse o
sofrimento do luto, ele ainda precisa lidar com o julgamento de sua família que
não o acha preparado para cuidar sozinho da criança. Incerto se seria um bom
pai, ele decide então contrariar a todos e honrar a falecida esposa, lutando contra
suas imaturidades e tornando-se a cada dia mais responsável.
Baseado numa história real, a trama, com vários momentos cômicos, também
consegue momentos de tensão, de extrema sobrecarga para o protagonista. Ser pai ou mãe naturalmente
demanda bastante dedicação, principalmente sendo então a única referência para uma criança.
Com estreia em 20/06/2021, ainda que não seja um dos maiores sucessos da plataforma, o filme foi bem
avaliado pela crítica internacional, principalmente pela atuação convincente do protagonista, que conseguiu
transitar muito bem entre a comicidade e o luto. Excelente convite à reflexão a respeito da importância dos
laços e do amor que vence todas as barreiras, é um filme para reunir, divertir e emocionar toda a família.
Referência: WEITZ, Paul (Dir.). Paternidade. [Título original: Fatherhood]. EUA: Netflix, 2021.
___________________
* Acadêmico de Comunicação Social Jornalismo pela UNIFTC.
10
Agenda alia...
II WEBINÁRIO ESTUDOS AMADIANOS: 20
ANOS DE PERMANÊNCIA
4 a 31 de agosto de 2021
Criado pelo Grupo de Pesquisa Crítica Literária e
Identidade Cultural (CLIC), o Webinário Estudos
Amadianos constitui instrumento de divulgação,
difusão, apoio e incentivo a pesquisas, atividades
extensionistas e de ensino em andamento e
concluídas, relacionadas à obra do autor
brasileiro mais lido em todo mundo. O Webinário
Estudos Amadianos constitui, ainda, projeto de
formação de leitore(a)s, professore(a)s, discentes
e público em geral, falante de língua portuguesa.
INSCRIÇÕES GRATUITAS
Período: 6/07 a 31/08/2021
Local:
http://sge.uneb.br/inicio/detalhe/4024?sigla=II+W
EBINARIO&nome=II+WEBIN%C3%81RIO+ESTU
DOS+AMADIANOS%3A+20+ANOS+DE+PERMA
N%C3%8ANCIA&tipo=1
Programação e Outras informações: no mesmo
sítio
TRANSMISSÃO: Canal Universidade da Gente
https://www.youtube.com/channel/UCIn2MteQibM
5p2l3NpKWdNA Sugerimos que se inscrevam
no canal e acionem o sininho de notificações
Em 2012, grupos de pesquisa da Universidade do
Estado da Bahia se juntaram a parceiros da
sociedade civil organizada para formar o Coletivo de
Pesquisa e Extensão Leituras de África, nome
também de evento desde então promovido
bianualmente, numa semana no mês de novembro.
Neste ano, em sua primeira edição remota, o evento
adota formato contínuo, com mesas-lives temáticas
e/ou artísticas de maio a dezembro.
Inscrições gratuitas e permanentes pelo site:
www.doity.com.br/leiturasdeafrica
Transmissão: Canal “Leituras de África” do
YouTube:
https://www.youtube.com/channel/UCECdhIPMRiW03
CUTH3koLvg Sugerimos que se inscrevam no
canal e acionem o sininho de notificações.
PROGRMAÇÃO DE AGOSTO:
Mesa/Live 7
Dia: 6, 19h.
Tema: Capoeira e resistência
Grupos convidados: Meninos da Bahia; Angola
Mourão (de Salvador)
Mediação: Profa. Viviane Souza
Mesa/Live 8
Dia: 12, 19h.
Tema: Advocacia negra
Palestrantes: Bel
as.
Luciana Marques (Especialista
em Direito Empresarial / UFBA); Dandara A. Lucas
Pinho (Doutoranda em Sociologia e Direito/ UFF)
Mediadora: Profa. Lenice Trajano (SEC Município
de Central/BA)
Mesa/Live 9
Dia: 19, 19h.
Tema: Maçonaria, sociedade e negritude
Palestrantes:
Prof. Dr. Paulo Cézar Borges Martins (UNEB)
Profa. Dra. Profa. Renata Ribeiro Francisco
Profa. Ma. Míria Cachoeira (Doutoranda/UFBA)
Mediação: Prof. Dr. Ricardo Tupiniquim Ramos
(UNEB)