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O FILÓLOGO DE PLANTÃO
“Um jornal que teima em buscar a verdade na doce ilusão de encont-la”
Publicação do CIFEFIL Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos.
Nova Série, ano 1, n.º 8. Rio de Janeiro, outubro de 2021.
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Verba Sapientiae
EDITORIAL
Neste mês, como nossa sociedade celebra a
infância e a educação temas tão ligados com
o Dia das Crianças (12) e do Dia do(a)
Professor(a) (15), compusemos uma edição
temática, centrada nessas duas questões.
Por isso, nesta edição, o público notará um
maior número de indicações nas colunas “Fica a
Dica”, porque, além das sinopses de filmes e
livros de nossos colaboradores habituais, o
acadêmico de Jornalismo Filipe Tupiniquim e a
Profa. Ma. Érica Oliveira, contamos com a
participação da Profa. Ana Francisca Neta, que
atualmente desenvolve pesquisa sobre literatura
infanto-juvenil afro-brasileira.
Na coluna “Onomastikós”, eventual neste
periódico, sempre tratamos de nomes próprios
de lugares (topônimos) ou de pessoas
(antropônimos). No texto dessa coluna, além da
sinopse do romance “O espelho dos nomes”,
apresentamos um estudo dos diferentes nomes
da protagonista, mostrando que, na literatura,
inclusive na infanto-juvenil, a nomenclatura das
personagens resulta da escolha consciente
do(a) autor(a), baseada num lastro cultural
apreciável da qual os nomes formam chaves
auxiliares da leitura. Como junta sinopse e
análise desse aspecto da obra, o artigo é mais
longo que os anteriores, da mesma coluna.
Desejamos ao público um bom proveito desta
edição.
Pax et bonum!.
Ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção”.
Paulo Freire (1921-1997)
(FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia:
saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 52)
EXPEDIENTE
CiFEFiL
Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e
Linguísticos
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O Filólogo de Plantão
Editor-geral; autor dos textos não assinados
Prof. Dr. Ricardo Tupiniquim Ramos
Próximas Atividades do CiFEFiL
XVI JORNADA NACIONAL DE LINGUÍSTICA E
FILOLOGIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
5 de novembro de 2021
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óνομαστικóς
(onomásticos)
UMA PERSONAGEM, SEUS MÚLTIPLOS ESPELHOS E NOMES
Ricardo Tupiniquim Ramos
Taís Costa Oliveira*
No romance infanto-juvenil “O Espelho dos nomes”, de Marcos Bagno, a protagonista
muda de nome e, por consequência, de identidade, à medida que atravessa espelhos
dispostos numa sala para cumprir diversas missões ou desvendar enigmas. A escolha desses
nomes não é aleatória, pois o sentido de seus étimos se relaciona aos diferentes perfis da
personagem, ao longo da trama.
No início da obra, Gabriel (< heb. geber ‘homem’ + el ‘Deus’; donde: ‘homem de Deus’)
que não gosta do seu nome, traço ressaltado a cada capítulo , se dentro de uma sala
fechada de espelhos. Nela, encontra um pequeno livro chamado Tomenota (nome de
motivação explícita) seu companheiro de aventuras ao longo de toda trama , e a primeira de
uma série de enigmas e tarefas que deverá vencer dentro de um limite de tempo. Para tanto,
ele precisa da força, poder e heroicidade contidos no seu nome, pois terá de atravessar cada
um dos espelhos, sem saber, de início, que, a cada travessia, mudará de nome (numa delas,
também de sexo) e, portanto, de identidade.
Ao atravessar o primeiro espelho, Rafael (< heb. rafa ‘cura’ + el ‘Deus’; donde: ‘a cura de
Deus, curado por Deus’ Cf. Oliver, 2005) e Tomenota se encontram num brejo onde ocorre
uma reunião de sapos que tentam virar príncipes. Devido a uma discussão com o livreco,
Rafael é obrigado a lhe pedir dez culpas. Rafael experimenta falar saponês; com isso, os sapos
pensam ser ele um príncipe que pretende se tornar um deles. Nesse ambiente, o desafio de
Rafael é recitar um poema constante em Tomenota, antes que o tempo acabe. Ele cumpre a
tarefa, se cura das culpas e agrada os anuros, um dos quais lhe indica a saída.
Na cena seguinte, Daniel (heb. Daniyyel < acad. Danilu < dan ‘juiz’ + El Deus’; donde:
‘Deus é o juiz’, ‘julgado por Deus’) se encontra numa sala cercada por oito espelhos cujo piso
parece com um tabuleiro de xadrez. Nela, ele responde uma charada de Tomenota, gritando
um sonoro A, que trinca os espelhos, onde aparece a imagem de oito meninas, cujos nomes
são formados por anagramas de Célia (< lt. caelia ‘do céu, celeste’ Cf. Oliver, 2005): Laíce,
Ciela, Licéa, Cleia, Lécia, Cilea, Laeci. Elas convidam o protagonista para brincar e dão
gargalhadas quando ele se apresenta como Daniel, pois este é nome de menino e ela é
menina. então Daniel se conta de que mudou de gênero, passando a se chamar Isabel
(< lt. Elisabeth < heb. Elishebha ‘juramento de Deus’).
Espantada, a garota procura uma explicação para o fato, explicado por Tomenota: “[...] o
modo que a gente as coisas revela muito do que a gente é... E o modo como a gente é
influencia muito o modo como a gente as coisas...” (BAGNO, 2002, p. 39). Logo, sendo
menina para compreender e se inserir no universo feminino. Para sair daquele ambiente, Isabel
deve brincar com as outras; os jogos envolvem charadas baseadas em trocadilhos. Após
cumprir a tarefa, Isabel (com Tomenota no bolso) é guiada por Célia em direção ao próprio
reflexo num espelho; atravessando-o, ambas viram meninos: Isabel volta a ser Daniel e Célia
vira Icael (variante de Micael?), que convida o amigo a comer doce de abóbora na casa de Ana
Groma, onde escutam a história da princesa Morgana, do reino de Agnamor (anagrama de
Morgana). Joel (< heb. yo ‘senhor’ + el ‘Deus’; donde “o Senhor Deus”) se emociona com a
história e recebe de Groma a missão de entregar potes do doce antes que o tempo acabe.
Ao cruzar a porta da cozinha, Miguel (< heb. Mikael < miháh ‘quem+ el ‘Deus’, donde
‘quem é como Deus?”) percebe mudanças no chão da sala dos espelhos, dois deles agora
opacos e sem brilho, e em Tomenota, que cresceu. Atravessando um dos espelhos para
realizar a primeira entrega, ele se num bosque de árvores altas e uma casinha onde moram
as irmãs Vice-versa, trapaceiras que tentam desviar sua atenção, respondendo as mesmas
perguntas cada uma de um jeito. A encomenda é entregue e Samuel (< heb. shemmu ‘seu
nome’ + el Deus’, donde “seu nome é Deus”) atravessa outro espelho, retornando aliviado
para a sala octogonal, onde percebe que Tomenota voltou a crescer.
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Como ainda tem três encomendas para entregar antes do fim do prazo, pegam a caixa e
vão outro espelho adentro, onde se deparam com um riacho rodeado de juncos, à beira do qual
os incomoda o choro de Quândido Gonçaves, um pequeno ganso fugitivo de um exame escolar
por não ter decorado as regras da granástica, sem cujo aprendizado não poderia realizar seu
sonho de ser poeta, como a célebre pata Anserina de Bragança Cisneiros (a maior escritora de
Antolia), ao encontro de quem vão, até porque ela é um dos destinatários da encomenda de
doce. Quando a encontram, reunida com um grupo seleto de escritores preocupados com a
ausência de um texto significativo para publicarem na próxima edição da revista “Vozes dos
Bichos”, o gansinho cai no chão com todas as suas coisas. Samuel o ajuda. Tomenota apanha
um texto caído na grama, primeiramente o esconde dentro de si, mas, sabendo da inquietação
do grupo de escritores, declama-o. A beleza do poema causa um espanto a todos e eles
resolvem publicá-lo. O garoto e o livro, então, saem pela mesma porta, retornando à sala de
espelhos, onde Ismael (< heb. Ishmael < yismá ‘ele ouvirá’ + el ‘Deus’, donde ‘Deus ouvirá’)
diferença no piso (agora, um labirinto) e em seu companheiro, agora maior.
Quanto maior o livro, menor o tempo para o garoto cumprir suas tarefas. Por isso, entram
noutro espelho e dão com a longa muralha de movimentada cidade de traços medievais onde
não se fala ou escreve. Tentando se comunicar com a população, acabam presos. Na prisão,
encontram todas as palavras da língua; algumas delas (ponto, cabeça, e palavra) explicam
que em Loquacidade, capital do reino de Polissêmia, é proibido às palavras ter mais de um
significado e, como isso é impossível, todas estão presas e a população, proibida de falar.
então Ariel (< heb. ari ‘leão’ + el ‘Deus’, donde ‘leão de Deus’) percebe que o destinatário do
pote de doce é rei Logomáquio XIX, para cuja presença menino e livro são levados.
Até então abatido, o rei reage, dizendo que séculos Ariel era esperado para cumprir
uma profecia, tecida num tapete exposto numa sala do palácio, segundo a qual ele destruiria a
besta fera que aterrorizava a cidade. Com sua capacidade reflexiva, pensativa e inteligência e
com a ajuda de um mapa, o jovem deveria destruir as megeras escolásticas. Retirado da
parede o tapete, o garoto e o livro partem voando nele. Ezequiel (< heb. Yehezquel < yehezqu
‘fortalecer’ + el ‘Deus’, donde ‘Deus o fortalecerá’) está com medo do voo, mas Tomenota o
tranquiliza, contando uma história de um ladrão de sonhos muito ambicioso.
Quando Manuel (< heb. emmanu ‘com + pessoa’ + el ‘Deus’, donde ‘Deus consigo’)
percebe, estão sobre a Floresta da Anonímia, onde o tapete pousa e um javali-macaco de voz
horripilante aparece e os aprisiona numa cela onde encontram uma caveira humana (restos do
conde Trívio Quadrívio), que lhes fala sobre os enigmas trazidos pelo carcereiro. Em seguida, o
menino recebe seu primeiro enigma: um quadro a ser preenchido com números, de forma que
a soma em todas as direções seja a mesma. Manuel preenche o quadro e o monstro leva a
solução para as mais temidas megeras escolásticas, um dragão de duas cabeças, as irmãs
Grã-Má e Matê-Má Tica, responsáveis pelos infortúnios do reino.
Uma hora depois, o monstro retorna com outro enigma para Natanael (< heb. Nathanael
< natana ‘dar + passado’ + el ‘Deus’, donde ‘Deus tem dado’), desta vez um palíndromo,
igualmente solucionado, o que significa a derrota das megeras e a quebra de suas maldições.
Com isso, Trívio Quadrívio se torna novamente homem e o javali-macaco, sua amada
Verbigrácia, que podem retornar para a cidade.
No retorno, Tomenota e Noel (< fr. Nouel ‘natal’) caem do alto do tapete dentro do olho
de um furacão, aos poucos dissipado, que os leva planando sobre a floresta e os deixa
próximos a um baobá que, esquecendo os nomes das coisas, se esquece do passado e do
presente, gerando um imenso vazio, que engole a todos.
Gabriel, Rafael, Daniel, Joel, Miguel, Samuel, Ismael, Ariel, Ezequiel, Manoel, Natanael e
Noel se veem dentro da sala de espelhos, transformada num cata-vento rodopiante, quando,
de repente, escutam uma voz estrondosa dizendo: “Tempo esgotado!”.
Ao ouvir isso, Abel acorda dentro da sala-de-aula; ele dormiu durante uma prova,
recolhida em branco pelo professor. Embora lamente não ter estudado gramática e matemática
no último mês, ele se alegra por ter aproveitado o tempo com leitura da literatura. Abrindo a
mochila, tira de dentro seu caderninho de capa colorida, onde uma frase que não entende,
uma lista de dez culpas e os 12 nomes que gostaria de ter, se não fosse Abel. Enfim,
reflexivo, tenta perceber a vida de forma diferente, pega o ônibus para casa e no trajeto, come
o doce contido num frasco encontrado no fundo de sua mochila, que imaginava perdido.
A partir dessas discussões, podemos considerar que, na escolha dos diversos nomes do
protagonista, o autor lhes agrega um caráter religioso perceptível nos étimos, coincidentes com
o perfil da personagem, cujos desafios se relacionam diretamente com o sentido dos nomes.
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Linguista de origem judaica, o autor transferiu um pouco da cultura de sua etnia e de seu
saber especializado para a obra, não na composição dos nomes do protagonista, mas
também no de personagens secundárias, como Tomenota ou Quândido Gançalves, e mesmo
nos topônimos da trama, como Loquacidade (< loqua (< lt loquor ‘falar’) + pt. cidade).
Fiorin (2007) defende que, num país de imigração, como o nosso, os antropônimos
estrangeiros assumam faceta própria, traduzindo conotações e imagens desejáveis da
comunidade chegante. Para nós, aí está a motivação da escolha dos nomes da protagonista de
“O espelho dos nomes”: uma tentativa de preservação da identidade do povo imigrante. Muito
além de uma demonstração de saber acadêmico e de capacidade de amarrar sua narrativa
literária, a opção por esses nomes revela uma tentativa de salvaguarda, no Brasil, pela
literatura, de uma cultura antiga e migrante, à qual o autor se filia.
Referências
BAGNO, Marcos. O espelho dos nomes. São Paulo: Ática, 2002.
FIORIN, José Luís. Marcas de batismo. Revista Língua Portuguesa, São Paulo, ano 2, n. 24,
p.25-7, out./2007.
MAGALHAES JR., Raimundo. Como você se chama: estudo sócio-psicologico de pronomes e
cognomes. Rio de Janeiro: Documentário, 1987.
OLIVER, Nelson. Todos os nomes do mundo: origem, significados e variantes de mais de
6.000 nomes próprios- Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.
____________________
* Licencianda em Letras Língua Portuguesa e Literaturas da Universidade do Estado da Bahia.
O RIO, A CANOA, A ÁRVORE PARÁ, YGARA, YBÁ
O teu olhar-rio N’-esá-pará-pe
O meu coração-navio O-gûeîyb, o-‘par
Desce, se perde -p-ygar-usu
Samaumeira em flor Samauma poty-pe
Acende a luz em mim Xé-pupé o-moendy
______________
* Tradicional forma lírica fixa de origem japonesa, o tanka é composto de um terceto com versos de 5,
7 e 5 sílabas e um dístico com versos de 7 sílabas, totalizando 31, num desafio à capacidade de
síntese do poeta. Além da exigência métrica, o tanka deve, ao final, compor uma cena na mente do
leitor, como numa tomada panorâmica de uma câmera. A escolha do tanka e do bilinguismo português/
tupi-antigo para a expressão de minha poesia indígena é tentativa de rasura decolonial da língua
opressora da cultura de meus ancestrais e, ao mesmo tempo, da tradição poética ocidental.
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Nossos povos, nossas línguas
INFÂNCIAS INDÍGENAS: MODOS DIFERENTES DE SER CRIANÇA
No tempo e no espaço, é vária a experiência humana da infância. No Brasil, país
multiétnico e plurinacional, não auto-reconhecido como tal, há 305 etnias indígenas,
falantes de 274 línguas nativas (FUNAI, 2021). Logo, não se pode imaginar que, entre
nós, a infância apenas espelhe a sociedade hegemônica do país, mesmo porque, também
nela, são diversas as infâncias se considerados os traços socioculturais e econômicos
demarcadores da individualização das comunidades.
Como recentemente as diferentes ciências m lançado um olhar mais atento à
infância, ainda é pouca a produção acadêmica sobre o tema, em si. Quanto às infâncias
indígenas, essa escassez é ainda maior e boa parte dos estudos reproduz estereótipos
sobre a candura ou crueldade dessas infâncias, decorrentes de uma visão distorcida
sobre essas culturas. Por outro lado, devido à multiplicidade de sociedades indígenas,
são sempre perigosas as generalizações. Ainda assim, é possível observar alguns traços
recorrentes nas concepções de infância nas sociedades indígenas:
1) a liberdade e autonomia da criança e sua capacidade de decisão:
As crianças indígenas, dos mais variados grupos, gozam de uma liberdade
enorme. [...] Elas têm liberdade para circular por todos os espaços da aldeia
e relacionar-se com todos, adultos e crianças. Isso permite a compreensão
de toda a teia de relações em que estão inseridas, sem que os adultos
estejam muito preocupados se está ou não na hora de elas aprenderem isto
ou aquilo. (ZOIA, PERIPOLLI, 2010, p. 15)
2) o reconhecimento de suas diferentes habilidades em relação aos adultos;
3) sua educação a partir da brincadeira, pela imitação das atividades sociais dos
adultos, e da produção de corpos saudáveis por meio da alimentação correta segundo
as recomendações da cultura;
4) como seres inocentes, são mediadoras de diversas entidades smicas o
humano e o inumano (animal, vegetal ou o mineral) ou mesmo o humano e o sobrenatural
e, como seres aprendentes, são as únicas pessoas autorizadas a percorrer todos os
espaços sociais, sem restrição, exercendo a mediação entre diversos grupos sociais:
[...] ao contrário da visão adultocêntrica do pensamento ocidental, o
pensamento indígena coloca as crianças como mediadoras entre categorias
cosmológicas de grande rendimento: mortos/ vivos, homens/mulheres, afins/
consanguíneos, nós/ outros, predação/ produção. Igualmente, ao contrário
da nossa prática social que exclui as crianças das esferas decisórias, as
crianças indígenas são elementos-chave na socialização e interação de
grupos sociais e os adultos reconhecem nelas potencialidades que lhes
permite ocupar espaços de sujeitos plenos e produtores da sociabilidade.
(TASSINARI, 2207, p. 22-23)
Na coluna “Fica a Dica: Cinema”, à página 8, recomenda-se de um documentário em
que esses aspectos podem ser observados no interior da sociedade Yudja.
Referências
BRASIL. FUNAI. Índios no Brasil: quem são. Brasília: FUNAI, 2021. Disponível em:
<www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/quem-sao?limitstart=0#>. Acesso:
17.abr.2021.
TASSINARI, Antonella. Concepções indígenas de infância no Brasil. Tellus, Campo
Grande, ano 7, n. 13, p. 11-25, out./2007.
ZOIA, Alceu; PERIPOLLI, Odimar J. Infância indígena outras infâncias. Espaço
ameríndio, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 9-24, jul.-dez./2010.
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Sou fragmentos
De um ser único
Em mosaico desenhado
Cuidadosamente colado
Artisticamente moldado
Pedaços de recordações
Algumas vezes pranto
E muito ardor
Espelhos colados
Reflexos de vida
Histórias vividas
Algumas sofridas
Outras de amor.
O PRAZER INTERIOR
Mário Botelho
Meu prazer não está nas coisas fúteis,
[nas coisas tolas, nas coisas vãs...
Diversão é vã...
Maravilhas da natureza são tolas...
O materialismo é fútil...
O trabalho é digno...
O estudo é útil...
A reflexão é racional...
Meu prazer está nas coisas racionais,
[nas coisas dignas, nas coisas úteis...
São muitas as formas de prazer:
Muitos preferem diversões mundanas,
Maravilhosamente mundanas e materiais;
Eu me comprazo no meu mister,
E na solitária e simples reflexão de tudo.
Não sou alegre, nem sou triste...
Sou o que sou.
Prefiro ser taciturno autêntico e em paz
A ser aparentemente alegre demais,
Achar tudo no nada
A procurar o nada em tudo.
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FICA A DICA
CINEMA
Como estrelas na Terra: toda criança é especial, de Aamir Khan
Filipe Tupiniquim *
Ishaan Awasthi (Darsheel Safary) é um garoto de nove anos que, diferente
de outras crianças, tem uma percepção diferente do mundo. Introspectivo, enfrenta
dificuldades de concentração nos estudos e, por consequência, não apresenta
bons resultados em suas notas. Embora sua escola fosse referência em educação,
ele corre risco de ser reprovado outra vez. Inconformado com o rendimento de Ishaan e convencido de
que seu problema seria apenas indisciplina, seu pai decide transferi-lo para um internato, como
punição. Infeliz, pela liberdade cerceada, naturalmente o garoto se torna ainda mais desmotivado.
Porém, um professor-substituto, Nikumbh (Aamir Khan), não demora a compreender a
verdadeira razão de Ishaan ser daquela forma a dislexia , pois ele mesmo era disléxico e sofrera as
mesmas incompreensões e preconceitos. Após a descoberta, eel apresenta ao menino um novo jeito
de aprender, uma didática diferenciada. Assim, Ishaan vislumbra um mundo oposto do que conhecia
antes: a aprendizagem já não era mais objeto de sofrimento, mas sim de prazer.
Lançado em 2007, o filme foi um grande sucesso e recebeu o prêmio Filmfare Awards em três
categorias: melhor ator, melhor filme e melhor direção.
No Brasil, o longa se encontra disponível na plataforma online Netflix e oferece a pais e mães, a
profissionais docentes e à sociedade em geral uma séria oportunidade de refletir sobre a necessidade
de uma educação que, em vez de segregar estudantes com necessidades educativas diferenciadas
como apregoa a amis alta autoridade educacional de nosso país o(a)s inclua na escola e lhes dê
oportunidade de aprendizagem e convívio social e de ensino de resiliência, respeito à diversidade,
convivência e solidariedade a(o)s demais.
Referência: KHAN, Aamir (Dir.). Como estrelas na Terra: toda criança é especial. Título Original:
Taare Zameen Par: every child is special. Índia: 2007, 165 min.
________________
* Acadêmico de Comunicação Social Jornalismo pela UNIFTC.
LITERATURA
“Histórias de Quilombo do Alto Sertão da Bahia”, de Jaqueline
Santana
Surgidos a partir de pesquisa de campo no âmbito do Grupo de
Pesquisa em Cultura, Resistencia, Etnia, Linguagens e Leituras (GP-
CRELL) feita nas respectivas comunidades, os volumes da coleção
“Histórias de Quilombo do Alto Sertão da Bahia", retratam a vida, a história
e a cultura de três comunidades quilombolas do Alto Sertão Baiano.
Lançada em 2019 pela Portuário Atelier Editorial, a coleção é dotada de uma riqueza histórica e
literária imprescindíveis ao processo de formação identitária de crianças e jovens, além de poderoso
instrumento para a educação antirracista, escrito em consonância com a Base Nacional Curricular
Comum (BNCC) para o Ensino Fundamental, sendo, portanto, importante material paradidático para
discutir a temática da identidade e cultura em classes com estudantes entre 8 e 14 anos. Adquirível pelo
perfil @lendosobrequilombos no Instagram.
Referência: SANTANA, Jaqueline. Histórias de quilombo do Alto Sertão da Bahia. Salvador:
Portuário Atelier Editorial, 2019.
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FICA A DICA
CINEMA
Wappa: um olhar sobre a infância indígena Yudjá”,
de Renata Meireles, David Reeks e Paula Mendonça
Filipe Tupiniquim *
Mais conhecidos como Juruna, os Yudja são indígenas habitantes da
aldeia Tuba Tuba, no Parque Nacional do Xingu. Com uma concepção de
infância muito diferente daquela da sociedade brasileira do entorno, eles dão
um destaque especial à relação entre o brincar e a aprendizagem, pela
criança, de todo o necessário para a vida social. O brincar, a vida social e
as influências de uma relação espiritual com a natureza organizam o corpo-alma dessas crianças.
Os Yudja incluem as crianças em todos os afazeres diários, dando-lhes a oportunidade de
aprender as tarefas observando, se arriscando e brincando. Entre eles, a brincadeira vai além do
prazer, pois é meio de expressão e aprendizado de experiências. Na língua Yudja, um waapa remédio
que cura ou elemento da natureza que ensina’, é apanhado das plantas, dos animais e do rio e
aplicado às crianças para que assumam os traços desses elementos: esfregam a perna de uma
saracura na criança para que corra rápido como a ave, ou a uma aranha tecelã para que consiga tecer
redes com a habilidade do inseto. E assim, brincando, sai a criança imitando a aranha ou a saracura e
vai aos poucos, observando os adultos, aprendendo as tarefas próprias da vida comunitária.
Disponível para exibição pública e gratuita pela plataforma VIDEOCAMP, o curta nos permite
identificar um modo de vida atento à infância, dando abertura para um olhar diferenciado sobre nosso
próprio modo de conce-la e à criação e educação dos filhos em espaços considerados seguros e
socialmente destinados para isso (a escola, os parques, praças e shoppings), restringindo-lhes a
liberdade e impossibilitando-os de constituir laços comunitários mais amplos.
Referência: MEIRELES, Renata, REEKS, David; MENDONÇA, Paula (Dir.). Wappa: um olhar sobre a
infância indígena Yudjá. Brasil: Maria Farinha Filmes 2017, 165 min.
________________
* Acadêmico de Comunicação Social Jornalismo pela UNIFTC.
LITERATURA
“Txopai e Itôhã”, de Kanátyo Pataxó
Érica de Sousa Oliveira*
Txopai é o primeiro Pataxó a surgir na Terra, nascido de uma gota da
chuva. Como o mais velho, ele é o dono da sabedoria e precisa ensinar a
seus outros irmãos, que hão nascer de outras gotas de chuva, todas as
coisas e segredos: trabalhar, caçar, pescar, dançar, festejar. Deverá
transmitir todos esses saberes em pouco tempo para retornar para sua casa
lá no azul grandão do céu sem fim, no Itôhã, porque só lá de cima consegue proteger seus parentes.
Escrita e ilustrada em 1997 por Kanátyo Pataxó, para uso na escola da aldeia Pataxó de
Carmésia e relançada em segunda edição em 2000, a obra pode agradar a crianças de outras etnias,
tanto em casa quanto na escola, desde que curiosas.
REFERÊNCIA: PATAXÓ, Kanátyo. Txopai e Itô. 2e. São Paulo: Formato, 2000 [1997].
____________________
* Mestre em Estudos de Linguagem pela Universidade do Estado da Bahia.
9
HOLOFOTES:
Estudos Literários
SANTOS, José Otávio Monteiro Badaró. Memória e recepção em Terras do Sem Fim, de Jorge
Amado. 2020. 124f. Dissertação Mestrado em Memória: Linguagem e Sociedade. Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2020.
Com romances traduzidos em 49 idiomas, tendo vendido quase 100 milhões de livros no Brasil e no
mundo, o escritor baiano Jorge Amado alcançou um raro sucesso editorial, ao mesmo tempo, no
entanto, enfrentou uma forte rejeição da crítica em jornais, revistas literárias e, posteriormente, no
ambiente acadêmico. Ao analisar a memória da recepção crítica de uma de suas obras, Terras do Sem
Fim (1943), com apoio nos Estudos de Recepção de Hans Robert Jauss, identifica-se uma determinada
sedimentação de juízo de valor sobre o texto que, de maneira quase unânime, toma a figura do autor
como sujeito fundamental da criação literária, superestimando seus dados biográficos e suas relações
sociais e políticas, para empreender uma leitura da obra que, muitas vezes, dispensa a base ficcional
para valorizar apenas os supostos fundamentos históricos da ficção. Assim, a hegemonia de uma
análise sociológica do romance, assentada, sobretudo, a partir de teóricos marxistas como György
Lukács e Lucien Goldmann, negligenciou a experiência estética e artística de Jorge Amado, para reduzir
a obra a um romance proletário, realista, histórico e, principalmente, regionalista, categorias
naturalizadas e consolidadas pela Crítica Literária brasileira do século XX, que serviram para reservar
ao escritor não o lugar de um artista da palavra, mas de um contador de histórias regionais ou um
cronista social, concedendo-lhe um espaço periférico e menor na Literatura Brasileira. No entanto, é
possível outra perspectiva analítica, que evitando tanto o espelhamento do materialismo histórico
quanto a soberania estruturalista do texto, examina o romance amadiano por meio da noção de
representação, a partir dos estudos de Louis Marin e Roger Chartier, com base também no círculo
mimético de Paul Ricouer. Nessa perspectiva crítica, a realidade empírica e extraliterária é apenas um
gerador de discursividade, não como a origem efetiva da narrativa ficcional, porque o que constitui a
ficção é, na verdade, a relação que ela estabelece com outros discursos e não com a realidade social.
FICA A DICA LITERATURA
“Um dia na Aldeia: uma história Mundurku”, de Daniel Munduruku
Érica de Souza Oliveira*
Editor, doutor em Educação e escritor indígena com mais de 40 obras
publicadas, Daniel Munduruku (1964-) recebeu duas vezes a comenda do mérito
cultural e ganhou vários prêmios no Brasil e no exterior, entre eles o Jabuti (2017).
Sua obra “Um dia na Aldeia, uma história Munduruku” (2013) apresenta um
dia na vida do jovem Munduruku aldeado, Manhuari. Na narrativa, de maneira leve
e natural, ele assimila os vários saberes e deveres de seu povo e, entre brincadeiras com os amigos,
recria os conhecimentos necessários para a vida harmônica com sua cultura e com a natureza.
Direcionado ao público infantil, além da história, o livro traz belas aquarelas de Mauricio Negro.
Juntos, texto verbal e imagético ajudam os pequenos leitores a entender que os Mundurukuns são
conhecedores dos astros e constelações, dos animais e movimentos dos rios, comem os frutos da terra,
são ótimos contadores de história, gostam e celebram seu cotidiano. Com tudo isso, fica fácil para
esses leitores perceberem como pode ser divertido aprender brincando.
Referência:
MUNDURUKU, Daniel. Um dia na aldeia: uma história Munduruku São Paulo: Melhoramentos, 2012.
____________________
* Mestre em Estudos de Linguagem pela Universidade do Estado da Bahia.
10
HOLOFOTES:
Filologia
SILVA, Fernanda de Jesus. Edição corrente das “Cartas de Amor”, de Edegard Gomes.
2021. 113 f. TCC Licenciatura em Letras - Língua Portuguesa e Literaturas. Departamento de
Ciências Humanas, Universidade do Estado da Bahia, Caetité, 2021.
Um dos mais antigos gêneros textuais escritos, a carta, até o final do século XX, foi o principal meio
de comunicação à distância, servindo não só de veículo de transmissão de informações entre pessoas
distantes no espaço, como também de registro da sociedade, cultura e língua de seu tempo. Contudo,
com os avanços tecnológicos e a necessidade de informações espontâneas próprias de nosso tempo,
ela vem perdendo espaço e, aos poucos, sendo substituída por novos meios, como o telefone e, mais
recentemente, a internet. As cartas têm função comunicativa variável conforme o grau de intimidade
entre remetente e destinatário e o tipo de correspondência, podendo prevalecer tanto o padrão formal
quanto o coloquial. Assim, vários subgêneros de cartas, com estrutura semelhante e alguns
elementos básicos indispensáveis (local e data, saudação, corpo, despedida e assinatura) e outros
específicos, variáveis (cabeçalho ou timbre, numeração, endereço). Entre aquelas espécies, está a
carta de amor, idêntica às congêneres na estrutura, mas diferente no conteúdo: a expressão do amor
romântico do autor(a) pelo destinatário. Em 1980, o escritor brasileiro Edegard Gomes (1916-1998)
publicou pela Pallas “Cartas de Amor”, um conjunto de 84 cartas amorosas em forma de poema. No
seu exemplar do livro, fez algumas anotações indicativas de mudanças que pretendia introduzir no
texto, noutra edição, não realizada, de forma que o texto publicado não mais corresponde à sua última
vontade, necessitando, portanto, de uma edição crítica, tarefa executada com a aplicação de técnicas
da Crítica Textual. Esse empreendimento é relevante porque, além de ajudar a divulgar a obra de um
escritor desconhecido do grande público, revela um documento histórico, artístico e linguístico, fonte
de informações sobre valores, estética e escrita formal, literária do momento de sua produção.
FICA A DICA LITERATURA
“Pretinha, eu?” de Júlio Emílio Braz
Ana Francisca Neta*
Única estudante negra do Colégio Harmonia, Vânia sofre várias formas de
racismo, preconceito e discriminação, ao longo da história. A chegada dela vai
despertar em Bel dúvidas sobre sua verdadeira identidade, fazendo-a
percorrendo, assim, trilhas da ancestralidade em busca das respostas de que
precisa. Apesar das relações conflituosas no Harmonia, sobretudo com Carmita,
Vânia é durona, inteligente, com autoestima elevada e usa seus modos e
silêncio para combater tais práticas, representando, assim, um sujeito negro
com educação transformadora, entre implicâncias, superação e debate coletivo.
A leitura do livro do é um convite à sociedade para pensar a questão étnico-racial, tão relevante
para a nossa identidade. O texto apresenta uma linguagem de fácil compreensão, que encanta o leitor
a cada capítulo, dadas as situações articuladas com o real. Assim, contribui significativamente para a
autoafirmação identitária de jovens afrodescendentes, permitindo que (re)escrevam suas próprias
histórias ao ver sua imagem e voz representadas nas falas das protagonistas negras do romance.
Júlio Emílio Braz publicou mais de cem livros infanto-juvenis sobre problemas sociais.
Ganhador do Prêmio Jabuti Autor Revelação, com seu livro de estreia, “Saiguairu” (1988), Braz
recebeu ainda outros prêmios, como o Austrian Children Book Award, na Áustria, pela versão alemã
de “Crianças na Escuridão” (Kinder im Dunkeln), e o Blue Cobra Award, do Swiss Institute for
Children's Book, com o mesmo livro. Como se vê, com toque de realismo para a (pré-)adolescência,
suas obras favorecem profundas contribuições na construção da identidade do sujeito.
Referência: BRAZ, Júlio Emílio. Pretinha, eu? 3e. o Paulo: Scipione, 2008 [1997].
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* Mestranda em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do Oeste da Bahia.
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HOLOFOTES:
Linguística
IVO, Amanda Fernandes. O apagamento da vogal alta anterior pretônica em
sequências [si].C. 2021. 107 f. Dissertação: Mestrado em Estudos Linguísticos.
Universidade Federal de Minas Gerais, 2021. Disponível em:
<http://www.poslin.letras.ufmg.br/defesas/2095M.pdf>.
Chamados de emergentes, os encontros consonantais heterossilábicos [s].C decorrem do
apagamento da vogal [i] entre sibilante e consoante oclusiva, como em ante[si.p]ada ~
ante[s.p]ada, fenômeno registrado no português brasileiro (doravante, PB) e estudado na
variante belorizontina mediante análise categórica comparando os encontros emergentes com
os plenos (e[s.p]açada) e numérica avaliando a duração dos segmentos. Trabalhos anteriores
mostram que a vogal alta anterior átona [ i ] tende a enfraquecer no PB quando adjacente à
sibilante [s] (BISOL; HORA, 1993; LEITE, 2006; MENESES, 2012; SOUZA, 2012; FREITAS,
2019). Entretanto, nunca se avaliou o apagamento do [ i ] pretônico precedido de [s] e seguido
por oclusiva na sílaba seguinte, como no primeiro exemplo (ante[si.p]ada ~ ante[s.p]ada). Além
disso, ainda não estudos de português sobre os encontros consonantais emergentes
formados por [s] + oclusiva. A investigação dos encontros consonantais emergentes ocorreu
por meio de dados empíricos, em consonância com a Fonologia de Laboratório
(PIERREHUMBERT, BECKMAN, LADD, 2000). Para isso, 16 falantes tiveram suas falas
gravadas e analisadas acusticamente. A análise do fenômeno ocorreu à luz da Teoria de
Exemplares (JOHNSON, 1997; PIERREHUMBERT, 2001). Os resultados apontaram que o
fenômeno de apagamento de [i] é emergente, uma vez que ocorreu em 33,3% dos dados
analisados. Além disso, apesar da possibilidade de transcrição dos encontros consonantais
decorrentes do fenômeno de forma semelhante à dos encontros plenos, os dois tipos
apresentam diferenças acústicas atestadas empiricamente pela diferença na duração da
sibilante e da duração de cada encontro consonantal. Assim, a análise experimental contribui
para a compreensão da evolução de fenômenos fonológicos. Adicionalmente, os resultados
corroboram pressupostos teóricos da Teoria de Exemplares quanto à incorporação do detalhe
fonético nas representações fonológicas.
FICA A DICA LITERATURA
O mistério da Mula-sem-cabeça, de Jaqueline Santana
Ao ficar sabendo da história da Mula-sem-cabeça, a pequena e
curiosa Aretha ficou intrigada sobre como esse ser encantado podia
enxergar e cavalgar por aí sem atropelar pessoas, bichos e árvores se,
não tendo cabeça, também não tinha olhos. Partiu, então, numa divertida
aventura em busca da solução desse mistério que lhe aguçara a
curiosidade sem fim, encontrada, enfim, na fala de um velho negro.
Lançamento recente da editora Segundo Selo, a obra está em
consonância com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) para a
Educação Infantil e séries de Alfabetização, contando, ainda, com atividades pedagógicas
contextualizadas e divertidas para os leitores. É, portanto, importante material paradidático para discutir
a temática identidade e cultura em classes com crianças entre 4 e 8 anos. Adquirível pelo perfil
@lendosobrequilombos no Instagram.
Referência: SANTANA, Jaqueline. O mistério da Mula-sem-cabeça. Salvador: Segundo Selo, 2021.
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Agenda alia...
Inscrições gratuitas e permanentes pelo site:
www.doity.com.br/leiturasdeafrica
Transmissão: Canal “Leituras de África” do YouTube:
https://www.youtube.com/channel/UCECdhIPMRiW03CUTH3koLvg
Sugerimos que se inscrevam no canal e acionem o sininho de
notificações.
PROGRMAÇÃO DE OUTUBRO:
Mesa/Live 16
Dia, data, horário: -feira, 13, 19h.
Tema: " Identidades plurais: infâncias brincantes"
Palestrantes: Profa. Dra. Luciete de Cássia Bastos (UNEB)
Profa. Dra. Simei Santos Andrade (UFPA)
Prof. Esp. Ângelo de Oliveira França (SEC-BA)
Mediadora: Profa. Valdirene Aragão (Mestranda PPGELS/ UNEB DCH VI)
Mesa/Live 17
Dia, data, horário: sábado, 23, 16h.
Tema: "Literatura e cultura afro-brasileira, educação antirracista e formação docente: projetos
exitosos"
Convidados: Elaine Nunes (Núcleo PIBID Letras UNEB / DCH 6 biênio 2018-2019)
Patrícia Maciel de Souza (Núcleo PIBID Letras UNEB / DCHT 23 biênio 2018-2019)
Profa. Andrielle Antônia (Licenciada em História; ex-bolsista do Núcleo PIBID História UNEB
/ DCHT V biênio 2016-2017)
Mediação: Prof. Dr. Ricardo Tupiniquim Ramos (UNBE/ CiFEFiL/ IGHB)
Mesa/Live 18
Dia, data, horário: -feira, 29, 19h.
Tema: Currículo e relações raciais: possibilidades de uma educação decolonial e antirracista
Palestrantes: Profa. Dra. Dinalva Macêdo (UNEB)
Profa. Ma. Jaqueline Santana (SEC São Francisco do Conde)
Profa. Ma. Rosemária Joazeiro (UNEB)
Mediação: Profa. Esp. Letícia Rodrigues (Rede Particular de Ensino de Caetité)