Ano 13 - No 60 - Rio de Janeiro, Abril, Maio e Junho de 2009. Publicação bimestral.

 

 

O FILÓLOGO DE PLANTÃO
(Segunda Fase)

Um jornal que teima em buscar a verdade na doce ilusão de encontrá-la.
Publicação do CiFEFiL
- Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos.
Ano 13 – No. 60. Rio de Janeiro: Abril, Maio e Junho de 2009.

Segundo número de 2009. (Muito atrasado). Esperamos que logo fique em dia. Ficamos muito contentes porque o site www.filologia.org.br está sendo cada vez mais visitado. Já sabem que ali encontram muitos programas interessantes no setor de Letras. Também podem fazer as perguntas que quiserem para www.alfredo.ntg.com.br ou pelo telefone (21)2593-1960.

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Mico leão dourado

Primata encontrado originariamente na Mata Atlântica, no sudeste brasileiro. (Leontopithecus rosalia). Atualmente encontra-se em perigo de extinção. Restam apenas 1000 micos desta espécie no mundo, metade dos quais em cativeiro. A reserva biológica Poço das Antas representa cerca de 2% do habitat original da espécie.

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Alguns eventos de Letras que ocorrerão proximamente

Fórum e Estudos Linguísticos da UERJ

Língua Portuguesa, descrição e ensino: diálogos.
30 de setembro a 03 de outubro de 2009

Instituto de Letras – bloco F do 11 andar

Rua São Francisco Xavier, 524

 

IV Jornada Nacional de Linguística e Filologia da Língua Portuguesa
05 de novembro de 2009

As entidades nacionais que quiserem participar têm que confirmar sua participação com o CiFEFiL até o dia 28 de outubro.

eventos@filologia.org.br
Tel.: (21) 2569-0276

Visite AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) no Portal do CiFEFiL
 

E-mails pessoais que respondem sem demora

Filologia; língua portuguesa; CiFEFiL:
José Pereira: pereira@filologia.org.br

Língua latina:
Amós Coêlho: amosc@oi.com.br

Língua alemã:
Álvaro Bragança: alvabrag@uol.com.br

Língua inglesa:
João Bittencourt:
joão.bittencourt@bol.com.br

Língua espanhola; língua galega:
Alfredo Maceira: alfredo.ntg@terra.com.br

Lusofonia; acordo ortográfico:
Margarida Castro: margaridsc@yahoo.com

Provérbios em várias línguas:
Henerik Kocher: kocher@infolink.com.br

Línguas internacionais; esperanto:
Aloísio Sartorato: ludoviko44@yahoo.com.br

Língua Tupi:
Ricardo Tupiniquim Ramos: tupinikim@ig.com.br

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Sentenças de Publilio Siro

Fidem nemo unquam perdit, nisi qui non habet.
None ever loses honour save him who has it not.
Celui-là seul perd l'honneur qui n'en a pas.
Só perde a honra quem não a tem.

Fidem qui perdit, nihil pote ultra perdere.
Lose credit and one loses no more.
Qui a perdu l'honneur n'a plus rien à perdre.
Quem perdeu a honra não pode perder mais nada.

Mala est medicina, ubi aliquid naturae perit.
It's a bad cure when a bit of nature is lost.
Un remède est mauvais, quand il détruit quelque chose de la nature.
É mau o remédio, quando se perde algo da natureza.

Velox consilium sequitur paenitentia.
Repentance follows on a hasty plan.
Une résolution trop vite suivie du repentir.
O arrependimento acompanha a decisão apressada.

Página dos Provérbios     www.hkocher.info/

 

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Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

Rua Visconde de Niterói, 512/97
Mangueira
20943-000 – Rio de Janeiro - RJ
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www.filologia.org.br

Diretor-Presidente:
José Pereira da Silva

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Primeira Secretária:
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Diretora Financeira:
Ilma Nogueira Motta

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O FILÓLOGO DE PLANTÃO

Redator: Alfredo Maceira Rodríguez
Rua Brasilina, 34/204
21350-060 – Cascadura – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 2593-1960

e-mail
: alfredo.ntg@terra.com.br
Home page
:
www.filologia.org.br/alfredo/alfredo.html

 

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ORIGEM E PERMANÊNCIA DO GALEGO

Os primórdios

As línguas românicas ou neolatinas originaram-se do latim falado, também chamado latim vulgar ou corrente. A língua escrita continuava sendo o latim que tinha como modelo o latim clássico dos escritores latinos. A Península Ibérica deixou de pertencer ao domínio do Império romano no séc. VI, depois de que tribos de invasores dos chamados bárbaros do norte ocuparam o território. Essas tribos eram guerreiras e viviam da pilhagem nos lugares que ocupavam. Algumas dessas tribos se radicaram na Península, entre elas a dos suevos, que ocupou aproximadamente a província romana da Galaecia, atual Galiza, expandido-se também pelo norte de Portugal e territórios limítrofes do Estado espanhol. O reino suevo durou do ano 409 ao ano de 585, quando foi anexado ao reino visigodo e assim permaneceu até o ano de 711 quando a Península foi invadida pelos árabes.

A Reconquista

Os cristãos, logo que se reorganizaram, empreenderam a luta contra os muçulmanos para expulsá-los da Península. Esta luta, chamada Reconquista, foi levada a cabo por pequenos reinos cristãos formados no norte da Península que foram empurrando os árabes para o sul, mas a expulsão total da Península durou quase 800 anos.

Galiza e Portugal

Do reino de Leão faziam parte a Galiza e o norte de Portugal. O rei Afonso VI de Leão doou a um genro o Condado da Galiza e a outro o Condado Portucalense. Em 1139, Afonso Henriques, ao herdar o seu condado, tornou-o independente da coroa de Castela e Leão e assim nasceu o reino de Portugal, que continuou ampliando seu território para o sul a custa das conquistas aos mouros. A Galiza permaneceu unida ao reino de Leão e Castela, reino que posteriormente se integrou na Espanha.

O galego-português

Os reinos cristãos da Península continuaram usando o latim, mas cada vez mais modificado na língua falada, inclusive entre os próprios cristãos. Assim foram os chamados romanços, que deram lugar às línguas românicas.

Na parte mais ocidental da Península desenvolveu-se o romanço galego, que se prolongava por Portugal e que foi mais conhecido como galego-português. Nessa língua, do séc. XIII ao XV, foram escritas cantigas inspiradas na literatura provençal, que são conhecidas como cantigas de amor, cantigas de amigo e cantigas de escárnio e maldizer. Estas cantigas foram conservadas em cancioneiros e são os primeiros testemunhos literários da língua escrita, pois o latim ainda era a língua oficial. Participavam na poesia dos Cancioneiros poetas galegos e portugueses, embora Portugal já estivesse independente, o que prova que a língua era a mesma. Participavam também poetas de outras partes da Península, mas a língua era o galego-português que naquela época era a língua da lírica peninsular.

 

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O português e o galego

As elites portuguesas deslocaram-se para o sul, onde suas tropas aumentavam o país, conquistando territórios aos muçulmanos. Com a tomada de Lisboa (1147), a capital do reino foi estabelecida nesta cidade. No sul do país, a língua sofreu a influência dos moçárabes, que era a fala dos cristãos que permaneceram vários séculos sob o domínio árabe.

Trovadores de Portugal e da Galiza, no final do séc. XII e nos sécs. XIII e XIV, participaram ativamente na composição de cantigas de inspiração provençal. Esses trovadores usavam o galego-português, uma língua de compromisso que era também conhecida como a língua da lírica peninsular, pois nesse período literário participavam trovadores de outras regiões da Península. A partir do final do séc. XII, o português começou a ser usado em documentos oficiais, passando assim a substituir o latim como língua da corte. No séc. XV, com a publicação de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, teve início o período do português moderno. Portugal levou sua língua às diversas terras que descobria e conquistava.

Trajetória do galego

O Condado da Galiza permaneceu fazendo parte do reino de Leão e Castela que, a partir do séc. XV, passou a constituir Espanha, país que escolheu como língua nacional a língua de Castela ou castelhano que desde então também se chama espanhol. É a língua oficial de todos os reinos que constituíram o território espanhol e dos territórios descobertos e conquistados por Espanha, como ocorreu com o português nas suas colônias.

O galego, assim como as línguas pertencentes às antigas regiões do Estado espanhol, continuou se praticando oralmente, pois a língua oficial era o castelhano. O galego permaneceu, desde o século XV ao séc. XIX, quase sem cultivo literário, porque a modalidade de língua escrita era privilégio do espanhol, mas continuou sendo a língua falada no território galego, sobretudo na área rural.

No séc. XIX eclodiu na Europa o movimento romântico, movimento que, entre outras características, valorizava as raízes nacionais da Idade Média. Como identidade nacional, a língua foi valorizada e, no caso do galego, ganhou o status de língua literária. Nessa época surgiu uma plêiade de literatos em língua galega, entre eles Rosalia de Castro, Curros Enríquez e Francisco Añon.

A guerra civil espanhola

Em 1936 teve início a Guerra Civil Espanhola que durante três anos ensanguentou a Espanha e teve como consequência um governo ditatorial que durou até 1975. Durante esse período foi reprimido o uso das línguas regionais porque se considerava que tinham conotações separatistas. Nesse período, o galego continuou praticamente como língua falada. Em 1982 foi promulgada a nova Constituição Espanhola que transformou as antigas regiões em comunidades autônomas, entidades com certo grau de autonomia, e deu às comunidades com língua própria, o poder de usá-la dentro da comunidade, paralelamente ao espanhol, que é a língua do todo o Estado.

 

 

O galego hoje

Rádios, televisões e jornais usam o castelhano, na sua grande maioria. Existe uma televisão galega, algumas rádios e um jornal diário impresso, Galicia Hoxe, além de outras publicações impressas e virtuais. Os grandes jornais galegos usam o castelhano, embora publiquem entrevistas e alguns artigos em galego. Depois da entrada em vigor da nova constituição espanhola, a comunidade autônoma da Galiza procurou padronizar a língua galega e, em 1982, publicaram-se as Normas ortográficas e morfolóxicas do idioma galego. Esta tentativa de padronização foi elaborada por duas entidades dedicadas ao estudo da língua: A Real Academia Galega e o Instituto de Lingua Galega. Estas Normas não foram unanimemente aceitas pelos estudiosos da língua, embora fossem aprovadas e oficializadas pela Xunta de Galicia. Houve, e ainda há, grande oposição às Normas porque muitos as consideram influenciadas pelo castelhano. Há uma entidade dedicada ao estudo da língua, a Asociaçom Galega da Língua (AGAL) que defende uma aproximação do galego ao português, sustentando que é uma língua só.

Enquanto isso, a comunidade vive no bilinguismo, sem preconceitos, pois, todos ou quase todos conhecem, pelo menos passivamente, as duas línguas. Não é raro dirigir-se a um falante numa língua e ele responder normalmente na outra.

O Parlamento Galego aprovou por unanimidade  a obrigatoriedade de 50o do conteúdo do ensino na Galiza fosse ministrado em galego, porém, recentemente houve câmbio de governo na comunidade galega e voltou-se a agitar o problema linguístico. O que se observa é que o problema da língua na Galiza é usado mais como instrumento político do que elemento de compreensão do povo, problema que praticamente não existe.

As discussões em certos meios galegos prosseguem Esperamos que se entendam. O muito bom saber as duas línguas. O galego pela tradição e folclore e o espanhol pelo seu universalismo, assim como o português, que para os galegos e até para os espanhóis de outras comunidades é bastante fácil e todos podemos ganhar culturalmente.

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Xunta de Galicia – Portal Educativo

www.edu.xunta.es

Portal Galego da Lingua - AGAL

www.agal-gz.org/index.

Instituto da Lingua Galega - USC

www.ilg.usc.es

 

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Linguagem figurada

Alterações fonéticas conhecidas por

METAPLASMOS

Alguns exemplos de evolução de palavras do latim ao português

Por aumento:

Prótesestare > estar;  scutu > escudo

Epêntesestella > estrela;  umero > ombro

Paragoge ante > antes

Por supressão:

Aférese acume > cume;  episcopu > bispo

Síncope legale > leal;  legenda > lenda;   malu > mau

Apócope mare > mar; amat > ama;  male > mal

Crase pede > pee > pé;  colore > coor > cor

Por transposição:

Metátese pro > por;  semper > sempre;  inter > entre

Hipérteseprimariu > primairo > primeiro;  fenestra > festra > fresta

Hiperbibasmo (mudança da sílaba tônica):

Por sístolepantânu > pântano;  idólu > ídolo

Por diástole límite > limite;  pônere > ponere > poer > pôr

Por transformação:

Vocalizaçãonocte > noite;  regnu > reino;  multu > muito

Consonantização – iam > já;  Iesus > Jesus;  uacca > vaca

Nasalizaçãonec > nem;  mihi > mim;  bonu > bom

Desnasalizaçãoluna > lua;  bona > boa;  põer > pôr

Assimilação ipsu > isso;  auru > ouro;  nostro > nosso;  persicu > pêssego;  captare > cattar > catar

Dissimilação liliu > lírio;  rotundo > rodondo > redondo

Sonorização capio > caibo;  lupu > lobo;  civitate > cidade;  cito > cedo;  aqua > água;  acetu > azedo;  profectu > proveito;  caballu > cavalo;  faba > fava;  populu > pobo > povo

Palatalizaçãovenea > vinha;  junio > junho;  folia > folha;  video > vejo;  pluvia > chuva;  oculu > oclo > olho

Assibilação – capitia > cabeça;  ratione > razão;  audio > ouço;  judicio > juízo

Ditongaçãomalo > mao > mau;  arena > area > areia

Monotongaçãofructu > fruito > fruto;  auricula > orelha;  lucta > luita > luta

Apofoniain + aptu > inepto;  in + barba > imberbe;  sub + jactu > sujeito

Metafoniadebita > dívida;  tepidu > tíbio

 

 

 Exercício

 Nomeie as seguintes alterações fonéticas:

1 – dolore > dolor > door > dor_____________

______________________________________

2 – oculu > oculo > oclo > olho ____________

______________________________________

3 – acume > agume > gume _______________

______________________________________

4 – filiu > filio > filyo > filho______________

______________________________________

5 – invidia > invedia > invedya > inveja ______________________________________

6 – lacuna > lacona > lagona > lagõa > lagoa__

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7 – operariu > operario > oberario > obrario > obrairo > obreiro ________________________

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Opiniões sobre Poesia

AUTOPSICOGRAFIA

Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.

 

Marquês de Maricá

Os poetas têm feito maior mal à espécie humana com as suas fábulas e ficções do que filósofos com as suas teorias e abstrações.

Máximas.

Miguel de Cervantes

Si el poeta fuera casto en sus costumbres, lo serían tam-bién sus versos; la pluma es lengua del alma; cuales fueren los conceptos que en ella se engrendaren, tales serán sus escritos.

Don Quijote, Parte Segunda, Cap. XVI.