Ano 2 - No 3 - Rio de Janeiro, maio de 1997. Publicação bimestral.

Com a pontualidade costumeira, cá estamos de novo para manter contato com vocês, estudiosos de Filologia, Lingüística e línguas em geral, não só dos arraiais fluminenses como do resto deste imenso País e alhures. A partir de agora começam a pipocar nas nossas faculdades de letras diversos cursos, congressos, seminários e eventos semelhantes. Não é preciso enfatizar a importância destas atividades, que atestam a vida e pujança da ciência da linguagem entre nós. É de lamentar apenas o amadorismo e a política de campanário que ainda persiste na organização de algumas dessas realizações, o que faz com que quase passem em brancas nuvens, até mesmo nos meios acadêmicos, a despeito dos ilustres convidados internacionais, às vezes até em detrimento da prata da casaM. Enfim, nem tudo é perfeito e todos estamos aqui para aprender, não é?

Revista Philologus7

Está em fase de distribuição o número 7 da Revista Philologus, órgão principal do CiFEFiL. Neste número encontramos um artigo intitulado A crítica genética: uma disciplina nova ou o avatar moderno da Filologia? de Jean-Louis Lebrave, traduzido por Maria Antônia Costa Lobo. É um trabalho extenso, meticuloso, elucidativo e muito bem documentado, que será concluído no próximo número. Ficamos esperando, com ansiedade.

O segundo artigo tem o título de Dicionário Brasileiro de Fraseologia: uma amostra do estado atual. Nele, José Pereira da Silva informa-nos sobre o vasto trabalho que está realizando juntamente com uma equipe de estagiários, sobre a fraseologia brasileira. Co-mo amostra, apresenta aqui as frases feitas que encontraram referentes ao verbete CÃO. A julgar pela amostra, vem muita coisa boa por aí.

Seguindo a ordem de apresentação, deparamo-nos com A estranha linguagem dos documentos jurídicos. Nele, a autora, traz à tona algumas amostras da pouco conhecida e algo hermética linguagem jurídica, geralmente permeada de latinismos, quase sempre desnecessários, como ela bem demonstra. Mas o pior é a pobreza do vernáculo de muitos desses documentos, donde a autora retirou diversos trechos, que analisou magistralmente do ponto de vista do português padrão. Não deixe de ler.

Homenagem

Homenageamos neste número o ilustre pesquisador de textos arcaicos, Leodegário de Azevedo Filho, homem dedicado particularmente aos estudos camonianos, tema sobre o que publicou diversas obras que lhe granjearam grande prestígio dentro e fora do Brasil. Comenta-se que é candidato a uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Sem dúvida que é um candidato de peso. Nossos votos de sucesso.

Reunião do CiFEFiL

No dia 26 de abril reuniu-se o CiFEFiL, na casa de seu Presidente Prof. José Pereira da Silva, contando com bom número de membros. Depois da discussão de assuntos administrativos, passou-se ao mais importante que foi a decisão de realizar no mês de novembro vindouro um Congresso Nacional de Filologia e Lingüística. Maiores detalhes serão amplamente divulgados.

A próxima reunião do CiFEFiL será realizada no dia 21 do próximo mês de junho. O local será comunicado com antecedência.

Ignorantia juris non excusat.

O problema da língua internacional é a colaboração do redator da presente publicação, Alfredo Maceira Rodríguez. Procuramos mostrar a luta do homem em busca de um língua comum, desde o episódio bíblico da Torre de Babel até os nossos dias. O problema está longe de ser resolvido, embora a praticabilidade do esperanto pareça ser a solução lógica ideal. Leia e opine.

O último trabalho neste número intitula-se Provérbios medievais em latim e é de autoria de Alfredo Álvaro de Bragança Júnior. Se os provérbios já naturalmente despertam interesse e curiosidade em qualquer língua, imagine os do latim medieval de uma época tão conturbada e que tanto tem a ver com nossa cultura. Não vou adiantar nada para não lhe tirar o prazer da leitura. Comprove e depois me conte.

Non scholae, sed vitae discimus.

I Painel de Culturas Emergentes

Realizar-se-á na FFP (Faculdade de Formação de Professores) da UERJ de São Gonçalo, Rua Dr. Francisco Portela, 784, Paraíso São Gonçalo (RJ), de 19 a 23 deste mês de maio, a partir das 18h30, um evento intitulado I Painel de Culturas Emergentes, com amplo e variado programa. Nosso interesse centra-se na contribuição lingüística dessas culturas.

Exposição sobre a galiza

Ainda relacionada ao curso de galego de que falamos acima, realiza-se na Biblioteca da Faculdade de Letras da UFRJ uma exposição sobre a cultura galega. Consta de material diverso sobre turismo, folclore, etc.

Filologia no Brasil

Antenor Nascentes, historiando a Filologia no Brasil, divide-a em quatro períodos, que assim dividiu e denominou: embrionário - dos primórdios da cultura brasileira até 1835; empírico - que abre com a publicação do Compêndio da Língua Nacional, de autoria de um gaúcho. A. A. Pereira Coruja, a quem igualmente cabe o mérito de fundador da Dialetologia Brasileira, com a sua Coleção de Vocábulos e Frases Usados na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, editado em 1852; o período gramatical principia em 1881 com a Gramática Portuguesa de Júlio Ribeiro, e termina em 1939, ano da fundação da Faculdade Na-cional de Filosofia, quando então começa o período científico. Este último não foi tratado pelo Prof. Antenor Nascentes, pois os seus Estudos Filológicos (1a série, Rio, ps. 21 a 45) são de 1939.

Esta primeira fase do quarto período ninguém a representa melhor do que Serafim da Silva Neto. Inicia com uma obra de nível universitário: Fontes do Latim Vulgar (O Appendix Probi), Rio, 1938, delineando já um programa inteiro de ação e carreando material para a sua história da língua portuguesa, segundo métodos rigorosamente científicos.

VEIGA, Albino de Bem. In: Estudos Filológicos: Homenagem a Serafim da Silva Neto. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967.

Curso do CiFEFiL

Está sendo realizado na Biblioteca Nacional da Faculdade de Letras da UFRJ (Coleção Celso Cunha), sob os auspícios do CiFEFiL, o curso Introdução ao galego moderno. O curso está despertando grande interesse nos meios acadêmicos, havendo propostas para sua repetição e para a realização de outros semelhantes. O interesse se explica pelo progresso do galego como língua moderna da Comunidade Autônoma da Galiza e pela conscientização de sua importância, assim como pela sua afinidade com o português. Por paradoxal que pareça, quase só havia entre nós estudos sobre a cultura e língua galegas do período trovadoresco, que embora muito meritórios, clamavam pelo estudo da língua galega, atualmente oficializada e padronizada, porém parece que agora chegou sua vez.

Enviem colaborações e críticas. Penhoradamente agradecemos. ›››››››››››