Ano 2 - No 4 - Rio de Janeiro, julho de 1997 Publicação bimestral

Segundo o calendário, estamos no inverno 6, mas os deuses parece que se esqueceram de mandar um friozinho para as plagas fluminenses, o que parece que não preocupa à maioria de seus habitantes. O frio parece muito bonito na televisão ou no cinema, porém nestas bandas muitos preferem as praias, apesar de seus problemas e dos perigos que costumam oferecer. Mas deixemos o tempo em paz e vamos ao que interessa. Aproximam-se as curtas férias do meio do ano. Alguns hão de preferir passá-las viajando, mas outros já se preparam para os muitos eventos científico-culturais que terão lugar no segundo semestre do ano. Os membros do CiFEFiL já nos preparamos para o I Congresso Nacional de Lingüística e Filologia, na FFP (Uerj) de São Gonçalo. É verdade que o evento só ocorrerá em novembro, mas não convém deixar para a última hora. Não acham? É bom aderir logo e preparar-se para participar. A Lingüística e a Filologia nacionais agradecem J.

V Seminal - Seminário de Linguagens da FFP - S. Gonçalo
Sob o tema Avaliação, Discurso e Poder, realizar-se-á este V Seminário nos dias 15 a 19 de setembro de 1997, coordenado pela Profa Nadir Rocha de Oliveira e pelo Prof. Flavio García.
Informativo DL,
junho, 1997.

Nomes dos dias da semana
   Que tal recordarmos a origem dos nomes dos dias da semana nas línguas neolatinas? Encontram-se nestas línguas quatro formas diferentes de denominação. Três delas com base na semana introduzida em Roma pelos astrólogos caldeus, que associavam os dias da semana a um planeta ou a um deus com ele relacionado: Saturnus, Sol, Luna, Mars, Mercurius, Jupiter e Venus. O Saturnus dies passou a ser chamado sabattum, termo de origem hebraica. O Solis dies foi substituído por dies dominicus.    No séc IV começa uma luta contra os nomes dos deuses pagãos. Na Península Ibérica atribui-se a São Martinho, bispo de Braga, (séc VI), a introdução da semana eclesiástica em Portugal. A semana portuguesa ori-ginou-se, assim, no latim me-dieval, enquanto nas demais línguas da România foi adotada a semana astrológica ou híbrida: 
Latim medieval Português
(dies) dominicus domingo
secunda feria segunda-feira
tertia feria terça-feira
quarta feria quarta-feira
quinta feria quinta-feira
sexta feria sexta-feira
sabattum sábado

Homenagem
Homenageamos hoje um dos mais destacados filólogos brasileiros, embora infelizmente pouco lembrado nos dias de hoje, em que pese sua vasta obra filológica, publicada no Brasil e no exterior. Referimo-nos ao insigne Professor Cândido Jucá (filho). 

O galego mantém a forma feira, alternando com as formas predominantes no galego padronizado: segunda feira (luns), terza feira (martes), carta feira (mér-cores), quinta feira (xoves) e sexta feira (venres). Sábado e domingo não alteram.
Em outras línguas românicas adotou-se a chamada semana hí-brida (semana astrológica com inovações cristãs: sábado e domingo). Há três tipos de formação destes nomes:

1) Tipo Veneris dies
Francês Italiano
dimanche domenica
lundi lunedì
mardi martedì
mercredi mercoledì
jeudi giovedì
vendredi venerdì
samedi sabato
2) Tipo Veneris
Espanhol Romeno
domingo duminicã
lunes luni
martes martsi
miércoles miercuri
jueves joi
viernes vineri
sábado sîmbãtã
3) Tipo dies Veneris
Provençal Catalão
dimengue diumengue
diluns dilluns
dimartz dimars
dimercres dimecres
dijous dijous
divenres divenres
dissapte dissapte

CiFEFiL - Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos

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O FILÓLOGO DE PLANTÃO
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I Congresso Nacional de Lingüística e Filologia
Terá lugar de 10 a 14 de novembro de 1997, na FFP (Uerj) de São Gonçalo o I Congresso Nacional de Lingüística e Filologia, organizado pelo CiFEFiL. Maiores informações pelos telefones e e-mails do CiFEFiL.Veja o folder anexo. Se não o recebeu, queira solicitá-lo. Vá preparando a sua comunicação. Contamos com você.

Muito mais haveria a falar sobre o assunto, mas o espaço não nos permite. Como deve estar interessado/a, aproveite as férias (re)lendo o Cap. 16, muito bem documentado, do excelente livro de Sílvio Elia: Preparação à lingüística românica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979 (ou ed. posterior, se houver). Essa foi a minha fonte.

I Congresso Internacional de Língua Espanhola
Foi realizado na cidade mexicana de Zacatecas o Primeiro Congresso Internacional da Língua Espanhola. Participaram do evento mais de cem lingüistas, escritores, jornalistas e outros profissionais do meios lingüísticos e de comunicação. Estiveram presentes os Reis de Espanha e os escritores premiados com o Nobel de Literatura, Camilo José Cela e Gabriel García Márquez. Outro prêmio Nobel, Otavio Paz, não pôde comparecer devido a seu estado de saúde, mas enviou uma fita de vídeo com sua participação. Concluíu-se que o espanhol está numa boa fase e que não é grande seu perigo de dispersão, apesar de ser a língua de 21 países com mais de 350 milhões de falantes. Esse perigo, porém, existe como em todas as línguas, principalmente devido ao empobrecimento do léxico e a influência dos modernos meios de comunicação de massa. Segundo o relatório, o saldo do encontro foi muito positivo.
Revista España, maio, 97: 8-9.

Tabus Lingüísticos
Há dois tipos de tabus lingüísticos: próprio e impróprio.
Propriamente, o tabu lingüístico é a proibição de dizer certo nome ou certa palavra, aos quais se atribui poder sobrenatural e cuja infração causa infelicidade ou desgraça.
Impropriamente, o tabu lingüístico é a proibição de dizer qualquer expressão imoral ou grosseira.
O primeiro é mágico-religioso ou de crença, e o segundo é moral ou de sentimento.
Há, todavia, interdição vocabular que, sem ser supersticiosa nem imoral, contra os bons costumes, é-o pelo respeito, pela veneração que se atribui a um ser, a um ato, etc. É ainda aqui tabu de natureza sentimental. Para os homens primitivos, para os homens atrasados ou incultos em geral, há conexão íntima, misteriosa, mágica, entre a palavra e o objeto por ela designado.
Apesar do tabu lingüístico ser fenômeno universal, não é uniforme. Uma palavra pode ser tabuizada num povo e não sê-lo em outro. O tabu também pode ser temporário.

GUÉRIOS, Mansur. Tabus lingüísticos. Rio de Janeiro: Simões, 1956. p. 12-13