fronteiriça
Roupa na corda e cheiro de feijão queimado.
Ferro amarelado a roupa e leite que entorna.
Poemas brotando, querendo fluir.
Livros na estante, cobrando leitura.
Filhos que chegam e espalham calçados.
E brigam por nada, disputando afeto.
Sexo urgente a ser satisfeito.
Cabeça carente de ombro e afago.
Máquina de escrever intrusa entre os pratos, na mesa posta.
Pano-se-prato
esquecido entre os livros, na desarrumada
[estante.
A receita, as compras, a louça na pia.
E os poemas teimosos logrando ter forma.
O gás escapa, o carteiro chama.
E tudo clama por mim.
E eu aqui.