ELEMENTOS PARA UMA NOVA ANTOLOGIA
DA POESIA PROFANA MEDIEVAL GALEGO-PORTUGUESA

Xoán Carlos Lagares (USP)

O porquê de uma nova antologia

A atenção que vem merecendo a cultura e, especificamente, a literatura medieval é cada vez maior. A redescoberta da Idade Média como período fundamental da história do Ocidente, não mais identificado apenas como um grande "buraco negro" entre a Idade Clássica e o Renascimento, se produziu já há várias décadas. Essa visão obscurantista do período medieval é, em parte, responsabilidade dos próprios homens do Renascimento e se arrasta, como lugar comum, com maior ou menor fortuna até os nossos dias. Porém, a importância da cultura medieval para o conhecimento da cultura contemporânea, por se situar naquela época a origem de muitos elementos do nosso próprio imaginário, tem sido reconhecida nas últimas décadas pela Nova História - corrente da pesquisa histórica com inúmeros seguidores no Brasil -, que se interessou pelo estudo de costumes, ideologias e mentalidades que serviram de base ou substrato para todo o Ocidente. Destacam, dentre seus autores mais conhecidos, Jacques Le Goff e Georges Duby. Também importantes teóricos da literatura têm se debruçado sobre os textos do período medieval lançando sobre eles um olhar contemporâneo, como, por citar apenas alguns nomes, Ernst Robert Curtius, Hans Robert Jauss, Hans Ulrich Gumbrecht, Marcel Pastourau, Gianni Vattimo, Umberto Eco ou Paul Zumthor.

No Brasil, o interesse pela literatura medieval e, em concreto, pela lírica dos cancioneiros galego-portugueses tampouco é nova, sendo abundantes os estudos de caráter filológico, sócio-histórico ou literário que sobre os poemas deste período realizaram autores brasileiros, dentre os quais merecem especial destaque os trabalhos de Segismundo Spina, Yara Frateschi Vieira e as edições críticas de Leodegário Azevedo Filho e Celso Cunha. Também na literatura brasileira tem tido um impacto considerável esta tradição peninsular; a retomada do trovadorismo medieval é patente já em textos do Modernismo e pode ser encontrada na obra de quem foi líder e principal representante deste movimento, Mário de Andrade. Nesses poemas neotrovadoristas são utilizadas, com diversa intencionalidade estética, técnicas formais freqüentes nas cantigas de amigo, como a estrutura binária ou o paralelismo, e motivos temáticos da poesia dos cancioneiros medievais, como a expressão da "coita" amorosa, a idealização da mulher ou o orgulho do sofrimento amoroso. Mas essa mesma linha poética é visível também na obra de outros autores brasileiros, como Martins Fontes, Cecília Meireles, Édison Moreira, Hilda Hilst ou Myriam Coeli. É particularmente singular o caso de Manuel Bandeira, quem não apenas atualizou características formais e temáticas da poesia medieval, como ainda em alguma ocasião reproduziu a língua usada pelos trovadores dos séculos XIII e XIV. Recentemente foram publicados um estudo e uma antologia sobre a retomada da Idade Média por autores brasileiros contemporâneos, organizados por Amparo Tavares Maleval.

Mas, como dizíamos no início, a importante influência da cultura e da literatura medieval não é apenas identificável nesses exercícios poéticos de recriação contemporâneos. Uma boa parte da nossa própria experiência amorosa continua se representando sobre os lugares instituídos pelos trovadores medievais e por todos os escritores de inspiração cortês, espaços que ocuparam depois os 'stilnovistas' e que Petrarca assumiu e renovou, projetando-os até os dias de hoje. De outra parte, a influência da literatura medieval, por se desenvolver nas cortes senhoriais, num lugar para além das dicotomias escrita/oralidade e culto/popular, pode se reconhecer também em múltiplas expressões culturais populares da atualidade. Não há como não identificar nas tenções medievais o antecedente comum dos repentes do Nordeste brasileiro e das regueifas galegas. Também o escárnio e o maldizer fazem parte de uma tradição satírica de origem clássica reconhecível tanto na literatura escrita posterior - e que no Brasil tem um dos representantes mais destacados em Gregório de Matos - como na literatura oral de caráter popular.

Neste contexto que vimos de descrever sucintamente, parece-nos que vale muito a pena qualquer esforço por difundir a obra dos trovadores medievais. Neste sentido, há ainda espaço para uma nova antologia que recolha as últimas leituras críticas dos manuscritos hoje comumente aceites, algumas das quais oferecem significativas diferenças com respeito às versões até há pouco tempo mais difundidas. Além disso, os critérios de organização que seguem as antologias até agora existentes, dividindo a produção poética dos trovadores em três grandes gêneros: cantigas de amor, cantigas de amigo e cantigas de escárnio e maldizer (ou "Cancioneiro de Amor", "Cancioneiro de Donas" e "Cancioneiro de Burlas", respectivamente), oferece inúmeros problemas. E isso por vários motivos.

Em primeiro lugar, essa divisão tripartida fora abandonada já de fato pelos organizadores da compilação que reuniu no final do período trovadoresco a produção lírica peninsular, como demonstra o imprescindível estudo do historiador português António Resende de Oliveira, Depois do Espectáculo Trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos sécs. XIII e XIV, publicado em 1993. Na realidade, no segundo nível de formação dos cancioneiros, na metade do século XIV, entrariam na compilação geral das cantigas, que não tinha mais um caráter antológico, cancioneiros individuais inteiros e cancioneiros de grupos de trovadores, dentre os quais Oliveira reconheceu a existência de um antigo Cancioneiro de Reis e Magnates, um Cancioneiro de Jograis Galegos, um Cancioneiro de Clérigos e um Cancioneiro de Cavaleiros. Como resultado desta pesquisa, foi publicada recentemente em Portugal uma nova antologia de poesia medieval galego-portuguesa, organizada por Américo António Lindeza Diogo, em que se utiliza esse critério de organização.

Em segundo lugar, a estreita divisão genérica em cantigas de amor, de amigo e de escárnio e maldizer pode se revelar limitada diante da complexidade compositiva e temática das cantigas, que põem a prova constantemente a própria existência dos limites dentro dos quais eram compostas. Além do mais, a existência, quando menos teórica, doutros gêneros líricos também propostos pelos próprios trovadores e recolhidos na Arte de Trovar, poética fragmentária que se pode achar no começo do Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa, também incide sobre as limitações dessa divisão em três gêneros.

Finalmente, parece-me necessária a publicação no Brasil de uma antologia da poesia medieval galego-portuguesa que, oferecendo todos os instrumentos e informações necessários para fazer possível a leitura dos textos a um público interessado na literatura deste período, valorize sobretudo os poemas e os resgate de uma certa "confidência universitária" ou de uma forma de erudição baseada na sua pretensa "ilegibilidade poética". Do meu ponto de vista, a distância que nos separa do período histórico em que foram compostas as cantigas não torna impossível o diálogo com elas. A língua das cantigas é, segundo Diogo, como um parente longínquo que não vemos desde há muito tempo, que nos resulta estranho mas com quem sentimos apesar de tudo uma certa familiaridade. Essa sensação que partilhamos galegos, portugueses, brasileiros e falantes de português da África ou da Ásia, para quem a língua das cantigas é e, ao mesmo tempo, não é a nossa língua, não nos estorva a capacidade de lermos, com as necessárias informações pontuais, esses textos compostos há mais de setecentos anos.

Em resumo, o ineditismo dessa nova antologia em que estamos trabalhando baseia-se fundamentalmente nos seguintes aspectos:

Uma organização que, evitando considerar a produção poética de um período de mais de cento e cinqüenta anos como um bloco monolítico, tente apresentar uma panorâmica representativa da escola trovadoresca e permita apreciar a evolução de temas e estilos.

A apresentação de cantigas galego-portuguesas nunca antes editadas no Brasil, mas que já foram objeto de numerosos estudos por sua qualidade poética e originalidade. Para tal, será preciso que na seleção tenham cabida tanto as sutis nuanças das razões amorosas (numas cantigas hoje revalorizadas mas que foram injustamente consideradas repetitivas e inferiores a seus modelos provençais), quanto as ironias ou as brutalidades grosseiras dos escárnios e maldizeres (que apesar da sua freqüente genialidade, já foram também escondidas ou negligenciadas em outras antologias por razões moralistas).

Uma edição das cantigas que, incorporando com rigor os resultados das mais recentes pesquisas sobre os manuscritos, permita que possam ser lidas não apenas por especialistas ou estudantes e professores de literatura portuguesa, mas também por leitores de poesia interessados em conhecer as composições deste período histórico.

Critérios de seleção e organização das cantigas

A antologia deverá ser capaz de oferecer uma panorâmica dos principais autores da escola trovadoresca e dos mais importantes temas, mostrando, na medida do possível, a evolução que o tratamento de certos tópicos foi experimentando durante os mais de cento e cinqüenta anos de vida deste movimento cultural. Neste sentido, considero que a organização dos textos deve ser cronológica. Parece lógico seguir um critério temporal se o que se pretende é mostrar a existência de uma evolução nas tendências e no tratamento dos temas, que se manifesta mesmo numa preponderância das cantigas escarninhas e muitas vezes auto-irônicas nos autores das últimas gerações. Por outra parte, a organização cronológica é a única que permite que os autores da mesma geração, aqueles que mantinham um contato direto, participando de tenções nas cortes que visitavam ou de determinadas polêmicas, apareçam juntos na antologia. Para tanto, leva-se em conta o atual estado da questão no referente aos dados biográficos dos trovadores e a proposta de Oliveira sobre as quatro gerações poéticas da lírica galego-portuguesa.

Para conseguir este objetivo abrangente, foram selecionadas cantigas dos seguintes autores:

Afons'Eanes do Coton Afonso Gomez, jograr de Sarria Afonso Lopez de Baian Afonso Mendez de Besteiros Afonso Sanchez Airas Nunez Alfonso X o sábio Bernal de Bonaval Dom Dinis Dom Pedro, Conde de Barcelos Estevam Coelho Estevam da Guarda Fernan Garcia Esgaravunha Fernan Paes de Talamancos Fernan Rodriguez de Calheiros Fernando Esquio Gil Peres Conde Gonçalo Anes do Vinhal Joam Airas de Santiago Joam de Gaia, escudeiro Joam Garcia de Guilhade Joam Soarez Coelho Joam Zorro Joam, jogral morador em Leom Lourenço Martim Codax Martim Moxa Martim Soarez Meendinho Nun'Eanes Cêrzeo Pai Gomez Charinho Pedr'Amigo de Sevilha Pero da Ponte Pero Garcia Burgalês Pero Meogo Rodrigu' Eanes de Vasconcelos Rui Queimado

Para oferecer uma panorâmica representativa dos 160 trovadores e jograis que faziam parte desse movimento cultural, considero suficiente a reprodução de algumas composições destes 37autores. A antologia reproduz quase 90 poemas dos 1680 que compõem os cancioneiros medievais galego-portugueses.

Por último, a antologia também reproduz alguns fragmentos especialmente significativos da "Poética fragmentária" que se encontra no começo do Cancioneiro da Biblioteca Nacional, tomando como referência a edição crítica preparada por Elsa Gonçalves. Esta Poética é o único texto teórico, a única reflexão sobre o "fazer" trovadoresco, contemporâneo das cantigas que pretendemos reproduzir.

Critérios de edição das cantigas

Coerentemente com a idéia de oferecer uma antologia dirigida não apenas a um público especialista (professores e estudantes) na literatura medieval, mas também a leitores de poesia e pessoas interessadas na literatura em geral, optei por uma leve anotação marginal, ao lado do próprio verso, para facilitar a leitura de alguns passos especialmente obscuros do ponto de vista lingüístico para um leitor brasileiro. Pretendo assim não asfixiar o poema entre notas a rodapé e informações prescindíveis. Esta explicação marginal apareceria à direita do verso correspondente, em letra menor e em itálico. As notas a rodapé, usadas com muita parcimônia, destinam-se a chamar a atenção do leitor sobre certas relações temáticas ou mesmo formais entre poemas da antologia, sendo indicadores que permitem percorrer rotas transversais ao longo do livro. Em algumas ocasiões estas relações entre as cantigas são explícitas e têm a ver com o gosto pela recriação dos trovadores, com a própria tensão entre imitação e originalidade que caracteriza a Idade Média - onde o poeta deve ser capaz de inovar, de criar uma voz pessoal, dentro dos rígidos moldes da tradição em que se insere -, e com o modo de transmissão dos poemas, escritos nas cortes nobiliárias para serem representados em espetáculos coletivos, com música e dança. Dividindo os poemas dos diversos autores aparece, junto ao nome do trovador a quem são atribuídos, uma pequena biografia (ao modo das razos provençais), de acordo com o atual estado de conhecimento da questão. Do meu ponto de vista, é importante reproduzir também os pequenos textos em prosa que antecedem algumas cantigas, tradicionalmente denominados "rubricas explicativas", pois quando não funcionam apenas como título são fundamentais para a compreensão das cantigas, sobretudo das satíricas. Para editá-los sigo a minha leitura crítica publicada em E por esto fez este cantar (Sobre as rubricas explicativas dos cancioneiros profanos galego-portugueses) (Santiago de Compostela: Laiovento, 2000).

Quanto à fixação dos textos, seguiu-se o seguinte critério: foi consultada em primeiro lugar a leitura crítica do poema na edição individual da obra desse autor, sempre que existir. As principais edições críticas das cantigas aparecem recolhidas na obra A lírica profana galego-portuguesa, organizada por Mercedes Brea, que se encontra gratuitamente à disposição do pesquisador no site http://www.cirp.es/bdo/med/meddb.html. Seguidamente, esta versão foi comparada com a das edições coletivas de Nunes (Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo), de Lapa (Cantigas de Escarnho e Mal Dizer) e Vasconcelos (Cancioneiro da Ajuda), segundo corresponder. Consultaram-se também as edições paleográficas de Molteni e Monaci, e, finalmente, as reproduções fac-similadas dos manuscritos. A comparação de todas estas edições deu lugar, junto com a consulta do próprio manuscrito, se não a uma nova edição crítica, o qual não é pretensão desta antologia, sim pelo menos a uma edição "criteriosa", usando todos os instrumentos disponíveis para reproduzir a melhor versão possível. Foi preciso também fazer a regularização gráfica dos textos, suprimindo todas aquelas peculiaridades da grafia dos manuscritos não significativas fonologicamente, eliminando assim "ruídos" desnecessários para um leitor de hoje. Este critério, seguido por quase todos os editores portugueses, nem sempre é respeitado por editores da lírica galego-portuguesa da escola italiana ou da espanhola. Os critérios de edição adotados foram os seguintes:

1) Como é habitual em qualquer das edições disponíveis, uniram-se as palavras que nos códices se representam com os seus elementos separados e separaram-se os vocábulos conglomerados, realizou-se uma pontuação interpretativa, distribuíram-se o uso de maiúsculas e minúsculas segundo as atuais normas ortográficas, separaram-se com hífen os pronomes átonos em posição enclítica e marcaram-se com apóstrofe os casos de elisão vocálica. Por não se tratar de uma edição crítica, não marcamos com colchetes as integrações destinadas a resolver lacunas dos manuscritos.

2) Conservaram-se as vogais orais geminadas etimológicas (aa, seer, etc.); as não etimológicas foram transcritas como simples.

3) Para os casos em que ocorrem as vogais i e u em posição consonântica, utilizaram-se as grafias j e v, respectivamente. Transcreveram-se o y como i ou j dependendo de se tinham valor vocálico ou consonântico.

4) Regularizou-se o uso de j + a, o, u e g + e, i para o fonema fricativo pré-palatal sonoro /[/.

5) Representou-se a nasal final com m, como no português atual; em interior de palavra utilizou-se o n, exceto se esta consoante ia seguida de b ou p, ocasião em que se grafou m. A vogal nasal acompanhada de vogal de timbre diferente foi representada sempre com til de nasalidade. Manteve-se, contudo, a oscilação home / homen, pois a convivência de ambos os resultados é característica da língua medieval.

6) Para representar a consoante africada pré-dorsoalveolar surda /ts/ regularizou-se o uso de ç + a, o, u e c + e, i.

7) Suprimiu-se o h anti-etimológico em início de palavra e quando indica a existência de um hiato. Quando representa uma semivogal transcreveu-se i. Foi mantido o h etimológico quando aparece nos manuscritos, e recuperado quando não aparece.

8) Simplificaram-se as grafias consonânticas duplas sem valor fonológico.

9) Manteve-se a vacilação x ~ s, z em posição final de palavra, pois pode ser a expressão gráfica de um momento de instabilidade fonética.

10) Utilizou-se ũa para representar hũa. Para a correspondente forma masculina do artigo indeterminado, que aparece representada graficamente nos mss. das seguintes maneiras: hũu / huun / hũn / hun / , optou-se pela forma mais arcaica, mantendo a vogal geminada sempre que assim o permita a lição do códice: hũu e huunũu; , hũn e hunun.

Reproduzo a modo de exemplo a conhecida cantiga de amigo de Meendinho, tal e como apareceria na antologia, recolhendo as propostas de Tavani referentes à forma do refrão:

Meendinho

Nada se sabe sobre este extraordinário poeta medieval, de quem os cancioneiros apenas recolhem um única cantiga de amigo, pois não se conserva nenhuma documentação que permita situá-lo cronológica ou geograficamente. Levando en conta o lugar que ocupa nos cancioneiros, datou-se a sua produção na segunda metade do século XIII. Devia ser um jogral galego, devido à referência à ilha de São Simão, situada na ria de Vigo, ao sul da Galiza.

Sedia-m' eu na ermida de Sam Simiom estava e cercarom-mi as ondas, que grandes som: eu atendend' o meu amigo. E verrá? esperando Estando na ermida ant' o altar, cercaron-mi as ondas grandes do mar: eu atendend' o meu amigo. E verrá? E cercaron-mi as ondas, que grandes som, nom hei i barqueiro, nem remador: eu atendend' o meu amigo. E verrá? E cercarom-mi as ondas do alto mar, nom hei i barqueiro, nem sei remar: eu atentend' o meu amigo. E verrá? Nom hei i barqueiro, nem remador, morrerei eu fremosa no mar maior: mar bravo eu atendend' o meu amigo. E verrá? Nom hei i barqueiro, nem sei remar, morrerei eu fremosa no alto mar: eu atendend' o meu amigo. E verrá? (B 852 / V 438)

Estrutura da antologia

A antologia consta das seguintes partes:

1. Introdução. O texto introdutório de uma antologia das características aqui descritas deve, de meu ponto de vista, oferecer algumas informações básicas sobre o período histórico em que foram compostas as cantigas, sobre as condições em que se desenvolvia a atividade cultural naquela época - incidindo na particular relação entre escrita e oralidade própria da "cultura dos manuscritos" -, sobre os princípios filosóficos, sociais e mesmo retóricos que condicionavam a composição dos poemas, e, finalmente, sobre a língua em que estão escritos. A nota lingüística deve poder oferecer os elementos básicos para a compreensão das cantigas, no referente sobretudo às características fonético-fonológicas que incidem na representação escrita e às particularidades morfológicas. A clareza na apresentação desses dados contribui para aliviar o peso das anotações marginais dos poemas. Também nesse capítulo introdutório oferece-se um breve glossário

2. Fragmentos da “Arte de Trovar”. A modo de introdução, foram selecionados alguns fragmentos representativos dessa poética medieval, segundo a edição fixada por Elsa Gonçalves.

3. Textos. Como já foi visto, propõe-se uma leve anotação marginal, ao lado do próprio verso, para facilitar a leitura de alguns passos especialmente obscuros do ponto de vista lingüístico para um leitor brasileiro.

4. Bibliografia geral. Esta bibliografia pretende oferecer um compêndio das principais edições coletivas existentes da lírica medieval galego-portuguesa e dos mais esclarecedores estudos realizados até o momento sobre o tema.

5. Índices. Considero extraordinariamente útil a presença numa antologia destas características de, pelo menos, dois índices que permitam ao leitor localizar facilmente qualquer texto ou autor recolhido.

5.1. Índice de primeiros versos

5.2. Índice de trovadores