Hierotoponímia portuguesa
os
nomes de Nossa Senhora

Patricia de Jesus Carvalhinhos (USP)

 

Introdução

Dentro da temática maior desta mesa, Da Lexicologia à Terminologia: Percursos – II, cremos ser de bom alvitre inserir nosso trabalho nesse contexto não somente a fim de justificar a opção pelo tema da presente comunicação, como também para ilustrar o caminho que se percorre teoricamente da Lexicologia à Terminologia na Onomástica, considerando o direcionamento que vem sendo dado a esta ciência dentro da Universidade de São Paulo pelos estudos de Dick e por todo seu grupo de pesquisa, usuários de seu método e de seu modelo científico.

Não é nosso objetivo, contudo, fazer um retrospecto dos estudos onomásticos (leia-se a realização de estudos em sua dupla vertente, nomeadamente Toponímia e Antroponímia) dentro da Universidade de São Paulo, mesmo porque este histórico já tem sido amplamente divulgado, em várias oportunidades, por Dick (Cf. DICK, 1990b: 1-9 e 1994: 435-6). O que nos cabe retratar em poucas palavras é um fato relacionado à própria essência atual dos estudos onomásticos na USP: a par da tipologia tradicional de estudos toponímicos cujo método e modelo teórico já estão consagrados em projetos da subárea Toponímia (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP), como o ATB e sua variante regional, o ATESP, e vêm obtendo resultados igualmente notáveis em outras variantes regionais do ATB (Alagoas, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais), a par dos estudos tradicionais há uma nova vertente explorada em inúmeras dissertações e teses, ilustrando com essa prática acadêmica o extenso leque de opções que se abriu para a Onomástica na Universidade de São Paulo a partir dos anos 90, quando Dick alargou a própria concepção da disciplina e fez da interdisciplinaridade o mote de suas pesquisas e da de seus discípulos, vivenciando, na prática, o verdadeiro sentido contido na definição de Dorion para Toponímia (apud DICK, 1990), ciência carrefour.

Neste sentido, podemos dizer que em estudos realizados para a confecção de Atlas toponímicos o pesquisador elege uma determinada área geográfica da qual se depreendem possíveis camadas lingüísticas e as motivações denominativas (DICK, 1980), configurando dentro do território físico um mapeamento dos motivos semânticos dos nomes de lugar (as taxionomias toponímicas), além de poder obter vários outros dados importantes – idade e etnia dos topônimos; preservação de formas arcaicas de língua; preservação de fatos sociais desaparecidos. Por outro lado, também existe a possibilidade de calcar o estudo toponímico em uma única taxe que se apresente dentro do recorte geográfico, verificando, a fundo, determinados fatores ambientais (taxionomias de natureza física) ou culturais (taxionomias de natureza humana) presentes nesse espaço geográfico determinado.

 

A hierotoponímia portuguesa

Das taxes de natureza antropocultural, a hierotoponímia é definida como a que arrola os nomes sagrados aplicados aos lugares. Por um estudo com essa única taxe, o pesquisador pode explorar e investigar não só a religiosidade de um povo mas também, de acordo com a área geográfica em questão, vários sistemas de crenças superpostos numa perspectiva diacrônica, como é o caso de Portugal, nosso objeto de estudo[1].

Nossa principal proposição ao levantar hierotopônimos em Portugal que se referissem a Nossa Senhora foi investigar por que uma única entidade sagrada recebe tantas denominações (referimo-nos ao nome específico, que a Igreja denomina título), além de tentar criar, na medida do possível, tipologias que congregassem os vários núcleos semânticos contidos nos títulos de Nossa Senhora. Essas tipologias foram absolutamente necessárias para que se evidenciassem as relações semânticas dentro dos sintagmas toponímicos.

Neste ponto, percebe-se um dos motivos pelos quais a Toponímia é considerada por Dick como uma linguagem de especialidade, configurando uma terminologia: nosso percurso de estudo começou em um signo de língua aplicado a uma entidade sagrada; esse signo não é o mesmo quando aplicado a um lugar, pois, metonimicamente, objetiva emprestar parte do conteúdo sêmico original ao termo derivado (topônimo) sem, contudo, equivaler-se-lhe quanto ao sentido. Do ponto de vista etnolingüístico, a visão de um determinado grupo humano ao designar um lugar qualquer por um nome sagrado implica a evocação de proteção ao lugar referido e, por extensão, ao grupo que o habita. Esta perspectiva era a mesma quando as pessoas recebiam o nome do “santo do dia” no calendário católico, há pelo menos dois séculos, pois segundo Leite de Vasconcelos (1928) a crença era que no ato do batizado, ao receber o nome de um santo (o padrinho) havia transubstanciação do padrinho celeste no padrinho terreno, assegurando ao novo cristão a proteção daquele santo ou entidade, seu homônimo.

Retomando a questão da hierotoponímia, tivemos de entender primeiramente o próprio título aplicado a Nossa Senhora, fosse ele atribuído pela Igreja, fosse ele espontâneo. Obviamente, há diferenças entre essas duas categorias de denominações, mesmo porque muitos dos hierotopônimos que se referem a Nossa Senhora em Portugal não correspondem, absolutamente, a títulos oficiais de Maria na Igreja Católica. A par do título propriamente dito (exemplificativamente, em Nossa Senhora das Graças o título é representado pela lexia Graças), há também outras formas de chamamento para Maria. Atualmente, a própria Santa Sé, através do site[2] do Vaticano na internet (www. vatican. va) relaciona vários títulos para Maria: advogada, Mãe de Deus, Mãe da Igreja, mediadora, Ícone escatológico da Igreja, Mãe do Lar, a Nova Eva, entre outros. Esse dado foi importante porque a grande maioria de nosso corpus, de 1195 hierotopônimos referentes à entidade, traz não a forma Nossa Senhora cujo uso é muito difundido no Brasil, mas apenas Senhora. Sobre tal dado, acreditamos que a forma composta difundida no Brasil, pelo uso gramatical do possessivo nossa, acaba criando um elo entre o eu discursivo, enunciador, e o objeto enunciado, a senhora. Este elo, que gramaticalmente denota relação ou posse, diminui a distância entre enunciador e objeto, sendo mais íntimo, a nosso ver, que o termo Senhora ou Virgem Maria.

As análises efetuadas com o corpus seguiram os mesmos critérios metodológicos adotados por estudos que resultam em Atlas toponímicos, ou seja, os dados foram tratados tanto no perfil quantitativo quanto semântico-qualitativo. Naquele momento, como não era um de nossos objetivos averiguar a distribuição geográfica exata dos hierotopônimos no território, nos bastou a análise numérica por regiões (norte/centro/sul) para as conclusões, o que não significa que, oportunamente, esses mesmos dados venham a constituir elementos em cartas toponímicas dentro do âmbito de um Atlas.

Sobre a análise semântica, tentamos realizar uma subcategorização semântica que houvera motivado, em primeira instância, a invocação ou o título de Nossa Senhora, isto é, seu específico. Essa subcategorização foi absolutamente necessária porque do ponto de vista das taxionomias toponímicas todos os topônimos Senhora (forma mais difundida na toponímia portuguesa) ou Nossa Senhora estão incluídos na taxionomia hierotopônimo, pois todos são topônimos que se referem a um nome sagrado. Por este motivo, podemos agrupar os hierotopônimos de acordo com seu segundo elemento já que o primeiro elemento do sintagma expressa a relação entre os actantes (Senhora + de + invocação ou Nossa + Senhora + de+ invocação). Gramaticalmente, senhora é um substantivo que pode ser, dentro de um contexto dialógico, um vocativo; a preposição de, por sua própria natureza semântica, pode expressar “relação atributiva possessiva que era expressa pelo genitivo latino” (Dicionário Aurélio Eletrônico), assim como origem, pertinência, natureza, qualidade, índole, entre outros; ao relacionar um substantivo (Senhora) a outro substantivo (Senhora dos Navegantes, por exemplo), ou adjetivo, estabelece distintos tipos de relação que depende muito da classe gramatical do segundo elemento do sintagma, a invocação, que é realmente o nome da Senhora. Portanto, para tentar entender a motivação da denominação de um hierotopônimo português e todos os fatores implicados nessa escolha que não passa somente por um crivo subjetivo ou religioso, era necessário entender primeiro a motivação da própria invocação.

Quanto aos lugares que recebem como denominação Senhora/Nossa Senhora verificamos dois tipos distintos de denominação: uma, pontual, é descritiva, isto é, ocorre quando hierotopônimos são aplicados a igrejas e capelas, geralmente indicam a qual santo, santa ou invocação de Maria foi erigido o templo. O outro tipo de motivação pode ser considerado mais subjetivo e encerra uma homenagem ou pedido de proteção, como no caso de hierotopônimos aplicados a povoados e cidades, desde que a motivação da nomeação seja estabelecida pelo próprio denominador, e não por órgãos governamentais. Denominando locais de devoção (motivação mais pontual, descritiva) temos 809 ocorrências; 67, 7% do total de hierotopônimos levantados denomina templos e locais de culto. Os 36, 3% restantes são hierotopônimos aplicados como homenagem aos demais acidentes antrópicos de finalidade não religiosa (não são lugares de culto) e físicos.

Ao longo da pesquisa observamos que seria possível agrupar os hierotopônimos segundo termos ou expressões para a qual convergem, semanticamente, todas as invocações. Em cada uma das expressões que podem ser encaradas como campos semânticos temos dois elementos passíveis de relação entre si: de um lado o denominador e do outro o elemento sagrado invocado pelo topônimo; este funciona, portanto, como um intermediário entre os dois.

A interpretação semântica dos dados nos revelou que muitos dos hierotopônimos em Nossa Senhora não são invocações ou títulos reconhecidos pela Igreja e podem apenas configurar alguns casos reduzidos àquelas mencionadas expressões semânticas que por vezes congregam vários títulos diferentes, como o estado do devoto (Senhora dos Aflitos), moléstias ou estados de espírito (Senhora do Fastio[3]), objetos ou outros fatos sagrados, lugares (referência a povoados, cidades, lugares de culto ou aparição) e arquétipos físicos (pedras, plantas, mata, rios etc.). Não apenas a religiosidade ou devoção aparecem expressos nessas relações semânticas, mas há sobretudo dois pontos que queremos destacar: a particularização da entidade divina (estabelecendo relação com um topônimo já existente) e a referência a elementos da natureza.

Sobre a particularização da entidade, um autor (ESPÍRITO SANTO, 1988: 29) afirma que o deslocamento da devoção a partir do local de origem gera novos topônimos, mas a divindade não é a mesma – são cópias ou procuradoras da original. Como exemplo menciona a Senhora de Fátima, original da Serra de Aire (A. F., distrito de Santarém); as demais Senhoras de Fátima que estejam espalhadas por Portugal (ou fora dele) são suas “procuradoras”. Devemos observar que, se no cunho religioso uma Senhora de Fátima é diferente da outra porque se encontra em um local diverso de seu culto original, toponimicamente trata-se do mesmo nome, transplantado a partir de seu local de origem, revelando, assim, uma expansão do culto através da repetição do nome em um outro lugar (DICK, 1990).

ESPÍRITO SANTO (1988) faz ainda uma reflexão sobre a relação entre o espaço, o sagrado e o topônimo, que aqui transcrevemos para depois comentar brevemente:

Os topônimos dos cultos são só por si fonte de poder religioso (...). O sagrado depende fundamentalmente do espaço sagrado. O cariz milagroso das senhoras reside no topônimo, exclusivamente no nome e no topônimo. Imagens iguais com o mesmo nome têm sorte diversa, conforme os topônimos: a Senhora da Conceição de Vagos “é muito forte”, a Senhora da Conceição de Carnaxide “já valeu muito e hoje vale pouco” (...) O poder vem-lhe do espaço onde mora, afirma-se ou decresce conforme as conjunturas, os modos de produção e certas tendências gregárias impossíveis de circunscrever. (1988: 30)

Podemos depreender desse exemplo mencionado na reflexão acima que apesar da mesma invocação (Senhora da Conceição), o outro elemento que a une a determinado lugar (Carnaxide) acaba por transformá-la em uma entidade diferente. Esse poder mágico atribuído ao lugar (e que impregna o topônimo) acaba, numa primeira instância, modificando a essência do nome, embora a motivação primeira (a invocação) pareça a mesma. A senhora seria, então, possuidora do território, caracterizando o culto epônimo que, por sua vez, “proporciona uma forte coesão do grupo étnico e social” (Idem, ibidem). Portanto, concluímos que tanto a devoção em si como a própria hierotoponímia contribuem para assegurar uma “identidade clânica” a determinado grupo social.

Outro dado que queremos ressaltar é a criação de hierotopônimos com referência a arquétipos físicos. Segundo Leite de Vasconcelos[4] (1936; 1982), objetos de culto e mesmo festas de Nossa Senhora foram assimilados pela Igreja Católica a fim de encobrir os cultos pagãos com uma roupagem cristã. Vários casos averiguados por nós demonstraram que antes do culto e nome de Nossa Senhora houve, exatamente no mesmo lugar e às vezes seguindo ritual idêntico, cultos pagãos a elementos da natureza. Assim como o rito recebia uma roupagem de acordo com o Catolicismo, também o nome era um novo investimento semântico para uma entidade que não mudava na essência. Podemos exemplificar mencionando algumas Nossas Senhoras existentes na hierotoponímia portuguesa, mas não reconhecidas pela Igreja:

lexias referentes à flora (árvores, formações vegetais): Senhora das Amoras, Senhora do(s) Campo(s), Senhora da Enxara, Senhora da Mata, Senhora da Moita, Senhora dos Olivais, Senhora do Pinhal, Senhora do Prado, Senhora do Sobreiro, Senhora do Tojo.

-lexias referentes a minerais: Senhora do Areal, Senhora das Areias, Senhora da Lage (com esta grafia).

-lexias referentes ao relevo: Senhora do Barrocal, Senhora do Cabo, Senhora do Canto, Senhora da Costa, Senhora da Ladeira, Senhora da Lomba, Senhora da Serra, Senhora do Vale, Senhora do Viso.

-lexias referentes a elementos meteorológicos: Senhora do Ar, Senhora da Estrela.

-lexias referentes à água: Senhora de Entre Águas, Senhora da Fonte, Senhora da Fonte Santa, Senhora da Lagoa, Senhora da Represa, Senhora da Ribeira/o/inha, Senhora do Salto, Senhora das Sete Fontes.

Os tópicos acima apontam basicamente para os quatro elementos da natureza aos quais correspondem a maioria das divindades pagãs, ou seja, terra, ar, água, vegetação. Este dado parece indicar que as Nossas Senhoras que têm relação com elementos da natureza (em geral, indicando o local de uma aparição) devem estar relacionadas semanticamente às antigas deusas, que se manifestavam nas montanhas, nas árvores, nos riachos. O sintagma que expressa o nome da entidade apenas indica o lugar; portanto, a Senhora toma o lugar de onde apareceu ou onde se estabeleceu o culto. Outra conclusão que obtivemos, portanto, foi que neste tipo de ocorrência o nome aplicado às Nossas Senhoras foi um instrumento a mais para mascarar o elemento pagão.

Com a análise quantitativa dos dados confirmamos fatos historicamente determinados como a presença maciça cristã ao norte em detrimento do sul muçulmano. Considerando o país dividido em três grandes regiões, norte, centro e sul[5], obtivemos quase 70% dos hierotopônimos em Nossa Senhora distribuídos nos distritos da região norte. Também conseguimos concluir que as maiores devoções coincidem com a freqüência de seu nome na toponímia portuguesa, sendo a padroeira Senhora da Conceição a mais difundida; é seguida em ordem decrescente de número de ocorrências pelos hierotopônimos Senhora da Saúde, Senhora dos Aflitos, Senhora dos Remédios e Senhora da Piedade.

Concluindo, acreditamos que a maior contribuição deste estudo foi a possibilidade de verificar no plano do conteúdo a sobreposição toponímica de nomes (e também objetos) sagrados, que, se não mudava a essência religiosa de objetos e lugares, oferecia-lhes uma fisionomia cristã, cobrindo, com os nomes de Nossa Senhora, entidades e crenças pagãs.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHINHOS, P. J. Hierotoponímia portuguesa. De Leite de Vasconcelos às atuais teorias onomásticas. Estudo de caso: as Nossas Senhoras. 2005. (Doutorado pelo programa de pós-graduação em Semiótica e Lingüística Geral – Departamento de Lingüística). Universidade de São Paulo, São Paulo. 292 p.

DAVID, Pierre. L’Hagiotoponymie comme science auxiliaire de l’historie. Études historiques sur le Galice et le Portugal du VIe au XIIe siècle. Lisboa: Liv. Portugalia Editora, 1947. p. 213-256.

DICIONÁRIO AURÉLIO ELETRÔNICO Século XXI. Versão 3.0, novembro de 1999. Corresponde à versão integral do Novo Dicionário Aurélio século XXI, ed. Nova Fronteira.

DICK, Maria Vicentina de P. do A. A motivação toponímica e a realidade brasileira. São Paulo: Arquivo do Estado, 1990.

––––––. A projeção léxico-cultural na Onomástica. Um estudo de caso. Revista IEB, no 40. 1993 (a)

––––––. O documento toponímico e sua representação funcional. Anais do XL Seminário do GEL, Ribeirão Preto, 1993 (b).

––––––. Toponímia e línguas indígenas do Brasil. Revista Estudos Avançados nº 22, São Paulo: IEA-USP, 1994, p. 435-6.

––––––. Atlas toponímico: um estudo de caso. S. Paulo. Acta Semiótica et Lingvstica – SBPL, vol. 6: 1996, p. 27– 44.

––––––. Métodos e questões terminológicas na onomástica. Estudo de caso: o Atlas Toponímico do Estado de São Paulo. In: Investigações. Lingüística e teoria literária, vol. 9. Recife: Programa de pós-graduação em letras e lingüística da UFPE, março de 1999.

––––––. Rede de Conhecimento e Campo Lexical: hidrônimos e hidrotopônimos na Onomástica brasileira. In: ISQUERDO, Aparecida Negri; KRIEGER, Maria da Graça, As ciências do léxico, Campo Grande: UFMS, 2004. volume II. p. 121-130.

––––––. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de Estudos, 2ª ed. São Paulo: 1990b.

ESPÍRITO SANTO, Moisés. Origens orientais da religião popular portuguesa, seguido de um ensaio de toponímia antiga. Lisboa: Assírio e Alvim, 1988.

FREIRE, Gilberto. Prefácio. In: –––. Assucar: algumas receitas de doces e bolos dos engenhos do nordeste. Rio de Janeiro: José Olympio, 1939. Disponível em           
http://prossiga.bvgf.fgf.org.br/portugues/obra/index.htm último acesso em 10/10/2004.

VASCONCELOS, José Leite de. Antroponímia Portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional, 1928.

––––––. Opúsculos, v. III Coimbra: Imprensa da Universidade, 1931.

––––––. Religiões da Lusitânia, (1898). Volume I. Reimpressão. Lisboa: Imprensa Nacional: 1988.

––––––. Religiões da Lusitânia, (1905). Volume II. Reimpressão. Lisboa: Imprensa Nacional: 1989.

––––––. Religiões da Lusitânia, (1913). Volume III. Reimpressão. Lisboa: Imprensa Nacional: 1989.

––––––. Etnografia portuguesa, (1933). Volume I. Reimpressão. Lisboa: Imprensa Nacional, 1994.

––––––. Etnografia portuguesa, (1936). Volume II. Reimpressão. Lisboa: Imprensa Nacional, 1995.

––––––. Etnografia portuguesa, (1980). Volume VII. Reimpressão. Lisboa: Imprensa Nacional, 1997.

––––––. Etnografia portuguesa, (1982). Volume VIII. Reimpressão. Lisboa: Imprensa Nacional, 1997.


 


 

[1] Esta comunicação apresenta alguns dos resultados objetivos durante nossa pesquisa de doutorado. Para referências mais detalhadas consulte-se Carvalhinhos (2005).

[2] As denominações constam de um pop-up intitulado “From the cathecism... ”, que traz ao internauta passagens do elemento procurado – no caso, Virgem Maria – na Bíblia e nos Evangelhos. Esse popup só consta da versão em inglês.

[3] Encontramos referências ao significado da invocação desta Senhora em Gilberto Freire (1939), que denominou a prática “liturgia do doce”: “Só na minha penultima viagem a Portugal (1937) inteirei-me de um uso da Beira, ligado é liturgia do doce, que supponho não Ter repercutido no Brasil. Refiro-me ao costume de Monte Real, por occasião da festa da Rainha Santa Izabel, que alli se realiza todos os annos no mez de junho: o de encherem as pratileiras dos andores de procissão, de fructas vinhos e toucinho e tambem de bolos de farinha de trigo, canella, herva-doce e assucar, modelados na forma de ex-votos, representando animaes, pés etc. E' uma sobrevivencia que me parece de grande interesse para confirmar a interpretação que, em trabalho anterior, procurei dar ao christrianismo português, de que não encontro no Brasil sinão traços vagos, de uma Nossa Senhora do Fastio á qual se fazem promessas para dar appetite, sendo o pagamento em "malguitas e colheres de pau ou de folha de lata".

[4] Leite de Vasconcelos (cuja obra não é muito explorada atualmente) foi quem realizou em 1887 a divisão da Onomástica em seus dois ramos, a Toponímia e a Antroponímia. Por sua importância buscamos recuperar em nosso doutorado as principais e mais relevantes obras do autor para a ciência onomástica e para o trabalho em si, nomeadamente o terceiro volume dos Opúsculos (1931), Antroponímia Portuguesa (1928), Religiões da Lusitânia e Etnografia Portuguesa., estas duas últimas reimpressas na década de 80 do século passado.

[5] Essa divisão, proposta por nós exclusivamente para este trabalho, foi preferível a dividir o país em Norte-Sul, pois as divisões usuais nos pareceram tendenciosas justamente por respeitar a condição histórica do domínio árabe. Acreditamos que esta divisão nos ajudaria a cumprir um de nossos objetivos que era perceber o alcance da figura de Nossa Senhora, difundida através do Cristianismo. Em nossa divisão, Norte comporta os distritos de Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo, Coimbra, Guarda, Vila Real. Centro: Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Santarém, Guarda, Viseu; Sul: distritos de Évora, Portalegre, Lisboa, Beja, Faro e Setúbal.

 

...........................................................................................................................................................

Copyright © Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos