A TRAJETÓRIA DESCENDENTE DO AMANTE VICIADO,
TIRANO, SÁDICO E MANIPULADOR EM NIKETCHE
NA PAULINA CHIZIANE

Eloísa Porto Corrêa (UFRJ)

Introdução

Niketche é uma narrativa moçambicana, escrita por uma mulher moçambicana, sobre a mulher moçambicana. Não é um livro feminista, como já disse a autora, Paulina Chiziane, em entrevistas, mas feminino, acerca de questões femininas: os paradigmas da sociedade moçambicana machista; a repressão e a violência contra a mulher; como ficam as esposas dentro da poligamia; que saídas poderia a mulher tentar para amenizar seus dramas; etc.

Como problematizar o feminino sem tocar no masculino seria simplesmente impossível, diversas questões masculinas são iluminadas e criticadas na narrativa, diversas ideologias machistas são contestadas, muitas posturas masculinas são condenadas. O homem inicia a narrativa auto-suficiente e prepotente, empreendendo uma busca desenfreada, superficial e fútil por corpos femininos, que lhe ofereçam momentos de prazer e de poder, mas termina aniquilado pelo envelhecimento e pela perda da virilidade, caindo na desgraça e na destruição.

Assim, a narrativa é marcada pela tensão entre duas polaridade: a feminina e a masculina, a passiva e a ativa, a lunar e a solar, a anima e o animus. A polaridade feminina é representada por Rami e seus alteregos – as outras mulheres de Tony –, ambas pela metade, carentes de afeto, de recursos financeiros, de justiça... A polaridade oposta é representada por Tony, a matéria deste artigo, inteiro para si, egoísta, marido ausente, amante viciado, tirano, sádico, manipulador... Enfim, dois pólos opostos, em tese complementares, mas na prática em tensão insolúvel.

O Tony psicológico
um Amante Viciado, Tirano, Sádico
e Manipulador

Uma rápida análise psicológica da figura masculina central de Niketche revela uma personalidade conturbada. Tony é um homem totalmente despreparado para a vida social e conjugal. É dono de um corpo adulto, mas de uma psicologia imatura. Como amante é um caçador viciado em capturar e abandonar presas destroçadas. Como marido é egoísta, tirano, manipulador e cruel. Como pai é negligente e ausente. Como filho é infantil e dependente. É um cidadão irresponsável, omisso e aproveitador. Comandante que usa o poder para seu bem e não para o bem comum: engana, usurpa, manipula. Enfim, apenas um dos muitos exemplares masculinos fabricados em série pelas sociedades patriarcais.

Segundo os psicanalistas (Moore & Gillette, 1993: 9-11), o inconsciente humano é equipado com arquétipos que fornecem as bases dos comportamentos humanos. Esses arquétipos se dividem em femininos (anima) e masculinos (animus). E os seres humanos, segundo seus hábitos, experiências pessoais, a sociedade em que estão inseridos, entre outros fatores, manifestam e desenvolvem estes potenciais masculinos e femininos em diferentes níveis:

(...) em nível do inconsciente profundo, a psique de cada indivíduo está assentada no que o psicanalista chamou de “inconsciente coletivo”, formado por padrões instintivos e configurações energéticas provavelmente herdados geneticamente ao longo de todas as gerações da nossa espécie. Esses arquétipos fornecem as próprias bases do nosso comportamento (...)

(...)ainda que as pessoas no mundo exterior não satisfaçam a expectativa arquetípica, o arquétipo está presente. É constante e universal em todos nós. (...) Existem arquétipos que moldam os pensamentos, sentimentos e as relações das mulheres, e outros que moldam os pensamentos, sentimentos e as relações dos homens. Além disso, os junguianos descobriram que em cada homem existe uma subpersonalidade feminina chamada Anima, formada por arquétipos femininos. E em cada mulher há uma subpersonalidade masculina chamada Animus, composta de arquétipos masculinos. Todos os seres humanos têm acesso a esses arquétipos, em maior ou menor grau, na verdade, na nossa inter-relação uns com os outros. (MOORE & GILLETTE, 1993: 9-11)

O comportamento da personagem masculina principal de Niketche, Tony, revela muitos desses arquétipos, dessas imagens primordiais masculinas presentes no inconsciente humano, que são reforçadas socialmente ou inibidas, segundo cada tradição.

Entretanto, esse animus em Tony não se apresenta na sua forma plena e amadurecida, mas no pólo ativo da sombra disfuncional do arquétipo, segundo a classificação de Robert Moore e Douglas Gillette em seus estudos sobre os arquétipos do masculino:

Cada potencial energético arquetípico na psique masculina – tanto nas suas formas imaturas como nas amadurecidas – possui uma estrutura trina, ou tripartite.

No topo do triângulo fica o arquétipo na sua plenitude. Na base, ele é vivenciado no que chamamos uma forma disfuncional bipolar, ou de sombra. Tanto na forma imatura como na amadurecida (isto é, em termos de psicologia do Menino assim como na do Homem), essa disfunção bipolar pode ser vista como imatura, por representar uma condição psicológica que não é integrada nem coesa. A falta de coesão é sempre um sintoma de desenvolvimento inadequado. (...) (MOORE & GILLETTE, 1993: 14)

Tony é infantil e dependente da mãe, por vezes, o que demonstra como é imaturo e despreparado para a vida adulta. Quando se vê diante de problemas – geralmente conseqüências de seus próprios atos impensados –, recorre à mãe, à família, enfim ao auxílio de outros. Cria o problema, mas não tem maturidade para resolvê-lo, como uma criança inconseqüente.

(...) O Tony passou a noite ali. Chegou triste, cabisbaixo, como se carregasse nas costas o peso do mundo. E chorava como uma criança. Pediu algo para comer e a mãe serviu-lhe o pouco que tinha. Comida sem sal. Ardia em febre e delirava: envenenaram-me, mãe. (N: 113)

Moore e Gillette identificam quatro arquétipos do masculino amadurecido em sua plenitude: o Rei, o Guerreiro, o Mago e o Amante, arquétipos estes que podem, ainda, manifestar-se em dois pólos disfuncionais, o ativo ou o passivo. Assim, o Tirano e o Covarde são os pólos disfuncionais na sombra do arquétipo do Rei; o Sádico e o Masoquista são as sombras do Guerreiro; o Manipulador Frio e o Inocente Negador são as sombras do Mago; e as sombras do Amante são o Viciado e o Impotente.

Nota-se em Tony um predomínio da polarização disfuncional ativa desses arquétipos, sobretudo a do Amante Viciado. Tony é aquele que nunca se contenta, que nunca restringe sua experiência sensual e sexual, aquele que tem sempre urgência de gozar o máximo que esse vasto mundo de infinitos prazeres pode oferecer (MOORE & GILLETTE, 1993: 129).

(...) durante mais de seis meses. Vasculhei fantasmas. Persegui o rasto do meu homem, o que foi fácil, porque em cada passo ele caga um filho. Fui procurar a Julieta, a segunda, e encontrei uma fera (...) Tem cinco filhos e espera o sexto. Deu ao meu Tony muito mais do que eu que sou a dona do marido. Fui ver a Luísa. (...) Construiu raízes sobre ela. São dois filhos a quem ele presta assistência apenas quando lhe dá na gana. (...) Fui ver a Saly, a quarta. Ela também me deu muita sova e disse-me: Teu é o que transportas contigo, no teu ventre, no teu estômago. (...) Este homem dá-me aquilo que é seu. Enquanto estiver comigo é meu (...) O amor que ele me dá é quase nada, mas é quanto basta para me fazer florir. Deu-me estes rebentos, são dois. (...) Fui ver a Mauá, a quinta. Uma criança ainda. (...) Ela é a mulher mais amada pelo Tony. (...) Aquela menina não deve ter mais de dezanove anos. Que ajuste de contas posso ter com uma criatura que nem tem a idade da minha terceira filha? (...) Enquanto me chateio com o meu marido ele não para de aprontar das suas. Ele é como uma enguia nas águas revoltosas, nunca o consegui segurar. (N: 68-68)

Ele vive para e pelo momento, preso por isso numa circular teia de imobilidade, que o impede de avançar rumo à concretização e à solidificação de qualquer obra – pessoal, profissional, etc. Está “sempre procurando alguma coisa, uma outra aventura, incapaz de se aquietar”, de ser feliz (MOORE & GILLETTE, 1993: 131). Seu único objetivo de vida é expandir sua experiência sexual, com isso anula qualquer possibilidade que se desvie dessa busca. Em outras palavras, não constrói um lar, mas destrói vários, por onde passa. Não possui uma vida, mas várias possibilidades de vida destroçadas e desprezadas.

Mas, não é a poligamia o vício do Tony, como se poderia em princípio supor, segundo um olhar ocidental monogâmico. A sua postura diante das mulheres é que é viciada e incompatível com o Amante pleno: o seu descaso para com os sentimentos da esposa (das amantes, dos filhos e de quaisquer outros), a sua incomunicabilidade, a sua incapacidade de cuidar da parceira, o seu egoísmo, a sua agressividade para com o outro (ou a outra) e a sua procura compulsiva por alguém ou alguma coisa que ele sequer sabe o que é. Fatos que mostram que “suas estruturas internas ainda não se solidificaram, tornando-o incapaz de ver a Unidade que lhe traria a calma e o equilíbrio” (MOORE & GILLETTE, 1993: 133):

O Tony está a roncar como um sapo, não sei o que é que lhe deu hoje para vir dormir aqui. Está ao meu lado, mas mais distante do que as nuvens do horizonte. Dormiu sem falar comigo. Quando pergunto alguma coisa ele rosna-me um sim ou não e não diz mais nada. É impenetrável como uma pedra maciça. Inviolável como uma muralha. (...)

- Tony. Responde-me. Por que te ausentas?

- Acordaste-me só para fazer essa pergunta?

- Tony, andas a trair-me, não é?

(...)

- Traição? Não me faça rir, ah, ah, ah, ah! A pureza é masculina, e o pecado é feminino. Só as mulheres podem trair. Os homens são livres, Rami. (...) (N: 30-32)

Diferentemente do Tony, o Amante em sua plenitude pode também se expressar através da poligamia, de uma série de monogamias ou da promiscuidade, amando todas plenamente, com a sua infinita capacidade de amar, de forma que cada uma se sinta especial e importante (MOORE & GILLETTE, 1993: 129). Com isso, ele não destrói várias possibilidades de vida, como faz Tony, mas constrói e concretiza todas aquelas que atravessam seu caminho.

O carinho com que a tia de Rami rememora sua época de vigésima esposa de um rei é a prova de que um Amante é capaz de respeitar, contentar e fazer feliz inúmeras mulheres (filhos e outros ao seu redor):

Noto muito orgulho e muita vaidade no tom da sua voz. Não consigo perceber a razão daquela felicidade, num lar com mais de vinte esposas, sem direitos nem liberdade nenhuma.

- Eram felizes lá?

- Havia liberdade, muita liberdade. As damas não passavam carências de espécie alguma. Nem afectivas. (...)

– Mesmo assim, para quê tanta mulher e tanto filho?

A tia Maria olha para mim e sorri.

– Cada tempo a sua história – diz ela. – A prosperidade mede-se pelo número de propriedades. A virilidade pelo número de mulheres e filhos. Um grande patriarca deve ter várias cabeças sob o seu comando. (...) Na Bíblia, só Adão não foi polígamo. (...) (N: 73-74)

Tony sente a mulher metonimicamente, ou seja, por uma parte física, e não como um ser total física e psicologicamente. Ele avalia as mulheres em função do prazer ou da vantagem que lhe podem proporcionar e não pelos relacionamentos (trocas) íntimos e humanos que se poderiam estabelecer (MOORE & GILLETTE, 1993: 133).

(...) Minhas pombinhas, saudou-nos ele com o sorriso mais franco do mundo, criador diante das fêmeas reunidas no curral. (...)

– A Mauá é o meu franguinho – diz –, passou por uma escola amor, ela é uma doçura. A saly é boa de cozinha. Por vezes acordo de madrugada com saudades dos petiscos dela. Mas também é boa de briga, o que é bom para relaxar os meus nervos. (...) a Lu é boa de corpo e enfeita-se com arte. Irradia um magnetismo tal que dá gosto andar com ela pela estrada fora. (...) A Ju é o meu monumento de erro e perdão. É a mulher a quem mais enganei. (...) Da Rami? (...) É a minha primeira dama. (...) ela é a minha mãe, minha rainha, meu âmago, meu alicerce.

– Tony –desabafa Ju com amargura–, cada uma de nós tem sua função. Para ti as mulheres são objetos de uso assim como papel higiênico. (N: 138-139)

Ao lado do Amante Viciado, outros pólos ativos também se manifestam em Tony, como o Tirano. Ele

explora e maltrata, é cruel, impiedoso e insensível quando está atrás do que considera seu interesse pessoal. A sua forma de degradar os outros não tem limites (...). Age assim porque lhe falta estrutura interior e porque tem medo – terror, realmente – de sua própria fraqueza oculta e de sua impotência latente (MOORE & GILLETTE, 1993: 63).

O Tony convocou um conselho de família, para se queixar da nossa má conduta, e faz um alarido imenso como se o tal problema fosse gigantesco. Ele precisa dessa reunião para colher idéias. Para ganhar testemunhas da sua desgraça e aliviar a consciência. Quer ganhar aliados para melhor segurar o seu rebanho, que lhe foge do controlo. (...)

– Como lhe servem?

– De joelhos.

– Preparam a galinha?

– Sim, preparamos.

– Qual a parte que lhe servem?

– As coxas, o peito, a moela.

– Tony, confirmas o que elas dizem?

– Confirmo, sim. Mas não me lembro de ter comido moela nenhuma.

(...) Assim as crianças comem, as mulheres comem, por isso já não há hierarquia nem respeito nas famílias porque todos comemos por igual. (...)

A tensão do Tony liberta-se miraculosamente. Porque toda a gente lhe dá razão e condolências antecipadas pela sucessão de azares que ainda está por vir. Lança-nos um olhar de troça e de triunfo enquanto enxuga o rosto suado. Sente-se vingado. Acarinhado. (...) (N: 151-155)

Percebe-se também, neste fragmento, o lado Manipulador (ou o Mago da Sombra) do Tony, que usa as pessoas pensando em seu bem-estar, manobra os fatos e qualquer pequena informação que dá costuma ser apenas o suficiente para demonstrar a sua superioridade (MOORE & GILLETTE, 1993: 109).

Passa por cima até de seus filhos, em nome de seus fúteis interesses, negligenciando-os e abandonando-os com a mesma velocidade com que os coloca no mundo:

– Famílias? – pergunta a Saly, furibunda. – Ninhos de pássaros, isso sim. Feitos a correr sem a menor estrutura. Ovos desprotegidos. Ovos caídos. Ovos podres, marginais. Que futuro esperamos para nossos filhos? Não conhecem nem tias, nem avôs, vivendo escondidos como toupeiras, sem pai presente, sem referências. Apenas gente que cresce para encher o mundo. (N: 106)

Usa-os como escada para ostentar uma imagem viril e obter prestígio social, mas não se preocupa com seus destinos, como não se preocupara com os de suas mães, meras escadas para o prazer e o poder:

– Diz-me, Tony, para que enganar mulheres e deixá-las com filhos nos braços? O que querias tu com elas?

– Nada de sério, confesso. Orgulho, simples orgulho. Ter uma mulher aqui, um filho acolá, dá vaidade a qualquer macho. Não sou o único. Muitos homens fazem isso. (N: 299)

Em alguns momentos da narrativa, Tony revela-se também um Sádico (pólo ativo da Sombra do Guerreiro), sobretudo quando espanca mulheres e encara isso como expressão de carinho.

A pobrezinha (Lu) estava descalça, despenteada e tinha o ventre enorme, no final da gestação (...) tinha escoriações nos braços, no rosto e sangrava. Perguntei-lhe por que ela estava assim. Nem respondeu. Chorou. Vi que tinha sido espancada e expulsa de casa pelo marido (Tony), àquela hora e naquele estado. (...) Teve um parto prematuro por causa da pancada, do choque, do desgosto. (...) (N: 88)

– Sou um homem bom Rami, há homens piores do que eu. Faço tudo bem feito. Ter muitas mulheres é o direito que tanto a tradição quanto a natureza me conferem. Nunca maltratei a Lu, bati nela algumas vezes, apenas para manifestar o meu carinho. Também te bati algumas vezes, mas tu estás aí, não me abandonaste para lugar nenhum. A minha mãe foi sempre espancada pelo meu pai, mas nunca abandonou o lar. As mulheres antigas são melhores que as de hoje, que se espantam com um simples açoite. (N: 282)

Tony, por temer a força reprimida do feminino, violenta-a ainda mais, oprime-a ao extremo, como forma de reafirmar seu poder, sua posição masculina.

De repente me recordo do meu avô materno. Quando se embebedava, despedia os amigos suspirando: ah, minha mulher, meu tambor! Vou para casa tocar no meu tambor. Para que ela derrame as lágrimas que sinto. Para que sangre nela a minha ferida, a minha angústia. Para que ela adormeça a raiva da minha alma. Para que faça vibrar a tristeza do meu ser e solte aquela melodia do choro que me embala. Tu não bates na tua mulher? Bate nela, bate, para entrares na dança da vida. Bate nela a tua angústia, a tua dor, a tua alegria, bate nela, bate. E quando ela gritar, tu suspiras em orgasmo pleno: ah, minha mulher, meu tambor! (N: 302-303)

No entanto, por trás e acima dessas posturas e convicções de Tony, situam-se os paradigmas sociais, com sua influência decisiva na modelagem e reforço da sombra ativa disfuncional dos arquétipos masculinos.

(...) Os problemas de uma mulher são classificados no arquivo das insignificâncias, caprichos, incapacidades. São assim os pais. Sempre educando filhos para serem tiranos e as filhas para aceitarem tirania (N: 99)

São os paradigmas sociais embutidos na criação, na naturalização de certos eventos, nos mitos e lendas, enfim na cultura e na tradição de um povo, que impedem muitas vezes um processo sadio de maturação, conduzindo a desvios de comportamento, em maior ou menor grau.

Talvez a psicologia do homem tenha sido sempre uma raridade no nosso planeta. (...) As terríveis circunstâncias físicas e psicológicas sob as quais a maioria dos seres vivem quase todas as partes, quase o tempo todo, são desconcertantes. Os ambientes hostis quase sempre levam à atrofia, deformação e mutação dos organismos. (MOORE & GILLETTE, 1993: 45)

Sob esse aspecto Tony não é apenas agente perpetuador de uma dinâmica social machista, mas também uma vítima fabricada pelo sistema. Não se pode dizer sequer que ele escolheu esse papel, visto a pressão social sobre o menino para que ele se transforme no Amante Viciado, Tirano, Sádico e Manipulador.

(...) não temos culpa (como nenhuma criança tem) do que aconteceu conosco e que nos atrofiou e nos deixou presos aos nossos primeiros anos de vida, quando nossas personalidades se formaram e quando ficamos empacados em níveis imaturos de masculinidade. Mas de nada nos serve aderir ao coro dos (...) que acusam a sociedade e deixam as coisas ficarem como estão. (MOORE & GILLETTE, 1993: 45)

Entretanto, a consciência das distorções sociais deve vir sempre acompanhada da ação transformadora da realidade externa e interna, por mais desafiadoras que estas possam parecer. Não é porque oprimido e opressor são ambos vítimas do mesmo sistema, que estes podem continuar no seu cômodo papel determinado, como faz Tony.

– Diz-me, Tony, por que enganar mulheres e deixá-las com filhos nos braços? O que querias tu?

– Nada de sério, confesso. Orgulho, simples orgulho. Ter uma mulher aqui, um filho acolá, dá vaidade a qualquer macho. Não sou o único. Muitos homens fazem isso. (...)

– Não me culpes, Rami. Não fui eu que inventei o mundo e as tradições. Muito antes de eu nascer os homens já eram assim. (...)

– O país está cheio de mães solteiras. O caso delas não será nem único nem último. (N: 299)

Percebe-se que Tony continua usufruindo as comodidades de seu posto de dominador, mesmo depois de ter constatado as injustiças sociais enfrentadas pelas mulheres e de ainda ter prometido (num “surto” de Mago da Sombra, i.e., Manipulador) lutar para amenizar a opressão contra a Mulher.

– Foi desumano o que fizeram contigo. Ah, cultura assassina!

Ele entra em delírio. Diz que não sabia que a vida era má, nem imaginava que as mulheres sofriam tanto. Sempre achara que a sociedade estava bem estruturada e que as tradições eram boas, mas só agora percebe a crueldade do sistema. (...)

– Rami eu já morri assassinado pela tradição. Por isso assumo o risco de desafiar o mundo dos homens. Acabo de provar que dentro da humanidade vocês mulheres não são gente, são simples condenadas a viver nas margens do mundo. (N: 228)

A posição de Tony é pela perpetuação daquilo que o favorece. Ainda quando rejeita Saluá, o faz por medo, por sua impotência diante da situação, e não para mudar o status quo ou por se preocupar de fato com a menina.

Todas essas posturas imaturas e inconseqüentes de Tony trazem reflexos não apenas à sua família e filhos, como também à sociedade em geral e até a si próprio, visto o ser humano incompleto e infeliz que é.

Ele é um cidadão irresponsável, um comandante de polícia, profissional da maior importância para a sociedade, que negligencia e abandona seu posto por qualquer futilidade.

– Mandei prender toda a gente que participou no saque, incluindo a minha própria mãe. Eles terão que responder em tribunal por todos os seus actos de vandalismo cometidos na minha ausência, Rami.

– E a ti, quem irá prender?Foste o autor moral de toda esta história. (N: 231)

Omisso e aproveitador, usa o poder público em seu próprio benefício e não para o bem comum.

O um é, portanto, o número decisivo na caracterização do Tony, individualista, egoísta e portador de uma espécie de egolatria, que o torna incapaz de somar, de trocar, de dialogar. Ele se fecha em seu próprio mundo, absorvido por seu dilatado ego e, quando muito, vomita monólogos egocêntricos entrecortados pelas falas do outro, ou melhor, da outra. Quando ouve o outro, busca dados que possa reverter para seu próprio benefício, manipulando, enganando, usurpando.

Assim, Tony é a encarnação extrema do pólo disfuncional ativo da sombra do animus. Ele representa metonimicamente uma sociedade e uma tradição pautada em paradigmas sociais masculinos que reforçam, naturalizam e fabricam em larga escala homens tiranos, compulsivos, sádicos e manipuladores. Esse fato gera opressão e violência contra o feminino, contra a natureza, contra a sociedade como um todo, e até contra o próprio homem, privado que fica, na maioria das vezes, do acesso à plenitude, tão necessária ao equilíbrio, à harmonia interna e externa do ser e, enfim, à felicidade.

A trajetória descendente do macho
da virilidade primaveril à “morte” invernosa

A trajetória seguida por Tony é descendente. Ele inicia a narrativa no seu auge físico, social, psicológico e emocional: jovem, viril, bem sucedido profissional e socialmente, conquistador idolatrado pela esposa e amantes, etc... Mas, termina absolutamente destroçado: envelhecido, desprestigiado, quase falido, desprezado e abandonado pelas mulheres. A transição entre o início e o fim do homem, entretanto, não é gradativa e natural, mas brusca e violenta. Isto porque ele estende ao máximo sua juventude primaveril, recusando-se a aceitar o outono e lutando para evitar o inverno. Mas, por fim, o inverno se impõe devastador e não aceita prorrogações, finalizando um ciclo (Tony) e preparando a natureza para a próxima primavera, início de um novo ciclo.

As estações do ano são regidas pelas movimentações do Sol (solstício e equinócio), símbolo masculino constantemente associado em Niketche ao Homem, centro da sociedade moçambicana, assim como de todas as sociedades patriarcais.

“– Nas nossas aldeias a vida é virgem, homem e mulher são gêmeos da natureza, regidos pelo sol e pelas estações do ano – confirma Mauá.” (N: 312)

O Sol rege a Natureza e a vida dos seres vivos. O Homem rege o mundo social (a mulher e outros homens) e subjuga o mundo natural (animais e plantas), portanto detém os domínios do Sol: “Todo o homem é um sol. É uma estrela que fala pelo silêncio e vive eternamente.” (N: 307)

Para tanto, a trajetória masculina da narrativa segue o mesmo movimento descendente que as estações do ano: primavera (flores), verão (frutos), outono (folhas secas) e inverno (morte que aduba). O ápice masculino está nos alvores da primaveril juventude física e sua decadência na outonal degeneração do corpo e da força física, que lhe garantiam o poder. O fim da trajetória é também o reinício de um novo ciclo masculino, através de um novo homem, ou melhor, de um homem novo.

(...) Ele esconde o rosto. Chegou a hora de o caracol se abrigar na sua concha. Depena-se com o próprio bico como um papagaio velho. Demite-se do amor como um boi castrado e dobra as asas em pleno vôo. É a mensagem do outono, o inverno está prestes a entrar. (N: 323)

O solstício de inverno (CHEVALIER & GHEERBRANT, 2001: 841) abre, portanto, uma fase ascendente, já que a morte fertiliza e empreende a renovação. Ascendência esta que será interrompida pelo solstício de verão (Idem, p. 841), fase descendente em que se inicia a gradativa degeneração, envelhecimento, ressecamento das folhas que cairão no outono.

Tony prorroga a primavera pelo verão e pelo outono adentro numa tentativa, em princípio inconsciente, de adiar o envelhecimento e a perda dos benefícios (sociais, físicos...) trazidos pela juventude.

(...) por que nos largam como trouxas para perseguir novas primaveras e novas paixões? (...) Quem disse aos homens velhos que as mulheres maduras não precisam de carinho? Oh, meu Tony! Queria tanto que estivesses presente. Traz-me de novo a primavera. (...) (N: 14)

Este adiamento, entretanto, tornar-se-á cada vez mais consciente, desesperado e agonizante, à medida que o corpo dá sinais de cansaço, chegando ao ponto de ostentar uma virilidade de aparências.

(...)nosso amor é um jogo de adolescentes, abraço aqui, passeio ali. (...) Sou mulher, meu Deus, sou mulher e jovem, o sangue nas minhas veias corre, mas este homem insiste em alimentar-me só de batatas e flores. (N: 298)

Diante da fatal limitação física, o macho procura salvaguardar a fachada social, para não perder o pedestal em que o varão é posto pela sociedade, “cargo” este conquistador, aventureiro e incompatível com a velhice.

(...) Ele tem direito a tudo: a matar, amar, chamar e possuir. Ele é um monumento perfeito. A sua imagem cresce em direção ao sol. Como a estátua de Zeus tem os pés assentes nos extremos opostos do diâmetro do mundo, por isso tudo tem que passar por baixo das suas pernas. Os navios. As águas doces dos rios. As multidões, os carros, os camiões. E todas as mulheres do mundo! (N: 307-308)

A falta de um ritual de iniciação (preparação ou passagem), que introduza o homem nas novas fases de sua vida: adolescência, casamento, velhice, dificulta o processo de transição, o amadurecimento e o acesso do homem à cada etapa da sua vida, fazendo com que meninos (e meninas) entrem na idade adulta despreparados, bem como adultos resistam a entrar na velhice.

Falamos da iniciação masculina. Digo que o meu Tony também não freqüentou nenhuma escola de iniciação, ao que ela afirma:

– O teu marido também não é homem, é apenas criança.

(...) Ela explica-me a primeira lição de iniciação masculina:

– A primeira filosofia é: trata a mulher como tua própria mãe. (...) Toda mulher é a personificação da própria mãe, quer seja ela a esposa, a concubina, até mesmo uma mulher de programa. O homem deve agradecer a Deus tida a cor e toda a luz que a mulher dá, porque sem ela a vida não existiria. Um homem de verdade não bate na sua mãe, as sua deusa, na sua criadora.

– Mas isso é do norte – recordo –, eu sou daqui, do sul. (N: 41-42)

Por trás desse banimento de rituais de iniciação ou da poligamia informal que se instaura sob uma monogamia fictícia, percebe-se uma ocidentalização crescente da cultura moçambicana. Ocidentalização esta que desencadeia a fragmentação ou a deturpação de costumes, forte colaboradora também para a desestruturação do masculino (e também do feminino) e para o desequilíbrio social cada vez maior.

Mas o ritual para transformar meninos em homens não se limita às nossas conjecturas acerca dessas cavernas antigas (santuários para rituais de iniciação) (...) os ritos de iniciação sobrevivem até hoje em culturas tribais existentes na África, na América do Sul. (...) Estes assemelham-se a antigos contos folclóricos e mitos. (...) (MOORE & GILLETTE, 1993: 4)

Esta visão dos costumes do ocidente, por outro lado, também serve de paralelo para muitas críticas feitas pela narradora à tradição moçambicana, que garantia harmonia social sim, mas à custa do sacrifício feminino, muitas vezes.

Assim, Tony, como muitos outros, chega a um rigoroso inverno sem passar pela transição outonal. Adia tanto o amadurecimento, que “apodrece ainda verde”. Depara-se com o iminente fim, sem ter conseguido se desprender do início.

(...) Ele esconde o rosto. Chegou a hora de o caracol se abrigar na sua concha. Depena-se com o próprio bico como um papagaio velho. Demite-se do amor como um boi castrado e dobra as asas em pleno vôo. É a mensagem do outono, o inverno está prestes a entrar. (N: 323)

Ele encontra-se repentinamente velho, mas sem o amadurecimento necessário, a sabedoria e a serenidade para aceitar o fato e localizar neste seus pontos positivos. O que deveria ser uma transição lenta e gradativa torna-se um corte brusco, violento e castrador.

(...) Agora que foste dado como morto, veja com os teus olhos o que sobrou de ti. (...)

– Um homem mede-se pela solidez da obra que deixa, quando a morte chama. Olha à tua volta: o que vês? Ruínas, desolação, tristeza. Construíste o teu castelo na areia do mar, foi derrubado pela maré, pelo vento, pelos gatos, pelos ratos, és um homem fraco, um homem pobre, meu Tony.

(...) Parece um monumento de impotência. (N: 230-231)

Segundo a narrativa, o lado positivo do outono seria justamente usufruir a colheita, após um duro trabalho de plantio e cultivo nas estações anteriores. Entretanto, Tony não tem o que colher. Só pode colher aquele que não apenas plantou, mas também cultivou. Tony plantou, semeou muitas famílias e filhos, mas não regou, não cuidou de nenhuma e, por isso, passará o outono e o inverno de sua vida, à mingua de realizações, desamparado.

(...) O Tony respira fertilidade e germina como sementes de abóbora, multiplicando-se às dúzias como ninhadas de ratos. Por este andar, o Tony chegará aos cinqüenta filhos, com tantas mulheres novas e belas que nascem em cada dia. (N: 97)

– É desagradável ter que marcar audiências com as minhas próprias mulheres. (...) pior de tudo, meus filhos seguem o exemplo das mães, não me ligam. De tudo ter, acabei não tendo nada. As minhas esposas esvoaçam como pássaros numa gaiola aberta, espantado, mulheres a quem amordaçava as asas e afinal sabem voar. Ontem, vendedeiras de esquina eram submissas e me adoravam. Hoje, empresárias, já não me respeitam. (N: 303)

Não colhe conhecimento, nem sabedoria, porque plantou meras experiências sensoriais e sensuais. Não colhe afeto, carinho, respeito, apenas mágoa, ressentimento e arrependimentos, pois não construiu nada, apenas ignorou e destruiu. Só lhe resta a morte social, a perda do poder e a humilhação. Este é o fim de toda a sua prepotência machista, como ocorrera com o idoso – duplo dele ou vice-versa – no início da narrativa.

(...) o sofrimento desta mulher foi uma constante nas linhas do tempo. Ela reage e grita para o médico:

– Velho rabugento! Suportei-lhe a vida inteira. Se não quer que eu fale, então que morra!

A velha abandona o companheiro estendido na maca. (...)

Aquela cena me encanta, me choca e me espanta. O corpo do velho cai como fruta podre, mas a vaidade flutua no ar, como um balão a caminho das estrelas. Ele é apenas fogo de palha, na última chama. Ah! Prepotência masculina! (N: 62)

Tony ainda se debate, luta agonizante para não se despedir do seu reinado de tirania, mas todas as mulheres abandonam-no, arranjam novos parceiros, amantes, assistentes conjugais para substituir o homem sem a espada da virilidade e do poder. É o fim do ciclo do Tony. A sua morte social inicia um novo ciclo: novos varões e nova primavera.

Agora elas têm os negócios delas, já não me respeitam. (...)

Ele ergue-se da cadeira. Abraça-me e me afaga com carinho (...) O meu corpo é frio, é mármore, é amianto, não arde.

– Larga-me e vai ter com as tuas mulheres de uma vez por todas. Quem não te quer mais sou eu.

– não penses assim. Tu és a minha segurança, meu porto seguro. (...) É ao teu lado que eu quero morrer. (N: 301)

Com a psicologia possuída por Tony, sua trajetória não poderia ser das mais construtivas, realmente, seja para si próprio seja para as pessoas que o rodeiam. Seu perfil (pólo extremo ativo da sombra do animus) só poderia conduzi-lo do alto do pedestal em que a sociedade eleva o homem para o fundo do poço da autodestruição.

(...) enquanto ele estiver possuído pelo Amante da Sombra, a energia funciona para a sua destruição e para a destruição das pessoas que o cercam. (MOORE & GILLETTE, 1993: 129)

Assim, são duas as estações por que passa o macho: uma longa primavera, que invade forçosamente o verão e o outono; e um curto e degradante fim de outono, abreviado pela morte invernosa. O verão é galgado, portanto, e o inverno é a morte para Tony (social, psicológica, viril, ainda que não totalmente física). A decadência e a destituição do velho abrem lugar para os novos varões reiniciarem o ciclo, ainda que com trajetórias diversas da sua. Novas primaveras que abrem a grande probabilidade da perpetuação da tirania machista. Mas, exatamente por serem novas, sempre deixam uma possibilidade (ainda que em menor escala) de alguma diferença ou de alguém fazer a diferença, como fez Rami e como fez Vítor.

Conclusão

Esse animus disfuncional dominante – de que é exemplo o Tony, com sua conduta, seus valores e seus comportamentos reforçados socialmente – está destruindo cada vez mais o planeta e os entes que sobre ele vivem, não apenas a mulher, mas a natureza em geral e, no final das contas, o próprio homem, vitima de sua tirania e descuido.

A mulher, ou melhor, as energias positivas femininas, da anima plena, apresentam-se na narrativa como uma saída possível para o equilíbrio e para a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada. Não através de uma inversão de postos e posições, em que a mulher passasse de dominado a dominador e o homem de dominador a dominado, mas através de uma regulagem e ajuste da sociedade, para que a hierarquização dos gêneros seja abolida.

O equilíbrio, pois, é a chave para a obtenção de uma sociedade mais justa. E não há equilíbrio se um dos pólos do sistema binário é anulado, seja ele o feminino ou o masculino. O equilíbrio só pode ser alcançado quando ambos os pólos estão ativados na mesma proporção e dosados, ou seja, com cargas e descargas iguais de energia. Se o masculino e o feminino são os dois pólos da sociedade, como pode haver equilíbrio nesse sistema social se o masculino está ativado em carga/descarga tão forte de energia que atinge a disfuncionalidade ativa? Enquanto isso, por outro lado, o feminino está tão desativado que sua carga/descarga é reprimida até a disfuncionalidade passiva.

Esse desequilíbrio social, portanto, reflete-se diretamente no ser, causando-lhe também um desequilíbrio interno. De forma que, o masculino tende mais à polarização ativa, ao passo que o feminino tende mais à passiva, justamente por causa do alargamento estrondoso dos canais àquele, em detrimento do estreitamento absurdo imposto a este. Ora, se cada ser possui internamente as duas polarizações: anima e animus, sendo a anima predominante no ser feminino e o animus no masculino, esses canais de carga e descarga de energia precisam ser regulados também no interior do ser. Isto para que o indivíduo atinja particularmente o equilíbrio.

Assim, o equilíbrio entre o feminino e o masculino é essencial não apenas para a harmonia social, mas também para a plenitude e a harmonia interior do indivíduo. Urge, portanto, o nivelamento e a maior democratização das forças da anima e do animus, para que a eliminação de hierarquias de gênero possibilite um maior proveito das energias positivas tanto do feminino, quanto do masculino. Nivelamento e democratização esses que não gerariam uma sociedade perfeita e nem seres perfeitos, porque as dosagens nunca seriam as ideais e exatas mas, certamente, caminhar-se-ia para uma convivência social menos desumana entre seres menos desumanos, enfim para uma “DESHumanidade” menor.

Bibliografia

ALMEIDA, Maria Isabel Mendes de. Masculino/Feminino: tensão insolúvel. Rio de Janeiro: Rocco, 1996. (Gênero Plural)

CHEVALIER, Jean & GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. 16ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2001.

CHIZIANE, Paulina. Niketche: uma história de poligamia. Lisboa: Caminho, 2002.

ARTUR, Maria José. Editorial Mulheres e políticas no advento do milênio. Edição especial 7/04/99. Artigos recolhidos por... Jornal Notícias de Moçambique, Maputo, 7/04/99.

––––––. Editorial Direitos da Mulher, Direitos Humanos. Edição especial nº 104. Artigos recolhidos por... Jornal Notícias de Moçambique, Maputo, 7/04/98.

––––––. Editorial do Dia da Mulher Moçambicana. Edição especial nº 99. Artigos recolhidos por... Jornal Notícias de Moçambique, Maputo, 7 de abril de 1997.

––––––. Editorial do Dia da Mulher Moçambicana. Edição especial nº 76. Artigos recolhidos por... Jornal Notícias de Moçambique, Maputo, 7 de abril de 1996.

JUDY, Dwight H. Curando a alma masculina: o cristianismo e a jornada mítica. Tradução de Maria Sílvia Mourão Netto. São Paulo: Paulus, 1998.

LARANJEIRAS, Pires. Paulina Chiziane: Saudades do paraíso. Jornal de Letras. Lisboa, 15/10/2003.

LEITE, Ana Mafalda. Oralidades & Escritas nas Literaturas Africanas. Lisboa: Colibri, 1998.

LEMOS, Virgílio de. Mulheres pardas, azuladas ou roxas, ou do creolismo à volúpia, uma identidade que se busca na modernidade. In: Angius, Matteo; Zamponi, Mário (orgs.) Ilha de Moçambique. Moçambique: AIEP Editore snc, 1999.

LOPES, José de Sousa Miguel. Cultura acústica e cultura letrada: o sinuoso percurso da literatura em Moçambique. São Paulo: Anais da III Conferência de Pesquisa Sócio-cultural, 2000.

MANCELOS, João de. Passos novos numa dança antiga: NIKETCHE – uma história de poligamia, de Paulina Chiziane. Biblioteca Municipal de Aveiro, 27/10/2002.

METAMORFOSES, nº 3. Rio de Janeiro: CJS-UFRJ; Lisboa: Caminho, 2002.

MONTEIRO, Dulcinéia da Mata Ribeiro. Mulher: feminino plural:mitologia, história e psicanálise. Rio de Janeiro: Record; Rosa dos Tempos, 1998.

Moore, Robert; Gillette, Douglas. Rei, Guerreiro, Mago, Amante: a redescoberta dos arquétipos do masculino. Tradução de Talita M. Rodrigues. Rio de Janeiro: Campus, 1993.

MURARO, Rose Marie & BOFF, Leonardo. Feminino e masculino: uma nova consciência para o encontro da diferença. Rio de Janeiro: Sextante, 2002.

PADILHA, Laura Cavalcante. Entre voz e letra: lugar da ancestralidade na Ficção angolana do século XX. Niterói: EDUFF, 1995.

PAZ, Octávio. A dupla chama: Amor e Erotismo. Tradução de Wladir Dupont. São Paulo: Siciliano, 1994.

PESSANHA, José Américo Motta. História e ficção: o sono e a vigília. In: RIEDEL, Dirce Côrtes [org.]. Narrativa: ficção e história. Colóquio UERJ. Rio de Janeiro: Imago, 1998. (Coleção Tempo e Saber)

PRIORI, Mary Lucy Murray Del. A história do corpo e a Nova História: uma autópsia. In: Dossiê Nova História. Revista USP, Set-Nov, 1994, p. 49-55

SICUTERI, Roberto. Lilith: a lua negra. Tradução de Norma Telles. Rio de Janeiro: Paz e Terrra, 1985.

 

...........................................................................................................................................................

Copyright © Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos