OUTROS PROCESSOS DE ENRIQUECIMENTO DO LÉXICO[1]
Neologismo
Empréstimos Lingüísticos
Traba Maria Albernízia Moraes de Brito, Maria das Dores da Silva Souza e Ney Willians Salgado Mazzaro
Trabalho apresentado ao Professor José Pereira da Silva como parte da avaliação da disciplina MORFOSSINTAXE do Curso de Pós-Graduação em Língua Portuguesa, oferecido pelo Departamento de Letras pela Universidade Federal do Acre.
Cruzeiro do Sul – Acre
2001
Ao professor, razão deste trabalho
José Pereira da Silva:
Pelo estímulo e oportunidades de aprendizagem na nossa
Especialização, este trabalho muito mais do que a nós lhe
pertence.
“Nós pedimos fluência, elegância, nem limpeza, mas um respeito aos limites mesmos da língua, além dos quais ela perde não apenas sua beleza e o seu sentimento, mas a sua própria natureza. E um mínimo de decência e de dignidade na escrita, sem o qual o pensamento mais profundo e a idéia mais brilhante se tornaram torpes e ridículos”.
(Rubem Braga)
“O que importa de verdade na vida não são os objetivos a que nos propomos, mas os caminhos que seguimos para consegui-los.” (Peter Bamn).
A Deus que esteve presente nos iluminando e clareando nossa mente quanto a clareza de idéias nos ramos da Morfossintaxe.
A nossos pais que nos momentos de desânimo nos acalentaram e incentivaram-nos a não desistir.
A nossos irmãos que usaram de amor fraterno para nos ajudar nas buscas bibliográficas.
A nossos filhos que souberam compreender a dispensa de nosso tempo.
A nossos esposos que nos auxiliaram no possível e impossível.
A você professor José Pereira da Silva pelo carinho implantado no nosso estado.
Enfim, a todos que de forma direta ou indireta fizeram de tudo para que este curso acontecesse.
Plano (Sumário)
1- Introdução
1.1– Definição e delimitação
1.2- Metodologia
1.3- Justificativa
1.4- Agradecimentos
2 – Desenvolvimento
2.1- Neologismos do Português
2.2 – Gírias
2.3 – Empréstimos Lingüísticos
3 – Conclusão
1- Introdução
1.1 - Definição e delimitação
O presente trabalho destina-se ao estudo da Língua Portuguesa nos processos de criação de palavras, mostrando-nos que há um constante enriquecimento lexical na Língua, resultante principalmente do dinamismo das modificações culturais, que constantemente criam novos objetos, novos fatos, novos conceitos. Através desse ideal nos propusemos a ampliar novos conhecimentos sobre Neologismo, gírias e empréstimos. É importante nos interessarmos por nossa língua escrita e falada, principalmente quando esta usada em situações naturais, nos coloca face a face com a comunicação. É através da comunicação que descobrimos significados de determinadas palavras sem modificação formal, enriquecendo nossa aprendizagem. O conjunto de palavras integrantes de nossa língua, vive em constante transformação sendo essencialmente móvel, palavras surgem, palavras desaparecem, abonam os significados antigos, adquirem novos. Não podemos dizer que uma língua tem seu vocabulário acabado, às circunstâncias acarretam alterações constantes no uso de vocábulos.
1.2 - Metodologia
Para tanto utilizaremos bibliografias de diferentes autores, pesquisas via Internet, como também entrevistas relacionadas a nosso assunto nas mais diferentes camadas de nossa sociedade acreana, provavelmente nos defrontaremos com ricas significações existentes em nossa língua.
1.3 - Justificativa
Logo de imediato nos chamou atenção o assunto acima mencionado pois enriquecimento de vocábulos, o contato entre as culturas que produz efeitos também no vocabulário das línguas e a linguagem peculiar a determinados grupos nos induz a uma ampliação de nossos conhecimentos.
1.4 - Agradecimentos
Com a continuidade de nossos argumentos através do desenvolvimento, abordaremos itens indispensáveis ao nosso entendimento do assunto, agradecendo a Deus por nos propiciar momentos tão marcantes de aprendizagem em nossa carreira, como também àqueles que de forma direta ou indireta nos presentearam com conhecimentos inerentes à nossa língua mãe, “especial língua portuguesa”.
2- Desenvolvimento
2.1 Neologismo do Português
As leituras, as entrevistas referentes aos processos de enriquecimento do léxico, onde nos deparamos com os neologismos, as gírias e os empréstimos lingüísticos, mostram-nos que nossa língua é rica nos processos de criação lexical, operando transformações formais nas palavras, seja por meio de acréscimo ou supressão de morfemas, seja por meio da combinação de palavras inteiras para a formação de outra.
Há outros processos de ampliação lexical na língua portuguesa, não são processos morfológicos, mas são importantes, pois na comunicação humana freqüentemente se acrescenta significados a determinadas palavras sem que elas passem por qualquer processo de modificação formal. Segundo Ulisses Infante “enriquecer o vocabulário é uma forma muito produtiva. Em alguns casos, chega-se a perder a noção do significado inicial da palavra, passando-se a empregá-la apenas no sentido que foi um dia adicional”. Às vezes o novo sentido resulta do momento de emprego da palavra, os textos literários, por exemplo trazem esse tipo de expansão de significados. Um exemplo comum, cita-se a palavra “arara”, pode ser o nome de uma ave como também designar uma pessoa nervosa, podemos dizer que houve um neologismo semântico, ou um novo significado que se soma ao que a palavra já possuía.
Inúmeras vezes quando o homem da cidade por um motivo ou outro tem que participar da vida caipira, este se perde quanto aos significados de inúmeras palavras, por isso aqui temos uma pesquisa on line, onde determinados vocábulos adquirem significados interessantes no meio caipira visando auxiliar o cidadão da cidade a sua adaptação no meio rural, tendo em vista a compreensão dos termos utilizados pelos locais. Eis alguns exemplos e o modo de emprego das palavras:
Em recente pesquisa junto a grupos de jovens de nossa cidade, nos deparamos com expressões comuns a esses grupos; Expressões estas que por ter seu grau de comunicação entre eles tem também o seu valor na língua. Podemos citar como exemplos:
Entre outras.
2.2 Gírias
A Língua Portuguesa, vive em constante transformação, em mudança contínua, surgindo e desaparecendo palavras, outras adquirindo significados não formal. É o caso das gírias, linguagem típica dos surfistas, dos jovens, dos estivadores, dos taxistas, afinal, de cada um de nós quando conversamos informalmente. As gírias surgem quando frente com algum colega usamos termos como, bacana, falô, legal e muitas outras citações do tipo.
“Na língua, ninguém comete erros, exceto nos casos de escrita, ortografia. O que normalmente se comete são transgressões da norma culta”, como , afirma Luiz Antônio Sacconi na Nossa Gramática Teoria e Prática. Ao contrário do pensamento de muitos a gíria não constitui um flagelo da linguagem. Quem um dia, já não usou dica , cara, chato, cuca, esculacho, estrilar ? Sendo que o mal maior da gíria está na adoção como forma de comunicação permanente, onde muitos ao usá-la, usam-na por esquecimento, como desprezando o vocabulário oficial. Quando usada no momento, no meio e com o receptor certo, a gíria denota criatividade e expressividade, sendo porém um importante elemento de linguagem e não um calão.
Usando de criatividade e expressividade, mesmo assim a língua escrita não admite o uso da gíria, que só é admitida na língua falada. Quando se reproduz a fala de determinado meio ou época, documentando fatos, ou em casos especiais de comunicação entre amigos, familiares, namorados, etc.., a língua escrita adere a gíria, pois esta é, foi e sempre será mais bem-elaborada que a língua falada, porque é a modalidade que mantém a unidade lingüística de um povo, além de ser aquela que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. “A gíria foi criada por necessidade de sigilo ou capricho da moda, a gíria tem vida efêmera, embora algumas de suas criações vocabulares, quando muito expressivas, sejam eventualmente incorporadas à língua”.
No sentido amplo concebe-se gíria como a linguagem nascida em diferentes grupos sociais que tendo expressividade estende-se a toda uma sociedade, pode ser a linguagem usada por um grupo, que não pretende ser compreendido por outras pessoas, principalmente quando de forma expressiva e intenção estilística quer retratar determinada realidade, independente do grupo social e político no qual pertencem os falantes. Citação especial temos nos vocábulos “frescão” e “orelhão” no Rio de Janeiro, empregados para designar, ônibus com ar condicionado e telefone público. A gíria começa a expandir-se através dos meios de comunicação, em programas de televisão, mensagens publicitárias ampliando sua penetração no mundo da língua.
Lingüisticamente tanto as linguagens técnicas quanto as gírias se caracterizam apenas pelo vocábulo especial e não se distinguem da língua comum em outros aspectos. Na linguagem técnica, os falantes introduzem vocábulos no campo semântico de uma determinada atividade humana, mesmo que já existam sinônimos fora dessa área, muitas vezes mais simples. No uso das gírias, a procura de maior expressividade pode levar à alteração ou substituição de qualquer palavra do acervo geral da língua.
Ao se formar novos vocábulos, tanto as gírias como a linguagem técnica utilizam-se de processos lingüísticos gerais, dentro das potencialidades do sistema. Podemos citar: a criação de novos vocábulos a partir dos elementos formais já existentes na língua ou emprestados de outras; o processo pelo qual um termo, sem perder seu significado habitual, ganha um novo significado. A gíria também pode originar-se da derivação a partir de núcleos morfológicos existentes; da redução de vocábulos independentes de seus elementos morfológicos constituintes; palavras derivadas de empréstimos de outras línguas.
Literariamente existiam vários obras que buscaram fixar o ambiente e os caracteres populares de acordo com a maneira de falar específica. No século XVIII, devido a poesia de temática chula4 , que invadiu o teatro, a canção popular e o teatro essa corrente tomou vulto; tendo como assunto a sociedade marginal dos criminosos e mendigos, sua organização, costumes e linguagens. Na Espanha do século XVIII. Floresceu uma literatura picaresca, de expressão fortemente original. Na literatura, na imprensa e na televisão modernas a descrição e representação do submundo da violência e do crime trouxeram ao leitor e ao expectador toda uma linguagem típica de grupos. Nesse sentido, a gíria se revelou como expressão de sexo, violência, lealdade à gangue ou grupo, punição ao traidor e luta contra a sociedade. Fora do limite extremo da linguagem dos marginalizados, há o vasto campo das diferentes manifestações de gíria, com suas áreas sociais específicas, cada qual com seus tiques de expressão falada e até mesmo de mímica – os gestos que acompanham certas expressões de gíria, ou que têm uma significação especial.
Pesquisas realizadas por nosso grupo na Internet e com muitas pessoas de classe média e baixa nos deparamos com essa linguagem, esse recurso lingüístico saudável que pode ser interessante e criativo. Descobrimos que a gíria vai e vem: ela nasce, vive, desaparece e depois surge novamente. Por outro lado fica claro que a gíria é adequada ao padrão informal da linguagem. No texto formal não faz sentido usá-la. Por isso, preocupa-se não usar gírias na linguagem escrita, no padrão formal.
Pesquisas quanto ao uso de gírias na classe baixa e classe média de nossa sociedade encontramos palavras e seus possíveis significados:
2.3 Empréstimos Lingüísticos
Ao usarmos palavras desnecessárias ou construções próprias de línguas estrangeiras estamos nos referindo aos estrangeirismos originários do galicismo ou francesismo (do francês); germanismo ou alemanismo (do alemão); anglicismo (do inglês); italianismo (do italiano); castelhanismo ou espanholismo ou hispanismo (do espanhol); indianismo (dos idiomas hindus) e assim por diante. Empregando, na nossa língua, palavras estranhas na forma ou na idéia, ou inteiramente necessárias ou contrárias a sua índole, estamos nos emprestando de línguas diferentes da nossa.
O contato entre culturas produz efeitos também no vocabulário das línguas. A língua portuguesa, se utiliza de palavras tomadas de línguas estrangeiras de tempos remotos. Principalmente quando o português esteve no processo de formação da Península Ibérica, provindos esses empréstimos de línguas célticas, germânicas e árabes. Mais tarde as grandes navegações portuguesas e o Renascimento permitiram empréstimos de línguas européias modernas e de línguas africanas, americanas e asiáticas. Após esse período o português se emprestava da língua francesa. Hoje o que notamos é que o inglês norte-americano é a maior fonte de empréstimos. As palavras de origem estrangeira passam primeiramente por um processo de aportuguesamento fonológico e gráfico, deste modo nem percebemos que estamos usando o estrangeirismo.
Muitos dos empréstimos franceses foram perfeitamente amoldados ao espírito da língua portuguesa, à sua estrutura, de tal modo que, inseridos na língua, só os especialistas os podem identificar. É o caso de hotel, garagem, constatar, ruge, restaurante, avenida, chique, elite, abajur, envelope, buquê, futebol, jóquei, clube, bonde, pastel, hotel e numerosos outros. Existem os que mantêm a forma original, inadaptados ou inadaptáveis, pelo que não são incorporados à cultura popular. Fazem parte do léxico de uma ínfima minoria social, como mise-en-scéne, debut, demoiselle, à vol d’oiseaux, society, além das nominatas dos cardápios, das modas femininas, incluindo-se ainda os empréstimos de caráter literário, científico ou tecnológico.
Às vezes o estrangeirismo é necessário ou já se incorporou à nossa língua. Nesse caso não constitui vício de linguagem, sendo que muitos já se aportuguesaram.
Toda língua é constituída fundamentalmente de um acervo primitivo e tradicional, que se formou com ela, que lhe deu feição e que forneceu os moldes para as aquisições ou criações posteriores.
No caso do português tal acervo é representado pelas palavras que usavam no latim e que continuaram a ser empregadas até hoje. Outras existem porque vieram por importação, ou seja, que se encontram em português trazidas de outras línguas depois de já formada a nossa.
Por fim o vocabulário da língua se enriquece a cada dia com palavras formadas no seu interior, pelos próprios recursos idiomáticos.
A língua por ser um sistema coerente e interligado de sons, de formas e de relações é fecundo; possuindo assim, inúmeras possibilidades de criações lingüísticas permanentemente ativadas pelos milhares de falantes.
Sendo assim, através deste trabalho, chegamos a conclusão de que a nossa língua Portuguesa é rica e sujeita a inúmeras transformações nela mesma; ou seja, ela não é uma coisa acabada e sim aberta as transformações e criações do falante.
ABREU, Tasso de – Gramática Explicativa da Língua Portuguesa – 1ª Edição Uberlândia
Impresso Gráfica, 2000. p. p.
ALMEIDA, Napoleão Mendes de – Gramática Metódica da Língua Portuguesa. S. Paulo.
Editora Saraiva, 1983.
BARROS, Enéas Martins de – Gramática da Língua Portuguesa – Editora Atlas, S. Paulo
1991.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa – Editora Lucerna, 37ª Edição. Rio
de Janeiro 2000.
INFANTE, Ulisses – Curso de Gramática Aplicada aos Textos – Editora Scipione 4ª Edição
São Paulo – SP – 1996
MARTINS, Dileta Silveira – Português Instrumental 9ª Edição. Porto Alegre RS 1985.
RIBEIRO, Manoel Pinto. Nova Gramática Aplicada da Língua Portuguesa. 11ª ed. Rio de
Janeiro 2000.
SAVIOLI, Francisco Platão – Gramática em 44 lições, 6ª Edição – São Paulo. Editora
Ática, 1984.
TERRA, Ernani e Nicola José – Gramática Literatura e Redação para o 2° Grau – Editora
Scipione. São Paulo 2000.
W.W.W FILOLOGIA.ORG.BR
XIMENES, Sérgio – Minidicionário Ediouro – Ediouro Publicações S.A. Rio de Janeiro
1997.
ZIBERKNOP, Lúbia Scliar – Português Instrumental, 9ª Edição Porto Alegre RS. 1985