José Pereira da Silva
(org. e ed.)
MORFOSSINTAXE
DA LÍNGUA
PORTUGUESA
Cadernos
da Pós-Graduação
em Língua
Portuguesa, nº 02
(SUPLEMENTO)
São Gonçalo (RJ)
2002

UNIVERSIDADE
DO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO
CENTRO
DE EDUCAÇÃO
E HUMANIDADES
FACULDADE
DE FORMAÇÃO
DE PROFESSORES
DEPARTAMENTO
DE LETRAS
COORDENAÇÃO
DE PUBLICAÇÕES
Reitora
Vice-Reitor
Sub-Reitor de
Graduação
Isac João de Vasconcellos
Sub-Reitora de
Pós-Graduação e Pesquisa
Sub-Reitor de
Extensão e Cultura
André Luís de Figueiredo
Lázaro
Diretor
do Centro
de Educação e
Humanidades
Diretora da Faculdade
de Formação
de Professores
Vice-Diretor
da Faculdade de Formação
de Professores
Marco
Antônio Costa da Silva
Chefe
do Departamento
de Letras
Sub-Chefe do Departamento
de Letras
Fernando Monteiro de Barros Júnior
Coordenador da
Pós-Graduação em
Língua Portuguesa
Coordenador de Publicações do
Departamento de Letras
Editor
dos Cadernos
de Pós-Graduação
em
Língua Portuguesa
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO - José Pereira da Silva
MORFEMA ZERO E CASOS DE ALOMORFIA - Elenir de Oliveira Machado
TIPOS DE MORFEMAS - Priscila Brügger de Mattos
A COMPOSIÇÃO COMO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS EM PORTUGUÊS - Adaete Abreu Loureiro, Alexandre Bandeira de Menezes, Jacqueline Saturnino de Souza Medeiros, Maria Guiomar Ramos e Raimunda Rodrigues da Costa
ESTRANGEIRISMOS NA IMPRENSA - Stalin Che Guevara S. Melo, Cacilda Barbosa Santiago, Terezinha Góes, Maria Francineide e Dinaneusa Albuquerque
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE VOCÁBULOS EM PORTUGUÊS -
Almilene da Silva Freire, José Tadeu Silva
Araújo, Gercineide Maia
de Souza, Ozéias Moreira da Costa e
Rainise Pereira
Lima
EXERCÍCIOS DE MORFOSSINTAXE - Albetiza
Rodrigues Vieira, Francisco Cláudio Lopes, Maria Aniceta
Cacau Nunes, Rosilda Maria
Oliveira da Cunha
e Sérgio Torres dos
Santo
NEOLOGISMOS NA LINGUAGEM DO SERINGUEIRO ACREANO - Evanéa
Barros
de Araújo e Girlânia de Sousa Pereira
Calderon
O LÉXICO DO PORTUGUÊS: VOCÁBULOSl PRIMITIVOS, DERIVADOS, SIMPLES E COMPOSTOS - Alberlene S.
Nogueira
Oliveira, José Eudes de Moura, José Progênio Ribeiro
e Valcilda Bezerra de Amorim
ÍNDICE ONOMÁSTICO DOS AUTORES
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
A Coordenação
de Publicações do Departamento de Letras da Faculdade de Formação de Professores
da Universidade do
Estado
do Rio de Janeiro tem o prazer
de apresentar este
suplemento do
segundo
número dos
Cadernos da Pós-Graduação
em Língua
Portuguesa, que
agora
vem com
trabalhos
dos professores-alunos de Especialização em
Língua Portuguesa desse
Departamento
e do Departamento de
Letras
da Universidade
Federal
do Acre, com
alguns trabalhos
que foram
entregues
depois do prazo
da publicação, tratando especialmente
de
aspectos da morfossintaxe do idioma.
Os textos
aqui divulgados correspondem a trabalhos finais
apresentados como
parte
da avaliação de disciplinas
oferecidas pelo redator desta apresentação, tendo-se usado o
critério
de disponibilizar o material apresentado
digitalmente, na forma
apresentada, fazendo-se apenas a editoração
e diagramação e as revisões de praxe.
Como
aqui se incluíram os trabalhos
apresentados pelos alunos-professores da Faculdade
de Formação de
Professores
de São Gonçalo (RJ) e pelos de Rio Branco, Sena Madureira e Cruzeiro do Sul, da UFAC, a
relação é um
pouco mais
extensa porque
os trabalhos
ali
realizados foram apresentados por grupos de alunos,
visto que
não seria
possível
a correção de noventa pequenas monografias.
Aqui vão publicados oito trabalhos, que são
de autoria de:
Adaete Abreu
Loureiro (p. 20),
Alberlene S. Nogueira
Oliveira (p. 80), Albetiza
Rodrigues Vieira (p. 53), Alexandre Bandeira
de Menezes (p. 20), Almilene da Silva Freire (p. 41), Cacilda
Barbosa Santiago (p. 31), Divaneusa Albuquerque (p. 31),
Elenir de Oliveira
Machado
(p. 07), Evanéa Barros de Araújo (p. 72), Francisco Cláudio
Lopes (p. 53), Gercineide Maia
de Souza (p. 41), Girlânia de Sousa Pereira
Calderon (p. 72), Jacqueline Saturnino
de Souza Medeiros (p. 20), José Eudes de
Moura (p. 80), José Progênio
Ribeiro (p. 80), José Tadeu Silva Araújo (p. 41),
Maria Aniceta Cacau Nunes (p. 53), Maria Francineide (p.
31), Maria Guiomar Ramos (p.
20), Ozéias Moreira da Costa
(p. 41), Priscila Brügger de Mattos (p. 14), Raimunda Rodrigues
da Costa (p. 20), Rainise
Pereira
Lima (p. 41), Rosilda Maria Oliveira da Cunha
(p. 53), Sérgio Torres dos Santos (p. 53), Stalin Che Guevara S. Melo
(p. 31), Terezinha Góes (p. 31) e Valcilda
Bezerra
de Amorim (p. 80).
Lembramos aos interessados que, no primeiro número desses Cadernos
da Pós-Graduação
em Língua
Portuguesa, foram publicados os seguintes
trabalhos, voltados
para
o aspecto diacrônico
dos estudos de
Língua
Portuguesa: “Evolução dos pronomes demonstrativos
do latim ao
português”, do Professor José Roberto de
Castro Gonçalves; “A evolução dos tempos
verbais”, da Professora Priscila Brügger
de Mattos; “A formação dos pronomes na língua
portuguesa”, da Professora Jupira Maria Bravo
Pimentel; “A influência
indígena
nos topônimos
do município de
São
Gonçalo”, da Professora Norma
Cristina da Silva Moreira; “Contribuições
Africanas nos
Falares
do Brasil”, da Professora Jaline Pinto
da Silva; “Origem e
uso
do futuro do
subjuntivo”, da Professora Patrícia
Miranda Medeiros; “Provérbios:
sabedoria
de um povo
– os provérbios e
seus
opostos”, da Professora Nadir Fernandes Rodrigues Cardote e “Permuta entre
/b/ e /v/” e o Professor José
Marcos
Barros Devillart e
ainda
pode ser adquirido com
o editor.
O organizador
dos Cadernos da
Pós-Graduação
em Língua
Portuguesa não se responsabiliza
pelas opiniões dos
autores,
que entregam os
textos
digitados para a
específica
finalidade de serem publicados e
contribuem com a
sua
divulgação, adquirindo sempre
um pequeno
número de
exemplares
para que se
cubram as despesas da publicação.
Aguardando as suas
críticas e as
suas
sempre bem
desejadas sugestões, a Coordenação de Publicações do
Departamento
de Letras promete
levar
absolutamente a
sério
todas as suas
opiniões
e corrigir todos
os erros
possíveis
nos próximos
números ou
reedições, ressalvada a falta de recursos
para uma publicação tecnicamente mais elaborada.
Atenciosamente,
José
Pereira da Silva
Organizador
e Editor
MORFEMA ZERO E CASOS DE
ALOMORFIA
SUMÁRIO
Elenir de Oliveira Machado
(UERJ)
INTRODUÇÃO
Este
trabalho pretende levantar alguns
questionamentos a respeito da ocorrência do morfema
zero Ø. É preciso
estabelecer uma diferença
entre morfema
e morfe, pois essa noção
de morfe em
oposição
a morfema será
útil
para a compreensão
de alguns
fenômenos
como a alomorfia.
A questão da flexão em língua portuguesa ainda
é motivo de
muita
discussão. Matoso Câmara
abriu espaço para
muitos questionamentos sobre a tradição
gramatical; mas
percebemos agora,
em
alguns aspectos,
uma retomada de
alguns
pontos da gramática
tradicional através de Evanildo
Bechara e Valter Kehdi.
MORFEMA
ZERO
E CASOS DE
ALOMORFIA
Classificação do
morfema
O morfema
zero está incluído na seguinte classificação segundo
Valter Kehdi:
1)
morfemas aditivos
2)
morfemas subtrativos
3)
morfemas alternativos
4)
morfemas
reduplicativos
5)
morfema de posição
6)
morfema
zero
Conceito
de morfema
Antes
de explorar o morfema zero
começarei com
conceitos
de morfema
dados
por alguns
gramáticos:
Evanildo Bechara: “Chama-se morfema a unidade
mínima
significativa
ou dotada de
significado
que integra a
palavra”.
Rocha
Lima: “A menor unidade significativa que
pode figurar numa palavra”.
Matoso Câmara: “O
elemento formal
que se combina
com
o semantema (radical), constituindo um mecanismo gramatical por meio do qual o
semantema passa a
funcionar
na comunicação
lingüística.
Manoel Ribeiro
(Gramática Aplicada da
Língua
Portuguesa, 7a ed. Metáfora Editora) cita três
tipos de morfemas:
a) categoriais: expressam as categorias gramaticais
de uma língua (gênero,
número, tempo,
aspecto, modo,
pessoa, etc.)
b) lexicais:
são responsáveis
pela formação
de uma nova
palavra
(os prefixos e
sufixos).
c) relacionais: relacionam elementos frasais
(preposições,
conjunções,
pronomes
relativos).
Morfemas
categoriais
Os morfemas
categoriais serão
objeto
de estudo nessa
análise
da ocorrência do
morfema
zero na Língua
Portuguesa.
O morfema
zero consiste na
ausência
de uma marca de
oposição
em relação
a outro termo
marcado. Evanildo Bechara diz ainda:
“Só haverá morfema
zero se a noção
por ele
expressa for inerente
à classe gramatical
em que
ele ocorra”.
Ocorrência
do morfema zero
São
comuns na Língua Portuguesa as
ocorrências
de morfema
zero
na flexão
nominal
e verbal.
Flexão
nominal
gênero
a – feminino:
menina
a) flexão nominal
número
s – plural
Em
relação à flexão de gênero
existe uma forma marcada -a (feminina) e em oposição, uma forma não marcada Ø (Masculino).
Em relação
à flexão de
número
existe uma forma marcada -s (plural) e uma não
marcada Ø (singular).
Flexão
nominal de gênero (outras considerações)
Ainda
há muitas discussões
sobre a flexão
de gênero; Matoso é
categórico
ao afirmar que
não existe marca
de masculino e
sim
uma ausência de
desinência:
morfema zero
(Ø). Sendo o -o de garoto,
livro, etc, uma vogal temática nominal. Se considerarmos o -o de garoto marca
de gênero
masculino, teríamos de considerar
também
o -e em
mestre,
porque ambos
fazem oposição a -a em garota
e mestra.
Evanildo Bechara (Moderna
Gramática Portuguesa) afirma
que
em relação
ao gênero, “no
par
alto/alta,
a oposição de
gênero
aparece marcada nos
dois
termos mediante
-o e -a”.
Nessa consideração
em relação
ao gênero, Bechara recorre à tradição gramatical,
considerando -o masculino em oposição ao -a
feminino.
Valter Kehdi nos
convida a rever a posição
do Matoso ao afirmar que
quando se acrescenta a uma palavra feminina
uma terminação
que
contenha -o, essa palavra passa a masculina.
Exemplos:
mulher (fem.) / mulheraço (masc.) -
cabeça
(fem.) / cabeçalho (masc.)
Valter Kehdi lembra
ainda
que o povo,
em sua
linguagem
espontânea,
cria formas
masculinas sempre
em
-o (ex: coiso, corujo, etc.) e conclui que
-o está intimamente associado
à noção de masculino
e não reduz a uma
oposição
Ø / -a, e sim, a uma oposição -o / -a. Afirma ainda que a desinência -o apresenta as
variantes
Ø (peru /
perua,
autor / autora) e u semivocálico (europeu / européia; mau
/ má).
Sobre
as considerações
feitas por
Valter Kehdi, sabemos que há uma tendência popular
em associar o
-o ao masculino (tartarugo,
colego, etc.), o -a ao feminino
(cavala, etc.) e alguns
nomes terminados
em
-e acabam sendo neutros (a
ou o
hóspede
s.m. e hóspeda s. f.). Há
ainda
certa dificuldade
em associar certas palavras
terminadas em -a ao masculino (o grama
- unidade de
medida
- , telefonema, etc.) e palavras terminadas em
-o ao feminino (carrasco s.m., usada popularmente da seguinte
forma: carrasca
s.f. Nesse processo de escolha de desinência
-a ou -o, às vezes ocorre na criação
de neologismos (plugado, deletada,
etc.).
Flexão
nominal de número (outras considerações)
No par
alto/altos,
a noção de
número
plural, inerente
à classe dos nomes,
acha-se marcada pelo pluralizador -s, enquanto a noção
de singular está marcada pela ausência
de uma marca. Bechara considera esse como exemplo de um verdadeiro morfema
zero Ø.
Em
palavras
paroxítonas terminadas em -s (simples, lápis,
ourives, etc.), assim como
Matoso, Valter Kehdi fala em alomorfe zero
Ø. São nomes
que permanecem
invariáveis
no singular e no
plural
e a identificação de número só
acontece mediante à
concordância. Ex.: lápis
preto
/ lápis
pretos.
O fato
de termos em
português mais
de uma representação fonológica para exprimir o plural, não significa dizer que temos também
mais de um
morfema para exercer essa função.
Em nomes
terminados em
consoantes,
antes é preciso
admitir que morfemas têm mais
de uma configuração fonêmica.
Além
da configuração fonêmica /s/ em nomes como gatos,
mapas, etc., têm a
configuração
/es/ em
nomes
como mares,
cruzes, etc.
A fim
de considerar as várias
configurações
de um morfema
dado, os
lingüistas
postularam uma espécie de
pseudomorfema chamado morfe. Os morfemas
podem ser representados por
um ou
mais de um
morfe. Os morfes são constituídos de fonemas e diferem um
dos outros
por
terem diferentes
sentidos
ou diferentes
realizações fonêmicas. Os vários morfes que
representam um
morfema
são chamados alomorfes. Assim, consideramos que
em mares
e cruzes, foi acrescentado o
alomorfe -es (da desinência -s)
aos radicais
mar
e cruz.
Flexão
verbal
Número
pessoal:
Singular: 1a pessoa:
Ø, -o, -i;/ 2a pessoa: -s, -ste, -es, Ø (no
imperativo
afirmativo)/3a pessoa:
Ø, -u.
Plural:
1a pessoa: -mos / 2a
pessoa: -is, -stes, -des, -i (imperativo afirmativo), -de
(imperativo
afirmativo) / 3a pessoa: -m.
Modo
temporal:
Indicativo:
presente: Ø/ pret. imperf. : -va-, -ve- (1a
conj.), -ia-, -ie- (2ª conj.) / pret. perf.: Ø (para
as cinco primeiras
pessoas), -ra- (3ª pes. do pl.)/pret.
mais que perf.: -ra-, -re- /fut. do pres..: -rá-, -re-/fut.
do pret.: -ria-, -rie-.
Subjuntivo:
pres.: -e- (1a conj.) / -a- (2a e 3a conj.)
/ pret. imperf.: -sse-/fut.: -r-, -re-.
Formas
nominais:
infinitivo: -r- / gerúdio: -ndo / partcípio: -do.
O morfema
zero só
deve ser postulado
em caso
de necessidade. A
ocorrência
do morfema
zero
na flexão
verbal
se dá pela
falta
de marca em
relação às outras do mesmo paradigma.
Em: escrevo, escreves,
escreve, escrevemos, escreveis, escrevem, a 3a
forma verbal é
caracterizada pela
falta
de desinência
em
relação às outras
pessoas
verbais. Temos,
portanto,
um morfema
zero. Assim,
para postularmos um
morfema zero,
temos de satisfazer as
seguintes
condições,
segundo
Valter Kehdi:
1.
é preciso que o morfema zero corresponda a um
espaço vazio;
2.
esse
espaço vazio deve opor-se a um
ou mais
segmentos;
3.
a noção expressa pelo morfema zero
deve ser inerente à classe gramatical do vocábulo examinado.
Alomorfia
Na flexão
verbal também
há casos de
morfemas
que assumem, em
certas situações,
diferentes
configurações
fonemáticas. São os alomorfes de um mesmo morfema. Nas formas
verbais: cantais, cantáveis, amais,
amáreis, cantardes, fazerdes, fizerdes, partirdes; é
possível
identificar em
todas o mesmo
morfema
com valores
de pessoa (2a ) e
número
(plural).
Isso
acontece através de morfes diferentes: -is e -des. Estes dois segmentos constituem um
caso de
alomorfia,
pois contém mesmos
valores
significativos.
Quando ocorre a
alomorfia, a forma de
mais
alta freqüência
deve ser considerada a
base; a outra é
variante,
seu alomorfe: no pret. Imperf. do ind., 1a
conjugação, a forma base é -va-; a variante é -ve- (cantáveis).
Morfema zero x alomorfe zero
É de grande
importância o
valor
significativo dos morfemas.
A alomorfia constitui uma diferença de significante,
não de
significado: o morfe é outro,
o morfema
é o mesmo. O
morfema
zero ocorre numa
série
de morfemas e o alomorfe zero ocorre numa série
de alomorfes.
CONCLUSÃO
Concluo
que
a divisão das palavras
em morfemas
não é uma tarefa
tão simples,
pois envolve muitos
aspectos.
Quanto
à flexão
dos nomes, podemos
dizer
que a existência
de uma oposição -a (fem.) Ø (masc.) para o gênero é a mais completa, pois os termos masculinos são
usados de modo
geral
há muito
tempo,
só havendo particularização em relação ao uso do feminino.
O plural dos
nomes
em português
é mais simplificado do que sempre nos mostrou as gramáticas
tradicionais, estas estavam preocupadas em
mostrar exceções
desde os níveis
mais primários.
A
flexão
verbal requer um
pouco mais
de atenção
quanto
ao uso do
morfema
Ø, atentando sempre
para
a interpretação
fonológica
de um morfema.
BIBLIOGRAFIA
BECHARA, Evanildo.
Moderna Gramática
Portuguesa. 37a ed. Ver. e ampl. Rio de Janeiro : Lucerna, 1999.
CÂMARA
JR.,J. Matoso. Dicionário de Lingüística e Gramática. 12a
ed. Petrópolis : Vozes, 1985.
––––––. Estrutura
da Língua Portuguesa. 21a ed. Petrópolis :
Vozes, 1992.
CARONE, Flávia de
Barros. Morfossintaxe. 6a ed. Ática –
Série Fundamentos.
CAVALIERE, Ricardo.
Fonologia e Morfologia
na Gramática Científica
Brasileira. 1a ed. Rio de Janeiro: EDUFF,
2000.
FREITAS, Horácio Rolim de.
Princípios de morfologia.
2a ed. Rio de
Janeiro
: Presença, 1981.
KEHDI, Valter.
Formação de palavras
em português.
3a ed. Ática - Série Princípios, 2000.
RIBEIRO,
Manoel Pinto.
Gramática Aplicada da
Língua
Portuguesa. 7a ed. Rio de Janeiro: Metáfora
Editora, 1992.
ROCHA
LIMA, Carlos Henrique da. Gramática
da Língua
Portuguesa. 38a ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000.
TIPOS
DE MORFEMAS
SUMÁRIO
Priscila Brügger de Mattos
(UERJ)
Introdução
Este
trabalho possui como
principal objetivo
conceituar
morfemas
e; também, fazer
uma breve
ilustração
dos variados tipos de morfemas presentes
na Língua Portuguesa. Iremos enfocar os morfemas aditivos, subtrativos,
alternativos, reduplicativos, de
posição e zero.
O
morfema
Chama-se
morfema a unidade
mínima
significativa
ou dotada de
significado
que integra a
palavra. Tomaremos como
base
o que diz J. Mattoso
Câmara
Jr. , em seu
Dicionário de Lingüística
e Gramática (verbete
morfema). Segundo
o autor, os
morfemas, do ponto de
vista
do significante, podem
ser
: aditivos, subtrativos, alternativos, reduplicativos, de
posição
e zero.
Morfemas
Aditivos
Como
o próprio nome
o indica, os morfemas aditivos são segmentos que
se ligam a um
núcleo,
ou seja, a um
radical. Em
nossa língua,
são os morfemas
mais produtivos.
De acordo com
Evanildo Bechara, em sua Moderna Gramática Portuguesa (2001), os
morfemas
aditivos são
representados por:
1. prefixos: anteposição à base
lexical: pôr-repor; quieto-inquieto
2. sufixos, interfixos e
desinências: posposição à base
lexical
3. infixos: intercalação
no interior da
estrutura
da base
4. circunfixos: anteposição e posposição
simultaneamente à base
(parassintéticos)
5. descontínuos: fragmentação
pela intercalação
de outro
morfema
6. reduplicativos:
repetição da parte inicial
da base
Convém
ressaltar a diferença
entre interfixo e
infixo; o interfixo une uma raiz
a um sufixo ou dois radicais de um composto: grat-i-dão, fil-ó-sofo. Por
outro lado,
o infixo insere-se
dentro
de outro morfe,
normalmente
a raiz :pensar,
pensamento.
Morfemas
Subtrativos
São
morfemas
resultantes
dá supressão de um
fonema
do radical para
exprimir alguma diferença
de sentido.
São
mais raros
que os morfemas
aditivos; podemos citar
como exemplos:
Anão / anã
Órfão
/ órfã
Após
uma primeira
análise
dos pares
acima, podemos concluir
que
nesses casos o
feminino
é obtido através da
eliminação
do /-o/ do masculino. A noção de feminino,
em vez
de aparecer indicada
através
da adição de
um
morfema à forma
masculina, processo
básico de
formação
do gênero em
Português, decorre da própria
subtração dessa forma.
Partindo a análise
dos masculinos,
não podemos afirmar
que o feminino
resulta da queda do /-o/;
visto
que substantivos
em –ão apresentam
vários
tipos de
femininos:
Irmão
/ irmã
Leão
/ leoa
Sultão
/ sultana
Assim,
quando temos o feminino em –ã,
o masculino é automaticamente em –ao; se o masculino
termina em –ão, há variadas
possibilidades de feminino.
Morfemas
Alternativos
Consistem na
substituição de fonemas
do radical,
que
passa a apresentar
duas ou mais
formas alternantes; dessa
forma
resulta o morfema.
Veremos os casos
de alternância
vocálica. Podemos
distinguir
três tipos
de alternância de
timbre
da vogal
tônica:
1. /ê/ - /é/; /õ/ - /ó/
Essas
alternâncias aparecem em alguns nomes e pronomes;
marcando a oposição
entre
masculino e
feminino
ou singular
e plural :
esse/essa;
novo/nova; ovo/ovos.
Também
ocorrem em
alguns
verbos da segunda
conjugação, opondo, no
presente
do indicativo, a
primeira
pessoa do singular
às demais
pessoas
que apresentam
acento
tônico no radical:
bebo/bebes; torço/torces.
2. /ê/ - /i/; /ô/ - /u/
Estabelecem
distinção, nos
pronomes, entre
o animado e o
neutro:
esse/isso;
aquele/aquilo;
todo/tudo.
3. /i/ - /ê/; /u/ - /ô/; /i/ - /é/; /u/ -
/ó/
Ocorre
em alguns
verbos da
terceira
conjugação, marca,
no presente do indicativo,
a oposição
entre
a primeira pessoa
e outras formas rizotônicas: minto/mentes; sinto/sentes;
sumo/somes;
firo/feres; durmo/dormes.
Em
Portugal, em
geral, é o timbre
aberto
ou fechado da
vogal
tônica que
distingue a primeira
pessoa
do plural do
presente
do indicativo e do
pretérito
perfeito dos
verbos
da primeira e
segunda
conjugação : lavamos /â/-presente,
lavamos /á/-pretérito perfeito;
devemos /ê/-presente, devemos /é/-pretérito
perfeito. No Brasil não
fazemos em regra esta distinção, que
fica a cargo do advérbio
adequado : Hoje falamos disso. Ontem falamos disso.
A partir dos exemplos
citados acima, podemos
constatar
que o morfema
–mos
(desinência) acumula dois valores. Este processo é chamado de Cumulação, ou
seja, é o fato de
um
mesmo morfema
comportar mais
de um
significado,
cuja existência
podemos comprovar pela
Comutação; que é a
troca
de um segmento
do plano da
expressão, e possui como
resultado
uma alteração no plano do conteúdo.
Morfemas
Reduplicativos
Em
alguns idiomas,
a repetição da
parte
inicial do
radical
possui valor morfológico. Verificamos
essa ocorrência
em
Latim, em
que certos
verbos apresentam, no
pretérito
perfeito do indicativo, uma forma
caracterizada pela reduplicação ou redobro: cano, ”canto” /cecini;
do, ”dou” /dedi.
Havia no Latim,
o chamado redobro
expressivo ou
intensivo, com
repetição da
consoante
inicial do
radical
acompanhada de uma vogal acrescida da
vibrante /r/:murmur, ”murmúrio”; turtur, ”rola (ave). Este recurso, tinha por função dar mais realce ao vocábulo; seu emprego era mais estilístico. Observa-se o
caráter
onomatopéico dos
exemplos
apresentados.
A Língua Portuguesa não
apresenta morfemas reduplicativos. Em nossa língua, o fenômeno da
reduplicação é comum na linguagem infantil e nos hipocorísticos:papai,
mamãe, vovô,
Zezé, Fifi; ocorre, também em alguns compostos:pingue-pongue,
reco-reco,
tique-taque.
Esses exemplos
não possuem valor
morfológico; na verdade, ilustram o chamado redobro expressivo.
Morfema
de Posição
O morfema de posição
distingue-se dos outros tipos aqui
apresentados
por não
se constituir nem
em acréscimo,
nem em
subtração de segmentos.
A disposição dos morfemas
na frase pode ter
valor gramatical.
Podemos citar como
exemplo duas
frases: 1. João vê
José / 2. José vê João. Na primeira
frase temos João
como
sujeito e José como
objeto; já
na segunda temos José como sujeito e João como objeto.
É válido ressaltar que temos seqüências
de ordem
livre
como, por
exemplo, em:
Hoje, vou sair/Vou,
hoje, sair/Vou
sair, hoje; em que a posição variável
do advérbio
não
lhe altera a
função. Acrescentamos, ainda, que há combinatórias que
não podem ocorrer:*homem o (diferentemente
do que se
passa
em romeno,
em que
o artigo é posposto : omul).
Para
os lingüistas de
orientação
distribucionalista, as combinações de segmentos
internos ao vocábulo
são estudadas na
morfologia, cabendo à sintaxe o
estudo
das combinações ao
nível
da frase, o
morfema
de posição ocuparia uma parte importante
da sintaxe.
Morfema
Zero
São
comuns, em
Língua Portuguesa, os exemplos de morfema
0 na flexão
verbal:com freqüência,
as desinências modo-temporais e
números-pessoais são representadas por esse tipo de morfema.
Lembremos, contudo,
que
não se deve postular
um morfema
0 quando estamos
diante
de um
elemento
recuperável: em ame, não se deve falar em vogal temática 0, visto
que, no tema
amA-, a vogal
temática
se elide antes da
desinência
modo-temporal –e: am(a)e.
Essa
observação nos
previne contra o
uso
indiscriminado do
morfema
0, que só
deve ser postulado
em caos
de verdadeira necessidade.
Flávia Carone, em
Morfossintaxe (1994) nos oferece mais
exemplos de
ocorrência
do morfema 0
em
nossa língua.
De acordo com
a autora, o singular dos nomes não se
concretiza em
um
ponto do vocábulo, mas está presente como categoria
de número, o
que
se comprova com o
plural: livro-s / livro-0. O ponto
que, no plural, é
ocupado
pelo morfema
–s, no singular é
um
conjunto vazio,
que representamos pelo
símbolo 0
e denominamos de
morfema zero.
Ambos, porém,
são realidades
morfêmicas: aliás,
como
noção gramatical,
cada um
deles só existe
graças
à existência do
outro.
Sem essa oposição
sequer seriam cogitados esses conceitos.
Assim, a
categoria
gramatical de
número
só existe porque
um par
opositivo a instaura: singular e plural.
Conclusão
Á guisa de conclusão,
podemos afirmar que
a Língua Portuguesa possui um número significativo de morfemas.
Convém assinalar que
os variados tipos de morfemas apresentados neste trabalho
dividem-se em
três
grupos, caracterizados, respectivamente, pelo acréscimo, pela
subtração e pela
alternância de
segmentos.
Em
nossa língua,
predominam, como
já
se observou, os morfemas aditivos; são freqüentes, também,
os alternativos (normalmente,
redundantes com
relação aos
morfemas
segmentais), no terreno das flexões nominal
e verbal. E
raros
são os casos
de morfemas subtrativos em nossa língua.
Percebe-se
que os morfemas
reduplicativos estão relacionados à linguagem
infantil, aos hipocorísticos e aos compostos. Não
há este tipo
de morfema em
nossa língua.
É importante acrescentar que o morfema
de posição é
um
tipo de limítrofe
entre a
morfologia
e a sintaxe, o que
dificulta o estabelecimento de uma rígida linha divisória entre
os dois campos.
Temos
também, o morfema
zero que
consiste na ausência de uma marca de oposição
gramatical em
referência a
outro
termo marcado. Só
haverá este
tipo
de morfema se a
noção
por ele
expressa for inerente
à classe gramatical
em que
ele ocorra.
Referências
Bibliográficas
BECHARA, Evanildo.
Moderna
Gramática Portuguesa. 37ª ed.
Rio
de Janeiro :
Lucerna, 2001.
CÂMARA
JR. , Joaquim Mattoso. Estrutura
da Língua Portuguesa. 31ª ed. Rio de Janeiro :Vozes.
CARONE, Flávia. Morfossintaxe. 4ªed. São Paulo : Ática, 1994.
KEHDI, Valter.
Morfemas do Português.
3ªed. São
Paulo : Ática.
KOCH, Ingredore Villaça & SILVA, M. Cecília
P. de Souza. Lingüística Aplicada ao Português: Morfologia.
9ªed. São Paulo : Cortez
MONTEIRO, José Lemos.
Morfologia Portuguesa. 3a ed.
São
Paulo : Pontes, 1991.
A COMPOSIÇÃO COMO PROCESSO DE
FORMAÇÃO
DE PALAVRAS
EM PORTUGUÊS
SUMÁRIO
Adaete Abreu
Loureiro
(UFAC)
Alexandre
Bandeira
de Menezes (UFAC)
Jacqueline
Saturnino
de Souza Medeiros (UFAC)
Maria Guiomar
Ramos
(UFAC)
Raimunda Rodrigues da
Costa
(UFAC)
INTRODUÇÃO
Este
trabalho tem por objetivo apresentar pesquisa
de campo realizada no mês de março do
corrente ano,
sobre: as gírias
utilizadas por
usuários
de drogas que
ficam aos arredores da praça da Justiça,
localizada nesta cidade; a linguagem usada pelos
flanelinhas (guardadores
de carros)
que
concentram-se em
frente
a Polícia Militar.
A primeira
pesquisa
referente
à gíria é uma
linguagem
que nasce em
um certo
grupo social
e termina estendendo-se à linguagem familiar. Ela
perpassa aos meios de comunicação e morre ou
renasce na voz do
povo. Pode ser incorporada
pela
língua oficial,
permanecer no vocabulário
de pequenos
grupos
ou cair em desuso.
A segunda
pesquisa trata-se de uma linguagem também
cheia de gírias
que é criado
com o intuito
de segredo, e
quando
o segredo é
quebrado
surgem outras palavras
para
denominar o meio,
o mundo, as
coisas.
Enfim,
este trabalho será feito com a intenção
de atingir a expectativa
do tema escolhido
por
esse grupo,
ou seja, “formação
de palavras
em
português”, relacionando
gírias
e expressões idiomáticas, mais freqüentes
em determinados
grupos sociais,
como os acima
citados, destacando aqueles formados pelo processo de composição por justaposição, com
seus devidos
significados.
OBJETIVOS
Geral
O trabalho em questão tem como pretensão mostrar que cada indivíduo ou grupo social apresenta diferentes
maneiras de
transmissão
de seus
conhecimentos
e comunicação.
Cada
um depende de seu
meio social,
podendo expressar-se de diferentes formas, porém,
transmitindo os mesmos significados, segundo
os seus
desejos
e suas possibilidades.
Específico
Estudar
a linguagem
usada pelos
usuários
de drogas e
pelos
guardadores de
carro
na cidade de Rio
Branco.
JUSTIFICATIVA
Este
trabalho foi realizado com objetivo de
expandir os nossos
conhecimentos no
campo
das denominações da
linguagem
utilizada pelos
três
grupos
específicos: dos usuários
de drogas
e dos guardadores de carros.
Justifica-se com
o presente estudo,
a maneira em
que surgem as
gírias
e como elas
são entendidas pelas pessoas, o processo comunicativo das palavras
usadas pelos rádio-taxistas.
METODOLOGIA
Este
trabalho foi realizado através de duas pesquisas
de campo, nas
quais
foram feitas
entrevistas. Na primeira
foram entrevistados adolescentes e adultos
pertencentes ao grupo dos usuários de drogas;
na segunda foram entrevistados os flanelinhas (guardadores
de carro).
Depois,
relacionaram-se as palavras
e expressões
em
forma de gírias,
por ordem
alfabética, com
seus devidos
significados.
Além
disso, foi destacado todo o vocabulário formado pelo processo de composição por justaposição.
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Entende-se por campo semântico
“associação de significação para um certo número de
semantemas, como os
termos
para cor, para partes do corpo animal, para os fenômenos
meteorológicos, etc. (...) em que cada palavra se associa com
outras na base de significações
correlatas dentro da cultura a que a
língua serve”.
Compreende-se como
linguagem
especial,
em sentido
estrito, uma
linguagem
fundamentada na prática de
um
ofício ou
profissão. Há,
por
vezes, termos
técnicos e
científicos,
por outro
lado há, aqueles,
de criação
popular.
A Semântica
é a ciência
que
estuda as significações das formas lingüísticas.
Essa visão da
ciência
vimos no decorrer do
curso
e percebemos a sua aplicabilidade na feitura e organização
do presente trabalho.
Baseando-se
nos conceitos
que a semântica
com “o estudo
do sentido das
palavras”, vemos ser a
linguagem
humana um
meio eficaz
de comunicação. Nesse sentido, a língua
é um
instrumento, o veículo
que
serve à comunicação das idéias, assim
entendemos com Guiraud.
Segundo
Evanildo Bechara, semântica é “o estudo
da significação dos vocábulos e das
transformações de sentido por que estes mesmo vocábulos passam”. Já
para Mattoso Câmara Jr., semântica é “o estudo
da significação das formas lingüísticas.
No que
diz respeito à
linguagem
dos meninos de
rua, pode-se afiançar
que
a comunicação se estabelece a partir do momento que eles
utilizam as gírias
para
expressar suas
idéias e
sentimentos. É esse
modelo
de linguagem denominada de “gíria” que eles utilizam no processo comunicativo, com
o intuito de
esconder
às atividades
que
exercitam enquanto “guardadores
de carros”.
As gírias,
criadas pela
necessidade
de sigilo,
são
formadas a partir de
elementos
formais já
existentes ou tomados de empréstimos a outras línguas,
como é o caso
das palavras “vela”
ou “back” para
designar “cigarro
de maconha”.
Outro
tipo de processo, na formação
de novas
gírias, pode originar-se por composição por justaposição.
FORMAÇÃO
DE PALAVRAS
EM PORTUGUÊS
PLO PROCESSO DE
COMPOSIÇÃO
POR JUSTAPOSIÇÃO
Em
português as palavras se formam por
vários processos,
entre ele,
o processo de composição,
que é conceituado
por alguns
autores a seguir,
da seguinte forma:
Luiz Antônio Sacconi (Nossa Gramática: Teoria e Prática, p.70)
define:
“È a formação
de palavras
pela união de
dois ou mais sematemas”.
Exemplos:
por-espinho, testa-de-ferro, pernalonga,
passatempo,
malmequer, vaivém,
etc.
Evanildo Bechara (Moderna Gramática
Portuguesa, p. 351) diz que:
“É a junção
de dois
elementos identificáveis
pelo
falante numa
unidade
nova de
significado
único e somente.”
Exemplo:
papel-moeda,
boquiaberto, planalto,
etc.
Manuel Pinto Ribeiro (Nova Gramática Aplicada da Língua Portuguesa, p. 121) Explica-se que:
“A
composição acontece
quando
se juntam dois ou
mais radicais.”
Valter Kehdi (Formação de Palavras
em Português,
“Apostila”, p. 17) esclarece:
“É um processo de formação lexical
que consiste na
criação
de palavras
novas
pela combinação
de vocábulos
já
existente.” Exemplo: amor próprio, ganha-pão, etc.
Através
dos conceitos
e dos exemplos
acima
citados, dá para distinguir
dois tipos de
composição:
justaposição
e aglutinação. O primeiro apresentado, segundo o último autor referido acima
(apostila 18), “Ocorre
quando
os termos
associados
conservam a sua
individualidade”,
ou seja, os sematemas permanecem absolutamente inalterados.
Eis
alguns exemplos: porco-espinho,
testa-de-ferro, pernalonga, passatempo, vaivém, sempre-viva, etc.
Como
o objetivo
de apresentar palavras
com estas
características
é que, logo
abaixo, relaciona-se vocábulos (gírias)
dos flanelinhas e dos usuários de drogas,
com seus
devidos
significados, coletados através
de pesquisa de campo
realizada pelos
componentes
do grupo
responsável
por este
trabalho, onde
teve a preocupação de
destacar
todas as palavras formadas pelo processo de composição por justaposição.
A seguir, o resultado
da pesquisa realizada:
Vocabulário
dos usuários
de drogas
que
ficam aos arredores
da praça da
Justiça
A
Aluado:
Distraído, desligado, de lua
Apoquentado:
Nervoso, irritado
Arroz:
Cocaína
Avião:
Pessoa que passa droga
B
Baião
de dois:
Mistura de maconha com pasta base (por justaposição)
Bocada:
Lugar onde vende-se droga
Brizolado: Cocaína e maconha
misturado
Barra-limpa:
Sem
impedimento, descontraído (por justaposição)
C
Cana: Cadeia, prisão
Carne-de-pescoço:
Teimoso,
pessoa difícil (por justaposição)
D
Dar
com a língua
nos dentes:
dizer o que não deve
E
Encarar:
Ficar olhando
J
Jaburu:
Mulher
feia
Jegue-manso:
Comer quieto (por justaposição)
L
Lero:
Conversa
Levar
a pior:
perder um negócio, ser derrotado
M
Morcegão:
Pessoa que só sai à noite
N
Noiado:
Pessoa que usa droga
P
Palha: Fumo que não é bom
Pó: Cocaína
Pacoitero:
Grande quantidade de maconha
Q
Qual
é o do capeta?:
O que ele deseja?
T
Tá limpo:
Esta certo
Testa-de-ferro:
responsável pelos negócios
de um grupo;
aquele que
assume tudo pelo
grupo (por
justaposição)
Toldado: Muito louco
V
Vela: Cigarro de maconha
Vocabulário
dos flanelinhas
que
concentra-se em frente à Polícia Militar, nesta cidade.
B
Bater
um fio:
telefonar
Bicão:
Intrometido
Bicha
louca:
Pederasta,
barato,
escandaloso (por
justaposição)
Boca
quente: Local
perigoso
Boa-gente:
Educado, camarada, respeitador
Brocado:
Muita
fome
C
Cabeça-de-bagre:
Jogador sem
classe, sem técnica, mau jogador (por justa posição)
Caixinha: Gratificação, gorjeta
Caixa
de pancada:
Pessoa infortunada, vítima que sempre leva a pior (por justa posição)
Careta: Pessoa chata, inconveniente, estraga
prazeres
Cara-de-Pau: Descarado, sem vergonha (por justa posição)
Cara:
Pessoa,
indivíduo, ser
Chapa: Companheiro, amigo
Caroça:
Carro velho
Cobra:
Ótimo em alguma coisa
D
Dar
mancada:
Cometer uma gafe,
ficar mal perante outras pessoas
Dar
pesada:
Avançado, sem preconceitos
incrementado (por
justa
posição)
Dar
no pé: Sumir
(por
justa posição)
Dedar:
Denunciar
Dedo-duro:
Denunciante (por
justa
posição)
Descurtir:
Deixar de gostar,
abandonar
Deu furo: Não pagou
Dica: Informação, idéia
E
Educado:
Confuso, preocupado
Engrossar:
Perder
a classe,
faltar com educação
Entrar
em fria:
Ser mal
sucedido
Entrar
pelo cano:
Levar prejuízo,
ser derrotado
Enxuta: Mulher conservada, bonita
Estar
na pior:
Esta em dificuldade
Escalão:
Meninos que chegam sem ser convidados
F
Faturar:
Vencer,
conseguir, ganhar dinheiro
Fajutos: falso, enganoso
Fino: Pessoa que goza de bom conceito, honesta
Fofoca: Comentários, boatos,
mexericos
Flanelinha: Meninos que
trabalham lavando carros nas ruas e praças
G
Gata:
Garota
jovem
Grilado:
Cismado, preocupado, impressionado
N
Nó-cego:
enrolado (por justa posição)
P
Pão-duro: Pessoas que não pagam (por justa posição)
Pé-rapado: Soldado
Peixão:
Coronel
R
Rango:
Refeição, comida
Rolo:
Briga, confusão
S
Sacar:
Entender,
perceber
T
Transar:
Relacionar
encontrar, contactar
Tira: Policial
U
Um
tremendo barato: Uma coisa sensacional, fora do comum
CONCLUSÃO
Ao término
deste trabalho, constatamos
que
as palavras e
expressões
da língua portuguesa são usadas de acordo
com o lugar,
a cultura e os
costumes
de cada grupo
social.
Vimos que para efetuarmos a comunicação é preciso
“falar a mesma
língua”: o português,
por exemplo,
é a língua do
nosso
país.
Mas,
constatamos que
só isso
não garante a
comunicação,
pois existem diferentes
manifestações de uma língua: a linguagem
dos usuários de
drogas
e dos flanelinhas,
por
exemplo, não
são as mesmas de
outros
grupos sociais.
Às vezes
as diferenças
sociais
ou grupais tornam
um
pouco difícil
a compreensão de
certas
palavras. Daí surge
até
a necessidade de m
estudo
mais profundo
dos significados de
palavras
e expressões,
ou
recorrer até mesmo a um dicionário.
No final
de nossa
pesquisa
procuramos, dentro de nossas limitações, mostrar nesse
trabalho tudo
aquilo que
pudesse estar relacionado
com
o assunto (formação
de palavras pelo
processo de composição
por justaposição),
elemento que
ficou estabelecido logo no início, e de contribuir para o estudo das
variações lingüísticas no campo das gírias
dos usuários de
drogas
e dos flanelinhas
nos
pontos mencionados na introdução.
Por
tudo quanto foi dito,
vale lembrar que: “Ainda que criativa e expressiva, a gíria
só é admitida na
língua
falada. A
língua
escrita não
a tolera, a não ser
na reprodução da
fala
de determinado
meio
ou época, com a visível intenção de documentar o fato, ou em casos especiais de comunicação
entre amigos,
familiares,
namorados, etc., caracterizada pela linguagem informal.”
(Sacconi)
BIBLIOGRAFIA
BECHARA, Evanildo.
Moderna
Gramática Portuguesa. 37ª ed., rev. e ampliada. Rio de Janeiro : Lucerna, 1999.
RIBEIRO,
Manuel Pinto.
Gramática Aplicada da
Língua
Portuguesa. 11ª ed., ref. e atual. Rio de Janeiro : Metáfora, 1994.
SACCONI, Luiz Antônio.
Nossa
Gramática: Teoria
e Prática no TP. 18ª ed., reformada e atualizada. São Paulo : Atual,
1994.
JOTA,
Zélio dos Santos.
Dicionário de Lingüística.
2ª ed. Rio de Janeiro
: Presença, 1981.
CAMARA JÚNIOR,
J. Mattoso. Dicionário de
Lingüística
e Gramática. 13ª ed. Petrópolis : Vozes, 1986.
ESTRANGEIRISMOS NA
IMPRENSA
SUMÁRIO
Stalin Che
Guevara S. Melo
(UFAC)
Cacilda
Barbosa Santiago
(UFAC)
Terezinha
Góes (UFAC)
Maria
Francineide (UFAC)
Divaneusa
Albuquerque (UFAC)
Introdução
Quando se fala em estrangeirismo, logo
vem a mente
um
amontoado de palavras e expressões, geralmente
em inglês, que convivem lado
a lado com
palavras e
expressões
da Língua Portuguesa. E o
inglês
aparece em primeiro
lugar por
um motivo
muito simples:
é uma espécie de língua-mãe do mundo globalizado, língua
que todos
tem que conhecer
para, se quiser, obter sucesso no mundo
moderno. Um
exemplo: qualquer
candidato a um
emprego numa empresa
de médio
porte
tem que dominar
a língua inglesa.
Talvez
um pouco
por isso,
a difusão de
expressões
e palavras dessa
língua
ao nosso dicionário
cotidiano esteja tão
vasto e denso.
E é particularmente
do estrangeirismo das expressões
inglesas que procuraremos
abordar,
embora haja uma
ausência
quase completa
de uma bibliografia
sobre
o assunto. Esta,
aliás,
nada fácil
de encontrar. Fora
algumas considerações na "Nova Gramática
Aplicada", do professor Manoel Pinto Ribeiro e
na "Moderna
Gramática
Portuguesa", do professor Evanildo Bechara, pouco ou nada há para se pesquisar acerca de
uma bibliografia
sobre
estrangeirismos.
Trabalho
oportuno
o do deputado Aldo Rebelo, do PC do B
de
São Paulo, cujo
projeto, de 1999, fizemos
questão
de dedicar um
capítulo à parte
(3), justamente
por
trazer uma questão fundamental, que
é a preservação das
palavras
em língua
portuguesa, num detrimento aos estrangeirismos exagerados,
estes
proporcionados, principalmente, por um mundo cada mais dominado pela
tecnologia de
ponta, estando esta, quase
sempre, nas mãos de
norte-americanos,
que dominam as
expressões
nesta área de
conhecimento
(capítulo 4).
Estrangeirismo na imprensa
Comumente, os jornalistas
fazem uso de
palavras
ou mesmo
expressões em
outras línguas,
principalmente
o inglês, para reforçar uma determinada
idéia contida na
frase
ou mesmo
na expressão.
Em
alguns casos,
no lugar de
algum
estrangeirismo,
até
seria possível uma
utilização
do termo na
língua
portuguesa, mas
por
uma questão da ênfase
lingüística, muitas vezes
opta-se, na imprensa,
pelo
uso de palavra
estrangeira.
Na consulta feita a alguns exemplares
do Jornal O Rio
Branco, no período
de dezembro de 2000, os maiores exemplos
de estrangeirismos surgiram exatamente nas seções
onde as páginas
são tiradas
da internet.
Isso
demonstra que no
eixo
Rio-São Paulo, os jornalistas usam de forma mais freqüente os tais
estrangeirismos.
Isso
não significa dizer,
contudo, que
os jornalistas
acreanos
também não
façam uso de
tais
recursos de
linguagem.
Entretanto,
quando
isso acontece, o
estrangeirismo
não atinge somente
o inglês, mas
sobretudo termos
e expressões de
origem
latina. Como
a própria
Língua
Portuguesa tem origem no Latim, fica difícil
uma análise no
sentido
de que
expressões
do tipo "in loco" ou
mesmo "data
venia" sejam propriamente um estrangeirismo.
No caso de uso de estrangeirismos
na imprensa
nacional, há termos
como
"pick-ups", conforme descrita na
Página 9 do jornal
O Rio Branco
do dia 02 de
dezembro
de 2000 onde na
expressão
"F 250 mantêm a liderança do mercado de pick-ups", o termo
estrangeiro não
ganhou uma tradução
literal.
Assim sendo, é
muito
mais comum,
no uso geral
da língua
falada
no Brasil se referir camionete
como
pick-up, logo vem à
mente
um carro
de porte
médio,
cerca de mil
toneladas, com
uma cabine e uma
carroceria. De tão
antigo
o termo
estrangeiro, a criança
cresce aprendendo, à margem da própria
Língua Portuguesa,
utilizar
a palavra pick-up
muito
mais do que
camionete.
Um
outro
exemplo de
estrangeirismo
encontrado na consulta feita a
exemplares
do Jornal O Rio
Branco foi o
termo
"design". Sem
uma tradução
específica, a expressão
estrangeira
ganha uma contextualização particular no sentido
de garantir uma
interpretação
e um sentido
próprio para um grupo reservado de pessoas
e até de
profissionais.
Fora deste
contexto
e do grupo
onde
o estrangeirismo está eventualmente inserido, não
sentido algum
em utilizá-lo.
Assim
sendo, "design" é um termo usado tão somente por aqueles que trabalham e lidam diariamente
com
decoração, desenho e coisas do gênero.
O termo aparece, a
título
de exemplo desta contextualização específica, na frase
"GMB, a maior
equipe
brasileira de
design",
também no dia
02 de dezembro de 2000 do Jornal O Rio Branco. Uma variante deste estrangeirismo é o termo
designer, aquele
profissional que
trabalha com
design.
Importante
observar, neste caso,
que quando
se faz referência a uma determinada profissão,
utiliza-se, pelo menos
para este caso o final
ER, acrescida ao substantivo, que em inglês representa exatamente
a pessoa que trabalha em determinado ramo.
Um
outro
exemplo de
estrangeirismo
especializado aparece comumente no setor da informática. Com
a inserção de
novas
tecnologias ao
mundo
moderno, onde
cada vez
mais se populariza o uso de computadores
e toda uma
sorte
de suprimentos para
informática, as expressões
estrangeiras terminam caindo, também,
no hábito
do falar cotidiano
da população de um
modo geral.
Importante observar,
todavia, que
tais
estrangeirismos
não ganharam
tradução,
mas são
utilizados constantemente. Muitas vezes, se desconhece até
uma simples
tradução
literal, mas
a popularização do estrangeirismo faz com que as pessoas se referiam a eles
como se da Língua
Portuguesa fossem.
Um
exemplo
de como este
estrangeirismo aparece quase que naturalmente está na expressão
"quase todos
os softwares no Brasil são piratas",
tirada de uma consulta no Jornal O Rio Branco do dia
03 de dezembro de 2000. O estrangeirismo, de tão
difundido o seu
uso,
torna desnecessário uma tradução. Mesmo
para quem não é especialista no assunto, percebe tratar-se de
componentes
ligados à informática.
Neste campo cabe
uma observação importante.
Existem estrangeirismos que de tão falados e difundidos no uso
comum da Língua,
terminaram sendo incorporados aos dicionários.
É o caso, por
exemplo, do
estrangeirismo
delete. Na década de 80, quando os computadores
pessoais (Personal Computers) começaram a
se popularizar no Brasil, a
expressão
designava, dentro
um
programa
específico,
sumir ou matar determinada informação contida na memória
do computador.
Atualmente, a tecla
"delete" está disponível para apagar qualquer informação, arquivo
ou programa
de computador. A
expressão
se popularizou, se tornou gíria e foi
incorporada aos verbetes de dicionários mais
modernos. No uso
diário, é comum
se ouvir "vou deletar
você da minha
vida", no lugar
de "vou tirar você
da minha vida"
ou mesmo
"vou te deletar",
ao invés de "vou te matar".
O Inglês
como
base do
estrangeirismo
Dentre todos os estrangeirismos
vigentes no país, o
mais
utilizado nos
dias
atuais, sem
a menor
sombra
de dúvida, é o
estrangeirismo
de termos e
expressões
de língua inglesa. A explicação é mais
do que comum.
Atualmente, os
negócios,
muito dos fatos
e acontecimentos estão nos Estados
Unidos. Estes, sendo a maior potência econômica e mesmo
cultural do planeta, terminam por impor palavras e termos
em muitos
países, sobretudo
no Brasil. Desse modo, fica fácil entender porque tantas e tantas
expressões
podem ser encontradas
pela
maioria das
cidades
brasileiras. Em Rio
Branco não
é diferente. Opta-se
utilizar
um estrangeirismo
da língua inglesa à
palavra
na Língua Portuguesa seja por uma questão de querer ser
moderno, seja por uma
questão
de publicidade,
onde
os estrangeirismos tendem a chamar mais a atenção do consumidor.
É dentro deste contexto que
podemos encontrar, por
exemplo, a
expressão
"delivery" no lugar de "entrega em domicílio". Muitos
restaurantes e
bares
fazem entregam em
domicílio,
mas nos
cartazes e folders (um
estrangeirismo) a
propaganda
sempre é feita
na expressão
estrangeira.
Isto porque
o estrangeirismo,
claro
que apenas
aparentemente, soa
melhor
do que a
palavra
em português.
Um exemplo
desta opção pelo
inglês está na loja
Mr. Cat. Há alguns
anos, o proprietário
da loja
explicou que se optasse pela expressão em Português "Senhor Gato", o retorno financeiro
e de marketing (outro
estrangeirismo)
não
seria o mesmo. Na
verdade,
poderia nem
mesmo haver retorno financeiro
para o dono
da loja.
Não apenas no Rio de Janeiro, onde o
estrangeirismo inglês
predomina, mas
em
cidades como
Rio Branco, embora em menor grau, a opção comercial
por nomes
estrangeiros
também
faz parte do
cotidiano.
Assim, não
chega a ser raro se encontrar expressões como
"Lira’s
Lanche", numa referência
ao apóstrofe
s que, no inglês,
ganha o sentido
de posse,
propriedade.
Poderia se chamar
simplesmente "Lanche
do Lira", mas
a opção pelo inglês torna o comércio mais atrativo comercialmente.
É no "Lira’s
Lanche"
que pode consumir
alguns dos
maiores
e populares
estrangeirismos
do inglês no que
se refere a alimentação. É possível se lanchar, entre outros,
"hamburguer", "cheeseburguer", "eggburguer" e tantos outros sanduíches (mais
estrangeirismos) do
gênero.
A utilização de termos estrangeirismos
ingleses não se limita ao comércio, contudo.
No Acre,
colunistas
sociais também
costumam utilizar os
termos
para se tornarem mais
"chiques". A colunista Marlize Braga, por
exemplo, na
página
12 do Jornal O Rio
Branco do dia
02 de dezembro de 2000, usa como título de uma de suas
notas a expressão
"na city", informando sobre chegada, em Rio Branco, de um filho de um empresário local, que
teria chegado à
cidade
a fim de passar
férias. Na coluna
social "Status
Max", do dia 03 de dezembro de 2000, é possível
se encontrar, ainda,
ao invés da
palavra
"férias", o estrangeirismo "vacances". São apenas alguns exemplos
de como se tornou
comum
expressões estrangeiras,
sobretudo
inglesas, no cotidiano da
vida
das pessoas. É bem
verdade que
os colunistas escrevem
para
um público
bastante
específico,
mas expressões
como "city" podem ser ouvidas das pessoas
mais comuns,
sobretudo em cidades como o Rio de Janeiro, onde "city" pode ganhar,
até, qualidade
de gíria e ser
repetida até
por
crianças. É tudo
uma questão de contextualização.
Mas as expressões em inglês podem até ser maioria, mas não
representam o total dos termos estrangeiros.
Muito em
voga, atualmente,
está a expressão
glamour
(estrangeirismo
francês)
para designar algo muito chique, geralmente
algo acessível
somente à classe média. A colunista
Marlize Braga, citada anteriormente,
no Jornal O Rio Branco do dia
02 de dezembro de 2000, coloca como título de
uma das notas de
sua
coluna o
estrangeirismo
"glamour". Cabe
observar
que na onda
"funk", a
expressão
parece ter voltado com
força total,
aparecendo inclusive uma
derivação
da expressão: glamourosa. Mesmo que o estrangeirismo do francês
esteja comumente em desuso, uma vez que seu uso mais intenso remonta ao início
do século
passado
no país, como
o advento da "bellé èpoque", expressões como
esta podem aparecer e se tornar
um modismo,
assim como
muitos
estrangeirismos
provenientes da língua inglesa.
Um
exemplo
de como os
colunistas
sociais, de modo
geral, usam e abusam de termos estrangeiros
para denotarem uma idéia
de "chique" está no caso, ainda, de
Marlize Braga, que no dia 06 de dezembro
de 2000, em
sua
coluna no Jornal
O Rio Branco
escreve como
título
de uma das notas da
coluna
a expressão "happy hour" que, numa tradução
literal ficaria, na
Língua
Portuguesa, "hora
feliz". A expressão vem
sendo muito utilizada por
outros colunistas
no país afora
e também por
não colunistas
para designar o horário do final
do expediente,
quando
muitos
trabalhadores
optam em assistir
uma atividade cultural e artística qualquer.
Os estrangeirismos
da língua inglesa ganham forma,
ainda, em
muitos esportes,
como "Motocross",
"Rally", "Volleyball", "Basquetball", dentre tantos outros cujo uso se tornaram comuns,
se transformando até em vocábulos da
Língua Portuguesa,
como
o "voleibol" e "basquetebol". Seja nas
colunas sociais, seja
na descrição de vários esportes,
o fato é que
a língua inglesa,
até
por uma questão
de imposição
econômica
e cultural, tende a ser tornar,
a cada dia,
espécie de
segunda
língua dos
brasileiros,
embora uma
substituição
da Língua Portuguesa pela inglesa seja, mesmo
a longo prazo,
um algo
improvável.
O projeto de Aldo
Rebelo
O deputado federal Aldo Rebelo, do PC do B de São Paulo, preocupado
com a
problemática
da difusão de
termos
estrangeiros no
uso
diário da Língua
Portuguesa e, de forma equivocada, prevendo a perda da identidade
da língua, apresentou projeto, em 99,
já aprovado
na comissão de
Educação
da Câmara Federal,
regulamentando a diminuição do uso de termos estrangeiros que,
no seu
entendimento, deve ser
substituído, sempre
que possível,
por uma palavra
em Português como forma de difundir e proteger a língua mãe dos brasileiros.
Dessa forma, ao invés de utilizar expressões como
"delivery", que fica proibida pelo projeto, deve-se usar tão somente "entrega em domicílio", conforme
exemplificado antes. "Lira’s Lanches"
sumiria e ficaria tão
somente
"Lanche do
Lira" e assim
por
diante. A proposição
do parlamentar paulista
é difundir, em
todos os níveis
de conhecimento e
ensino
o uso da
Língua
Portuguesa que, na
sua
avaliação, estaria protegida das imposições
econômicas e culturais norte-americanas, sobretudo.
Em
relação
a normatização do uso de termos estrangeiros
na Língua Portuguesa, diz o projeto de lei
do deputado Aldo Rebelo, em seu artigo 2º, inciso
VI: atualizar, com
base em
parecer da Academia
Brasileira de
Letras, as normas do
Formulário
Ortográfico, com
vistas
ao aportuguesamento e à inclusão de vocábulos de origem
estrangeira no
Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa. Para que tal propositura possa funcionar
em sua
plenitude, os
meios
de comunicação de
massa,
sobretudo a imprensa,
deverão colaborar de forma
decisiva para
a realização
prática
dos objetivos
listados
no referido projeto de lei.
Como podemos observar, a mesma imprensa que de
alguma forma ajuda
a difundir termos
estrangeiros, sobretudo
de língua inglesa no país, é a mesma
imprensa que
o deputado
comunista
Aldo Rebelo quer
ver
ajudando no combate à
utilização
de tais
termos.
Não apenas
os meios de
comunicação
de massa devem se
incluir
neste processo mas,
sobretudo, propagandas
e veículos institucionais devem evitar, sob todos os aspectos,
a utilização de
estrangeirismos
na Língua Portuguesa.
O artigo que regulamenta
o uso de
palavras
e expressões na
Língua
Portuguesa é o artigo 4º, que diz:
Todo
e qualquer uso de palavra ou expressão em língua estrangeira, ressalvados os
casos
excepcionais nesta
lei
e na sua regulamentação, será
considerado lesivo ao patrimônio cultural brasileiro,
punível na forma da lei.
Caso seja
utilizado termos estrangeiros
quando couber
termos
em Língua
Portuguesa será considerado, pelo projeto, "prática abusiva" e
danosa ao patrimônio cultural caso "a palavra
ou a expressão
em língua
estrangeira puder, de algum modo, descaracterizar elemento
da cultura
brasileira".
As penalidades, ainda de acordo
com a propositura do deputado, são
danosas a quem
desrespeitar
o uso da
língua. O artigo 6º da
lei
prevê:
O descumprimento de
qualquer
disposição desta lei
sujeita o
infrator
a sanção
administrativa, na forma de
regulamentação, sem
prejuízo das sanções
de natureza
civil,
penal e das definidas em normas
específicas, com
multa
no valor mil
e trezentas a quatro mil ufirs, em caso de pessoa física e de quatro
mil a treze mil
ufirs em caso
de pessoa jurídica.
Como se vê, a preocupação
do parlamentar paulista
não é muito
diferente dos
parlamentares
que, no início
do século
passado, temiam uma invasão
de estrangeirismos franceses (e
também
ingleses) e que
estes
pudessem substituir a
própria
língua portuguesa. O
professor
Manuel Pinto
Ribeiro
cita o caso do purista Castro Lopes,
numa tentativa de
reagir,
assim como
faz hoje a
seu
modo Aldo Rebelo,
contra
a invasão de
estrangeirismos.
Assim, a
partir
de um estudo
chamado "Neologismos indispensáveis e barbarismos
dispensáveis", Castro Lopes criou palavras que
substituíssem os estrangeirismos,
considerados por
ele
como "vícios
de raça". Assim,
ao invés de turista, o termo "ludâmbulo"; massagem
seria substituída por
"premagem"; já motorista seria simplesmente
"cinesíforo"; abajur seria "quebra-luz"; piquenique
"convescote" e futebol passaria ser
chamado, para evitar
o tal estrangeirismo,
de "ludopédio".
O professor Evanildo Bechara, em sua "Moderna Gramática
Portuguesa" alerta
para
o exagero de nacionalismo,
embora considere
fundamental
o combate, até
um certo
ponto, da importação
de estrangeirismos. Diz ele à página
599:
O que
se deve combater é o excesso
de importação de
línguas
estrangeiras, mormente aquela
desnecessária por se encontrarem no vernáculo palavras e giros equivalentes. A
introdução
de uma palavra
estrangeira
para substituir uma vernácula em geral se explica pela
debilidade funcional da palavra ameaçada de
substituição.
A imposição tecnológica
Como já frisamos em momentos anteriores,
as mudanças tecnológicas proporcionaram o
aparecimento
de novos
estrangeirismos,
sobretudo da língua
inglesa, na vida
cotidiana
da sociedade brasileira.
Por ser tecnologia nova,
como novos
são também
os termos em
uso, muitas vezes
terminam não ganhando uma tradução literal,
prevalecendo sua
escrita
no original
em
inglês, mas com uma significação mental
"automática" dentro do país.
O professor Manoel Ribeiro, acompanhando esta "modernidade", fala de grandes
corporações
internacionais
com filiais
no país cujos
funcionários,
brasileiros, terminam adotando um
novo
idioma, o "portulês" (mistura de português com o inglês). "Mixar português e termos técnicos
(sobretudo) em
inglês é parte
da rotina de qualquer
empresa com contatos no exterior".
observa sagazmente:
Uma funcionária
de uma empresa informa
que
em vez
de relatórios,
ela
faz books. Não calcula os gastos do cliente,
analisa os spendings. Não segue as ordens do chefe, mas head officer. Seu
calendário começa
em january e termina em december.
É ainda o professor Ribeiro quem comenta que
o Império Britânico
está morto,
mas
a língua de Shakespeare, liderada pelos neocolonizadores
americanos, está cada
vez
mais em
expansão. E esta
expansão,
segundo o professor,
não se limita
mais
ao mundo dos
negócios
somente, do entretenimento
e dos novos
modismos. O mais
interessante é notar
nas suas afirmações
que
"impulsionado pelas novas tecnologias, o inglês
contamina as línguas de todo o planeta,
sofrendo adaptações de acordo como idioma e os costumes
locais". Por
isso mesmo,
a influência do inglês
na
Língua Nacional
não é um
"privilégio" apenas do Brasil, mas
faz parte de
um
processo de releitura e até
de globalização do
mundo
moderno, onde
as "aldeias" tende a se comunicar através de um único idioma. O que não significa dizer que nossa Língua, assim como outras, desaparecerá. Ao
contrário, manterá sua
identidade
assim como
manteve há cerca de
cem
anos. Mas
que as mudanças trazidas são latentes e
delas devemos tirar
proveito
para o melhor
uso de nossa
própria língua,
disso não há a
menor
dúvida. Até
porque, devemos
concordar
com o professor
Evanildo Bechara, que fala que o que deve ser combatido são
os exageros das
importações.
Considerações finais
Trabalho modesto, cuja intenção é
tão somente dar uma singela contribuição ao escasso
estudo sobre
os estrangeirismos no Brasil. Nada que se
possa comparar a estudos
e reflexões de
pensadores
que há muito
se debruçam sobre
problema
tão importante
que é a
importação
de expressões idiomáticas
estrangeiras.
Importação esta que, diga-se de passagem,
não é nenhum
privilégio dos
brasileiros. Os próprios
países
europeus, como
Itália e Alemanha, mostram-se extremamente
preocupado com
a nova de
expressões
da língua inglesa
em
seus países.
Chegam a adotar medidas
drásticas para conter
o excesso de palavras
estrangeiras (leia-se inglesas), embora tais países também sejam grandes
exportadores de
tais
expressões.
Nossa preocupação, entretanto,
foi apenas
com
as palavras inglesas, visto que uma abordagem mais
aprofundada sobre
outros
estrangeirismos demandaria mais tempo do que o necessário para a realização
deste pequeno
objeto
de avaliação chamado trabalho. De qualquer forma, fica como introdução
para outros mais abrangentes e mais
aprofundados no sentido de estudar, inclusive, a raiz do problema:
as razões culturais e políticas que
levam uma sociedade a adotar
termos e
expressões
que, inicialmente
lhe parecem tão
estranhas, mas
que
logo são
adotadas no cotidiano, familiarizando-se mesmo seu uso entre os mais jovens, estes sempre mais aptos e abertos em receber quaisquer tipos
de novidades,
principalmente
no tocante à
língua.
Bibliografia
Bechara,
Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. rev. e amp.
Rio
de Janeiro :
Lucerna, 2000.
Jornal
O Rio
Branco. Rio
Branco (AC),
dezembro
de 2000.
Projeto
de Lei
nº 1676, de autoria do deputado federal Aldo Rebelo (PC do B) de
São
Paulo. Versão
original,
antes de aprovada
na Comissão de
Educação
na Câmara Federal.
Ribeiro,
Manoel Pinto.
Nova
gramática aplicada da língua
portuguesa. 11ª ed. Rio de
Janeiro
: Metáfora, 2000.
ESTRUTURA
E FORMAÇÃO DE VOCÁBULOS
EM PORTUGUÊS
SUMÁRIO
Almilene da Silva Freire
(UFAC)
José Tadeu Silva Araújo
(UFAC)
Gercineide Maia
de Souza (UFAC)
Ozéias Moreira da
Costa
(UFAC)
Rainise Pereira
Lima
(UFAC)
INTRODUÇÃO
O propósito deste trabalho é compreender o processo em que o vocábulo, em Língua Portuguesa, se realiza.
Foram usados como
fonte de pesquisa
bibliográfica, livros de autores conhecidos
que já
empreenderam atividades nessa área, confrontando-os com
a linguagem
acreana
com suas
características e
vocabulários
próprio. Consideramos necessário
usar como base para esse texto o
ponto-de-vista de
autores
como Vanildo Bechara, Joaquim Mattoso Câmara Jr. e outros.
ESTRUTURA
E FORMAÇÃO DE VOCÁBULOS
EM
PORTUGUÊS
O temo vocábulo procede do latin voz
que significa “a
voz”, no entanto
para
a boa compreensão desse
trabalho
poderemos usar tanto
o termo vocábulo
quanto
simplesmente
palavra.
Reconhecemos, no entanto, que os
dois termos
têm entre si
coincidências
tais
a ponto de gerar à grosso modo
essa “confusão”. Para esse trabalho, porém, consideramos que
toda palavra
é vocábulo, mas
nem todo
vocábulo é palavra,
isto é, só
não palavras
os vocábulos
que
apresentam significação lexical. Há, portanto, dois tipos de vocábulos,
o lexical e o
gramatical.
São lexicais
os que representam
idéias
e gramaticais os
que
não traduzem
idéias,
mas, servem para
estabelecer relações
entre as palavras.
Para
Evanildo Bechara (Bechara, 2000; 333) toda palavra
deve
ser classificada
levando em conta
três prismas
diferentes:
a) o seu aspecto material, fônico;
b) a sua significação gramatical;
c) a sua significação lexical.
A palavra não
pode ser observada, levando-se
em
consideração somente
a sua
constituição
formal, isto
é, considerando somente as
letras
ou os fonemas
que a constituem. Para
que os estudos
morfológicos dos vocábulos sejam feitos através
de uma base
rigorosa, é necessário atentarmos
para
as sua
unidades
mínimas significativas às quais denominam-se morfema:
a) a palavra deve ser observada como significante
ou expressão
material da
língua
(falada ou
escrita);
b) a palavra se apresenta sob
o seu aspecto
formal, isto
é, deve ser observada
segundo
uma classificação morfológica;
c) observamos a
palavra em relação a outra.
Palavra
e morfema
Observamos que me português as palavras
estão constituídas de uma base fônica
e de duas formas
semânticas, a gramatical
e a lexical. Essas
unidades são
conhecidas pelo nome
técnico de
morfema.
O que são morfemas?
Morferma é a unidade mínima
dotada de significado que integra a palavra.
Tipos
de Morfema na estrutura das palavras
Quanto
ao aspecto formal os morfemas
podem ser considerados
como:
Morfemas aditivos,
substantivos, modificativos, zero, etc.
I- São aditivos os
morfemas representados pelos:
1. prefixos-morfemas
que se antepõem a uma base lexical.
Ex.: pre + visão =
previsão;
previsão + metro
= perímetro;
2. sufixos, interfixos e
desinências
– que se pospõem a uma base lexical.
Ex.: marcha +
ar
= marchar; geral
+ mente =
geralmente;
3. infixos – que
se inserem no interior da palavra. Ex.: repor + com = recompor.
4. circunfixos – que são
chamados parassintéticos, que tanto se antepõem como
se pospõem à base simultaneamente.
Ex.: a + calma = acalma
Existem também os:
a) descontínuos (ou
alternativos) que
é uma fragmentação
pela
intercalação de
outros
morfemas. Ex.: acudo – acodes; bebo –
bebes;
todo – tudo.
b) reduplicativos –
onde há uma repetição
da parte
inicial
das bases. Ex.:
papai,
vovô etc.
Os Morfemas substantivos
são representados
por
1. Substantivo
propriamente dito
que
é uma subtração de fonema
do radical para
exprimir uma indicação
gramatical.
2. Supressivos – ex.: anão – anã; órfão – órfã.
3. Abreviaturas:
redução da extensão da palavra, que passa a valer pelo todo. Ex.: PT (Partido dos Trabalhadores)
Os
Morfemas modificativos representados
por
1. Apofonia –
substituição
de um fonema
vocábulo pertencente a um
radical do mesmo
paradigma (flexional ou derivacional) por
mudança do
timbre
para indicação
de significado
gramatical.
2. Metátese – quando
ocorre mudança de
sílaba
tônica.
Morfemas
Æ
Alguns
morfemas
deixam de estar presentes
nas palavras (ausentes).
Essa ausência recebe a denominação de morfema
Æ.
Ex. O plural
em português
é marcado pelo morfema
/ s/ : casa /
casas;
jardim/ jardins.
Palavras como
lápis e simples
que já
carregam o morfema / s/ no singular não se
modificam no plural. Dizemos então que estas
palavras estão sinalizadas pelo morfema
Æ.
Classificação dos
Morfemas
Em
português os Morfemas podem ser classificados em:
Radical
É o elemento irredutível e comum às palavras
de uma mesma
família. Na série
pedra,
pedreiro, pedreira
– o segmento pedr é o
radical, pois
satisfaz as exigências acima. A raiz
da palavra
também
recebe a denominação de Semantena.
Afixos:
prefixos e sufixos.
Chamam-se afixos os elementos
que se juntam ao
radical
para mudar-lhe o sentido,
acrescentar-lhe uma idéia secundária ou ainda, mudar a classe gramatical do vocábulo. Ex.: Padre/
padreco (houve uma mudança de sentido); bom/ bondade (o adjetivo bom passou ao substantivo
bondade). Os
afixos
ao radical denominam-se prefixos e os póspostos ao
radical chama-se sufixos.
São
exemplos de prefixos:
impossível,
desatar;
superpor.
E de sufixos: pequenino; dormitório, espiritual.
A diferença fundamental
entre os prefixos
e os sufixos, é
que,
diferente do
sufixo, o prefixo
não
contribui para a mudança
de classe do radical.
Se acrescentarmos ao adjetivo
leal
o sufixo dade,
ele passa a substantivo
lealdade;o mesmo
não ocorre se acrestarmos o prefixo des, o adjetivo
leal
passa a desleal, que também é adjetivo.
Desinências
São
os morfemas terminais
das palavras
variáveis. Existem desinências
nominais,
que encerram a
idéia
de gênero e
número, e as desinências
verbais
que exprimem
modo
e tempo (modo-temporais) e indicam número e pessoa
(número-pessoais).
Tanto sufixos quanto
as desinências
são
morfemas
terminais
das palavras. No
entanto, existem duas diferenças relevantes entre
eles: a primeira
é que, as
desinências
fazem a concordância das palavras na frase:
Os homens trabalhadores
prosperam
Os
e trabalhadores
concordam com o
sujeito
homens em
gênero e número;
o sujeito homem
e o verbo prosperam
concordam
em número
e pessoa. Enquanto
que os sufixos
possibilitam a criação de novas palavras.
Se acrescentarmos o sufixo eiro
ao substantivo
manga, teremos
outro
substantivo,
mangueira; outra
diferença é que
as desinências
são
morfemas que
não se pode dispensar
– toda forma verbal portuguesa está
associada
às noções
modo
e tempo e de
número
e pessoa.
Com
estas consideração, Valter Kehdi diz
que
o grau, ao
contrário
do que dizem muitas de nossas gramáticas, não
constitui um
caso
de flexão e
que
o substantivo flexiona-se apenas em gênero e número.
Pois a expressão
do grau não
implica concordância, não havendo, portanto,
obrigatoriedade do
uso
desse elemento
em: casinha bonita,
em
vez de casinha poderíamos
dizer
casa pequena.
Sendo assim, a
expressão
de grau é um
caso de derivação
prefixal.
Desinências nominais
a) De gênero
– masculino
Æ,
feminino – a .
Muitas gramáticas consideram o –o como
marca de
masculino
em oposição
ao –a feminino. Mattoso
Câmara
diz que não
existe desinência de gênero masculino,
ele considera o –o,
como
vogal temática;
b) De número
– singular
Æ
(ausência de desinência), plural
-s.
Desinências verbais
a) número pessoal
e b) Modo
temporal
1ª P.S.
Æ
– passo -o =
variante do presente do
indicativo
2ª P.S. -s –
passas
3ª P.S. -Æ
– passa
1ª P.P –mos – passamos
2ª P.P –is – passais
3ªP.P –m – passam |
Alomorfes (variantes)
Pres. Ind.: 1ª P.S. -o e 2ª P.P
-des.
Pret. Perf. Ind. 1ª
P.S. -i, 2ª P.S. -ste, 3ª P.S. -u, 2ª P.P -stes e 3ª P.P. -ram
Fut. Pres.: 1ª P.S. -i e 3ª P.P.
-o/ -un.
Fut. Subj./ Inf.: 2ª P.S. -es,
2ª P.P. -des e 3ª P/P. -em.
Imp. Afirm. 2ª P.S.
Æ
e 2ª P.P. -i/ -de . |
Para
o indicativo
e para o subjuntivo
São
vogais
colocadas entre o
radical
e a desinência. Acrescentam-se ao radical para
formar
o tema da
palavra. Têm a função
de marcar
classes de nomes
e de verbos.
Presente:
Æ
Pret.
Imp.: (1ª conj.), -va – (-ve-, ama-va.
(2ª e 3ª conj.), -ia-
(-ie-), vendi-a, subi-a.
pret. Perf.: (Para
as cinco primeiras pessoas)
Æ
(para
a 3ª P.P.) -ra- canta-ra-m.
pret. M-q- pert.: -ra – (-re-) átonos cantara.
Fut. Do pres.: -ra (-re-) tônicos canta-rei.
Fut. Do Pret.: -ria (-rie-),
vende-ria. |
Presente:
(1ª conj.) –e – cant-e.
(2ª conj.) -a-
vend-a, port-a.
Imperfeito:
-sse – canta-sse
Fut. / Inf.: -r-c-re-vend-e-r,
part-i-r.
Gerúndio:
ndo- parti-ndo
Particípio:
-do – parti-do. |
Vogais temáticas nominais.
O:
livr-o, urs-o A: cart-a, cas-a
E: mont-e, val-e.
É necessário
aqui diferenciar
desinência de
vogal
temática. Para
Valter Kehdi, o –o e o –a só serão desinências,
quando existir
uma forma masculina
e outra
feminina
para as palavras
que as mesmas encerram. Caso contrário serão vogais temáticas.
Vogais temáticas nominais
1ª configuração
– a- (and-a-r).
2ª configuração
– e – (colh-e-r)
3ª configuração
– i- (part-i-r)
Alomorfes (variantes)
Vogais
e consoantes de ligação
São
elementos sem significação, que
ocorrem no interior do
vocábulo
para facilitar a pronúncia ou por razões
análogas.
* De –a-: (-e) e (-o) na
1ª e na 3ª pessoa do singular do pretérito
perfeito do
indicativo
(and –e-i), (and-o-u).
De –e-: (-i), no
pretérito
imperfeito do
indicativo, na 1ª pessoa do
singular
do pretérito
perfeito
do indicativo e no
particípio
passado (colh-i-a), (colh-i), (colh-i-do)
Vogais
de ligação
As vogais temáticas
de português são
apenas duas: /i/,
que
compõe elementos de
origem
latina, e /o/,
que
compõe elementos de
origem
grega. Ex.:
facilidade
_ fácil + i+ dade.
* O /i/ e o ?o/ só serão vogais de ligação,
quando poderem ser
isolados como
nos
exemplos acima.
* Nas composições a partir de adjetivos terminados em
–io, o /i/ possui variante / e/, que servem para evitar a eufonia. É o
caso de: sério/
seriedade e próprio/
propriedade.
Consoantes
de ligação
As consoantes de ligação
mais freqüentes
são /z/ e l/ ,
que
são observadas em
palavras como:
café –z –al; capin-z –al; pau-l – ada e
cha-l-eira. São raras as ocorrências de outras vogais
de ligação,
como
/g/ e /t/ que figuram em palavras como: mata-g- al e café-t-eira.
Processo
de Formação de
Palavras
Derivação
Cada
língua
tem seus
mecanismos
de formação de
palavras
novas, uns até
mais condensados do
que
outros. No caso
específico da
língua
portuguesa, dentre
vários
processos destacam-se a derivação e a composição.
Limitemo-nos
em primeiro plano analisamos a derivação,
que segundo
Bechara, esse procedimento consiste em formar palavras de outra
primitiva por
meio de afixos
(*1) (moderna
gramática
de língua portuguesa: 2001, p. 357)
Compreende-se
assim que
essa maneira de
enriquecer
o léxico, articula-se em torno das formas presas –
em posição
anterior com
os prefixos e
posterior
com os sufixos.
Daí a classificação em derivação sufixal e prefixal.
Mattoso Câmara salienta que em português, os sufixos assumem funções
diversificadas, as quais servem não para
acrescentar
a um semantema (* 2) uma idéia acessória
como a de grau
e a de aspecto, mas
também para transpor uma palavra
de uma classe para outra. Observe: famoso.
De forma; cantor
de canto.
Dentro
desses lineamentos, há
escritores que
classificam o sufixo em três categorias: verbal
quando concorre para
a formação de
verbos
– entarde(cer), namor(icar), relamp(ejar), etc.
Nominal
quando contribui para
a produção de substantivo
e adjetivos – orelh(udo),
bel(íssimo); adverbial quando
agrupa-se a outro vocábulo para formar
advérbio,
tais como:
tri(eza), real (mente)
(* 3).
Vale lembrar que existem casos especiais
em que
o sufixo é
aparentemente
aumentativo. Veja-se o que acontece nesta frase:
“João, traga-me por
favor
àquele calção...!”.
Constata-se, no entanto, que o nome
fixado não corresponde a calça grande.
Acresce que os principais
prefixos (*4) ocorridos em português são de procedência
latina ou
grega. Do latim,
tem-se por
exemplo, a- < ad (avizinhar), ben-
ou
bem- < bene (benfazer, bem-
aventurança), e do grego os
vocábulos
a – acefalo etc.
A propósito, considerada um
problema para
alguns estudiosos
e solução para outrem, a derivação
parassindética abolida pela NGB,
constitui um
processo
formado por
prefixação
ou sufixação
simultânea.
Exemplo:
desalmado,
inquebrável,
anoitecer.
Quanto
a derivação
regressiva ou
deverbal, esta se propõe a formar palavras por analogia, pela subtração de algum sufixo,
dando a falsa
impressão
de serem vocábulos derivantes. Exemplo: lutar (luta), embarcar (embarque). Assim
afirma Bechara (2001, p. 370.)
Insere-se
também nesse processo,
a reduplicação que é um recurso para criar
palavra
marcada pela expressividade.
Consiste, entretanto, na repetição
de uma vogal
ou
consoante.
Exemplo:
vovô, cacá,
tique-taque, etc.
Outro
mecanismo muito limitado é a abreviatura
de alguns
compostos
formados por
radicais
gregos ou
latinos. De
cinematográfico, obtêm-se a
abreviatura cinema; automóvel – auto; motocicleta- moto
etc.
José Lemos revela
em um
de seus
ensaios
que na língua
portuguesa há infixo, circunfixos,
interfixos. Além dessas modalidades ainda
acrescenta o infixo, o que contraria não
só o pensamento
do lingüista Mattoso Câmara
e do filósofo Bechara, mas de muitos estudiosos.
A título de ilustração,
note-se nos
vocábulos
esquec-i – mento e grat- i- dão, um elemento destituído de significação, o qual une o radical
a um infixo.
Para tanto, esse fragmento que realiza a articulação
entre a raiz
de certos derivados é o que Lemos classifica de interfixo.
(* 1) Afixo é um segmento fônico, o qual
se incorpora a palavra ou radical, com a finalidade
de criar outras palavras.
Podendo modificar o
sentido
ou função
do vocábulo.
(* 2) Semantema é o
elemento da palavra que expressa a significação externa.
(* 3) Há autores que
consideram -mente, como única forma verbal.
(* 4) Diversos estudiosos
incluem a prefixação no
processo
de composição. Mattoso
Câmara, Coutinho Lemo, etc.
Composição
Na composição ocorre a formação
de novas
palavras,
que inclusive
adquirem outro
significado. Ex.: Guarda-chuva.
E também na composição
aparece ao menos
dois
radicais.
Tipos
de composição
a) Por justaposição:
se dá quando dois
vocábulos se unem formando um novo, sem que haja perda de elemento.
Ex.: Couve-flor.
b) Por aglutinação: é a união
de dois radicais
em que
a palavra sofre alterações. Ex.: Planalto.
Uso
de Hífen nos compostos
Explicitaremos o
assunto através
da colocação de
Celso
Pedro Luft, no grande Manual de Ortografia
Globo. Citado por
Valter Kehdi:
1- apresentar unidades semântica: a significação
global
deve ser diferente
da significação individual dos elementos constitutivos. Examine-se a título de exemplo
o contraste:
mesa-redonda/ mesa
redonda;
2- Ter consciência dos elementos constitutivos que
conservam a realização prosódica normal
dos fonemas e
acentos. Note-se, por
exemplo, os timbres
diferentes
do o nos
contrastes:
roda-gigante
(com o o
aberto)/
rodapé (com
o fechado);
3- Serem formas livres
os elementos
componentes:
alça/ pé/
alçapão (de alça
e põe) (Kehdi, 37-38).
É claro na disposição dos termos compostos
obedece uma seqüência, na qual não pode ser inscrito outro elemento. Ex.: Honesto
guarda-civil
Guarda
– honesto –
civil
É certo que qualquer dos elementos
constituintes do
composto,
não é plausível
de substituição
onde
vier retirado do mesmo. Ex.: fazer auto-relevo
Fazer alto
Æ
Fazer
Æ
relevo
Sabe-se que os compostos
tem formação
sintática
que foge ao
padrão. Ex.: surdo-mudo
(há uma junção de 2
substantivos
sem o auxilio de uma conjunção).
Entende-se
que o composto
exemplifica um
só
vocábulo.
Ex.: Comprei
um pão-de-ló
Comprei um
pão.
Estrutura
dos nomes compostos
Há uma grande variação no que
diz respeito a
estrutura
dos vocábulos
em
português.
1-
Substantivo
+ substantivo: mãe-pátria;
2-
Substantivo
+ preposição + substantivo:
baba-de-moça
3-
Substantivo
+ adjetivo: belas-artes;
4-
Adjetivo
+ adjetivo: surdo-mudo;
5-
Pronome
+ substantivo: Nosso
Senhor
6-
Numeral
+ substantivo: três-Marias
7-
advérbio
+ substantivo/ adjetivo/ verbo: benquerença/
sempre-vivas/
be querer.
8-
Verbo
+ substantivo: lança
perfume;
9-
Verbo
+ (conjunção) + verbo:
corre-corre/
leva-e-traz;
10-
Verbo
+ advérbio: pisa-mansinho;
11-
Um grupo de palavras
ou uma frase
inteira: Um
Deus nos-acuda/
mais
vale um toma do que dois darei” (Kehdi , 42-43)
Bibliografia
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática
portuguesa, 37ª ed. Rio de
Janeiro
: Lucerna, 2000.
CAMARA, Jr., Joaquim
Mattoso. Estrutura da língua
portuguesa, 20ª ed. Petrópolis : Vozes,
1991.
MACAMBIRA, José
Rebouças. Português estrutural. 2ª ed.
São
Paulo : Pioneira, 1978
RIBEIRO,
Manoel Pinto. Nova gramática da língua
portuguesa. 11ª ed. Rio de
Janeiro
: Metáfora, 2001.
EXERCÍCIOS
DE MORFOSSINTAXE
SUMÁRIO
Albetiza Rodrigues Vieira
(UFAC)
Francisco Cláudio Lopes
(UFAC)
Maria Aniceta Cacau Nunes
(UFAC)
Rosilda Maria Oliveira da Cunha
(UFAC)
Sérgio Torres
dos Santos
(UFAC)
INTRODUÇÃO
Morfologia
é a parte da gramática que se ocupa
das palavras
quanto
à sua
estrutura
e formação, bem
como quanto
às suas
flexões
e classificação, tendo em vista dois pontos de vista
diferentes: sincrônico –
estado atual, descritivo, ou
diacrônico
– processo evolutivo,
desde a mais
antiga fase até os dias atuais.
Sintaxe
é a parte da
gramática
que se ocupa com
a disposição, função
e relação das
palavras
nas frases; das
frases
nas orações e das
orações
nos períodos.
Morfossintaxe
é o estudo das
palavras nos
aspectos morfológico e
sintático, simultaneamente.
Objetivos
gerais
Enquanto
alunos da disciplina morfossintaxe, que
ocupa-se com as
palavras
tanto na área
morfológica, quanto na sintática, pretendemos com
este trabalho,
ampliar nossos
conhecimentos
referentes
a esta parte da
gramática.
É nosso
objetivo ainda,
comprovar que,
um mesmo
vocábulo pode desempenhar
funções variadas, dependendo de sua disposição, função e relação
dentro de uma
frase,
oração ou
período.
Objetivo
específico
Considerando-se que
as palavras desempenham diferentes funções
e que estas
são
identificadas de acordo com a relação e
disposição dos vocábulos
nas orações, procuraremos
oferecer
exercícios
práticos
sobre o assunto,
visando à compreensão das
possibilidades
que as palavras
nos oferecem para
melhorar
nossa
produção e interpretação
da linguagem.
Justificativa
Optamos por
trabalhar com
exercícios de morfossintaxe por ser uma atividade integrante
do dia-a-dia de
um
falante, o que
torna este
assunto em
um rico objeto de estudo,
além de nos
possibilitar um
maior
conhecimento
da língua portuguesa.
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Várias são
as formas de
estudar
a norma culta
da língua portuguesa.
Neste trabalho, o
estudo está dividido em:
1 – Morfologia
– estudo das palavras.
(restrito a classificação).
2 – Sintaxe
– estudo
das funções sintáticas desempenhadas pelos vocábulos
dentro de uma
estrutura.
Para
classificar um vocábulo existem três critérios
a serem seguidos.
1 – Semântico
– modo de significação
(extralingüístico ou
intralingüístico).
2 – Mórfico
– Caracterização
da estrutura da
palavra.
3 – Sintático
ou
funcional –
função ou papel da palavra na oração.
Quadro
resumo
das classes de
vocábulos
em português.
Substantivo
– Palavra que funciona com
o núcleo de uma
expressão
ou com
o termo
determinado,
palavra formada
por
base lexical
mais morfemas
gramaticais,
palavra
que designa os
seres
ou objetos
reais ou
imaginários.
Adjetivo
– Palavra que
funciona como
especificador
do núcleo de uma
expressão
(ao qual atribui
um
estado ou
qualidade),
palavra
formada por
morfema
lexical (base
de significação) mais morfemas gramaticais,
palavra que
específica e caracteriza seres animados ou inanimados reais ou imaginários atribuindo-lhes
estados
ou qualidades.
Pronome
– Palavra que substitui o núcleo
ou funciona como
termo
determinante
do núcleo de uma
expressão,
palavra formada unicamente por morfema gramatical, palavra
que serve para
designar as pessoas
ou coisas,
indicando-as (não nomeia as pessoas ou coisas nem as qualidades, ações,
estados,
quantidades, etc.). Pronomes:
pessoais,
possessivos,
demonstrativos,
indefinidos, interrogativos e relativos.
Artigo
– Palavra que funciona como
termo
determinante
do núcleo de uma
expressão,
palavra formada unicamente por morfema gramatical (palavra
variável em
gênero e número,
palavra que
define ou indefine o substantivo a que
se refere (definido,
indefinido).
Numeral
– Palavra que funciona como
especificador do
núcleo
de uma expressão,
ou
como substituto
desse mesmo
núcleo. (numeral:
substantivo,
adjetivo), palavra
formada unicamente por morfema gramatical,
palavra que
indica a quantidade dos
seres,
sua ordenação
ou proporção
(cardinal,
ordinal,
múltiplo,
fracionário,
coletivo).
Verbo
– Palavra que funciona como
núcleo de uma
expressão
ou como
termo determinado,
palavra formada
por
morfema lexical
(base de significação) mais morfemas gramaticais, palavra
que indica um
processo (ações,
estados, passagem
de um estado
a outro). Processo
verbal => fenômeno
em
desenvolvimento,
com indicação
temporal.
Advérbio
– Palavra que funciona basicamente como
determinante de
um
processo verbal,
advérbios formados
por
morfema lexical
mais morfema
gramatical.
Advérbios
formados apenas
por
morfema
gramatical,
palavra que
especifica a significação de um processo verbal.
Funções
sintáticas das classes
gramaticais
·
Artigo: Sempre desempenhará a função
sintática de
adjunto
adnominal.
A floresta
é um
lugar para
se fazer uma festa?
·
Substantivo:
Exerce qualquer
função sintática.
1 – sujeito: Os pais
são
dignos
de amor.
2 – Objeto direto:
Ana adora seus
pais.
3 – Objeto indireto:
Júlia gosta dos
pais.
4 – Predicativo: Eles
são meus
pais.
5 – Complemento Nominal:
Eles sentem
saudades
dos pais.
6 – Agente da passiva:
Os filhos são
amados pelos
pais.
7 – Adjunto adverbial: Falou-se muito a respeito
dos pais.
8 – Adjunto adnominal:
Ela retornou à
casa
dos pais.
9 – Aposto: João e Ana,
pais do
menino, viajaram.
10 – Vocativo: “Pai,
afasta de mim
este
cálice”.
·
Adjetivo
- O adjetivo
funciona como adjunto adnominal ou predicativo.
O entusiasmo
do professor chegou.
O professor
chegou entusiasmo.
·
Pronome -
O pronome adjetivo é adjunto de
um substantivo,
por isso
funciona como
adjunto
adnominal.
O pronome
substantivo exerce praticamente as mesmas
funções do substantivo.
·
Termos da
oração
Os termos:
Termo
é a palavra ou locução
consideradas como
elementos
funcionais da
oração.
Palavra ou
grupo de palavras
que participam da
estrutura
de uma oração,
como
um de seus
constituintes.
1 – Termos essenciais:
Sujeito
Predicado
Predicativo
2 –
Termos integrantes: Complementos
verbais +
objeto
direto e
indireto.
Complemento
nominal +
predicativo
do sujeito e do
objeto.
Agente
da passiva
3 – Termos acessórios:
Adjunto
adnominal
Adjunto adverbial
Aposto
4 – Termo Independente:
Vocativo |
Termos
essenciais
Sujeito
a)
Conceito:
O sujeito
pode ser o termo
sobre o qual
se declara alguma coisa; o
agente
ou paciente
da ação verbal
e que invariavelmente concorda com o verbo.
Aspectos |
Definição |
Exemplos |
Semântico |
É o
tema da oração
complexa |
A
vida
humana |
Sintático |
Relaciona-se ao verbo.
|
O
homem
defende seus direitos |
Mórfico |
É
constituído de um
sintagma
nominal |
A
flor
é bela. |
1.1
Predicado
a)
Conceito: É tudo o que é
declarado a respeito do
sujeito
ou, que
se torna a
expressão
absoluta de um
fato.
Aspectos |
Definição |
Exemplos |
Semântico |
Comunica uma
informação sobre
o sujeito |
A
vida humana
é complexa. |
Sintático |
Relaciona-se
com o núcleo
do sujeito. |
O
homem defende
seus direitos. |
Mórfico |
Organiza-se
em torno
do verbo |
As
flores são
belas. |
Predicativo
a)
Conceito: Qualidade ou condição atribuída ao sujeito
ou ao objeto
através de um
verbo qualquer,
especialmente um
verbo de ligação.
b)
Classifica-se em:
Predicativo
do sujeito
Atribui qualidade
ou condição
ao sujeito.
Ex.: “Ela
ficou triste”.
Aspectos |
Definição |
Exemplos |
Semântico |
Informa
estado do sujeito |
Ela
ficou triste. |
Sintático |
Refere-se ao
sujeito. É o núcleo
do predicado
nominal
ou um
dos núcleos do
predicado
verbo-nominal |
Ela
parece nervosa. |
Mórfico |
É constituído de
adjetivo ou
Grupo nominal |
O
homem é um
animal
racional.
Ele
está preocupado. |
Predicativo
do objeto.
Atribui qualidade
ou condição
ao objeto.
Ex.: “Denise comprou jóias caríssimas”.
Aspectos |
Definição |
Exemplos |
Semântico |
Informa
estado do
objeto
atribuído pelo sujeito. |
Acho
sua roupa
bonita. |
Sintático |
Refere-se ao
objeto. É um
dos núcleos do
predicado
verbo-nominal. |
Julgaram-no
inocente. |
Mórfico |
É constituído de
adjetivo ou
grupo nominal |
Acho
sua proposta
indecente.
Ela
é um
anjo. |
Termos
integrantes
a)
Conceito
Denominam-se termos
integrantes
aqueles
que completam o
sentido
de determinadas estruturas.
-
Complementos verbais;
-
Complemento nominal;
-
Agente
da passiva.
Complementos
verbais
São
os termos que complementam um
verbo transitivo.
b)
Classificação
Dependendo do tipo
de verbo, o
complemento
verbal é chamado
objeto
direto ou
objeto indireto.
Objeto direto
Completa
o sentido de um verbo transitivo, normalmente
sem preposição,
havendo casos
especiais
em que
ele aparece preposicionado. Indica o ser para o
qual
se dirige a ação verbal.
Ex.: Você
atravessou o rio.
Terminei o
trabalho.
O objeto direto pode vir
representado também
pelos
pronomes os, a, as,
me, te,
se, nos, e vos.
Ex.: Entreguei o
trabalho
ao professor.
Entreguei-o ao
professor.
Convidou-nos
para a festa.
Há casos em que o objeto direto
deve vir preposicionado.
Não
porque o verbo
assim o exija mas,
por necessidades
expressivas ou
por
razões morfossintáticas.
Ex.: Amava a
todos
sem distinção.
Objeto direto Pleonástico
– É quando há uma repetição do objeto
direto na mesma
oração. Uma das
formas
é sempre um
pronome pessoal
átono.
Ex.: O presente
guardei-o com
carinho.
Aspectos |
Definição |
Exemplos |
Semântico |
É o alvo
da ação do sujeito |
Terminei o
trabalho. |
Sintático |
Refere-se a
um
verbo
transitivo
direto |
Terminei o
trabalho
VTD OD |
Mórfico |
É constituído de
um
grupo nominal |
Terminei o
trabalho. |
Objeto indireto
É o termo que completa o verbo transitivo
indireto, com
auxílio de
preposição. Indica o destinatário ou beneficiário
da ação, nos verbos transitivos
diretos e
indiretos.
Nos transitivos
indiretos pode ser
substituído por “lhe”.
Ex.: Sonhei com
você esta noite.
Resistiu ao mesmo
tempo.
O objeto indireto pode vir também representado pelos
pronomes me,
te, se, nos e vos.
Ex.: Pediram-me
novas
explicações.
Objeto Indireto Pleonástico –
Repetição
da função sintática dando ênfase
a um
determinado
significado
dentro
da oração.
Ex.: A ela
falou-lhe do seu amor.
O objeto direto e indireto
podem aparecer
concomitantemente
nas orações, dependendo do verbo.
Ex.: “Se ele não te
deu amor”.
OI OD
O objeto indireto pode ser definido com base em três aspectos:
Aspectos |
Definição |
Exemplos |
Semântico |
É o alvo
(objeto) da
ação do sujeito |
Ele
precisa de estímulos. |
Sintático |
Refere-se a
um verbo
transitivo
indireto |
Ele
precisa de estímulos.
VTI O IND |
Mórfico |
É constituído de
preposição + grupo.nominal. |
Ele
precisa de estímulos.
Prep. GN |
Complemento Nominal
Conceito:
É um termo regido de preposição,
servindo de complemento a nomes. Completa um nome (substantivo, adjetivo e advérbio), no que
se refere a sua significação ou sentido,
indicando o alvo do
processo
expresso pelos
mesmos.
a)
Complemento nominal de um substantivo:
“Dê notícias de você”.
b)
Complemento nominal de um adjetivo:
“Sou tão dependente de você”.
c)
Complemento nominal de um advérbio:
“Vem para perto do meu
peito”.
Aspectos |
Definição |
Exemplos |
Semântico |
Completa
a significação transitiva
de um
nome. |
O cumprimento
às leis é
obrigação
de todos. |
Sintático |
Refere-se a
um
substantivo, adjetivo
ou advérbio |
O
cumprimento
às leis.
O trabalho
é agradável a
todos. |
Mórfico |
É constituído de
preposição
+ grupo
nominal |
O cumprimento
as leis
obrigação
de todos. |
Agente
da passiva
Conceito:
É o termo que permite a transformação do
agente
da passiva em
sujeito da voz
ativa.
Voz passiva analítica.
Ex.: Joana colheu as
flores
Suj. voz
ativa OD
As flores
foram colhidas por
Joana.
Suj.
voz
passiva ag. da
passiva
O homem
foi criado por Deus.
V. ser
particípio Ag.
passiva
Deus
criou o homem
(voz ativa).
Passiva
sintética ou pronominal.
Ex.: Vendem-se
carros?
VTD PA Suj.
Ag. da
passiva
Agente
da passiva
fica indeterminado.
Carros
são vendidos.
Suj.
Aspectos |
Definição |
Exemplos |
Semântico |
Realiza a
ação |
Ela
foi aplaudida por
todos. |
Sintático |
Refere-se ao verbo |
Ela
foi aplaudida por
todos.
verbo |
Mórfico |
É constituído
de preposição (por)
+ grupo
nominal |
Ela
foi aplaudida por
todos.
Prep. GN |
Adjunto adnominal
Conceito:
É o termo que pode ser expresso pelos (artigos,
adjetivos,
numerais,
pronomes
possessivos,
demonstrativos,
indefinidos,
locuções adjetivas)
que
acompanham o núcleo
substantivo, delimitando ou
especificando o significado deste substantivo.
Ex.: Noite
de
luar.
Adj. Adnominal
A mesa
da professora.
Subs. Conc.
Adj. Adnominal
Aspectos |
Definição |
Exemplos |
Semântico |
Especifica o significado do substantivo |
Aquele
foi o meu
o primeiro
amor. |
Sintático |
Refere-se ao substantivo núcleo
do grupo
nominal |
Vi
um filme
de ação. |
Mórfico |
É constituído
de artigo, adjetivo, pronome adjetivo e locução adjetiva
(=prep. + GN). |
Vi
um filme
de ação. |
Adjunto
adverbial
Conceito
é o termo que
determina ou modifica o sentido e circunstâncias
relacionadas ao verbo, podendo variar de locuções
adverbiais, adjetivas ou
advérbios. Situa a ação do
predicado, dando idéia
de lugar,
modo, intensidade,
etc.
Existem as mais
diversas classificações de adjunto
adverbiais. Os mais utilizados, entretanto são
os seguintes.
a)
Advérbio de
lugar – Indica o
local
onde se desenvolve uma
ação. É reconhecido através
da indagação “onde?”,
ou suas
variações.
Ex.: Ana e Fábio trabalhavam num
escritório.
b) Advérbio
de tempo –
Demonstra o momento
ou
época em que ocorreu determinado
fato. Pode ser
identificado através da
pergunta
“quando?”.
Ex.: “Todos
os dias quando acordo não vejo
mais o tempo
que passou”. (Legião
Urbana).
c) Advérbio
de modo
– Versa sobre a maneira
da qual se dá uma
circunstância. Se reconhece através
da pergunta
“como?:”.
Ex.: “Com açúcar, com
afeto, fiz
seu
doce predileto”,
(Chico buarque de holanda).
d) Adjunto
adverbial de intensidade – Especifica
a forma como os fatos se deram, no que
se refere à intensidade. Responde a pergunta “quanto?”.
Ex.: “... mas
tenho muito tempo...”. (Legião
urbana).
e) Adjunto
adverbial de causa – Demonstra os motivos pelos quais ocorreram determinados
fatos. É reconhecido através da pergunta “porque?”.
Ex.: “Como
a cigarra arrebenta tanta
luz ...”. (Simone).
f) Adjunto
adverbial de companhia – Indica a existência de alguém
ou algo
que acompanha a ação,
fato ou
estado. Responde à
pergunta
com quem?”.
Ex.: Fui ao mercado
com meu
pai.
“Se você vier pro que der e vier comigo”
(Geraldo Azevedo).
g) Adjunto
adverbial de finalidade - Indica o objetivo de determinada
atitude ou ação. Responde à pergunta “para quê?”.
Ex.: “Ana
Luisa
trabalha para
sustentar seus
irmãos”.
“Tudo, tudo só pra Ter uma noite com você”. (Vando).
h) Adjunto
adverbial de instrumento – É relativo à maneira
utilizada para se chegar
a um objetivo
tocante ao fato,
ação ou circunstância.
É identificado
através
da pergunta “com
quê?”.
Ex.: Ela
passava a roupa
com
ferro quente.
i) Adjunto
adverbial de dúvida – É aquele que
demonstra incerteza
em
relação à
determinado
fato.
Ex.: Talvez
eu mude de idéia.
j) Adjunto
adverbial de negação – É o que nega o fato, caracterizando tal
circunstância.
Ex.: Nem que o mundo
caia sobre
mim, as pazes
contigo
eu farei”.
l) Adjunto
adverbial de meio – Demonstra o meio através do
qual a ação é
desenvolvida.
Ex.: Ir a São Paulo de carro
seria demorado.
m) Adjunto
adverbial de afirmação – Afirma o fato.
Ex.: Esse sim, era seu amigo.
Essas seriam as
circunstâncias
mais comuns
da ocorrência dos
adjuntos
adverbiais na língua portuguesa. Outros tipos de
adjuntos adverbiais
como
de assunto, de
origem, de preço, de
troco, de opinião
entre
tantos outros
também ocorrem em
nossa língua
e para enforcar a todos seria necessário uma pesquisa voltada exclusivamente
para esse fim.
Aspectos |
Definição |
Exemplos |
Semântico |
Indica
circunstância |
Chegou
cedo ao
trabalho |
Sintático |
Refere-se ao
verbo, adjetivo
ou advérbio |
Chegou
tarde.
Ele
é muito bonito
Chegou
bem tarde |
Mórfico |
É constituído de
advérbio ou locução
adverbial |
Chegou
cedo ao
trabalho.
Adv. Loc. Adv. |
Aposto
Conceito
– Palavra
ou expressão
que explica outro
termo, vindo na
frase,
geralmente depois
desse termo
que
procura explicar
e que pode ser
substantivo,
pronome
ou verbo.
Normalmente aparece separado ou entre vírgulas.
O aposto também apresenta
diversificações
podendo ser explicativo,
enumerativo, recapitulativos, comparativo,
circunstancial, oracional e
distributivo.
Na linguagem
enfática o aposto vem antes do termo
a que se refere.
Ex.: Cidade
satélite. Taguatinga é um grande centro comercial
do Distrito
Federal.
a) Aposto explicativo – Evidência
uma explicação do
fato
principal da ação e, geralmente, aparece entre
vírgulas.
Ex.: Castro Alves o
poeta
da abolição faleceu
ainda
jovem.
b) Aposto
enumerativo – Explica o fato a que se refere, enumerando-o.
Ex.: Tudo
nele era sadio corpo alma
e sentimentos.
c) Aposto
resumidor – Resume vários aspectos num só
termo.
Ex.: Ele tinha a família,
o trabalho, o lazer,
a saúde,
tudo
o que
qualquer
um desejaria.
d) Aposto comparativo – Indica uma comparação do elemento principal.
Ex.: Aquela criança,
um
verdadeiro
anjinho, era a
dona
do seu
coração.
e) Aposto
circunstancial – É limitado a uma determinada
situação vinculada ao fato principal.
Ex.: Como
empresário
ele
era um
homem brilhante.
f) Aposto especificativo – Refere-se a
títulos
ou termos
gerais, especificando-os.
Ex.: Rua
das nações
O engenheiro
Jorge Rodrigues chegou ontem.
g) Aposto
ovacionar – Explica fato
relacionado a uma ação.
Ex.: Tudo
nele era
sombrio,
que causava certa estranheza.
Vocativo
a)
Conceito
– É o termo
que
não tem
importância
na estrutura da
ação.
Elemento à parte
pode vir acompanhado
da interjeição
vocativa. Difere do aposto
justamente
pôr não manter ligação necessária com
a frase.
Ex.: Ó Lúcia vem cá!
Caro
leitor dirijo-me a
você neste momento.
Aspectos
|
Definição |
Exemplos |
Semântico |
Indica chamamento |
Meninos
venham até aqui |
Sintático |
Não
se refere a nenhum termo da oração.
Pode estar em
qualquer
posição
na frase separa-se dos demais termos
pôr um sinal de pontuação, geralmente a vírgula |
Meninos
venham até aqui
Venham
meninos, até aqui.
Venham
até aqui
meninos. |
Mórfico |
É constituído de
advérbio ou Locução
adverbial |
Chegou
cedo ao
trabalho |
METODOLOGIA
O presente trabalho propagou-se de forma gradual, tendo início
com as aulas
expositivas, ministradas pelo
professor
Jesé Pereira.
Como
fundamento teórico foram utilizados
materiais
fornecidos e indicados pelo referido
professor,
bem como outros citados na bibliografia.
Os exercícios
estão dispostos,
primeiramente, seguidos da chave
de correção.
DESENVOLVIMENTO
Exercícios
gerais de Morfossintaxe
1-
Nas questões seguintes, diga a que
classe gramatical
pertence as
palavras
destacadas e diga a função sintática das mesmas: