A EDIÇÃO CRÍTICA
DE OBRAS LITERÁRIAS DO SÉCULO XVII:
GREGÓRIO DE MATOS E VIEIRA

José Pereira da Silva (UERJ)

 

A Literatura Brasileira, apesar das diversas definições que possa ter, só se manifesta incontestavelmente no século XVII, com a poesia de Gregório de Matos e com os sermões de Vieira.

Por ser uma obra satírica que vergastava a todas as classes sociais indistintamente, não poupando os poderosos de quaisquer posições, Gregório de Matos não teve nenhum de seus poemas publicados em vida, apesar de ser respeitado (ou temido) por todos como grande poeta lírico.

A partir do crescimento do nativismo brasileiro no século XVIII e da pregação pedagógica de Verney em favor da abonação da língua exemplar extraída dos autores prestigiados mais recentes, numerosas cópias da poesia de gregoriana começaram a circular nos diversos meios acadêmicos, surgindo os diversos códices que são, hoje, o que se utiliza na tentativa de se fazer uma edição crítica da obra do “Boca do Inferno”. Por isto, a obra poética de Gregório de Matos constitui o mais complexo problema ecdótico da Literatura Brasileira.

Do ponto de vista ecdótico ou editorial, a publicação da obra de Vieira é extremamente facilitada, visto que, nos últimos anos de sua vida, dedicou-se religiosamente à preparação de uma versão definitiva seus escritos, chegando a ver muitos deles em letra de forma.

Neste trabalho, pretende-se fazer uma pequena reflexão sobre as questões relativas à edição crítica desses dois grandes brasileiros: de Gregório de Matos, que nasceu na Bahia e se formou intelectualmente em Portugal, e de Vieira, que nasceu em Portugal e se tornou o orgulho do reino, formando-se intelectualmente na Bahia.