Sumário

3. A propósito de síncope:
domnae, ben (e)dicens, audistis.

Susum e trauersare

 

3.1 Diz Väänänen que a síncope é um fenômeno de aspecto eminentemente popular e familiar. Pois bem, a Peregrinatio, texto freqüentemente classificado de “vulgar”, não atesta a síncope tão fartamente documentada, por exemplo, no Appendix Probi, em que das 227 correções, 25 se referem a esse metaplasmo. Aliás, de síncope da vogal breve em proparoxítonos só há um exemplo: domnae (23,10), escrito dõnae no Codex Aretinus. Nas demais ocorrências (domina: 7 e dominus: 67) o texto só apresenta a forma plena.

 

3.2 Na sua edição da Peregrinatio, Heraeus registra bendicens em 19,16 e 20,3, não sei se reproduzindo o Codex, que assim deve grafar (segundo depreendo do registro filológico de Hélène Pétré), ou se acolhendo a autoridade do Thesaurus Linguae Latinae. Não seguem, porém, essa lição Hélène Pétré e Franceschini-Weber, que grafam benedicens. Os últimos no registro filológico são incisivos: “benedicens (non bendicens) A”.

A propósito de benedicere em face de mal(e)dicere, maldixi, maldictu, Väänänen comenta:

par contre, benedicere, terme hiératique, resiste (le Thes. ne connaît, comme forme syncopée, que bendicens, Peregr. (19, 16 et 20,3): a fr. beneir, prov. benezir (ibidem, p. 41).

 

3.3 São raros na Peregrinatio os exemplos de síncope do –u- em formas verbais do perfectum. Bem mais numerosas são as formas plenas.