TRANSCRIÇÃO SEMIDIPLOMÁTICA DOS DOCUMENTOS
PR-AN-IS-OM-017: 0165, 017: 0166, 017: 0167-NX
DA COLEÇÃO ARTHUR DE SALLES

Norma Suely da Silva Pereira (UFBA)

 

APRESENTAÇÃO

Os textos manuscritos escolhidos para o presente trabalho, catalogados como 017: 0165, 017: 0166, 017: 0167 fazem parte da obra dispersa do poeta Arthur de Salles e integram uma coleção de manuscritos e datiloscritos inéditos, autógrafos e apógrafos que estão sob a guarda do Setor de Filologia Românica do ILUFBA.

 

O autor

Arthur Gonçalves de Salles (ê1879 – 1952), poeta baiano representante das tradições simbolista e parnasiana, embora tenha produzido bastante, não compilou a maior parte de sua obra, que permaneceu dispersa, publicada em periódicos de sua época.

 

O documento

As anotações contidas nos documentos 017: 0165, 017: 0166, 017: 0167 da Coleção Arthur de Salles apresentam unidade e podem ser classificadas como parte de um único documento. Trata-se da anotação de verbetes, como a formar um glossário, ¾ conforme sugere o título dado pelo autor ao doc. PR-AN-IS-OM-017-0167-NX: 01/ 04, fº1 rº, Pequeno diccionario de palavras e phrases antigas ¾ e de outros dados, certamente úteis na composição de textos literários de um autor que se auto-classificava parnasiano.

 

2. DESCRIÇÃO DO MANUSCRITO

Manuscritos autógrafos, sem data, incompletos, escritos em 04 fólios de papel pautado, sem margens, amarelado pelo tempo. Escrita com letra de traçado rápido e irregular, na maior parte dos documentos transcritos, lançada em uma única coluna. Texto pobre em abreviaturas. Escrita cursiva do século XX.

 

PR-AN-IS-OM-017-0165-NX: 01/

11 linhas escritas a lápis no verso de ¼ de folha de papel pautado, medindo 165 x 220mm, mancha escrita medindo 125 x 212mm. O folio encontra-se manchado, provavelmente por água, em toda a extensão da margem direita e apresenta sinal sugestivo de contato com tinta corrosiva ou fogo na borda superior central, que atinge a primeira linha da mancha escrita, dificultando sua leitura. Nota-se ainda marca de dobradura no centro, no sentido vertical. A borda direita acha-se manchada e amassada. Trata-se de um rascunho onde o autor anotou uma série de palavras com os respectivos significados, como para formar um futuro glossário. Abreviatura - apenas uma ocorrência.

 

PR-AN-IS-OM-017-0166-NX:01/02

01 fólio escrito com pena de aço e tinta química de cor preta no recto e no verso de ½ folha de papel pautado, medindo 316 x 213mm. A organização e o traçado regular da letra sugerem tratar-se de um borrão passado a limpo, embora inacabado. Este documento guarda as mesmas características do anterior, no que tange à organização em forma de glossário. No recto do fólio, 31 linhas de mancha escrita medindo 291 x 201mm. Borda esquerda amassada e rasgada, com sinais de dobraduras nos ângulos; no centro do fólio, marca de dobradura no sentido horizontal, ligeiramente inclinada para cima; borda inferior apresenta sinal de contato com fogo, chegando a comprometer a leitura da última linha da mancha escrita. Ângulo superior direito rasgado. Entre as linhas 15 e 16 e entre 23 e 24, deixa em branco espaço que corresponde a uma linha.

No verso, 31 linhas de mancha escrita que medem 295 x 196 mm. A destruição do suporte, causada pelo fogo na margem inferior direita, impede a leitura completa das L. 30 e 31. Deixa o espaço correspondente a uma linha em branco entre as L. 15 e 16, 25 e 26, e entre as L. 28 e 29. A L. 31 é lançada na margem inferior. Abreviaturas -12 ocorrências.

 

PR-AN-IS-OM-017-0167-NX:01/04

02 fólios escritos com pena de aço e tinta química de cor preta no verso e no recto de uma folha de papel pautado, medindo 325 x 222 mm.

F°1 - 36 linhas distribuídas em mancha escrita que mede 310 x 210 mm no recto. Borda direita amassada e queimada no ângulo superior esquerdo, dificultando a leitura do final das L. 1, 7 e 9. Sinais de dobradura no ângulo inferior direito; ângulo superior esquerdo rasgado e marca de dobradura no sentido horizontal no centro do papel. Na borda inferior, 02 pequenas perfurações circulares, indicativas da ação de insetos. É característico do autor o fato de nem sempre obedecer aos limites das pautas do papel. No recto deste fólio, por exemplo, o título vem lançado na margem superior e as últimas três linhas da mancha são escritas na margem inferior. A regularidade da escrita sugere um texto passado a limpo. Na L. 2 lança apenas um travessão ao centro, como para separar o título do restante do texto.

No verso, 03 linhas de mancha escrita medindo 023 x 115 mm. Suporte destruído pelo fogo no ângulo superior esquerdo, impede a leitura do início das três linhas.

F°2 - 07 linhas de mancha escrita medindo 049 x 125 mm no recto. No ângulo superior esquerdo um rabisco de formato ligeiramente cilíndrico, repleto de pontinhos, com uma pequena cruz ao centro. No início da L. 3, uma haste de letra que não termina, e já à direita, próximo ao centro do fólio, inicia uma coluna de palavras em letras miúdas, que formam mais 04 linhas, as quais, entretanto, não obedecem as linhas do papel.

No verso, 29 linhas de mancha escrita medindo 290 x 210 mm. O suporte apresenta rasgaduras e dobraduras, além de sinal de contato com fogo semelhantes àqueles do fólio 1, por se tratar de folha dupla. Notam-se ainda, manchas de escrita com tinta azul nas laterais do fólio, com mais intensidade no ângulo inferior direito, que parecem ser de contato com outro fólio qualquer, uma vez que, nestes documentos encontramos apenas escritas lançadas a lápis ou com tinta preta. Trata-se de um rascunho, a julgar pela quantidade de rabiscos, palavras riscadas e reescritas e de desenhos presentes no fólio: entre as linhas 1 e 9 (desde a borda superior), no centro do fólio, uma série de traços formando uma linha mista, vertical, que vai margeando a escrita à direita. O mesmo ocorre à esquerda, entre as linhas 1 e 2; e á esquerda das L. 13 a 15. Na L. 9, após a palavra Esse, seguem-se 8 tracinhos. Entre as L. 10 e 20, à direita, foram lançados algarismos que indicam datas de nascimento e morte dos indivíduos que são nomeados à esquerda. Entre as L. 13 e 15, uma conta de subtrair (1720 - 1640 = 82). Na l. 24, à margem esquerda, assina Salles, manchado e sublinhado; entre as L. 25 e 29, à esquerda, e mesmo para além desta, em direção ao ângulo inferior esquerdo, uma série de rabiscos, desenhos e palavras ilegíveis, devido às manchas de tinta, provavelmente causadas pela pena de aço. A letra, de traçado minúsculo e muito manchada pela tinta da pena, dificulta a leitura em todo o fólio. Os dados anotados giram em torno do personagem Sancho Rodrigues, que dá título a um conto regional inacabado do autor, o qual está inserido em um conjunto intitulado Os Rincões Patricios na edição preparada por Lucidalva Assunção.

 

3.CRITÉRIOS ADOTADOS NA TRANSCRIÇÃO

Reproduziu-se o texto procurando manter uma postura conservadora, com vistas a preservar ao máximo as características lingüísticas do texto, por entender que elas fazem parte do usus scribendi do autor e ainda porque representam a realidade gráfica do período. Assim, esperamos poder favorecer os estudos em outras áreas do saber. Para facilitar a leitura, a transcrição foi acompanhada da xerox dos originais manuscritos.

Conservou-se a disposição original dos fólios, determinando o recto e o verso de cada fólio a partir da posição do texto na folha de papel pautado. Numeraram-se as linhas, indicando-as de 5 em 5, na margem esquerda dos fólios. Indicou-se o número do fólio à margem superior direita de cada fólio. Conservou-se a grafia pseudo-etimologizante do autor, respeitando-se, inclusive, as oscilações. Assim, conservaram-se as grafias das consoantes geminadas, como em Callada (doc. 0166 fº1vº, L. 26); assim como a grafia de ch com som de /k/ e y com valor de i, como em Chrysóculo (doc. 0166 fº1vº, L. 6). Do mesmo modo foram mantidas as grafias de ph com som de /f/ como em Zephyros (doc. 0166 fº1vº, L. 13), sc com valor de /s/, como em scismar (doc. 0167 fº2vº, L. 4) e as representações gráficas para os ditongos ou como em cousas (doc. 0166 fº1rº, L. 5) e para os ditongos nasais como em chamavão por chamavam (doc. 0166 fº1vº, L. 15). A pontuação e a acentuação originais foram rigorosamente mantidas. Maiúsculas e minúsculas foram conservadas conforme se apresentam no original. Palavras e letras unidas ou separadas foram mantidas como aparecem no original.

Desdobraram-se as abreviaturas não correntes com auxílio de parênteses, mantendo-se, entretanto, a forma abreviada para os sinais convencionais, já dicionarizados: v. (doc. 0165 fº1rº, L. 11) e adj; s. e f. (doc. 0166 fº1rº, L. 21 e 31, respectivamente). Utilizaram-se colchetes para indicar interpolações e chaves para letras expontuadas: a[l]gue[m]{s} (doc. 0166 fº1rº, L. 8). Letras ou palavras ilegíveis foram indicadas por reticências, entre colchetes.

Por fim, utilizou-se a interrogação entre parênteses, para indicar palavras de leitura duvidosa, e a expressão sic, entre colchetes para destacar usos específicos, não convencionais, de grafia ou acentuação e/ou erros óbvios do autor.

 

4. TRANSCRIÇÃO DO MANUSCRITO.

PR-AN-IS-OM-017-0165-NX: 01/ f°1 r°

 

 

 

 

 

 

 

5

 

 

 

 

 

 

10

Estrópo - circulo de corda (?) ou couro que segura o

lemeno tolete-

 

Estroso - parvo, nescio, sandeu-

Estravo - bosta estrume, excremento

 

Esto - maré cheia - <<cessou o esto das vagas vivas>>

 

Estingar - colher as vellas com as estingues

 

azurracha - barcaça vulgar no Douro, que tem

por leme um remo a que chama espadéla e

para marcha dous remos pelos lados -

 

 Alarma - rebate -

 

Incestar v. trans[i]tivo ¾

 

 

PR-AN-IS-OM-017-0166-NX: 01/ 02 fº1 r°

 

 

 

 

5

 

 

 

 

10

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

20

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

30

Celestina == Alcoviteira fina e profundamente imo

ral.

Celeumar - fazer celeuma

Certidão - certeza - Relação certa se lhe escre-

vesse a certidão das cousas

Cordo - cordato -

Dar - espalhar - Impor - Dou que não venhas.

Dar razão a a[l]gue[m]{s} - dar conta

dar cor = disfarçcar

dar reparo - remediar

dar que entender = causa inquietação,

receios ou duvida, embaraços -

Dar coração = dar coragem

Dar brados - bradar

15 dar vingança d’alguem = vingar-se

 

Crispar - apinhado, cheio - Crespa catadura -

nuvem crespa

Deciso - decisão, determinação

Decóro - adjetivo - decoroso, decente, accioso.

Decorrer - vagar, girar.

Decurso - adj. - tempo decurso = passado, decorrido

Fóra de cursos = atrazados, vencidos -

decurso de cami[n]ho ¾ extensão.

 

Chão - adjetivo = acostumado, batido no serviço .

25 Chegar - Ter copula carnal = nem em todo o

tempo da Quaresma chegavam as sua[s] m[u]lhe[re]s

Chempo - tamanco (rima p(ar)a tempo)

Chipo - ostra q(ue) da aljofa -

Chitão - silencio! Calada

Cho = te, o, t’o : ah quem cho cresse

Chórica - s.f. Flauta p(ar)a acompanhar [di]thy[rambos]

 

PR-AN-IS-OM-017-0166-NX: 01/ 02 fº1 v°

 

 

 

 

5

 

 

 

 

10

 

 

 

 

15

 

 

 

 

 

20

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

30

Chover - chove muita agua = < Chovia agua miuda.

Chovido = caida á maneira de chuva = (fremidos q(ue)

parecem chovidos

Christengo = de ch[r]i[s]tão > pão ch[r]istengo, terra chri[s]-

tenga.

Chrysóculo - pessoa ou couza que tem muita

apparencia sem valor real

Chus = mais -

De chusma = todos juntos em multidao [sic]

Ciar zelar - resguardar com zelo, comia (?)

Ciar ou cear - remar para traz

Cicio <como quer que attentasse Pan, no cicio, q(ue) as

cannas fazem quando Zephyros as abanam com

poz dellas o septivoco instrumento (ou gaita) a q(ue)

os antigos Syrinx chamavão Felinto (?) Elysio

 

As cidadans dos charcos = rans - Felinto Elysio

Cifa - untura que se dá aos navios com azeite

de peixe ou gordura - Cifar os navios

Cimalha - tambem ápex = dieresis. Dous

pontinhos q(ue) se poem na palavra para indicar q(ue) não

fazem diphtongo

Divêdo - parente - divêdo de parentesco - grao de parent[esc]o

Divertir o perigo = evitar desvial o, atalhal-o

Divicias = bens, riqueza, opulencia.

25 Divido = parentesco por sangue ou afinidade

 

Callada vai ao monte costeando

Das deusas a Vestal : vagão-lhe os olhos

Por tão do rosas, arrobados (?) sitios

 

Cirandar - passar pela ciranda, limpar

 C [ ... ]nsonante - soa em redor

[ ... ] q(ue) roda em torno

 

PR-AN-IS-OM-017-0167-NX: 01/ 04 fº1 r°

Pequeno diccionario de palavras e phrases antigas

__

 

 

5

 

 

 

 

10

 

 

 

 

15

 

 

 

 

20

 

 

 

 

25

 

 

 

 

30

 

inclina a orelha do teu coração -

renunciar os proprios deleytos e plazeres da carne, e deste mundo,

como (?) conta aos seus filhos

mas feitos -

E depoiz que aluiras (?) os olhos ao lume do conhecimento de Deus com

as orelhas do nosso entendimento actentas

Aquele que tenha orelha para ouvir ouça, aquelle que o Spiri

 tu dey às Egrejas ?

correde e trabalhade em quanto havedes lume de vida.

os olhos da minha misericordia esguardaram sobre vós e as

minhas orelhas seram aprestes para ouvir as vossas pregas e

andemos os caminhos de Deus pelo guiamento do Evange

 lho.

Quem ouve aquestas minhas paravras, e as faz, semelharey

a el o[l]haram sages que eirigou a sua casa sobre a pedra, vieram

os rrios, (?) sopraram os veentos [sic] e impetaram naquella casa, a

no sazon, a certas era fundada sobre pedra -

complinte todas estas cousas

Dorende

Compeçar - começar -

dilargado o coração -

Departir ( separar ?) ¾

porque cortado andava muito end’el (porque afflicto anda

elle muito disto )

porque os rezoavam por malditos -

já (?) aqui entrar équito gradim (defeso)

e de grado mandava ( de boa vontade)

 preçada - -

meôgo ( meio )

sem alongada ¾ sem demora ¾

denosto ¾ injuria, emvia, insulto

Em Coira cabo Sevilha - perto de Sevilha

35 Chorando a soluçadas

não entraram, não tougeram (toccaram)

 

PR-NA-IS-OM-017-0167-NX: 01/04 *fº 1 vº

[ ... ] - tão cedo, logo, tão depressa -

[ ... ]rido - curado

[ ... ]aho mi - junto de mim

 

PR-AN-IS-OM-017-0167-NX: 01/ 04 *f°2 r°

[riscos]

Zola ficou na remembrança

 

 

 

5

Soe me ficou na remembrança -

l andança

Esperança (?)

 cança

mansa

crença

PR-AN-IS-OM-017-0167-NX: 01/ 04 fº2 v°

I

I

 

 

 

5

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

15

 

 

 

 

20

 

 

 

 

25

 O pagem de donna Sancha I

Castella vive a pensar I

Santa que a vida lhe mingoa I

¨¨¨¨ I

N’este contino [sic] scismar... I

Triste do pobre do pagem I

De que lhe vive a chorar !... I

I

D Ramiro ha por tras amor I

Se para o mouros (?) do mar I

Esse - - - - - - - - I

Sancho Rodrigues -

Sancho Manuel de Mascarenhas Rodrigues - -2.

- Fernão Rodrigues ¾ pae 1580 - 1650

I Vasco Rodrigues 1640 : - 1722

I : Pero Rodrigues 1640 I. 82

I : Gil Mascarenhas Rodrigues 1700 - 1760

Antonio Mascarenhas 20 Annos 1770 - 1790

Fernão Rodrigues - Narração sobre o Brasil ¾

Vasco Rodrigues - em versos 1745. - 1812

Pero Rodrigues Narração maritima -

Gil Mascarenhas 1810- +

Fernão Rodrigues Este avoengo ultimo de Gil Rodrigues - entrava aos

- I[ ... ] annos para o convento dos jesuitas .[...] 1711.[...]

- I[...] narios [..] não se assemelhava(?) ao refugio

Salles - I do deserto. [...]daquelles -

 [ ... ]

[ ... ] no [ ... ]Bahia

As gondolas (?) Divisão (?) - Pedro Sa[n]ches -

[riscos] Symbolica - [...]

[riscos] + F[e]li[s]berto [...] da Bahia.

 

 

RELAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS ABREVIATURAS

5.1 Contração:

p(ar)a (2v) - doc. 0166 f°1r° - L. 27 e 31.

 

5.2 Suspensão:

v(erbo) - doc. 0165 f°1r° - L. 11.

adj(etivo) - doc. 0166 f°1r° - L. 21.

s(ubstantivo) - doc. 0166 f°1r° - L. 31.

f(eminino) - doc. 0166 f°1r° - L. 31.

q(ue) (7v) - doc. 0166 f°1r° - L. 28; doc. 0166 f°1v° -L.2,12,14,20(2v), 31.

 

PEQUENO GLOSSÁRIO

Aljôfar - (do Ár. Al-jauhar). m. pérolas miúdas. Orvalho. Lágrimas. “ Chipo - ostra q(ue) da aljofa - ” (017: 0166 f°1r° - L. 28).

Arrobados ¹ - de arrobar - v. t. pesar ou medir por arroba. Fig. Avaliar, à simples vista.

² - v. a. (de arrôbo, extasis, com o prefixo “a” e a term. Verbal “ar”) extasiar, envelar, causar devaneio, arrebatar. “Por tão do rosas, arrobados (?) sitios ” (017: 0166 f°1v° - L. 28).

Catadura - s. f. (de cata, com a significação de vista, aspecto (...) com o sufixo composto dura). Aspecto, semblante, parecer, do homem ou dos animais. “Crispar - apinhado, cheio - Crespa catadura - ” (017: 0166 f°1r° - L. 16).

Chórica - s. f. Ant. Flauta para acompanhar os dithyrambos. “Chórica - s.f. Flauta p(ar)a acompanhar [di]thy[rambos]”(017:0166 f°1r°-L.31).

Cimalha - f. Cimo. A parte superior da cornija, etc. Náut. Gávea (de cima). “Cimalha-tambem ápex=dieresis. Dous (...)”(017:0166 f°1v°-L. 19).

Cirandar - v. t. Joeirar com ciranda. Fam. Dar voltas. “Cirandar - passar pela ciranda, limpar” (017: 0166 f°1v° - L. 29).

Departir - v. act. (de de, e partir). Distribuir. Dividir; demarcar, extremar, apartar. “Departir ( separar ?) ¾” (017: 0167 f°1r° - L. 24).

Équito - équite (do lat. Eques, equitis). m. Poét. O mesmo que cavaleiro. “já (?) aqui entrar équito gradim (defeso)”(017:0167 f°1r°-L. 28).

Fremidos - ( de frémito ?) (do lat. Fremitus). m. Rumor. Som frouxo mas áspero. Rugido. Sussurro. “Chovido = caida á maneira de chuva = (fremidos q(ue) / parecem chovidos” (017: 0166 f°1v° - L. 2).

Gradim - (do lat. Gradine). m. Instrumento de escultor, para tirar as asperezas deixadas pelo ponteiro. “já (?) aqui entrar équito gradim (defeso)” (017: 0167 f°1r° - L. 28).

Remembrança - s. f. Ant. Ato ou efeito de remembrar; relembrança, lembrança. “Zola ficou na remembrança / Soe me ficou na remembrança -” (017: 0167 f°2r° - L. 1 e 2).

Sages - adj. Ant. Discreto, prudente. “a el o[l]haram sages que eirigou a sua casa sobre a pedra, vieram/os rrios,(...)”(017:0167f°1r°-L. 17).

Tolete - (do fr. Tolet).m. Cada uma das cavilhas, na borda do barco, às quais se encosta o remo, para jogar. “Estrópo - circulo de corda (?) ou couro que segura o / lemeno tolete” (017: 0165 f°1r° - L. 2).

 

 

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACIOLI, Vera Lúcia Costa. A escrita no Brasil Colônia: um guia para leitura de documentos manuscritos. Recife: UFPE - ED. Universitária/ Fundação Joaquim Nabuco - ED. Massangana, 1994.

ASSUNÇÃO, Lucidalva Correia. A prosa inacabada de Arthur de Salles: Os rincões patrícios e outros escritos. Salvador: UFBA/PPGLL, 1999. Dissertação de mestrado orientada pela Profª. Drª. Albertina R. da Gama.

BERWANGER, Ana Regina e LEAL, João Eurípedes Franklin. Noções de Paleografia e Diplomática. Santa Maria: UFSM, 1995. 2ed. 96 p. il.

CARVALHO, Rosa Borges Santos. Poemas do Mar de Arthur de Salles: tentativa de edição crítica. Salvador: UFBA/PPGLL, 1995. Dissertação de Mestrado em Letras orientada pelo Prof. Dr. Nilton Vasco da Gama.

MORAES SILVA, Antonio de. Diccionario de Lingua Portuguesa. Fac-símile da Segunda edição (1813). Rio de Janeiro: Officinas da S. A. Litho-typographia Fluminense, 1922. v.1

SALLES, Arthur de. Sangue-mau. Salvador: UFBA, 1981. Xiii + 332 p. il. Edição Crítica de Nilton Vasco da Gama et. al.

VIEIRA, Dr. Frei Domingos. Grande Diccionario Portuguez ou Thesouro da Lingua Portugueza. dos eremitas calçados de Santo Agostinho - Porto: Casa dos Editores Ernesto Chadron e Bartholomeu H. de Moraes, 1871. v.1 e 2