GLADSTONE CHAVES DE MELO

Elvo Clemente (PUC/RS)

A minha comunicação abrange três pontos: o homem, o crítico literário e o filólogo.

O homem - breve escorço biográfico

Era filho de Joaquim Gabriel Chaves de Melo e de Maria de Lourdes Chaves de Melo, nasceu a 12 de junho de 1917 em Campanha (MG). Família modesta com boa formação cristã vivia tranqüilamente na região rural do Sul de Minas. O pequeno Gladstone realizou os estudos primários e secundários em sua terra. A Providência colocou perto do adolescente um jovem estudante jesuíta vindo da França para o noviciado de Campanha. Era augusto Magne, o grande estudioso de línguas e o filólogo do latim e do português. Estabeleceu-se longa e profícua amizade entre ambos, a partir de 1930. Gladstone transferiu-se para Belo Horizonte para cursar Direito. Órfão de pai, resolveu experimentar a vida no Rio de Janeiro. Ali reencontrou o P. Augusto Magne que lhe ministrava sábias lições de vida, de cultura e de ciência das línguas latina e portuguesa. Concluiu o Curso de Direito na Faculdade Nacional. Em 1941, por indicação do P. Magne, catedrático de Filologia Românica, Gladstone foi proposto assistente da cadeira de Língua Portuguesa, onde era catedrático Sousa da Silveira. O jovem bacharel sentiu a satisfação de seguir sua vocação para o magistério.

No dia 23 de dezembro de 1941 casou-se com Cordélia de Paula Rodrigues, nascida no Rio, de origem cearense, com quem formaria família exemplar com 7 filhos: Paulo de Tarso, Maria de Lourdes, Tomás de Aquino, Bernardo Gladstone, Maria Teresa, Maria da Glória e Agostinho. Maximiano de Carvalho e Silva num denso parágrafo esclarece:

Nesta década de 40, facilitou-lhe o caminho de estudioso de letras clássicas e vernáculas o convívio estreito com o P. Magne, com Sousa da Silveira, com Alceu Amoroso Lima e outros professores da Faculdade. (13)

Ao mesmo tempo obedecendo aos chamados de sua vocação solidária engajou-se na sociedade dos vicentinos a fim de dar assistência semanal a famílias pobres das favelas, vizinhas do Bairro de Laranjeiras.

Começou a produzir livros que tomaram os nomes de Formulário ortográfico (1938) e A linguagem dos livros brasileiros de Literatura Infantil (1941).

Foi convidado a colaborar em jornais e revistas do Rio de Janeiro: Correio da Noite, FNF, Diário de Notícias, O Jornal, Jornal do Brasil, Correio da manhã, A Ordem, Tribuna da Imprensa, Carta mensal, Permanência, O Mundo Português, Confluência e de outras cidades (Vozes, de Petrópolis), O Estado de São Paulo, Diário de Notícias, de Lisboa.

Na década de 40 firmou-se o seu prestígio como autor de livros: A língua do Brasil (1946); Dicionários Portugueses (1947); edição crítica do romance Iracema, de José de Alencar; A língua Portuguesa (1948); Iniciação à Filologia Portuguesa (1951) em colaboração com Serafim da Silva Neto (1952); Novo Manual à Análise Sintática (1954).

Em 1946 submeteu-se a provas públicas para obter o grau de doutor e de livre docente, constituíram a comissão examinadora ilustres figuras do magistério nacional, sendo presentes os professores Ismael de Lima Coutinho e Serafim da Silva Neto.

Além as atividades de ensino Gladstone atuou por força das circunstâncias em três outros campos: na política, no jornalismo e na vida diplomática.

Filiou-se ao movimento contra a ditadura de Getúlio Vargas, em 1945, em 1950 foi eleito vereador pela União Democrática Nacional (UDN). Teve o apoio de Gustavo Corção, de Alceu Amoroso Lima e de outros sócios do Centro Dom Vital.

Em 1951, obrigado a licenciar-se do magistério da Faculdade Nacional de Filosofia, foi convidado pelo Reitor P. Pedro Veloso a lecionar Língua Portuguesa na PUC-RJ, função que exerceu até 1968, no Curso de Jornalismo. Na Câmara de Vereadores do Distrito Federal, agiu com brilhantismo de 1951 a 1960, pois fora reeleito.

De vereador passou a ser eleito deputado constituinte do Estado da Guanabara, em 1960, na legenda do Partido Democrata Cristão. Em 1962, após muitas pugnas políticas Gladstone resolveu retornar às lides do magistério na Faculdade Nacional de Filosofia, na cadeira de Língua Portuguesa.

Nunca deixara de lecionar, de 1950 a 52 em Juiz de Fora (MG) a partir de 1951 nos cursos de jornalismo na PUCRJ; participou, outrossim, a convite do grande educador José Carlos de Melo e Sousa, nos cursos de preparação aos exames de suficiência pela CADES (Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário), (1959 e 60), em Petrópolis e Nova Friburgo respectivamente. Em 1962 aceitou convite para lecionar Didática Geral na Faculdade Fluminense de Filosofia, em Niterói onde encontrou velhos companheiros como os professores Ismael de Lima Coutinho, e Baltasar Xavier e os ex-alunos Rosalvo do Valle, Maria Helena Peixoto Kopschitz e Maximiano de Carvalho e Silva.

Adido Cultural do Brasil Em Lisboa - Em 1962, mergulhado em suas atividades docentes ei-lo convocado para nova missão: Afonso Arinos de Melo Franco recomendou Gladstone para o cargo de Adido Cultural na Embaixada do Brasil em Lisboa, sendo embaixador Francisco Negrão de Lima.

Após a Revolução de 1964, Gladstone voltou a lecionar na UFRJ, na UFF e na PUCRJ, prosseguiu, outrossim em sua faina de escritor. Produziu cerca de 20 livros e numerosos artigos em revistas e jornais.

Maximiano mostrou em seu artigo a vida cristã e apostólica de Gladstone jamais interrompida. Acompanhou com entusiasmo os trabalhos e decisões do Concílio Vaticano II de 1962 a 1965. Em dezembro de 1965 foi distinguido com o convite do governo para integrar como Embaixador a Missão Especial à Clausura do Concílio, em Roma, onde foi agraciado com medalha de prata do Papa.

Em 1970 foi designado para o Conselho Federal de Educação passando depois para o Conselho Federal de Cultura. Ainda em 1972, Gladstone voltaria, a convite do Embaixador Gibson Barbosa, aceitaria ser Adido Cultural em Lisboa até 1974.

Magistério: A Vocação Principal - Em sua vida de múltiplas atividades Gladstone sempre privilegiou o magistério. Na UFF lecionou: Lingüística Portuguesa, Estilística Portuguesa, Crítica Textual e Cultural Brasileira. Participou da criação do Mestrado em Letras.

Em 1990 retornou às atividades de ensino e pesquisa quando foi convidado pelo Dr. Antonio Gomes da Costa passou a integrar a diretoria do Instituto de Língua Portuguesa do Liceu Literário Português com os colegas e amigos Sílvio Elia, Maximiano de Carvalho e Silva, Evanildo Bechara, Nilza Campelo e Antonio Basílio Gomes Rodrigues. Continuou a dar aulas, a fazer conferências e a escrever artigos para a secção “Na ponta da língua” do Jornal O Mundo Português.

Últimos anos de vida - Em 1995, no dia 17 de fevereiro, lamentou a perda da esposa Cordélia - pessoa extraordinária como companheira e mãe de família. Gladstone ficou profundamente abalado.

Tornou-se mais apegado aos amigos. Levado pelo Bechara começou a freqüentar as sessões da Academia Brasileira Filologia de Amarante de Azevedo Filho.

Sua vida foi-se extinguindo aos poucos, permanecendo sempre em estado de lucidez. A morte ocorreu no dia 7 de dezembro de 2001. As exéquias foram presididas pelo monge beneditino Dom Justino de Almeida Bueno, no dia 8 de dezembro, sendo inumado no cemitério Jardim da Saudade. Antonio José Chediak fez as despedidas em comoventes palavras.

Gladstone - Crítico Literário

Desde jovem foi cultivando a língua portuguesa incentivado pelos mestres e em especial pelo P. Augusto Magne S. J. e por, Souza da Silveira. Embora buscasse o título de bacharel em Direito o que o atraiu sempre foi o magistério. Parafraseou na vida o dito latino - Magister nascitur. Professor no ensino médio, professor de faculdade sempre em Língua Portuguesa. Homem de muita leitura e de leitura de escritores brasileiros. Enveredou pelo estudo da Estilística que nas décadas de 40 e 50 ensaiava os primeiros passos.

Em 1948, publicava pelo Instituto Nacional do Livro IRACEMA, de José de Alencar, edição crítica com introdução, notas e apêndice. Para realizar o trabalho o Prof. Gladstone recorreu a seus conhecimentos de Ecdótica, e de Estilística. Era um método revolucionário na crítica literária da época. Tudo isso exigiu horas e horas de investigação e de leituras variadas. Em 1965 na celebração do centenário da edição do romance de José de Alencar foi retomado o texto do estudo estilístico de 1948. O mestre Souza da Silveira já realizara trabalhos semelhantes com a edição crítica das obras de Cassimiro de Abreu e de Álvares de Azevedo.

Em 1957 era a vez do romance SENHORA perfil de mulher, a merecer o trabalho crítico e estilístico de Gladstone Chaves de Melo.

A introdução apresenta extenso e profundo estudo sobre a escorreita língua portuguesa de José de Alencar no romance Iracema.

Rebateu as críticas de M. Pinheiro Chagas e de Antônio Henrique Leal. Contestou , outrossim, com brilhantismo as “Questões do Dia” de uma revista panfleto que se editou no Rio de Janeiro sob a orientação e coordenação de José Feliciano de Castilho. Provou que a língua escrita por José de Alencar é lidimamente lusitana com o estilo brasileiro.

Vale a pena a leitura do parágrafo que esclarece o estilo brasileiro de Alencar:

Foi Alencar, dos nossos escultores românticos, um dos que mais teve preocupação de estilo, cuidado da expressão. Basta cotejar a primeira e a segunda edição de IRACEMA, para ver um sem-conto de alterações, de novas redações, sempre em busca de melhor expressão. Basta ler, com espírito de observação, os seus grandes livros para sentir bem ao vivo essa luta pelo estilo, que lhe caracteriza a arte de dizer. Basta lembrar o testemunho do mesmo Alencar: “Entretanto, poucos darão mais, se não tanta importância à forma do que eu, pois entendo que o estilo é, também, uma arte plástica, por ventura muito superior a qualquer das outras destinadas à revelação do belo. (pós-escrito de IRACEMA, p.164 da Ed. Do Instituto nacional do Livro).

Gladstone domina o método por isso conclui:

O estilo brasileiro de Alencar não só se faz notar nesse espírito, nesse “modo de ver e de sentir, que dá a nota mais íntima da nacionalidade”, caráter permanente e transcendente de toda a sua obra, mas também se concretiza no vocabulário brasileiro, e nas comparações e imagens tomadas à terra e á paisagem nossa. (p.46, Introdução, Senhora).

Pelas palavras citadas vê-se como Gladstone domina a estilística em sua crítica literária. Foi, sem dúvida, um dos pioneiros no Brasil a utilizar e a ensinar o método estilístico em uso pelos franceses. Após referir as aventuras da nova ciência Gladstone escreve:

...modestamente escolhemos uma direção e por ela iremos andando, quem sobe se até abrindo caminhos não praticados. Depois que Pierre Guiraud pôs ordem na laboriosa e multifária bibliografia estilística, mais fácil ficou a qualquer um escolher rota. Já antes, por natural inclinação, seguíamos o que se poderia chamar “ escola francesa”. Nela continuamos, agora com mais segurança e, talvez, melhor método. (Ensaio de Estilística da Língua Portuguesa, p. 13)

O Ensaio de Estilística da Língua Portuguesa é um verdadeiro vade-mécum para os que começavam, como nós, a trilhar as belezas e agruras da crítica estilística.

A prática do método exerceu-se por vários anos nos livros: Edição crítica de IRACEMA (1948); A língua é o estilo de Rui Barbosa (1950); SENHORA- perfil de mulher (1957); IRACEMA, edição do centenário (1965); ALPHONSUS DE GUIMARÃES, poema, (1976). Rui Barbosa - Textos escolhidos, ( 1962).

Pode-se observar o valor do conteúdo e da didática do ENSAIO pelo índice geral em 22 capítulos repartidos em cinco grandes temas:

NOÇÕES PROPEDÊUTICAS, em cinco capítulos até a p. 53.

UTILIZAÇÃO DO MATERIAL SONORO em outros cinco capítulos até a p. 95.

O INTERMEZZO SOBRE MORFOSSINTAXE com um capítulo em seis páginas.

SINTAXE EM PERSPECTIVAS ESTILÍSTICAS com dez capítulos até a p. 215.

O capítulo XXII encerra a ESTILÍSTICA DA PALAVRA com oito páginas. Está pronto o livro básico e indispensável da Crítica Estilística no Brasil.

Gladstone - O filólogo

Em 1951 a Organização Simões publicava no Rio de Janeiro Conceito e Método da Filologia com os discursos de Serafim da Silva Neto e de Gladstone Chaves de Melo, recepção na Academia Brasileira de Filologia, 19/05/1951, com prefácio de Sousa da Silveira.

O opúsculo com três substanciosos trabalhos é a exaltação da Filologia da Língua Portuguesa. Data memorável para a Academia, data memorável para a filologia em que se reunia tanta erudição e tanta ciência em 92 páginas.

Gladstone desde os primeiros passos em seus estudos esteve ligado à Filologia. Teve excelente iniciação vernácula e ainda na adolescência teve as luzes do jovem jesuíta Augusto Magne. Em sua carreira de estudos jurídicos não se afastou dos estudos e da prática em língua Portuguesa. Chegando ao Rio de Janeiro foi assistente do mestre Sousa da Silveira. Diuturnamente estudava, consultava, investigava nos livros dos mestres da Filologia quer portugueses, quer alemães e conacionais. O discurso de recepção na Academia Brasileira de Filologia em 19/05/1951 é um programa de vida e um testamento para a posteridade. Encontram-se ali as definições: “Filologia Portuguesa é o estudo largo e profundo dos textos de nossa língua para atingir em cheio a mensagem intelectual ou artística neles contida. A Lingüística Portuguesa é o estudo da língua portuguesa como tal, como produto histórico-social realizado de mil maneiras através do tempo e do espaço, todas estas facetas constituem objeto de interesse igual para o lingüista (Discurso p. 54/55).

Com esta definição estão delimitados os campos de ação do filólogo e do lingüista. Em páginas anteriores vem esclarecida a situação mental de cada qual. Assim se expressou:

O lingüista e o filólogo devem ter à uma esprit de géométria e esprit de finesse. Esprit de géométria para pesquisar, para recolher, para registrar, para respeitar o fato lingüístico, para aplicar com rigor e escrúpulo e minúcia o método filológico; esprit de finesse para perceber as subtilezas, para sentir e analisar os matizes da linguagem, para intuir e denunciar o valor estilístico nas expressões, seu conteúdo ideológico, para compreender fundo e fino o ajustamento da expressão à situação lingüística concreta, para ver a obra de arte na linguagem poética, para saber apreciar e explicar os recursos de que se vale o escritor a fim de realizar a prosa artística ou a beleza poética. (discurso p. 52)

Nesta citação assaz extensa está presente o método de ação do lingüista e do filólogo, do crítico literário e do professor. Na vida e no trabalho de Gladstone Chaves de Melo sobressai o filólogo naqueles anos em que os estudos lingüísticos ainda não haviam alcançado o status curricular na graduação acadêmica.

Notável foi sua profissão de fé filológica, que assim se expressa:

Por definição somos todos aqui profissionais da filologia: por isso é bem que cada qual manifeste a sua parte, ao ingressar no cenáculo, suas idéias mestras, sua concepção fundamental acerca da ciência que nos congrega, da perspectiva em que vemos, e dos roteiros que devemos nela seguir. (Discurso p. 38).

Surpreendente foi a leitura do texto - O Reino da Mentira que conclui com o solene parágrafo:

Impõe-se que a verdade ilumine e penetre a nossa vida. Cultivemos a lealdade, aberta e larga, nas atitudes e nas palavras, Construamos um santo horror pelo maquiavelismo, seja ele político, social, doméstico ou boato. (Discurso p.35).

Serafim da Silva Neto, apóstolo da Filologia, foi o paraninfo do novel acadêmico, traçou-lhe a vida de estudioso, do crítico e do filólogo em magistral e memorável discurso. Entre as obras no campo filológico podemos citar: Conceito e método da filosofia, (1947); Dicionários portugueses (1951), A língua do Brasil, (1975); Novo manual de análise sintática, (1959); Acompanhando os passos desta vida toda entregue ao bem da cultura do povo brasileiro, em sua orientação cristã de professor, de político e de diplomata, vemos aquela pessoa intemerata.

Homem íntegro, exemplar esposo e devotado pai de família, exímio investigador das ciências da linguagem, crítico literário, filológico perseverante na garimpagem das belezas da língua, foi sempre e em tudo o homem veraz, o defensor impertérito da verdade contra as falácias humanas em todas as modalidades de vida e de profissões.

Gladstone é o filólogo perseverante na investigação, praticamente em suas aulas nas diversas faculdades do Rio de Janeiro ou de Minas gerais, é o mestre inteiro em suas mensagens e em suas atitudes. Soube no percurso brilhante de sua existência de 84 anos mostrar para a nossa geração e outras gerações como é belo ser pessoa devotada na missão de sanear a verdade em todas as circunstâncias da existência como lingüística e na filologia. Gladstone Chaves de Melo ontem, hoje e sempre brilhará na cátedra de Língua Portuguesa, na Crítica Filológica, na investigação da Verdade, do Bem e do Belo nas letras lusitanas no Brasil e nos países lusófonos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCAR, José Senhora, perfil de mulher - Introdução - Gladstone Chaves de Melo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1957.

------. Iracema. Edição crítica do Centenário. Rio de Janeiro: INLIMEC, 1953.

MELO, Gladstone Chaves de. Ensaio de estilística da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Padrão, 1976.

MELO, Gladstone Chaves de. Conceito e método da filologia. Rio de Janeiro: Organização Simões, 1959.

------. Iniciação à filologia e à lingüística portuguesa. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1975.

Confluência, revista do Instituto de Língua Portuguesa, nº 22, 2º semestre de 2001, Rio de Janeiro.