AS DUAS VERTENTES DA LÍNGUA PORTUGUESA:
USOS NO JORNALISMO

Nelly Carvalho/UFPE

1-Considerações iniciais

Língua e cultura formam um todo indissociável e, no caso da língua e da cultura maternas, esse todo não é ensinado em nenhum lugar especial, mas adquirido ao sabor dos aconteci­mentos cotidianos. Ele identifica os indivíduos como participantes de uma coletividade e serve de denominador comum para o convívio social.

No caso da língua portuguesa - falada no Brasil e em Portugal, consistindo em duas vertentes de uma mesma língua -‘veiculam-se culturas que, embora tenham raízes comuns, diversi­ficaram-se ao longo da história.

Os componentes de uma língua são de ordem fonológica, sintática, e semântico-lexical

Todos estes sofrem diferenciações quando submetidos à influência diversas e são observadas na pronúncia , nas escolhas sintáticas , nas alterações de sentido, nas escolhas do termo, em vertentes diferentes de uma mesma língua .

É contudo o componente semântico-lexical que revela com maior clareza as divergências entre os usos por diferentes comunidades lingüísticas. O léxico, nomeando as realidade extra-lingüísticas vai permitir compreender conceitos abstratos e nomear diferentes ocorrências da vida cotidiana.

As diferenças entre nações que têm em comum a língua materna, no caso , Brasil e Portugal, são um tipo particular de fronteira cultural : a identidade é percebida pelo que se é (explícito) e pelo que não se é ( implícito).

2-Fronteiras Culturais

Um saber comum é constituído de uma rede de forças. O principio de exclusão dos não-iniciados naquele saber partilhado é decisivo para o sentido que tomam os signos: é o que acontece em toda a comunidade cultural, seja qual for a sua extensão.

O jogo é sempre o mesmo: no momento da comunicação, entender um signo é construir uma linha de demarcação entre os que compartilham o sentido evocado e os que ficam excluídos. O implícito (cultural) desempenha um papel decisivo, impondo uma fronteira eficaz e discreta entre os que compreendem e os que não compreendem o sentido total da mensagem. A fronteira cultural não é apenas a das nações, nem sequer a da língua: pode ser regional e ata mesmo grupal.

A aquisição da competência cultural (na própria cultura) não faz parte de uma escolha possível: ela é vivida como uma ligação imediata e única com o mundo. Os fatos são interpretados, mediatizados por uma aprendizagem e percebidos como expressão de uma evidência indiscutível. A realidade não se apresenta da mesma forma em todas as culturas: ela é uma construção elaborada por meio da experiência pragmática do mundo, sem que se perceba sua relatividade, isto é, sem que se considere a existência de outras formas de viver e de interpretar a realidade objetiva. As próprias mudanças culturais acontecem de forma imperceptível: uma comu­nidade não percebe as mutações a não ser quando se instalam defi­nitivamente.

O processo de socialização introduz o indivíduo numa cons­trução arbitrária do mundo, coerente mas não universal. O in­divíduo (ou a sociedade), contudo, pretende alcançar essa univer­salidade em relação à sua cultura. Bastante ilustrativo é o caso da cultura ocidental européia, que nos pri­meiros contatos com os povos dos continentes recém-descobertos, na época das grandes navegações, tentou fazer de suas iniciativas culturais um parâmetro universal. Os portugueses diziam que os índios não tinham fé, nem lei , nem rei, porque além de não serem valores na cultura tupi, eles não sabiam pronunciar os fonemas, F, L R, por não integrarem a fonética de sua língua.

3- Item Lexical: a palavra

A palavra analisa e objetiva o pen­samento individual, tendo também um valor coletivo, pois há uma sociedade própria da língua. A palavra permite ao conceito ultra­passar o estágio individual e afetivo: ela racionaliza, classifica, dis­tingue e generaliza o pensamento, tornando-o abstrato.

Resultante de uma evoluçao histórica, a língua ordena e classifica os signos de acordo com seu próprio sistema classificatório semântico e formal.

O vocabulário, símbolo verbal da cultura, “perpetua a herança cultural através dos signos verbais” e faz a ponte entre o mundo da linguagem e o mundo objetivo. Não é estático, como a realidade objetiva em que se espelha; ele evolui e se adapta, constituindo sempre um portador apropria­do de significações, valores e cargas novas que a realidade gera e a palavra transmite. Essas cargas novas são responsáveis pelo surgimento constante e inevitável de neologismos, pela adoção de empréstimos ,pela arcaização de termos, pela mudança de significados, como forma de adaptação da língua á evolução do mundo. Ao permitir a comu­nicação interpessoal, a língua favorece as representações e atitudes coletivas, produzindo a cultura. O jogo de simbiose no qual funcionam língua e cultura faz com que sejam o reflexo recíproco e obrigatório uma da outra.

Palavras são emblemas culturais, símbolos com significados sociais, que conservam a experiência da atividade humana

O estudo de palavras, nas quais o componente cultural ma­nifesta-se com mais intensidade, pode ser o fio condutor para o co­nhecimento de uma comunidade. Esse componente cultural é de­nominado, por Galisson, “carga cultural partilhada” e permite identificar o falante na condição de “indivíduo coletivo”, um conceito que distingue e esclarece mecanismos sociais, cul­turais e língúísticos, facilitando o estudo do comportamento humano.

Um dos elementos (talvez o mais forte) de identificação co­letiva é a língua materna, que, associada à cultura, permite a inter-compreensão. Isolada da cultura de origem, porém, e inserida em comunidades diferentes, a língua materna vai recebendo marcas dessa nova cultura e formando vertentes que se afastam sobretudo no aspecto lexical, aquele que nomeia a realidade. As palavras passam a receber uma carga conotativa cultural diferente da an­terior. A cultura na qual a língua se insere desempenha um papel de grande importância, sendo uma “cultura transversal”, que pertence à comunidade como um todo e não deve ser confundida com a cultura erudita.

A língua, como já vimos , é sempre carregada de cultura em todos os níveis (fonológico, morfológico, sintático e lexical e até mesmo nos gestos e na mímica que reforçam a mensagem). Mas é o voca­bulário que carrega consigo a maior carga cultural, a cultura comportamental comum. Não há,contudo, uma carga cultural uniforme.

O acervo lexical é formado por unidades estáveis e privilegiadas para os conteúdos de cultura que neles aderem, anexando-lhes outra dimensão à dimensão originária. Palavras como eagle(águia) ou king(rei) têm o mesmo referente em inglês e português, mas cargas culturais diversas.

Nas duas vertentes do português (Portugal e Brasil), isso é óbvio em palavras como rapariga e bicha. Outras palavras não existem culturalmente para outro país, como açorda, que não é usada no Brasil mas em Portugal designa um tipo de prato de frutos do mar. O termo pastoril, ao contrário, é desconhecido em Portugal, e no Brasil designa uma dança tradicional. Há palavras quase neutras e outras bastante marcadas pe­los usos sociais. São inúmeros os exemplos de palavras que focalizam e cristalizam uma certa carga cultural diferenciada. Um exemplo são as palavras que nomeiam referentes que não existem em outra cultura, como cachaça ou rabelo ou as formas diversas de nomear o mesmo referente :garoto/café com leite ou outdoors/ cartaz exterior . A carga cultural das palavras constitui uma passagem provisó­ria para estabelecer as diferenças d’aquém e d’além-mar.

4-Usos divergentes na vertente européia

Observaremos, no presente trabalho, a escolha dos itens lexicais no jornalismo português, mas antes , veremos como se dão as escolhas e usos dos pronomes de tratamento, caso relevante no estudo das diferenças culturais.

4.1-Pronomes de tratamento

Embora não sejam considerados itens lexicais, os pronomes de tratamento ,que marcam as diferenças sociais, podem ser um bom começo para identificarmos a divergência de uso entre as duas vertentes.

O escritor português, Mário Dionísio,ao comentar sobre os pronomes de tratamento na vertente européia , faz uma observação sobre os pronomes pessoais , dizendo que , enquanto romanos e gregos tratavam-se por tu , incluindo o imperador, e os ingleses usam apenas o You, sem distinção, o povo português vive ruminando formas obsoletas . Considera o Vós, largamente usado nas aldeias( untuoso, segundo ele) e o vocemecê. Mas, você ,de uso irrestrito no Brasil , segundo ele ,é recebido a patada.

Entre os pronomes de tratamento mais usados para a mulher surgem menina, vossência e sitora .( senhora doutora =professora)

As diferenças entre os usos de Senhora/ dona / Senhora dona revelam os estratos da sociedade lusa contemporânea: Senhora ,para as mais humildes ; Dona, prova de modesta distinção ; Senhora Dona, o tratamento mais reverente.Para o homem, seria o infalível doutor, ou a nomeação da profissão: senhor engenheiro, senhor advogado, senhor jornalista.

Quanto ao casal , os usos seriam os seguintes :Marido/ Mulher, nas altas rodas; senhora/ homem, para as classes operárias;esposa/ marido , em ocasiões formais.Os usos diferem bastante em relação aos pronomes pessoais e de tratamento no Brasil . Aqui , além disso , todos são doutores,basta ser de classe social elevada.

4.2- Itens Lexicais

Para caracterizar , do ponto de vista lexical, a diferença entre Portugal e Brasil, Biderman propõe uma divisão em dois grandes grupos de termos dos itens lexicais:

1. Palavras que nomeiam referentes da realidade brasileira, grupo que inclui palavras sem referente em Portugal (frevo, vatapá,farofa, guaraná) e palavras com referentes nomeados de outra forma em Portugal,( cafezinho/bica).

2-Palavras que nomeiam referentes da realidade portuguesa -incluindo palavras sem referente no Brasil (açorda) e palavras que equivalem a outros termos no Brasil, embora designem o mesmo referente ou conceito (cueca/calcinha, sandes/sanduíche).

Algeo criou uma tipologia mais minuciosa para analisar as diferenças lexicais entre o inglês britânico e o americano. Ele considera duas formas de es­tabelecer a tipologia de diferenças lexicais interdialetais: partindo da palavra ou partindo do referente.Utilizando seu esquema para estudar as diferenças Brasil / Portugal , teremos:

Uma única forma e um único referente

1. Referente correspondente na língua comum - É a classe que não envolve diferença entre variedades.

2. Lacuna referencial ou referente sem correspondente em uma das variedades - No caso do Brasil:abadá; no de Portugal,, marisqueira.

3. Lacuna lexical ou termo sem correspondente - Em Portugal, rotunda /Rabelo. No Brasil, prefeito

4. Lacuna cultural -representa hábitos inexistentes e sem correspondência na outra cultura: frevo, pastoril (Brasil), castanhada (Portugal).

Formas múltiplas e um único referente

1. Sinônimos - alvo/branco.

2.Termos equivalentes - Sinônimos interdialetais: boléia/carona, bicha/fila, miúdos/crianças.

3.Sinônimos em apenas uma das variedades: Mate/chá só são sinônimos no Brasil, assim como jovem/puto e sanear/des­pedir só são sinônimos em Portugal.

4. Termo equivalente + termo comum :cabeça (geral), mona (Portugal), cuca (Brasil).

Forma única e referentes múltiplos

1. Polissemia -

2. Polissemia interdialetal -Camisola/ camisa; banheiro/salva-vidas

3. Polissemia interdialetal. Mala,/bolsa feminina; Chapéu/guarda-chuva.

4. Uma forma única pode denotar três ou mais referentes. Propina (distri­buição geral) significa no Brasil “gratificação imerecida e ilegal”. Direção (distribuição geral) é endereço em Portugal e parte do automóvel no Brasil.

5. Termos mais ou menos equivalentes - Caracol (referente a cabelo) é pouco usado no Brasil, sendo sempre substituído por cacho ou onda

6-Termos nos quais uma forma geral é semanticamente restrita em outra variedade - Aquecer, no Brasil, não é usado com referência a comida.

Múltiplas formas e múltiplos referentes

1-Termos intercambiáveis - São aqueles que, embora usados nas duas variedades, não cabem exatamente nos mesmos con­textos lingüísticos, como ocorre com a palavra rabo e rapariga

Múltiplas formas e múltiplos referentes (bomonímia)

1. Homonímia

2. Homonímia interdialetal -Peão: Pedestre em Portugal e no Brasil,servente de obras.

3. Homonimia interdialetal usado em área restrita ; Manga, fruta; Manga, verbo(só no Nordeste significa zombar).

4. Analogia - Importante relação para comparações interculturais, a analogia é o oposto da homonímia. Análogos são objetos que diferem entre si e têm nomes diversos, mas preenchem posições parecidas em diferentes sistemas. Ex: cachaça / ginja.

5-Analogia interdialetal - As diferenças culturais levam a dife­renças lingüísticas e constituem a causa mais significativa das variações dialetais.Ex:Gasosa/refrigerante Os alimentos, aliás, são um dos maiores responsáveis pelas variações interdialetais, porque as coisas que eles nomeiam nas duas culturas são similares mas não iguais.

As dificuldades para estabelecer corres­pondências lexicais são, resumidamente, as seguintes:

· Demarcar os limites do significado das palavras.

· Considerar a diferença entre o vocabulário passivo e o ativo, que

mascara as próprias dificuldades.

· Perceber que a freqüência modifica a questão de uso. Em

Portugal, imensos corresponde ao nosso muitos, mas em alguns

casos são termos intercambiáveis.

Vimos, nas tipologias acima, como são sutis as distinções entre a língua portuguesa dos nois países, e como são delicadas as relações semânticas que limitam os campos dialetais. Essas classificações orientam a análise, mas dada à limitação do objeto de estudo - os usos da linguagem jornalística , observados em três números (28/2/3,07/03/03,14/03/03) do Jornal Mundo Português, editado em Lisboa, certamente não poderemos encontrar exemplos de todas as categorias.

5-ANÁLISE

A análise de um corpus limitado porém atualizado, embora tenha levado em conta as categorias acima, permitiu-nos a criação de novas categorias, decorrentes da natureza do texto noticioso escrito.

As categorias adotadas foram as seguintes:

1-Divergências ortográficas

2- Divergências fonéticas

3-Lacuna referencial/ lexical

4-Referente único/ termo equivalentes

5- Termo único/ significados diferentes ( polissemia ou homonímia- este raro-)

6- Analogia

7- Termos Tabus divergentes

8- Termos em desuso no falar brasileiro

9-Expressões sem correspondente

9 -Construção frasal

Os contextos frasais estão nos anexos . Os termos foram classificados com as categorias elencadas:

5.1-Divergências ortográficas

Estas divergências são freqüentes devido à não-homologação do Acordo Ortográfico entre Portugal e Brasil, mas também à divergência na fonética , que serão tratadas na 5.2.

5.1.1-Consoante c ou p mudo diante de t em inspectores, optimista, projectos, nocturna,adoptado. afectam, rectificar, correcto, óptimo.

5.1.2-Consoante c muda diante do cedilha:direcção,selecção, conducção.

5.1.3- Variante gráfica do termo:equipa, camião,andibol, quartos-de-final..

5.1.4- Variantes de nomes geográficos:Irão, Roterdão, Moscovo,Koweit,Bagdade

5.2- Divergências fonéticas .

Muitas divergências fonéticas são representadas na grafia , quando os portugueses não nasalisam o e e o o diante de consoante nasal . Sendo assim , nós usamos o acento circunflexo, enquanto os portugueses usam o acento agudo, em termos com Antônio, António, decéncia. Foram encontrados: Prémio,económica,tónica, Académica. Além disso , registramos o termo ONU, que em Portugal é considerado oxítono.

5.3-Lacuna Lexical / Referencial.

São assim consideradas ou porque não existem naquela vertente da cultura o referente , ou porque não tem correspondente na nomeação: Sorte de varas (jogo), lides picadas, casas de empena, fajã

( não dicionarizado no Brasil), ameia, concelho, caretos, Facanitos, lampreeiras, autarca ( referente autarquia), caroucho (tipo de barco), sucalcos (plantação).Tipos de aves da região temperada: tentilhoões, bisbis, mantas, tutinegras, pombos trocazes.

5.4-Referente único/ termos equivalentes

São os objetos que , embora sejam os mesmos ,têm uma denominação diversa, mas equivalente na outra vertente.guarda-redes (goleiro), desdobrável turístico (folder), banheiro (salva-vida) casa de banhos (banheiro) rés do chão (porão ,frigorífico (refrigerador), refrescar (gelar, aquecer (esquentar) Autogolo (gol contra), máximos (faróis altos), fecho (fechamento), mulher-a dias(faxineira), lava-rápidos (lava-jato), desmantelar (desmontar/ desativar) marcha atrás (marcha-ré), claras em castelo ( claras em neve), paragem cardíaca (parada cardíaca) balneários (vestiários)..

5.5-Termo único / sentidos diversos ( Polissemia e homonímia)

Um mesmo termo pode adquirir sentidos diferentes ou mesmo não ter nenhum traço sêmico comum com o da outra vertente.Entre os primeiros estão:Rapariga, puto, andar( apartamento),reforma(aposentadoria), aterrar ( aterrissar), engraxador (bajulador),sítio ( lugar), encarnado (vermelho), adeptos (torcedores).Carta de conducção.,Exame de conducção.( carteira e exame de motorista), condutores( motoristas), relvado (gramado)baliza (barra)

Quanto ao segundo , temosQuinta , para os brasileiros , número ordinal, para os portugueses , propriedade rural.

5.6- Analogia

São termos que utilizam a semelhança de funções nas duas vertentes: Presidente da Câmara ( Prefeito) Rotunda., pequeno almoço( café da manhã),refeições intercalares(lanche), frontaria (fachada)calhou ( coube), bestiais( excelentes) minha primeira conducção nocturna...

 

5.7-Termos tabus divergentes.

São aqueles que não têm uso correntemente aceito nos jornais brasileiros de grande circulação, porém são usados em Portugal, com freqüência, por não terem lá conotação pejorativa: Rapariga, puto, abunda ( som evocador pejorativo)

5.8- Termos em desuso no falar brasileiro

São os que , embora façam parte do vocabulário passivo , não são usados na linguagem da informação: Herdade , bufo, trocista,pipos, tanoeiros,axadrezados,defesa acérrima, limar,trampa.

5.8-Expressões sem correspondente

São expressões peculiares à vertente portuguesa . Alguma são compreensíveis para os brasileiros , outras, não

Outras modalidades aquáticas não é coisa de somenos..... /O empate foi a uma bola./

Praias balneares /A equipe jogou de poupança/ Fruição turística/

A equipa continuou com prego a fundo./Estou-me nas tintas para o serviço.

Nuno fez o gosto ao pé./Ferreira ....marcou um hat trick /

Massa Lêveda

Um jogador naturalizado de quinas ao peito./O guarda redes está de pedra em cal

O Porto impôs sua mais-valia/ Não conseguiu continuar sua senda de vitórias

5..9- Construções sintáticas

Foi o aspecto menos observado , mas , mesmo assim , merece ser citado , por estabelecer divergências entre as duas vertentes;

Roteiros a não perder ( imperdíveis)

O Leiria beneficiou do nulo do Salgueiros...

Buscar o carro à oficina.

Rectifique os temperos do frango, deixe estufar por 10 minutos...

A derrota foi por 2-0.

Jogue à bola...

6- Conclusão

Os exemplos retirados do minicorpus permitem observar as diferenças de escolha dos itens lexicais e dos usos lingüísticos nas duas vertentes. São , na sua maioria , decorrentes do uso de sinônimos, analogias, polissemias e lacunas referenciais/ lexicais. As pequenas alterações na grafia e na fonética também se fazem presentes , assim como os usos sintáticos.

As diferenças observadas são o produto de uma dialética histórica de diferenciação cumulativa,. No curso de histórias diferentes, partindo de uma raiz comum, as duas comunidades desenvolveram culturas próprias que se expressam na sua forma de linguagem, constituindo-se em duas vertentes da mesma língua e não em duas línguas com estruturas diferentes e independentes. Os campos semânticos básicos ( parentesco , partes do corpo humano, divisão do tempo, condições climáticas, acidentes geográficos, e verbos que nomeiam atos básicos da vida ) permanecem comuns para ambas , bem como os itens gramaticais ( artigos , pronomes, advérbios, preposições, conjunções, morfemas flexionais e derivacionais) . Não podemos identificar, muitas vezes, a razão do uso, mas todos são baseadas em aspectos culturais , sobretudo as escolhas lexicais.

7- Bibliografia

ALGEO John.1989.British/American lexical differences in English across cultures/ Culture across English. Communications. New York. Edited by Ofélia Garcia and Richard Otheguy.

BIDERMAN, Maria Teresa Camargo.1979. Teoria lingüística : Lingüística quantitativa e computacional. Rio de Janeiro Ao livro Técnico.

BOURDIEU, Pierre.1982. Ce que parler veut dire: l’economiedes échanges linguistiques. Paris Fayard.

CARVALHO,Nelly.2002. Publicidade, a Linguagem da Sedução.São Paulo . Ática

DIONÍSIO, Mário. Meu reino ( se o tivesse) por um Cavalo de Pau in Monólogo a Duas Vozes. 1983. Lisboa.Almedina.

GALISSON, R.1979 Lexicologie et Enseinement des Langues: Essais Methodologique. Paris . Hachette.

ZARATE,Geneviève 1986. Enseiner une culture étrangère. Paris . Hachette.

8-ANEXOS

Transcrição do Corpus

Jornal Mundo Português (28/02/2003)

OCORRÊNCIAS

Temas Gerais

· ONU face à perspectiva de guerra

· O trabalho dos inspectores deve prosseguir...

· O Secretário Geral da ONU quis enviar uma mensagem optimista...

· ...à espera que de Espanha viesse um camião grua para desimpedir a rua...

· Uma série de projectos foram apresentados pelo Presidente da Câmara...

· Segundo a autarca em Gaia, o projecto é composto por quatro planos de pormenor.

· Parlamento confirma diploma sobre lides picadas.

· O diploma sobre a “sorte das varas” propõe uma alteração...

· ... Viagens na Minha Terra sai do continente e “aterra” na Pérola do Atlântico.

· Vamos em direcção ao Concelho de Santana...

· Santana é famosa pelas casas de empena.

· Pode surpreender-se pelos tentilhões, bisbis, mantas, tutinegras e pombos trocazes.

· Dispersos pelos sucalcos, encontram-se os palheiros...

· Na orla marítima existe uma fajã onde abunda a vinha.

· ...Num pequeno desdobrável turístico disse que Mourão não é grande.

· ...Outras modalidades aquáticas não é coisa de somenos.

· Triste morte/Vítima de uma paragem cardíaca, um grande senhor acaba de nos deixar...

· ...as crianças imitam os caretos também chamados Facanitos.

· Na noite de Domingo Gordo, têm lugar os casamentos fictícios entre rapazes e raparigas numa cerimônia trocista.

.

· O rapaz vai visitar a rapariga que lhe calhou por sorteio.

· Roteiro a não perder...

· Vende-se: Vivenda, muito bem situada/três casas de banho/rés do chão/sala de jogos como sala de apoio/outra casa de banho no exterior

Culinária

· Massa Lêveda

· Refrescar champanhe

· ...guarde no frigorífico...

Esportes

· O auto golo de Carlos foi aos 61 minutos.

· ...beneficiando do nulo do Salgueiros com quem repartia o comando da prova...

· Um jogador naturalizado de quinas ao peito.

· Os jogadores não tiveram sorte: de bestiais passaram a bestas.

· Que futuro para a selecção de todos nós?

· O basquetebol, o voleibol, o atletismo, o andibol são apenas algumas modalidades.

Humor

· A resposta vai ter um prémio surpresa....

· Passei no exame de conducção.

· Meti a marcha atrás em vez da primeira.

· Na minha primeira conducção nocturna tive de andar sempre com os máximos...

· Hoje tive um acidente: Entrei numa rotunda e não consegui sair.

· Fui buscar o carro à oficina.

Jornal Mundo Português (07/03/2003)

Tema geral

· A pesca da lampreia faz-se com uma rede chamada lampreeira e os barcos utilizados são os carouchos.

· Hoje, aqui na Madeira, vive-se melhor que em outros sítios no Continente.

· ...do alto da Ameia do Torreão, viram o desfile.

· Nas adegas encontramos pipos em madeira, arte transmitida pelas famílias dos tanoeiros.

· O documento enumera os problemas que afectam a segurança rodoviária e a avaliação dos conductores.

· Alcançaria uma grande prosperidade cultural e económica com a cidade de Bagdade a tornar-se o centro do mundo islâmico.

· Operários recusam fecho da empresa.

Culinária

· Rectifique os temperos do frango.

· Deixe estufar mais dez minutos.

· Ponha as claras batidas em castelo.

Esportes

· Nossos adeptos foram impecáveis.

· Foi tudo correcto.

· As duas equipas entraram para ganhar.

· O Varzim derrotou o Leria por 2-1.

· Acadêmica não conseguiu continuar sua senda de vitórias.

· O resultado ditou mais um empate a uma bola.

· Não foi fácil para os axadrezados.

· Jaime Pacheco gesticulava dentro do relvado

· A equipa foi claramente de poupança e foi recolhida aos balneários.

· O Porto voltou a impor sua mais-valia que veio a dar frutos.

· Clayton rematou de calcanhar para o fundo da baliza.

· Venceu os locais por duas bolas a zero.

· Foi goleado em Faro por quatro a zero.

· Os encarnados têm uma vantagem de apenas dois pontos.

· Na baliza, o guarda-redes que está de pedra em cal...

· A defesa acérrima de Scolari que não convocou Bahia, o avançado brasileiro.

· Ainda falta limar e acertar pormenores da rescisão de contrato.

Humor

· Quer dizer que tu me queres como uma mulher-a-dias?

· Trata-se de um conceito adoptado.

Jornal Mundo Português (14/03/2003)

Temas gerais

· Lavagem de carros: Franquia de lava-rápidos.

· Velha aldeia da Luz desmantelada: a operação de desmantelamento da velha aldeia da Luz, concelho de Mourão teve início.

· O projecto visa à requalificação das praias balneares para fruição turística.

· Houve uma série de conflitos internos resultantes dos constantes assaltos ao poder no Irão.

· Em 1990 invadiram o Koweit.

· As casa brancas têm frontarias floridas e o pórtico glabetado.

· O imigrante tem residência em Roterdão e teve reforma antecipada.

· Comprou um andar em Cruz de Pau.

· Escrevo para vós.

· Desejamos um óptimo dia de festas.

Culinária

· O pequeno almoço continua a ser a refeição mais dispensada do dia.

· A falta de refeições intercalares prejudica a saúde.

Esportes

· Jogue à bola.

· Nos jogos de quartos-de-final a União de Leria dispensou a Acadêmica.

· A equipa da casa continuou com “prego a fundo”.

· Marco Ferreira foi a figura do jogo marcando um hat trick.

· Deco comandou azuis e brancos onde até o guarda-redes Nuno fez o gosto ao pé.

Humor

· Se faço um elogio, sou um engraxador.

· Se saio à hora, estou-me nas tintas para o serviço.

· Se sou o mais novo, não passo de um puto.

· Se sou promovido, sou o bufo do chefe.

· Qual é o tamanho de sua herdade?

· A minha quinta tem um tamanho razoável.

· Já tive um carro desses: são uma trampa, não valem nada.