A importância da pontuação
na produção de sentido no texto literário

Tânia Maria Nunes de Lima Câmara (UNISUAM)

Questões ligadas à pontuação têm-nos despertado interesse e curiosidade há algum tempo. Vários têm sido os momentos em que vimos percebendo a necessidade de desenvolver um olhar mais cuidadoso e aplicado ao emprego dos diferentes sinais gráficos, especialmente nos casos em que o efeito estético surge como prioridade na construção escrita: no transbordamento emocional dos românticos, na ironia machadiana, no fluxo de consciência de Clarice Lispector, por exemplo. O importante papel por eles desempenhado deixa evidências de que tanto a funcionalidade quanto a criatividade de seu uso não devem ser relegadas a um plano inferior, como nos parece ocorrer com freqüência. Buscamos, assim, estabelecer aspectos rítmicos, sintáticos, semânticos e estilísticos como fatores determinantes de algumas escolhas, por mais surpreendentes que se mostrem ao leitor, na busca da produção de sentido. Do mesmo modo que existe uma língua literária constituída a partir da materialização das potencialidades de um sistema lingüístico, existe uma pontuação literária que surge como possibilidade de uso por parte do autor, no intuito de concretizar idéias por ele entendidas. Assim sendo, ao lado do emprego dos sinais gráficos obedecendo a regras que apontam a sintaxe como ponto de apoio para o estabelecimento de procedimentos, ocorrem também rupturas dos mais diferentes níveis: da oposição da primeira geração modernista, ao resgate da organização textual característica da Idade Média, entre outras construções a considerar. A pontuação tem, efetivamente, relevância singular no sentido.

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