Adélia Prado
a construção nominal revisitada

Maria Celeste de Castro Machado (UERJ)

O estudo observa como Adélia Prado se vale da Construção Nominal para estabelecer os contrastes que sintetizam sua expressão literária e determina quais recursos lingüísticos servem à criação dos opostos existentes em sua obra, através da análise das construções. Delimita a frase nominal e distingue-a dos sintagmas nominal e verbal, para evidenciar que o tempo da memória e a inferência do cotidiano não exigem presença verbal. Caracteriza o estilo da poetisa como profícuo, pois deixa entrever a literariedade associada à Estilística, obtida com o uso do aposto e do vocativo, com a sonoridade inusitada, com a escolha lexical de excelência e principalmente com o predomínio da estruturação sintática nominal.

Esquadrinha a construção nominal como um todo, verificando, em suas manifestações, apropriações sintáticas que permitem saltar do estrito plano frasal para o da construção sintática nominal. Faz a proposta de uma teoria, afirmando que há quatro estruturas basilares naquele conjunto: o substantivo, a frase nominal, a frase nominal com verbo ser e a frase nominal com verbo passe-partout. Adota o caráter predominante da frase nominal como estrutura sem verbo, considerando que o verbo ser e o passe-partout podem esvaziar-se de conteúdo e força verbal.

Finalmente, após análise detalhada das ocorrências no corpus, conclui que a síntese e a preferência pela estrutura sem verbo constituem o denominador comum da obra. As constelações paradoxais se configuram nas estruturas da teoria proposta, e finaliza-se com a afirmação de que a construção nominal , na terminologia de Léo Spitzer, é o “étymon espiritual” de Adélia Prado.

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