Dizer é sempre fazer

Carlos Eduardo Serrina de Lima Rodrigues (UERJ)

A linguagem humana é, indiscutivelmente, o instrumento de interação mais eficiente de que dispomos. Interagir é atuar no outro, permitindo que o outro também atue em nós. A linguagem é o elo que proporciona essa prática de mútua atuação. Quando dizemos algo, temos, clara ou obscuramente, uma determinada intenção, que determinará o dito e a maneira de dizê-lo.

John Austin, baseado em certos conceitos apresentados por Wittgenstein, desenvolveu a classe dos atos performativos, estabelecendo um vínculo entre aquilo que se diz e aquilo que se faz. Com o objetivo de mostrar como as palavras são convertidas em ações, Austin formulou a teoria dos atos de fala, segundo a qual o ato de intervenção sobre o mundo se dá através da linguagem.

Outros lingüistas e filósofos da linguagem posteriores deram suas contribuições para a teoria dos atos de fala. O conceito de performatividade, que considera a linguagem como ação, foi desenvolvido por essa teoria. A pesquisa por nós realizada visa à identificação, nesses atos de fala, das representações sociais, possibilitando-nos, dessa forma, compreender o imaginário coletivo presente nas práticas sociais.

Diversas pesquisas têm como base a teoria da representação social, mas esta que estamos desenvolvendo busca empregá-la à luz do enfoque lingüístico. Essa perspectiva, já apontada como necessária pelos antropólogos, não foi desenvolvida de modo sistematizado. Buscamos, assim, juntar a teoria dos atos de fala à da representação social, tornando possível a apreensão das representações coletivas a partir do uso lingüístico.

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