MARCADOR NA CONVERSA INFORMAL
UMA ABORDAGEM SÓCIO-COGNITIVA

Sandra Pereira Bernardo (UERJ e PUC-Rio)

Em minha tese de doutorado, investiguei as manifestações de Foco e de Ponto de Vista em uma conversa informal com base na teoria dos espaços mentais (Fauconnier, 1994, 1997; Fauconnier & Sweetser, 1996; Doiz-Bienzobas, 1995; Cutrer, 1994; Dinsmore, 1991), nos postulados de Clark (1996) e nas hipóteses de Tomasello (1999) acerca da origem cultural da cognição humana. Entre as formas sinalizadoras dos espaços Foco e Ponto de Vista, encontra-se o marcador , porque, além de chamar a atenção dos interlocutores para introdução de novo conteúdo, contextualizam a fala de outro self, ao figurar nas unidades de idéia que introduzem falas reportadas no discurso conversacional.

Como os encaixes de discurso direto na conversa não são considerados reproduções, mas demonstrações, reconstruções (Clark, 1996:174ss.), quando a fala de uma pessoa é citada, o narrador torna-se menos responsável pelas afirmações, ao mesmo tempo aumenta a vivacidade do evento reportado, mostrando, não relatando, os fatos. Essa relativa distância entre a fala reportada e o narrador é marcada pelo deslocamento do Ponto de Vista e do Foco para o espaço em que a dicção é conceptualizada.

O resultado da influência que o narrador exerce em relação à forma e ao conteúdo da informação do espaço encaixado dependerá da acessibilidade a este espaço. Em discursos diretos, o narrador influirá minimamente sobre a informação, porque envolve um deslocamento de todo o centro dêitico - tempo, espaço, pessoa -, para conceptualização da fala ou pensamento de outro sujeito, o que permite usos modalizadores da linguagem, pois o falante citado pode expressar hipóteses, aproximações, ou contrafactualidades (Sanders & Redeker, 1996).

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