MULHERES NA ODISSEIA E N`OS LUSÍADAS

Maria Paula Lamas

Sendo a epopéia camoniana um poema renascentista, a figura feminina aí apresentada bebe a sua influência nos Antigos. Tal vector analítico levou-nos a confrontar o papel da mulher n’Os Lusíadas e na Odisseia, visto esta ser uma das fontes a que recorreu Luís de Camões e porque ambas as obras apresentam, como núcleo, uma viagem marítima repleta de peripécias e de obstáculos.

Verifica-se que os temas tratados, tanto por Camões, como por Homero, são essencialmente respeitantes ao homem, e os assuntos no âmbito da mulher apenas surgem ocasionalmente. No entanto, é de salientar a respeitabilidade atribuída ao ser feminino, no desencadear ou no desenvolvimento das acções, sendo veiculados ideais familiares importantes, como o amor, a fidelidade, a compreensão e a solidariedade. Com um papel preponderante e idêntico, surgem Vénus e Minerva que assumem a protecção aos heróis d’Os Lusíadas e da Odisseia, respectivamente, ao povo lusitano e a Ulisses, evitando que caiam em perigos e armadilhas, ao longo da sua rota.

Em suma, o poder feminino está indubitavelmente presente nas duas obras, mas velado, com a máscara de Vénus e de Minerva, detentoras de influência, de inteligência, de sensibilidade e de beleza. De facto são estas deusas que desempenham um papel cimeiro n`Os Lusíadas e na Odisseia, significando que nenhuma mulher, de carne e osso, poderia ocupar tal posição de destaque, sendo, no entanto, imprescindível na realização plena do homem.

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