O CONCEITO DE GRAMÁTICA
EM MANUAIS DO SÉCULO XIX

Márcia Antonia Guedes Molina (USP EUNISA)

O século XIX constituiu um marco nos estudos lingüísticos brasileiros. Devemos isso a, pelo menos, três importantes motivos: o primeiro, ao Romantismo, que fazia emergir um grande sentimento de nacionalidade e da busca pelo jeito brasileiro de falar; o segundo, à Grammatica Portuguesa, de Júlio Ribeiro, que, de acordo com Elia (1975), inaugurou o nosso Período Científico; e o terceiro, ao novo programa de exames sugerido por Fausto Barreto em 1887. Apesar dessas inovações, era ainda com a gramática filosófica de Sotero dos Reis que muitos estudiosos aprendiam a Língua Pátria. Era nessa obra que iam buscar argumentos para autorizar suas afirmações e refutar eventuais críticas a seus textos, como fez, inclusive, o grande romântico José de Alencar. Simultaneamente, começavam a surgir inúmeras obras gramaticais calcadas no modelo científico de estudos da linguagem. Preocupada com essa dicotomia: de um lado com a tradição, presente na obra do estudioso maranhense; de outro, com a inovação, observada no texto daquele gramático paulista, resolvi desenvolver meu trabalho. Proponho-me a comparar o conceito de Gramática na obra de Sotero dos Reis, Maximino Maciel e de João Ribeiro, a fim de procurar desvendar sua aproximação com a corrente filosófica e/ou com a científica que dividiam nossos intelectuais na virada daquele século. O trabalho que pretendo apresentar insere-se, pois, na linha que traça nossa História das Idéias Língüísticas.

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