Ordenação vocabular e polissemia

Sebastião Josué Votre (UFF)

O estudo sobre ordenação vocabular aqui empreendido indica que, mais do que polissemia, o fenômeno da distribuição dos constituintes sujeito e predicado na cadeia da fala elege e privilegia indeterminação. Os casos analisados, com verbos intransitivos, têm provocado propostas analíticas que apontam para sua transitivização, como se verifica no item léxico passar. A hipótese aqui acolhida, da indeterminação, ou ausência de limite nítido entre as subclasses definidas por critérios semânticos, apontam para um núcleo mínimo de traços, em que pass- se associa a movimento, sem distinção de plano. Assume-se, pois, a atuação da extensão imagética, atemporal, que prevê organizarem-se as acepções de um termo em aglomerados mais ou menos fluidos, literalmente não definíveis, em que cada opção distribucional atualiza e reclama determinadas configurações de traços. Não mais teremos, portanto, a polissemia de um verbo, e sim uma constelação gelatinosa de traços associados à forma desse verbo, com confluências, interseções e coincidências de traços, vários dos quais são inidentificáveis. Contribui-se, assim, para a postulação de língua como um sistema mal-definido, em que as virtualidades nunca são completamente previsíveis.

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