Relações dialéticas
subjacentes à significação

Cidmar Teodoro PaisS (USP/UBC)

Este trabalho examina relações dialéticas semânticas subjacentes a unidades do léxico do português do Brasil, que se atualizam em discursos políticos, jurídicos e jornalísticos, dentre outros. Utilizaram-se modelos da sintaxe-semântica, da semântica cognitiva, da semiótica lingüística, da sociossemiótica e da semiótica das culturas. O corpus constituiu-se de verbetes de dicionários de língua e de textos daqueles universos de discurso, coletados no período de 1998 a 2002. Analisaram-se relações de contrários e de contraditórios e suas combinações, entre unidades lexicais, que configuram microssistemas lexicais, formalizáveis em octógonos dialéticos, correspondentes à axiologia da cultura, a microssistemas de valores sustentados no nível da semântica profunda de discursos manifestados. Observaram-se constantes, como o microssistema semântico-lexical definido pela oposição entre metatermos contrários legitimidade x legalidade, uma tensão dialética, epicentro e ponto de equilíbrio dinâmico do conflito, denominado democracia. Ao termo legalidade, corresponde o termo contraditório ilegalidade, ao termo legitimidade, o contraditório ilegitimidade, subcontrários. Tais metatermos combinam-se em metatermos complexos. Assim, além da tensão dialética, a combinação legitimidade x ilegalidade, a dêixis positiva, define-se como resistência; a dêixis negativa, combinação legalidade x ilegitimidade, determina a tirania; ilegitimidade x ilegalidade, termo neutro, a ruptura do tecido social. Essas três posições constituem a ‘visão’ sociocultural de situações de conflito, no processo histórico da sociedade. O dinamismo dessas relações permite inscrever dois ciclos no modelo: da dêixis negativa ao termo neutro, a degradação da estrutura social; da dêixis positiva à tensão dialética, a restauração da ordem democrática, Dele resultam processos de mudança, opressão x insurreição. Estabeleceram-se relações semântico-cognitivas correspondentes.

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