TRAVESSÃO E MÍDIA
FUNÇÕES TEXTUAIS-DISCURSIVAS EM DEBATE

Sigrid Gavazzi (UFF)

Pretendemos abordar o uso da marca tipográfica denominada “travessão” (simples e duplo), em seu emprego como modalizador autonímico, cada vez mais presente na mídia impressa. Em tal emprego, basicamente, há, além da natural pausa na leitura, a sinalização de comentário pessoal sobre determinado tema (“item referenciado”) , imprimindo-lhe angulação e relevância. Nossa análise prioriza as operações textuais-discursivas, como expansão, restrição, contraste, contraponto, inferências, entre outras. Como corpus, utilizamos material editado (matérias assinadas X não assinadas) do início ao fim da Guerra do/no Iraque, tendo, como vértice primeiro, as edições do Jornal do Brasil/RJ. Na aparato teórico, citem-se de Charaudeau (1996) e Maingueneau (2002). Verificamos, então, que o sujeito/redator, ao usar tal marca tipográfica, planeja, de forma mais adequada, seu texto, acarretando melhor qualidade discursiva, respaldada exatamente na construção de um “segundo texto”, um texto “desdobrado” em relação ao texto-base. Esse desdobramento revela um leitor de capacidade interpretativa e alinhamento de idéias com o autor e com a matéria editada. Revela também (e explicitamente) a personalidade do redator, já que se faz presente, sobretudo, em matérias assinadas - de fato, redatores/jornalistas ou editores, Quando reconhecidos, têm um ethós a preservar e um lugar na mídia a justificar. Mas revela, sobretudo, pela reiteração de determinados tipos de ocorrência, uma “gramática midiática” da modalização gráfica autonímica, inovadora e inteligente.

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