QUINTILIANO: IDÉIAS ATUAIS – APESAR DE ANTIGAS

Maria Lucília Ruy (USP)

 

A proposta do presente trabalho consiste na tradução comentada de um trecho da Instituto Oratoria, do gramático Quintiliano – escolhido levando-se em conta, dentro do possível, a linha de pesquisa de nossa dissertação de Mestrado – com as devidas anotações sobre as questões por ele abordadas ao longo do texto apresentado.

Inicialmente, tínhamos intenção de estudar a natureza do acento latino, tendo em vista a dificuldade, para nossos ouvidos, de perceber as diferenças tonais – hoje quase imperceptíveis – tão importantes para a definição da sílaba sobre a qual deva recair o acento gráfico (obrigatório em Latim). Mas não apenas para isso, pois essa definição é importantíssima para se estabelecer o sentido – e mesmo a classe gramatical – adequado de algumas palavras latinas, cujo significado só pode ser definido justamente por essa diferença tonal. Uma pequena mudança de timbre é suficiente para modificar o sentido – e sua classe – de tais palavras. Por isso tão importante para o entendimento do texto. Esse tema levou-nos à escolha do capítulo V, itens 22-64, livro I, da obra citada acima.

Contudo, ao longo da pesquisa e do estabelecimento da tradução, observamos a abordagem de vários outros assuntos – além da questão de acentos e tons. Todos eles – variação de tons, acentuação gráfica, solecismos, vícios de linguagem, figuras, influências estrangeiras, empréstimo, dialetos etc – são tratados com bastante acuidade, com um texto altamente esclarecedor em relação aos mesmos a quem se interessar pelo tema.

Quintiliano, ao abordá-los, apresenta um assunto maior: pode o uso corrente da língua prevalecer sobre a norma padrão (ou lei antiga, como ele a chama)? Tema candente ainda hoje e também na época de nosso autor, pelo que parece. Essa questão tem ligação com todos os temas tratados ao longo do trecho escolhido; por isso a abordagem dos mesmos. Eles são apresentados como que uma espécie de argumento para comprovar o que afirma nosso gramático – ou, como ocorre em alguns itens, simplesmente para colocar o tema em debate ou chamar a atenção para o mesmo.

Dessa forma, nosso interesse voltou-se à investigação sobre esse assunto, tendo em vista a mesma não descartar a possibilidade do estudo de todos esses outros temas apresentados nos itens destinados à tradução comentada.

Com relação à tradução, propusemo-nos ao estabelecimento de um texto consensual de modo que não ferisse o sentido original e nem resultasse numa estrutura gramatical portuguesa estranha aos nossos padrões atuais – sendo o original em Latim anexado ao final deste trabalho.

Por fim, este estudo consiste na tradução do trecho acima mencionado, à qual são apostas notas com explicações, esclarecimentos, apontamentos sobre pontos presumivelmente obscuros, ou termos específicos ou técnicos, comentários e opiniões por nós estabelecidos, com o objetivo de divulgar informações não acessíveis. E isso não apenas pela barreira da língua latina – da qual o conhecimento é de extrema importância para professores de gramática e língua estrangeira, em geral –, mas também pelo total desconhecimento da obra em si, do escritor, da época etc. A divulgação da obra de um escritor tão importante como Quintiliano torna-se essencial, ainda, para pesquisadores e estudiosos de gramática portuguesa – e mesmo de línguas estrangeiras, pelo fato de esta abordar temas comuns no que se refere a estudos lingüísticos e filológicos em geral.

Infelizmente, devido ao Latim ser conhecido por poucos, há grande variedade de textos relegados ao esquecimento em enormes prateleiras das muitas bibliotecas espalhadas pelo país. Pela mesma razão, acima exposta, optamos por incluir nas notas de rodapé não apenas os possíveis pontos obscuros abordados por nosso escritor. Estes podem o ser para uns, mas não para outros. E, do mesmo modo com relação aos pontos aparentemente óbvios.

Passemos, então, à tradução propriamente dita dos itens 22-64 e, em seguida, às Considerações Finais.


 

 

A Educação Oratória

Marco Fábio Quintiliano[1]

[Tradução do Livro I – Capítulo V – itens 22 a 64]

 

(...) 22. Até agora é mais difícil a observação dos tons[2] (os quais descobri /serem/ ditos “tonores” .... ) ou acentos[3], aos quais os gregos chamam ..... (“prosódia”)[4], porque o /acento/ agudo e o grave são empregados um pelo outro, como neste /termo/ “Camillus” se se pronuncia de modo agudo a primeira /sílaba/ ou a grave pela circunflexa[5].

23. como “Cethegys” (e este com a primeira /sílaba/ aguda; de fato, assim a /sílaba/ aguda é modificada); ou a circunflexa pela grave, como emápice[6] alongada pela seguinte; a que pecam duplamente os que, a partir de duas /sílabas/, reduzem para uma e depois /a/ flexionam.

24. Mas isso acontece freqüentemente em nomes gregos, como “Atreus”[7] que os velhos sábios costumavam dizer, para nós jovens, com a primeira /sílaba/ aguda porque seja grave necessariamente com a segunda; igualmente em “Nerei” e “Terei”.[8]

25. Estas coisas sobre os acentos /são/ ensinadas. De resto, /eu/ conheço uns eruditos, e também uns gramáticos, assim ensinarem e falarem a fim de por vezes determinarem a palavra pelo som agudo em vista de certos intervalos de voz, como nestas: “quae circum litora, circum piscosos scopulos” (“as quais pelas praias, pelos rochedos piscosos”)[9],

26. para que não, se acaso tenham estabelecido a segunda /sílaba/ grave, pareça ser dito “circus”[10], não “circumitus”[11] e, igualmente quando /termos/ interrogativos, com /tom/ grave, e comparativos, com tom agudo, concluem /a frase/ com “qualis”[12]; o que, todavia, nos advérbios isolados e em pronomes quase sempre reclamam, nas outras /classes de palavras/ seguem a lei antiga.

27. Para mim, parece mudar a condição porque nesses empregos juntamos as palavras. De fato, quando digo “circum litora” (“ao redor das praias”) como que anuncio uma única /palavra/ em oculta divisão[13]; e exatamente como em uma palavra isolada uma única /sílaba/ é aguda, o que também acontece neste /verso/: “Troiae qui primus ab oris” (“aquele primeiro da costa de Tróia”)[14].

28. Acontece porque também a estipulação do metro mude o acento[15]: “pecudes pictaeque uolucres” (“animais alados e pintados”)[16]. De fato, /eu/ lerei “uolucres”[17] com /acento/ agudo na /sílaba/ média porque embora breve por natureza, todavia é longa pela posição –, não produza iambo[18] que o verso heróico[19] não admite.

29. Com toda certeza, separadas, estas /palavras/ de nossa regra não se desviarão; ou se não, se o uso corrente[20] tiver vencido, a lei antiga[21] será aniquilada do discurso. Dessa /lei antiga/ há uma observação mais difícil entre os gregos porque para eles /há/ maior quantidade de gêneros de falar, aos quais chamam dialetos[22] e /porque/ o que a uns é vicioso a outros às vezes é correto. Entre nós, com toda certeza, há uma brevíssima regra,

30. e de fato em toda palavra, até a quantidade de três sílabas, uma aguda se sustentará, quer elas estejam solitárias /um trissílabo/ na palavra, quer /sejam/ as últimas e, nestas, ou /a lei antiga/ dará acentuação aguda às próximas da extremidade /as penúltimas/ ou /às/ dessa terceira /as antepenúltimas/. Das três /sílabas/, pois, sobre as quais falo, a média longa ou será aguda ou circunflexa; na mesma posição a breve terá principalmente som grave; por isso, tornará aguda a posição antes de si /a sílaba anterior/, isto é, a terceira antes da última /a antepenúltima/.

31. Há, contudo, em toda palavra, principalmente uma /sílaba/ aguda, mas nunca mais do que uma e não /há/ jamais na última; por causa disso mais importante nos dissílabos. Além disso, nunca /haverá/ na mesma /palavra/ um /acento/ circunflexo e um agudo, |que na mesma circunflexa e aguda|; e, assim, em nenhuma das duas termina a palavra latina. Aquelas /palavras/ que são, na verdade, de uma única sílaba /os monossílabos/ serão agudas ou circunflexas para que não haja nenhuma palavra sem /acento/ agudo[23].

32. E ocorrem pelos sons aquelas falhas de linguagem e de língua, as quais não podem ser demonstradas por escrito: os gregos, mais felizes em criar nomes, as chamam jotacismo, labdacismo, ischnotetas e plateasmo; assim como celestomia[24], quando a voz é ouvida quase na profundeza da boca.

33. Há, ainda, alguns sons particulares e inenarráveis, com os quais algumas vezes descobrimos as nações[25]. Nestas circunstâncias, removidos os vícios[26], entre todos os que falamos acima, haverá aquele que é chamado “ortoépia[27]....., isto é, uma interpretação dos sons corrigida com suavidade: de fato, assim pode ser aceita por correta.

34. Todos os demais vícios existem a partir de muitas palavras, dos quais /um/ é o solecismo[28]. Aliás, a respeito disso também é discutido; realmente, também /há/ aqueles que confessa isso acontecer no nexo da oração, porque, ainda que possa ser corrigida de uma única /palavra/ com emenda, sustentam haver vício na palavra não no discurso.

35. Quando, quer /em/ “amarae corticis”[29] quer /em/ “medio cortice”[30], ocorre solecismo pelo gênero (/expressões/ das quais não censuro nenhuma porque seja Virgílio[31] o autor de ambas; mas imaginemos qualquer uma delas ditas não corretamente), a mudança de uma das duas palavras em que havia vício tornará a que seja correta a maneira de falar, de modo que resulte “amari corticis” ou “media cortice”. Isto é de manifesta calúnia; de fato, nenhum dos dois /termos/ é vicioso separado, mas em composição se erra visto que é do discurso[32].

36. A isso mais conhecimento é exigido caso em palavras isoladas também possa ocorrer solecismo como se aquele que chamando para si uma única /pessoa/ diga “Uenite” (“Vinde”) ou se para várias /pessoas/ de si se despedindo assim fale: “Abi” (“Vai”) ou “Discede” (“Sai”)[33]. E, ainda, quando não está de acordo a resposta do lado de quem pergunta, como se ao dizerQuem uideo?” (“Quem vejo?”), assim se responde: “Ego” (“Eu”)[34]. No gesto também alguns julgam o mesmo vício existir quando alguma coisa é demonstrada com a voz e outra com sinal de cabeça ou com a mão.

37. A esta opinião não adiro inteiramente e nem /dela/ divirjo completamente; de fato, confesso isto acontecer com palavra isolada; não, todavia, de outra maneira do que se tenha alguma /palavra/ que possua valor de outra palavra à qual aquela /primeira/ palavra se refira, de maneira que o solecismo ocorra a partir da união daquelas /palavras/ com as quais as coisas são reveladas e a disposição é demonstrada.

38. Contudo, para que /eu/ evite todo sofisma[35] /que/ haja algumas vezes numa única palavra /dentro de uma oração/, nunca numa palavra isolada. No entanto, não é conveniente satisfatoriamente através de quantas e /em/ quais espécies ocorra /solecismo/. /Há/ aqueles que plenissimamente desejam ser dividido o sistema em quatro, não como o outro de barbarismo[36], que ocorra por acréscimo “nam enim”, “de susum”, “in Alexandriam”[37]; por supressão “ambulo uiam” (“caminho /pela/ rua”), “Aegyoto uenio” (“/do/ Egito venho”), “ne hoc fecit” (“não fez isto”)[38];

39. por inversão, em que a ordem é perturbada, “quoque ego” (“também eu”), “enim hoc uoluit” (“pois ele o quis”), “autem non habuit” (“porém, /ele/ não teve”)[39]: a partir de que gênero acaso seja “igitur”[40] início de oração pode ser posta em dúvida a posição porque vejo ter havido grandes autores com opinião diferente, embora junto a uns ainda seja freqüente e a outros nunca encontrada.

40. Alguns separam estes três gêneros de solecismo e chamam “pleonasmo[41]...... o vício de acréscimo, “elipse[42]....... /o/ de supressão, “anástrofe[43]...... /o/ de inversão: este, se se aplique a uma espécie de solecismo pode também ser chamado do mesmo modohipérbato[44]

41. Há mudança sem controvérsia quando uma coisa é colocada em lugar de outra. Encontramos isso por todas as partes da oração, freqüentissimamente no vergo porque para ele chegam muitas /mudanças/ e por essa razão nele ocorrem solecismos de gênero, temporais, pessoais, modais (para o qual a eles agrade ser dito querstatus quer “qualitates”) seja /em número de/ seis ou /de/ oito[45], como alguns desejam (de fato, haverá tantas formas de vícios em quantas espécies se tenha dividido cada uma sobre as quais é dito acima),

42. além disso, /nele ocorrem solecismos/ de números, nos quais nós temos singular e plural; os gregos também /têm o/ ......... (“dual”)[46]. Aliás, houve aqueles que para nós também acrescentassem o dual: “scripsere”, “legere”[47]; o que é enfraquecido em razão da aspereza que deve ser evitada, como junto aos antigos /ocorria/ “male merere” (“fazer mal”) por “male mereris” (“fazes mal”) e, por isso, o que chamam dual nesse único gênero consiste, enquanto entre os gregos é encontrado geralmente tanto em todo o sistema verbal quanto nos nomes (e, conseqüentemente, também o uso disso seja raríssimo).

43. Entre nenhum dos nossos, na verdade, essa observação é encontrada, que não a partir do contrário: “deuenere locos” (“vieram aos lugares”), “conticuere omnes” (“todos se calaram”) e “consedere duces” (“os capitães se sentaram”) com clareza a nós ensinam nada dizer respeito em relação a dois deles; também /em/ “dixere”, embora Antonio Rufus[48] coloque um exemplo a partir de um diferente, o pregoeiro pronunciará a partir de vários protetores.

44. Quê? Não diz freqüentemente Lívio[49] pelo início de /seu/ primeiro livro[50] “tenuere”, “arcem Sabini” (“os sabinos tomaram a cidadela”) e, em seguida, “in aduersum Romani subiere” (“os romanos contra-atacaram por baixo”)? Mas a quem de preferência seguirei /eu/ se não a Marco Túlio? Aquele no Orador diz: “Não censuro ‘scripsere’, julgo ser mais verdadeiro ‘scripserunt’!”.

45. Semelhantemente ocorrem em vocábulos e nomes solecismos em gênero e número; no entanto, propriamente, nos casos sucede tudo aquilo que /ocorre/ para outros destes. Para esta parte é permitido ser juntados /os/ de comparação e /os/ superlativos e, igualmente, naqueles em que o /nome/ paterno é dito pelo possessivo ou o contrário.

46. De fato, o vício que ocorre /em expressão/ de quantidade, como “magnum pecoliolum” (“um grande peculiozinho”), haverá aqueles que julguem solecismo porque /um nome/ diminutivo em lugar de nome intacto esteja posto: duvido se acaso a isso eu chamarei antes impróprio; em significação, de fato, afasta-se, pois vício de solecismo não há no sentido, mas na conexão /da expressão/.

47. No particípio[51] se erra em gênero e em caso, como no substantivo; em tempo, como no verbo; em número, como em ambos. O pronome[52] também possui gênero, número, casos, todos os quais recebem erro dessa espécie.

48. Ocorrem solecismos também, certamente muitos, por entre as partes do discurso, mas transmitir isso não é suficiente, nem assim a criança creia unicamente haver vício se em lugar de uma /classe gramatical/ é posta outra, como um verbo onde um nome deveria haver ou um advérbio onde deveria haver um pronome e coisas semelhantes.

49. De fato, são alguns /solecismos/ cognatos, como dizem, isto é, de mesma espécie, nos quais terá errado não menos do que sendo trocado o gênero, tal que convém usar outra forma.

50. Realmente, tanto “an” (“acaso”, “ou”, “se”) quanto “aut” (“ou”) são conjunções; todavia, se pergunte mal /em/ “hic aut ille sit” (“este ou aquele seja”). E “ne” e “non” /são/ advérbios: aquele que, porém, disser “non feceris” (“não terás feito”, “não farás”) por aquele “ne feceris” (“que não tenhas feito”, “que não faças”) para o mesmo erro caia porque um é de negar e o outro de proibir. Isto, mais aprofundado: “intro” (“para dentro”) e “intus” (“dentro”) /são/ advérbios de lugar; todavia, “eo intus” e “intro sum”[53] são solecismos.

51. As mesmas coisas acontecerão em variedade pronomes, interjeições, preposições. É, na verdade, solecismo de precisão /de estilo/ a posição inconveniente de certos /elementos/ que se seguem e precedem entre si na oração.

52. Alguns, todavia, também possuem aparência de solecismo e não podem ser denominados viciosos, como “tragoedia Thyestes” e “ludi Floralia ac Megalesia”[54], ainda que estas seqüências tenham caído em desuso no tempo, nunca de outra maneira /foram/ ditas pelos antigos. Figuras[55], portanto, serão chamados mais freqüentemente, na verdade, junto a poetas, mas também são permitidos aos oradores.

53. Em verdade, a figura geralmente possuirá alguma regra, como ensinaremos naquele passo o que pouco antes prometemos, mas aqui também o que é chamado figura, se for empregado por imprudência por alguém, não estará isento de erro de solecismo.

54. Na mesma espécie estão, mas não têm figura, como /eu/ disse acima, os nomes femininos usados para aqueles do gênero masculino e os neutros para aqueles do gênero feminino. /Isso é/ suficiente sobre solecismo. Na verdade, não nos dirigimos a compor uma arte gramática, mas como /o assunto/ sobreviesse durante a ordem /no texto/, não quisemos passar adiante coisas não honradas. (não quisemos deixar para trás coisas mal explicadas)

55. Para que nisso /eu/ mais amplamente siga a ordem estabelecida, as palavras ou são latinas ou estrangeiras. As estrangeiras, além disso, a partir propriamente de quase todos os povos, /eu/ tenha dito, como os homens e muitas instituições também vieram.

56. /Eu/ me calo sobre os etruscos, os sabinos e também os prenestinos (de fato, assim como Lucílio[56] censura Vétio[57] que usa o discurso daqueles, igualmente Polião[58] repreende aquela patavinidade[59] em Lívio): é permitido que /eu/ considere todos os /termos/ itálicos por romanos.

57. Muitos /termos/ gauleses permaneceram, como “raeda” e “petorritum”[60] (60), dos quais, todavia, Cícero use um e Horácio outro. E “mappa”[61] (61), nome também usado no circo, os cartagineses reivindicam para si; e “gurdus”[62] (62) que o vulgo compreende porestúpido”, ouvi a origem ter /sido/ estimada procedente da Hispânia.

58. Mas esta minha divisão se refere, sobretudo, à língua grega; de fato, tanto a /língua/ romana da maior parte é derivada daí quanto também usamos palavras gregas convertidas quando à nossa língua faltam /umas palavras/[63]; do mesmo modo, eles recebem por empréstimo (64) de nós algumas vezes. Daí aparece esta questão: por ventura pela mesma regra através dos casos convenham ser construídas as /palavras/ estrangeiras como as nossas.

59. E se se descobrir um gramático que ama os antigos, /ele/ negará alguma coisa dever ser mudada da regra latina porque, como haja junto de nós o caso ablativo, que eles /os gregos/ não possuem, muito pouco convenha usar um caso nosso e cinco gregos.

60. Ainda mais também /esse gramático/ louvará a virtude daqueles que se esforçaram por tornar a língua mais poderosa e tinham proclamado não ter a necessidade de coisas estrangeiras, donde terem pronunciado “Castorem”[64] com a sílaba média alongada porque isso ocorria com todos os nossos nomes, dos quais a primeira posição[65] /o nominativo/ acaba com as mesmas letras queCastor”; e como teriam dito “Palaemo”, “Telamo” e “Plato”[66] (de fato, assim também o chama Cícero), conservaram /essas formas/ porque não encontravam /um termo/ latino que fosse terminado com as letras “o” e “n” /on/.

61. Na verdade, não permitiam aos nomes gregos masculinos terminarem, no caso reto, nas letras “a” e “s” /as/ e, por esse motivo, tanto junto a Célio[67] lemos “Pelia[68] cincinnatus” (“Pélias, o de cabelos encaracolados”) quanto junto a Messala[69] /lemos/ “bene fecit Euthia” (“Euthias procedeu bem”) e junto a Cícero[70] “Hemagora”[71]; não nos admiramos que seja dito pela maior parte dos antigos “Aenea” como “Anchisa”[72].

62. De fato, se tivessem dito “Sufenas” e “Aspenas” como “Maecenas”[73], /esses termos/ teriam terminado no caso genitivo, não com a letra “e”, mas com a sílaba “tis”. Daí, em “Olympus” e “Tyrannus”, proferiram a sílaba média aguda porque [com as duas /sílabas/ longas seguidas] a nossa língua não permite ser dada acentuação aguda a uma primeira /sílaba/ breve.

63. Assim produziu o genitivo “Ulixi” e “Achilli”[74], assim /fez/ com muitos outros /termos/. Agora, os mais novos estabeleceram dar, de preferência, declinações gregas para os nomes gregos; o que, todavia, não se pode por si fazer sempre. Para mim, no entanto, agrada seguir a regra latina até onde o decoro permite. E, certamente, /eu/ não tenha dito “Calypsus”[75] como “Iunus”[76], embora, seguindo os antigos, C. César[77] (77) use este sistema de declinar, mas o uso superou a autoridade.

64. De resto, aquelas /palavras/ puderam ser ditas de um ou outro modo não inconveniente; aquele que prefira seguir a estrutura grega não fala em latim /correto/ na verdade, mas, todavia, /fala/ sem repreensão. (...)

 

 

Considerações Finais

A tradução da Instituto Oratoria, de Quintiliano - ainda que de um pequeno trecho - para nós se mostrou importante por trazer à luz um tema ainda hoje tratado com as mesmas controvérsias de então - guardadas as diferenças de época, obviamente - bem como por todas as razões aludidas em nosso Introdução.

É certo que os estudos filológicos e lingüísticos sobre esse tema (a influência do ato da fala - ato corrente como diz nosso autor - sobre a norma padrão a ponto de determinar mudanças substanciais a esta última) se desenvolveram muito de lá para cá; contudo, o teor da discussão - aparentemente - permanece o mesmo. Nesse sentido, o estudo desse tema torna-se mais importante ainda porque nos ajuda a compreender a questão desde a sua raiz.

Quintiliano afirma ser o uso corrente da língua - por certo, o uso da parte de pessoas instruídas, consideradas autoridade no assunto, como sabemos - algo sobre o qual deveriam prestar mais atenção os gramáticos, ou melhor, os oradores aos quais o texto é dirigido. Para tanto, utiliza exemplos retirados de obras de escritores consagrados. E afirma, também, aparentemente, ter chegado o momento de a língua latina - e suas regras gramaticais - ser valorizada em detrimento do grego; embora reconheça a importância da influência desta última sobre aquela, pois muitas palavras gregas (conceitos gramaticais importantes) foram simplesmente transliteradas para o alfabeto romano, pelo fato de não haver termos equivalentes em Latim - como ele próprio afirma.

Tais conceitos, como sabemos, vigoram até hoje entre nós nas mesmas condições. Há vários exemplos apresentados ao longo do texto por Quintiliano. (Aliás, diga-se de passagem, muitas dificuldades de compreensão em relação ao estudo do Português, e mesmo de língua estrangeira, por parte de nossos alunos do ensino fundamental e médio, seriam facilmente sanadas se o ensino de Latim e Grego fosse obrigatório a nossos alunos desde as primeiras séries do Ensino Fundamental.)

Trata-se de um debate extremamente atual, não podemos negar isso. Quintiliano, no item 58 da tradução apresentada para análise, questiona de forma indireta: “por ventura pela mesma regra através dos casos convenham ser construídas as /palavras/ estrangeiras como as nossas”. Na verdade, aí se encontra implícito um tema atualíssimo sobre o qual se debatem nossos gramáticos, lingüistas e filólogos: as palavras vindas de fora - tomadas de empréstimo ou não - devem ou não ser “aportuguesadas” (ou “abrasileiradas”, como preferem alguns) ao serem incorporadas ao nosso léxico? Devemos buscar termos referentes em nossa língua para tal adaptação?

Quintiliano com relação a isso faz uma observação, com caráter de queixa, ao afirmar no item 64 do texto em estudo: “aquele que prefira seguir a estrutura grega não fala em latim /correto/ na verdade; mas, todavia, /fala/ sem repreensão”. Ou seja, ninguém reclama, nem mesmo os gramáticos considerados autoridade no assunto. Como se dissesse: “Não há como evitar as tantas influências sobre nossa língua, mas deveria haver alguma forma de isso ser regularizado, isto é, normatizado, dentro de um consenso entre as autoridades competentes para tanto”. Exatamente como ocorre em relação ao nosso Português.

Esses são apenas exemplos para confirmar a atualidade de escritores como Quintiliano.

Por tudo isso, estudar Latim - e o Grego, dentro das Letras Clássicas - torna-se extremamente necessário não apenas aos historiadores da língua (lingüistas e filólogos), mas também a professores de Português (bem como de língua estrangeira) a fim de transmitir os necessários conhecimentos - com muito mais autoridade, aliás - para uma boa formação de nossos alunos.

O conhecimento, como sabemos, passa pelo estudo de língua e cada língua tem, para seu uso, uma gama de termos e expressões que se estende à fala diária. Esta, no entanto, é mesclada de mutabilidades que revelam o dinamismo a que todo idioma está sujeito.

E essa mutabilidade, como diz Coseriu, “é característica essencial e necessária da língua” porque “a língua não está feita, mas faz-se continuamente pela atividade lingüística”.

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[1] M. Fábio Quintiliano nasceu em Calagúrris, na Espanha Tarraconense, entre 35-40 d.C. Foi professor de Retórica em Roma, onde foi aluno do gramático Rémio Palémon e do retor Domício Afro. Em 68 Quintiliano consagrou-se definitivamente, sobretudo por suas idéias críticas aos gramáticos tradicionais. Desde então sua cátedra foi a sede de arbitragem de todas as orientações e de todos os juízos literários da capital. E isso se prolongou durante o reinado de Tito e de Domiciano, que concedeu ao retor o consulado. Ignora-se a data de sua morte.

[2] Do latim tonus, -i, “tensão de uma corda; acento de uma sílaba”. (FARIA, 1956)

Os sons da linguagem podem se distinguir uns dos outros não pelas diferenças quantitativas, mas também por sua duração (extensão no tempo). Todos os sons, menos os oclusivos (-p, -b, -t, -d, -k, -g), podem ser prolongados tanto quanto o permita o ar dos pulmões. E até os oclusivos são suscetíveis de um certo grau de prolongamento dentro de certos limites. A duração dos sons chama-se quantidade. Em latim, o presente uenit (“vem”) distingue-se do pretérito perfeito uenit (“veio”) unicamente com a ajuda da quantidade da vogal -e, por exemplo. Quanto mais fechada for uma vogal, tanto mais breve é a sua duração. Um -i é mais breve do que um ; um é mais breve do que um -a. As vogais posteriores (-u, , ) são, freqüentemente, um pouco mais breves do que as vogais anteriores (-i, , ). Os ditongos são mais longos do que os monotongos. Todavia, a quantidade vocálica depende também da consoante seguinte. Uma vogal é mais longa antes de uma fricativa (-f, -v, -s, -r, -j, -x) do que antes de uma oclusiva e mais longa antes de uma consoante sonora (-b, -d, -g, -v, -z, -j) do que antes de uma surda (-p, -t, -k, -f, -s, -x). As consoantes nasais (-m, -n) e o –l abreviam as vogais, o –r as alonga. Entre as consoantes, as fricativas são mais longas do que as oclusivas, uma surda mais longa do que uma sonora. Também as sílabas podem diferir quanto à sua duração. Chama-se longa uma sílaba que tem uma vogal longa, ou uma vogal breve seguida pelo menos por uma consoante (longa) ou um grupo de consoantes. Em latim, uma sílaba longa vale, na métrica, duas sílabas breves. (FARIA, 1955)

[3] Do latim accentus, -us Ação de fazer ressaltar em uma palavra determinada sílaba em relação às demais, chamadas átonas. E isso pode ser conseguido de duas maneiras: a) pronunciando-se a sílaba acentuada com maior força, isto é, com mais intensidade; e b) pronunciando-se a sílaba acentuada numa nota mais alta, isto é, com maior altura. Não se trata unicamente da quantidade da vogal, mas sim da quantidade da sílaba. Em latim, a sílaba pode ser formada por uma vogal, por um ditongo ou por vogal ou ditongo acompanhados de uma ou mais consoantes. (FARIA, 1955)

Optamos por não apresentar as regras de acentuação latina porque Quintiliano faz isso muito bem, de forma resumida, nos itens 30 e 31 deste texto.

[4] Prosódia – é o estudo de três elementos: o acento dinâmico (acento de energia, ligado à maior ou menor força com a qual o ar é expelido dos pulmões); o acento de entonação (acento de altura, ligado à maior ou menor freqüência do som fundamental); e a duração, ou quantidade, ligada à sustentação maior ou menor do fonema. (DUBOIS, 1973)

[5] No latim havia três tipos de acento: grave, agudo e circunflexo, levando-se em conta a regra de acentuação do grego. O acento agudo (‘), por marcar uma unidade de tempo, aparecia nas três posições finais de uma palavra e sobre vogais breves ou longas e ditongos: proparoxítonas (antepenúltima sílaba); paroxítonas (penúltima); e oxítonas (última). O acento circunflexo (^), por se estender sobre dois tons, podia aparecer nas duas posições finais de uma palavra, mas sobre vogais longas ou ditongos: properispômenas (penúltima sílaba); e perispômenas (última). O acento grave (`) não era considerado um acento, propriamente dito, mas um substituto. se usava nas palavras oxítonas, substituindo o acento agudo no meio da frase para marcar seqüência. (FARIA, 1958)

Esse uso, exatamente, é questionado por Quintiliano pelo que podemos observar nos itens seguintes. Para ele, deveria ser levado em consideração o uso de acentuação gráfica latina, sobre a qual, como ele mesmo afirma, “entre nós há uma brevíssima regra”.

[6] Ápice – do latim apex, -icis, ponta. Sinal usado para identificar as vogais longas; forma das letras (traço). Também conhecido como Apex da língua – temo que designa a ponta da língua, usada na articulação dos sons apicais. (DUBOIS

(Obs.: A sílaba é uma emissão vocal assinalada por um ápice de abrimento articulatório e tensão muscular, que corresponde ao fonema silábico, podendo ser precedido de fonemas assilábicos de abrimento e tensão crescente e seguido de outros de abrimento e tensão decrescente. Deste encadeamento articulatório resulta uma percepção acústica de unidade com um segmento fônico mínimo capaz de constituir uma enunciação lingüística. Visto que o ápice de abrimento articulatório corresponde, do ponto de vista acústico, a um ápice de sonoridade, ou perceptibilidade acústica, a sílaba, assim definida, diz-se sílaba sonora (auditiva). Em princípio ela é emitida num único impulso de expiração, mas num impulso também se podem articular duas sílabas sonoras, que ficam reunidas numa única expiratória ou dinâmica. XAVIER & MATEUS, 1980)

[7] Atreus – mito grego sobre o qual alguns escritores escreveram poesia. Da poesia trágica de P. Pompônio Segundo, da época do imperador Cláudio, restaram insignificantes fragmentos. Da época de Tibúrcio há notícias sobre o Atreus – poesia trágica de caráter livresco – de Mamerco Escauro, orador de grande renome com fama de feroz afirmador da liberdade. (QUICHERAT, 1891)

[8] Nereus, -ei (subs.) – deus marinho anterior a Netuno. Deus bondoso possuía o dom da adivinhação, tendo predito a Páris sobre a guerra de Tróia – tema usado por Horácio em sua Ode XIII, do livro I; e Tereus, -ei rei da Trácia, transformado em ave. (BAILLY, 1952)

[9] In: Eneida, de Virgílio – IV, 254s.

[10] Do latim circus, -i – “círculo; circo; o grande circo de Roma”. (FARIA, 1956)

[11] Do latim circumitus, -us = circuitus (subs.) – circuito; giro; rodeio. Circumitus, -a, -um (adj.) – rodeado, cercado (Particípio passado de circumere fazer um movimento giratório; contornar; rodear; andar ao redor.) (FARIA, 1956)

[12] Do latim qualis, -e (adj.; pron. Relativo e interrogativo) – 1- Relativo: (comtalis expresso ou subentendido), tal como, da natureza que; assim, igualmente; 2- Interrogativo: qual, de que espécie, de que natureza; 3- Adjetivo: com tal ou tal qualidade; as qualidades dos seres; (com sentido adverbial) = assim, deste modo, paralelamente. (ERNOUT, 1953)

[13] Neste item, Quintiliano se refere às palavras átonas que, na pronúncia, se apóiam à palavra seguinte ou à precedente, denominadas, respectivamente, enclíticas e proclíticas. Em latim, estas últimas são consideradas as principais palavras átonas por formarem com a palavra seguinte um todo fonético, dando a impressão, como o próprio Quintiliano observa – com o exemplo da expressão circum litora – de haver “uma única /palavra/ em oculta divisão”. São proclíticas: as preposições e os advérbios monossilábicos, os advérbios relativos e interrogativos, os pronomes relativos e interrogativos e as conjunções. Na expressão citada, circum é uma preposição latina que significa em volta de; em torno de; ao de. (FARIA, 1958)

[14] In: Eneida, de Virgílio – I, 1.

[15] Neste item Quintiliano se refere ao fato de que o escritor ao estipular o metro de suas poesias acaba mudando o acento das palavras. Isso porque o escritor, para não alterar o número de versos, adapta as palavras à métrica, fazendo com que as mesmas, não raro, sofram modificações fonológicas. No exemplo de Quintiliano, de proparoxítona a palavra passa a paroxítona.

Na versificação, o ritmo é elemento essencial do verso, pois este se caracteriza por ser o período rítmico que se agrupa em séries numa composição poética. A forma do verso é determinada pela combinação de sílabas, acentos e pausas, contando-se as suas sílabas até a última acentuada. E a melodia do verso exige que as palavras venham ligadas umas às outras mais estreitamente do que na prosa. (CUNHA & CINTRA, 1956)

[16] In: Geórgicas, de Virgílio – III, 243.

[17] Uolúcres, ao invés de Uólucres, para que a métrica não seja perturbada.

[18] Iambo, ou jambo unidade métrica () composta de duas sílabas, uma breve e outra longa. (CÂMARA, 1981)

[19] Verso heróico, ou hexâmetro – verso dos poemas épicos composto de seis pés (dátilos, de uma sílaba longa e duas breves; e espondeus, de duas longas, substituíveis, na última posição por troqueus, formado pela sucessão de uma sílaba longa e uma breve). (CÂMARA, 1981)

[20] Uso corrente Atualmente, uso é o conjunto de regras de gramática relativamente estabilizadas e utilizadas pelo maior número de falantes num dado momento e num contexto social determinado (DUBOIS, 1973). Contudo, à época de Quintiliano há outra conotação. Ele se refere ao uso de linguagem feito por um número relativamente pequeno de falantes; trata-se de escritores e intelectuais contemporâneos seus, ou não. O nosso autor utiliza termos e expressões retirados de importantes obras como exemplos para confirmar sua posição a respeito.

[21] Lei Antiga – Quintiliano, ao utilizar a expressão lei antiga, se refere aos gramáticos consagrados de sua época ou anteriores que determinavam as regras gramaticais latinas. Regra no sentido de preceito para se falar e escrever bem e, também, para numerosas observações no domínio da fonética.

[22] Neste item Quintiliano explica haver maior dificuldade de se detectar solecismo e/ou vício, de qualquer espécie, pelo fato de existir na Grécia várias comunidades com falantes diferentes, tornando mais difícil observar o uso correto das regras gramaticais – o que considera lei antiga porque o que para umas é vício para outras é regra, e vice-versa.

Dialetos – Do ponto de vista puramente lingüístico, os dialetos são falares regionais que apresentam entre si coincidência de traços lingüísticos fundamentais. Cada dialeto não oferece, por sua vez, uma unidade absoluta em todo o território por que se estende e pode dividir-se em subdialetos, quando divergência apreciável de traços lingüísticos secundários entre zonas desse território. Na classificação dos dialetos são sempre preferidos traços fonológicos e morfológicos porque a fonologia e a morfologia são aspectos de uma língua mais estáveis, mais sistemáticos e mais característicos de sua fisionomia. (CÂMARA, 1968)

[23] Nos itens 30 e 31 Quintiliano faz uma espécie de resumo das regras de acentuação do Latim. Isso para afirmar não ter sentido usar as do Grego, pois se elas existem para o Latim é necessário colocá-las em prática.

(24) Jotacismo – vício auditivo: quando certas vogais e ditongos gregos eram pronunciados de maneira prat6icamente idêntica, bem comum no grego moderno. Lambdacismo – pronúncia defeituosa da letra -l, empregando-a no lugar da letra -r. Ischnotetas (do gr. ......) – secura; pronúncia magra ou fraca. Plateasmo (do gr. ........) – defeito de pronúncia: os sons são articulados de maneira muito aberta (BAILLY, 1952). Celestomia (substantivo originado do verbo grego ...... “pressionar pela palavra”) – defeito de postura de voz; que é “ouvida quase na profundeza da boca”, como o próprio Quintiliano afirma.

[24] Jotacismo – vício auditivo: quando certas vogais e ditongos gregos eram pronunciados de maneira prat6icamente idêntica, bem comum no grego moderno. Lambdacismo – pronúncia defeituosa da letra -l, empregando-a no lugar da letra -r. Ischnotetas (do gr. ......) – secura; pronúncia magra ou fraca. Plateasmo (do gr. ........) – defeito de pronúncia: os sons são articulados de maneira muito aberta (BAILLY, 1952). Celestomia (substantivo originado do verbo grego ...... “pressionar pela palavra”) – defeito de postura de voz; que é “ouvida quase na profundeza da boca”, como o próprio Quintiliano afirma.

[25] Aqui, Quintiliano se refere ao fato de cada som caracterizar-se acusticamente por certo número de dados, em particular a rapidez da vibração ou freqüência, a amplitude da vibração ou intensidade, a duração da emissão etc. Cada um deles tem equivalentes em outros níveis da transmissão da mensagem (motor, perceptual, neuropsicológico). Mas esses dados não são usados do mesmo modo em todas as línguas: cada povo efetua uma escolha lingüística diferente das propriedades da substância sonora (FARIA, 1955). Por essa razão, através de “sons particulares e inenarráveis” – afirma nosso autor muito acertadamente – pode ser reconhecida uma nação.

[26] Vício Qualquer desrespeito à norma lingüística, que não é um erro fortuito, mas um hábito inveterado, num dado idioleto por assimilação dessa norma, no âmbito fonológico, morfológico ou sintático (DUBOIS, 1973). (Obs.: Idioleto – nome dado à língua, por lingüistas norte-americanos, tal como é observada no uso de um indivíduo. Nem sempre os traços idioletais constituem erros individuais, pois as tendências que as criam podem atuar em maior ou menor número de indivíduos. (XAVIER & MATEUS, 1980))

[27] Ortoépia linguagem ou estilo correto; ciência que define a pronúncia correta de um fonema. Aqui, Quintiliano se refere ao vício de linguagem em que as consoantes são mal-articuladas, chamado ortoépico. Ex.: abôbada ao invés de abôboda; carramanchão ao invés de caramanchão (CÂMARA, 1981).

[28] Do latim soloecismus, -i Vício de linguagem que consiste em erros de sintaxe (COROMINAS, 1954). De Sóloi, nome de uma colônia ateniense na Cilícia, onde se falava um grego corrompido. Defeito da estrutura da frase, com relação à concordância e à composição de suas partes. Composição de frase não gerada pelas regras da gramática de uma língua numa época determinada ou, então, não aceita por norma ou uso julgados corretos (QUICHERAT, 1891).

[29] (29) “De áspera casca”. No latim, cortex (no texto, genitivo singular corticis, com o qual concorda o adjetivo amarus, -a, -um, na forma feminina e no mesmo caso) pode ser um termo tanto feminino quanto masculino.

[30] “No meio da casca”. Cortice se encontra, no texto, no ablativo singular, bem como o adjetivo medius, -a, -um, concordando com o primeiro em gênero, número e grau.

[31] Públio Virgílio Marão, 70-19 a.C., em Andes, aldeia próxima de Mântua. Entre suas obras destacam-se As Éclegas ou Bucólicas, As Geórgicas, Eneida. (PARATORE, 1983)

[32] Neste item, Quintiliano, na verdade, afirma que dentre as expressões citadas nenhuma das palavras possui erro porque se consideradas separadamente estão flexionadas de modo correto. Contudo, se colocadas numa frase devem obedecer à concordância de gênero, número e grau. Portanto, mudar a palavra não torna a frase (ou a expressão, no caso) correta. É preciso haver concordância de gênero; bastaria corrigir isso, então.

[33] solecismo de gênero nesses exemplos de Quintiliano porque para haver concordância se alguém chama para si uma única pessoa deve usar o verbo na segunda pessoa do singular (Ueni), não na sua forma correspondente plural (Uenite). Da mesma forma, se alguém se despede de várias pessoas o verbo deve ser flexionado na segunda pessoa do plural (Abite, Discedete), não no singular.

[34] O pronome pessoal do caso reto, da primeira pessoa do singular, “Ego”, não pode assumir a função de complemento de uideo; portanto, não serve como resposta à perguntaQuem uideo?”.

[35] Sofisma argumento, aparentemente válido, mas na realidade não conclusivo e que supõe má-fé por parte de quem o apresenta (DUBOIS, 1973). Do grego ......... (sóphisma) “habilidade, astúcia, intriga, trama” (BAILLY, 1952).

[36] Barbarismo vício de linguagem que consiste em erros em relação às palavras: a) na pronúncia; b) na grafia; c) na forma; e d) na significação. Entre os gramáticos latinos, barbarismus era simplesmentevulgarismo”. Na tradição gramatical portuguesa barbarismo é qualquer estrangeirismo (XAVIER & MATEUS, 1980).

[37] As conjunções nam (“efetivamente”) e enim (“pois”) não são usadas combinadas; a preposição de (“de cima de”, “a partir de”, “sobre”) não admite o advérbio susum, ou sursum, (“de cima”); Alexandria, por ser nome de cidade, não necessita da preposição in para indicar uma localidade (ERNOUT, 1953).

[38] Dessas expressões foram suprimidos: “ambulo /per/ uiam”; “/ab/ Aegypto uenio”, “ne hoc /quidem/ fecit”.

[39] As conjunções quoque, enim, e autem não são usadas em início de frase (ERNOUT, 1953). Ver nota 42.

[40] Do latim igitur (adv.) – “nestas circunstâncias, pois; por conseguinte; então; em resumo; numa palavra; portanto”. Normalmente, vários advérbios são empregados depois da primeira palavra da frase em virtude do uso antigo que reservava esse lugar às palavras acessórias. Esse lugar é ocupado habitualmente por autem e quoque e, igualmente, por enim e uero. Com relação a igitur e tamen há uma tendência muito mais fraca em relação a seu uso nessa posição. Sobretudo porque (igitur) marca uma conseqüência lógica, pois tinha primitivamente um sentido temporal de quando – o que ainda é freqüente. Habitualmente o seu lugar é depois da primeira palavra como enclítico (ERNOUT, 1953).

[41] Pleonasmo: 1) uma seqüência de palavras é pleonástica desde que os elementos de expressão sejam mais numerosos do que o exigido para a expressão de um conteúdo determinado; 2) ou transformação pleonástica – transformação de adição que, sem modificar o sentido da frase inicial, nada lhe acrescenta do ponto de vista qualitativo (DUBOIS, 1973).

[42] Elipse Em certas situações de comunicação, ou em certos enunciados, determinados elementos de uma frase dada podem deixar de ser expressos sem que por isso os destinatários deixem de compreendê-lo. Diz-se, então, que elipse, que as frases são elípticas.

Elipse situacional: em certas situações não é indispensável pronunciar certas palavras para que o destinatário a compreenda. Quando perguntamos “A que horas você vai embora?” e nos respondem “Às três”, a elipse de “vou-me embora” é permitida pelo contexto.

Elipse gramatical: palavras que o conhecimento da língua (regras sintáticas) permite suprir podem ser omitidas. Assim, se produzimos o enunciadocompletamente perdido”, as palavras eu e estou são impostas pela estrutura da frase; o sentido do que precede não intervém em nada. (DUBOIS, 1973)

[43] Anástrofe – (do grego ..... “mudança de posição”, “inversão”, “transposição” – BAILLY, 1952), é a inversão na ordem habitual das palavras na frase, que consiste na anteposição do determinante (preposição + substantivo) ao determinado. (XAVIER & MATEUS, 1980)

[44] Hipérbato – (do grego ......... “inversão”, “transposição” – BAILLY, 1952), é a separação de palavras que pertencem ao mesmo sintagma, pela intercalação de um membro frásico. (XAVIER & MATEUS, 1980)

[45] Os modos são: indicativo, imperativo, subjuntivo, optativo, infinitivo, impessoal; alguns gramáticos acrescentam ainda o futuro e o gerúndio. (MURACHCO, 2001)

[46] Dual caso gramatical da categoria do número que traduz a dualidade (“dois por oposição a “um oumais de dois”) nos substantivos contáveis; comporta, em línguas como o grego, um conjunto específico de desinências nominais e verbais. Designação do par, do casal, de uso bastante restrito. Usava-se apenas nos casos em que se queria insistir na concordância de dois: dois olhos, duas mãos etc. Sempre que necessário, na linguagem afetiva e quando se queria precisar a dualidade. (MURACHCO, 2001)

[47] Formas da terceira pessoa do plural do pretérito perfeito indicativo ativo, correspondentes a scripserunt e legerunt.

[48] Rufos sobrenome romano; autor de comédias (GAFFIOT, 1934).

[49] Tito Lívio (59-17 a.C.) – historiador romano, nasceu em Patavium (hoje Pádua). A base de sua educação foi o estudo de retórica e filosofia. Estabeleceu-se em Roma em 30 a.C., onde adquiriu grande prestígio junto a Augusto, sendo nomeado preceptor do jovem Cláudio, futuro imperador. Manteve-se isolado da política e do círculo literato que rodeava o imperador, que incluía Virgílio, Horácio e Ovídio. Graças a essa independência pôde expressar suas próprias idéias (PARATORE, 1983).

[50] Quintiliano se refere a Ab Urbe condita, de Tito Lívio (I, 12, 1).

[51] Particípio – É uma das formas nominais do verbo equivalente a um substantivo ou a um adjetivo, de um modo geral. Como adjetivo pode qualificar um substantivo e, mais ainda, comporta os graus comparativo e superlativo, ou ambos. Como parte do verbo possui três tempos (presente, passado, futuro), podendo também ter um complemento, segundo a prefixação do verbo a que pertence (FARIA, 1958).

[52] Todos os Pronomes (pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos e relativos) podem substituir um nome – a não ser os pronomes pessoais que não possuíam as terceiras pessoas do singular e plural – sendo flexionados em gênero, número e casos, conforme o nome a que se referem (FARIA, 1958).

[53] Intro é um advérbio que se emprega com verbos de movimento e Intus, indica localização. As expressões eo intus (“vou dentro”) e intro sum (“estou para dentro”) são utilizadas como exemplo de solecismo por Quintiliano porque, na verdade, deveriam ser Eo intro (“vou para dentro”) e Intus sum (“estou dentro”).

[54] Na expressão Tragoedia Thyestes o segundo termo está no caso nominativo, em vez de genitivo; deveria ser Tragoedia Thyestis (“tragédia de Tiestes”). E na expressão Ludi floralia ac megalesia o substantivo masculino ludi (nominativo plural), de ludus, -i, está acompanhado, conforme o exemplo de Quintiliano, de outros dois substantivos neutros (floralia, de floralia, -orumfestas em honra de Flora”, e megalesia, de megalesia, -iumfestas em honra de Cibele”), quando, na verdade, deveriam estar acompanhados de adjetivos. No caso, seriam: floralis, -e (“de Flora, a deusa das flores”) e megalesis, -e (“relativo a Cibele”).

A primeira expressão refere-se a Tiestes, personagem da famosa tragédia em que Atreu, rei de Micenas, devora os próprios filhos num banquete a ele servido. E a segunda, refere-se aos jogos Florais comemorados em fins de abril em honra de Flora, deusa da primavera e às Megalésias, que ocorriam no início de abril em honra da deusa Cibele, chamada Magna Mater.

[55] Figura aspecto que assume a linguagem para fim expressivo, afastando-se do valor lingüístico normalmente aceito. Pode haver figuras de: a) palavras, ou tropos, como a metáfora, metonímia, hipérbole; b) sintaxe, ou de construção frasal, como o anacoluto, elipse; c) pensamento, como a ironia, litote, prosopopéia. As figuras de palavra refluem-se à significação dos semantemas, desviando-os da significação normal. As de sintaxe alteram a estrutura normal da enunciação nocional. As de pensamento resultam de uma discrepância entre o verdadeiro propósito da enunciação e a sua expressão formal. (CÂMARA, 1981)

[56] Caio Lucílio (148-102 a.C.) – amigo da família de Scipiões e influenciado pelo helenismo, partiu para a Grécia a fim de estudar. Ao retornar a Roma, justamente num momento de agitações políticas, iniciou sua obra de poeta satírico, sendo considerado o primeiro a dar à sátira o caráter que a partir dele permaneceu estável, de crítica aos vícios alheios – buscando ocasiões nos fatos cotidianos com talento e originalidade. (PARATORE, 1983)

[57] Vétio Filócomo, gramático lembrado por Suetônio em seu De Gramaticis (Apud PEREIRA, Marcos Aurélio. Quintiliano Gramático. São Paulo: Humanitas. 2000).

[58] C. Asínio Polião (76 a.C. a 4 d.C.) – a formação cultural que recebeu em Roma foi decisiva para fazer dele um dos mais ativos literatos e um dos árbitros do gosto. Em seus juízos cada vez mais destilava sua bílis contra as famas constituídas: daqui sua áspera acrimônia contra Cícero – de quem fora amigo e de quem havia pronunciado juízos elogiativos noutros tempos – e seu juízo de desprezo em relação ao estilo de Tito Lívio. (PARATORE, 1983)

[59] Patavinidade – modo de falar próprio aos moradores de Patavium, como Tito Lívio, entendido como latinidade provinciana (COROMINAS, 1954).

[60] Raeda, -ae (subs.) – carro de quatro rodas; carro de viagem. Petoritum, -i carro, ou carroça ligeira, de quatro rodas. (GAFFIOT, 1934)

[61] Mappa, -ae (subs.) – 1- toalha de rosto; guardanapo de mesa. 2- sinal que se dava nos jogos circenses com um guardanapo (pano) para começarem. (GAFFIOT, 1934)

[62] Gurdus, -a, -um (adj.) – 1- pesadão, grosseirão. 2- tolo, estouvado, inútil. (GAFFIOT, 1934)

[63] Nesta passagem, Quintiliano se refere ao fato de a língua romana ter sido extremamente influenciada pela língua grega como realmente o foi. Prova disso há até hoje. Muitas palavras gregas ainda se mantêm intactas em nosso Português com o mesmo significado da época de Quintiliano. Por exemplo: crase, onomatopéia, prosopopéia, metáfora etc. Não como imaginar que nosso escritor tenha feito tal afirmação por acreditar que o Latim tenha se originado do Grego, pois pensar assim seria o mesmo que ignorar a grandeza intelectual de Quintiliano.

[64] Empréstimo – Há empréstimo lingüístico quando um sistema A utiliza e acaba por integrar uma unidade ou um traço lingüístico que existia antes num sistema lingüístico B e que A não possuía. (A unidade ou o traço tomados como empréstimo são eles próprios chamados empréstimos.) (DUBOIS, 1973)

[65] Do latim Castor, -oris (subs.) – 1-filho de Leda e irmão de Polux, com o qual representa a constelação de Gêmeos. 2- Meteoro ígneo (o santelmo) que aparece aos navegantes. (GAFFIOT, 1934)

[66] Quintiliano, neste item, se refere ao fato de os vocábulos mudarem a posição do acento devido à desinência que recebem nos casos. O Nominativo não recebe desinência, mas alonga a vogal do tema deslocando a sua sílaba tônica. Mas, no geral, os nomes (substantivos, adjetivos, dêiticos) mantêm na medida do possível a tônica na posição do Nominativo singular. O avanço ou recuo do acento quer nas formas nominais quer nas verbais depende da variação da quantidade da última sílaba. (MURACHCO, 2001)

[67] Palemon, -onis (subs.) – deus do mar; gramático e poeta liberto de Tibério. Telamon, -onis (subs.) – rei de Salamina. Plato, -onis (subs.) – conhecido filósofo de Atenas.

[68] Célio Antipatro – orador, amigo de Cícero. (PARATORE, 1983)

[69] M. Valério Messala Corvino – autor de poesias bucólicas (58 a.C.). (PARATORE, 1983)

[70] Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.) – homem de Letras e homem político, propugnou o homo novus que unia o otium intelectual às tradicionais obrigações para com o Estado. Versátil, perspicaz, observador orienta-se aos estudos jurídicos, mas não abandona a filosofia, preparando-se com especial cuidado para a eloqüência. Seus dotes levam-no a dar um modelo maravilhoso na prosa, riquíssimo lexicologicamente e pela fluidez e concatenação sintática: o “estilo ciceroniano”. (PARATORE, 1983)

[71] Por Hemagoras, nome de famoso retórico grego.

[72] Por Aeneas e Anchises, ou seja, Enéias, o herói da guerra de Tróia e protagonista da epopéia de Virgílio que teria, segundo a lenda, aportado em Roma; e Anchises, seu pai.

[73] Nomes romanos. O últimoMaecenas, -atis – notabilizou-se por ter sido o mais leal e ativo colaborador da obra do imperador Augusto. Dono de imensa fortuna protegeu os artistas, entre os quais Virgílio e Horácio, que lhe declinaram, respectivamente, as Geórgicas e as Odes. (GAFFIOT, 1934)

[74] Ulixes, -is (subs.) – herói grego, lendário rei de Ítaca; esposo de Penélope e pai de Telêmaco. Participou da guerra de Tróia, da qual foi um dos célebres heróis. Caracterizava-se pela esperteza, astúcia, habilidade, eloqüência e coragem. Achilles, -is (subs.) – herói grego celebrado no poema épico de Homero, a Ilíada. Era filho do rei Peleu e de Tétis. No genitivo, ambos substantivos podiam terminar em -i, -is ou -ei.

[75] Calypso, -us (subs.) – ninfa da mitologia grega, de extraordinária beleza.

[76] Juno, -onis (subs.) – irmã e mulher de Júpiter. Presidia aos casamentos e aos partos.

[77] C. Júlio César (100-44 a.C.) – Ao lado de Cícero é considerado como mestre de prosa latina clássica por possuir linguagem pura e estilo conciso. Nascido em Roma recebeu instrução cuidada e estudou Oratória na Escola de Rodes. Em 59 chegou ao consulado e, em 60, assumiu o pré-consulado da Gália Transalpina e Cisalpina. É considerado um gênio militar. O status de César deriva de suas obras em que narra a história de suas campanhas: De Bello Gallico, De Bello Civili, entre outras. (PARATORE, 1983)