RECEPÇÃO LINGÜÍSTICA: O CASO DOS NEOLOGISMOS LEXICAIS

Shirley Lima da Silva Braz (UERJ)

“O dia em que passarmos a denominar de brasileiro o idioma em que exprimimos as nossas idéias, os nossos desejos, as nossas dôres, as nossas vontades, as nossas imposições de caracter nacional, teremos ressurgido, derrubando a pedra sepulchral que fecha hermeticamente o pensamento traduzido em língua portugueza.”

Anais da C. Municipal do D. Federal. Agosto de 1935.

Este trabalho se destina a investigar a formação de neologismos vocabulares e as oscilações quanto à aceitabilidade que os acompanha, adotando a noção de língua como instrumento de poder.

Em nosso cotidiano, muitas vezes nos deparamos com palavras cuja estrutura nos soa estranha e nos perguntamos: “Será que este vocábulo existe?”. Isto é comum no meio acadêmico, quando o aluno freqüentemente formula tal indagação ao professor e acredita que a resposta virá “na ponta da língua”. Estamos diante de neologismos vocabulares.

Os neologismos são novas palavras, criadas para dar conta de novas situações, novos conceitos, fatos, objetos, assim designadas por um determinado tempo. No entanto, tudo que é novo só o é durante um certo período. Com as palavras, ocorre o mesmo. Passado algum tempo, se consagradas pelo uso, são incorporadas aos dicionários e deixam de ostentar essa condição. Passam a vocábulos incorporados ao léxico. Neste estudo, trata-se tão-somente dos neologismos lexicais, que, segundo Claudio Cezar Henriques, “são palavras novas, isto é, não-dicionarizadas ou recém-dicionarizadas. Para caracterizá-los, deve-se tomar como referência, no caso do Português do Brasil, o léxico oficial consignado no VOLP, mas os dicionários Michaëlis, Aurélio ou Houaiss também podem ser fonte de consulta” (2003: 87).

No entanto, observa-se que, mesmo quando as regras de formação vocabular são respeitadas, há uma grande resistência dos falantes em relação à sua adoção. Segundo Maria Lúcia Mexias Simon,

será necessário que um número significativo de falantes esteja de acordo quanto ao significado daquele novo significante. O próprio aspecto conservador da língua impede que esse fato se verifique com freqüência. Haverá sempre reação ao novo elemento, tido como ‘mau falar’ (In: www.filologia.org.br, acesso em 27 de novembro de 2003).

Ilustra-se essa produtividade lingüística com o uso recente do prefixo “pit”. Originário da palavra pitbull, que designa uma raça de cachorros em geral violenta, foi aproveitada a parte inicial “pit” para a formação de “pitboy”, vocábulo que designa rapazes agressivos de classe média, que fazem valer sua vontade pela força física. Esse prefixo é, sem dúvida, um caso interessante. Daí, já surgiram “pitmamãe”, “pitpapai”, “pitfamília” (O Globo, 04 de abril de 2004) e já se encontra um novo vocábulo - derivado semanticamente de pitboy: Cristoboys (Extra, 13 de junho de 2004), ou seja, manteve-se a parte final (boy), juntando-se o prefixo Cristo, para designar jovens musculosos, parecidos fisicamente com os pitboys, mas que são evangélicos:

Eles têm músculos de sobra, usam camisetas justas e poderiam ser confundidos com pitboys. Mas exorcizam qualquer tipo de violência e anabolizantes. São os Cristoboys, fortões liderados pelo pastor evangélico Josias Carreiro, que está levando fiéis para a academia e marombeiros para a igreja (Ibidem).

É possível listar um sem-número de incidências de novas palavras. O ficante, por exemplo, tão utilizado pelos adolescentes para designar o indivíduo que namora outra pessoa sem compromisso. Novas situações sociais, novos comportamentos, novas necessidades de expressar essas situações, novas palavras para designá-las...

Mas importa saber que regras incidem sobre essas novas formações e por que algumas palavras são cristalizadas, consagradas - dicionarizadas, quando assumem uma existência lexical independente -, enquanto outras são abandonadas. Exemplos das primeiras são imexível, fumódromo, sambódromo, entre tantos outros.

Que regras, então, nos autorizam a afirmar que um vocábulo estaria adequadamente construído, enquanto outros não? Por que, em determinadas situações, o falante se vê diante de construções que, à primeira vista, parecem absurdas? Será que nós também - que, logicamente, nos incluímos nesse universo de falantes da língua portuguesa - estamos resistindo a essas inovações? Ou será que é comum mesmo esse estranhamento?

Para responder a essas indagações, é necessário empreender um estudo baseado na teoria morfológica, o que não se pretende fazer no presente trabalho - aqui, objetiva-se tão-somente acionar no leitor a curiosidade que levará a uma eventual pesquisa mais aprofundada sobre o tema. No entanto, na tentativa de elucidar superficialmente o assunto, traz-se o conceito articulado por Margarida Basílio, sobre a competência lexical de um falante nativo, que envolve “o conhecimento de uma lista de entradas lexicais. O conhecimento da estrutura interna dos itens lexicais, assim como relações entre os vários itens. O conhecimento subjacente à capacidade de formar entradas lexicais gramaticais novas” (1980: 9).

Dessa noção de competência lingüística, aliada às entradas lexicais, depreende-se que é possível a um falante criar palavras novas, mesmo que elas ainda não existam como palavras reais. Trata-se de casos possíveis de novas palavras, apenas não utilizados, mas que podem ser acionados pela competência do falante a qualquer instante.

E por que são acionados pelos falantes, por que a ocorrência desses neologismos? Noam Chomsky nos diz que “a língua humana é livre de controle de estímulos e não serve a uma função meramente comunicativa, mas é antes um instrumento para a livre expressão do pensamento e para a resposta apropriada às novas situações” (1972: 23). Por exemplo, palavras como orelhão, doleiro, salário-desemprego ou cutista se institucionalizam por exigências históricas, culturais, pragmáticas...

Quem não se lembra ou não ouviu falar de quanto um ministro oriundo das classes trabalhadoras, Rogério Magri, foi censurado pelo uso do adjetivo imexível, sendo alvo de comentários preconceituosos, que não levaram em conta as questões morfológicas envolvidas na correta formação da palavra. Entretanto, atualmente o termo se encontra incorporado ao Dicionário Houaiss (“adjetivo de dois gêneros: em que não se pode mexer; inalterável. Ex.: um plano de governo. Etimologia: in- + mexível”). O termo, criado de forma espontânea por um falante que estava diante de câmeras de televisão, acabou por se tornar institucionalizado, familiar a um grande número de usuários da língua.

Na prática, porém, constata-se que, ainda hoje, o preconceito em relação ao uso desse vocábulo - embora, repita-se, dicionarizado - permanece. Em publicação relativamente recente, datada de 17 de setembro de 2003, na Revista Isto É, surpreendentemente, encontra-se o seguinte fragmento: “No horizonte da reforma ministerial, recorrendo ao neologismo do ex-ministro Rogério Magri, Lula frisou que só quatro ministros são ‘imexíveis’”. Qual seria a razão da perplexidade diante dessa passagem?

Quanto a ainda ser chamado de neologismo, admite-se que pode dever-se ao fato de ser um vocábulo recém-dicionarizado; o estranhamento decorre basicamente do uso das aspas para realçar o vocábulo. Se já está dicionarizado, o que levaria alguém a grafá-lo em setembro de 2003 entre aspas, como se houvesse uma crítica ao seu uso? Talvez o fato de ter sido proferido por um ministro que veio de camadas mais pobres da população, o que suscitaria uma desconfiança maior em relação à competência no emprego das regras de construção lexical?

Porque, na verdade, de acordo com as regras de formação, não há qualquer violação relativa à construção do vocábulo imexível. O prof. Bechara assinala que, “se não tem tradição no idioma, imexível está conforme com aquilo que os lingüistas chamam a virtualidade ou potencialidade do idioma, isto é, aquilo que, ainda inédito, está de acordo com as regras do sistema lingüístico” (1996: 45-6). Imexível, a exemplo de outras palavras como insubstituível, infalível, inexecutável, inexplicável, é uma palavra construída de forma adequada aos critérios lingüísticos. Bechara acrescenta que, dependendo das circunstâncias, imexível é um adjetivo que não encontra concorrente.

Em contrapartida, Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente e sociólogo, pessoa conceituada do ponto de vista intelectual, durante um seminário realizado em São Paulo, em 1997, declarou: “a globalização cria pessoas dispensáveis no processo produtivo, que são crescentemente inempregáveis”. Alguém teria ouvido algum alarde ou gritaria a respeito? Parece que não. A rigor, a maioria das pessoas nem sabe - porque não divulgado - que FHC empregou esse vocábulo. E não pára por aí. Fernando Henrique, enquanto esteve na presidência, cunhou outros vocábulos: fracassomania, neobobismo, opiniáticos, catastrofistas, cassandras etc.

Mas o que se observa em relação aos usos de FHC é uma situação radicalmente oposta àquela que vivenciou o ex-ministro Magri. O jornalista Eduardo Martins, por exemplo, assinala, a nosso ver de uma forma bastante tolerante que:

O presidente mantém uma relação muito peculiar com a língua portuguesa desde que assumiu o governo, em 1995. Palavras e expressões que não costumavam freqüentar falas de presidentes no país começaram a ter curso livre, especialmente quando Fernando Henrique procura rebater críticas (In: www.estado.estadao.com.br, acesso em 27/10/2003).

Então, significa dizer que, quando alguém oriundo de uma classe social elevada usa desses recursos, trata-se apenas de uma relação muito peculiar com a língua...

Pasquale Cipro Neto manifesta-se a respeito dos neologismos usados por Fernando Henrique Cardoso da seguinte forma: “O presidente segue aquilo que se chama norma urbana culta. É claro que, sob a luz da gramática normativa, há problemas em seus discursos, em especial naqueles feitos de improviso” (apud Fiorin, 2000: 29).

Pergunta-se: Não soa como uma tentativa de explicação? Não parece que há uma condescendência em torno desses enunciadores, enquanto, em relação a outros, como, por exemplo, Magri, tem-se uma intolerância eternizada?

Uma experiência vivenciada em sala de aula retrata esse contexto. Em 1999, uma matéria jornalística criticava o termo “desconcordar” utilizado por um artista sertanejo. Havia um tom jocoso na matéria, quase caricatural, com a recomendação do uso de “discordar”, vocábulo mais usual. Esse caso, trazido a uma situação de sala de aula por um aluno, causou bastante polêmica. Após alguma discussão e estranhamento generalizado, verificou-se, para a surpresa de todos, que o termo “desconcordar” já estava dicionarizado, com emprego plenamente adequado aos critérios de uso lingüístico.

Isso serve para lembrar que nem sempre as pessoas se dão conta do preconceito lingüístico - esse fato ocorreu entre alunos do Instituto de Letras. Como registra Maria Marta Pereira Scherre, “o preconceito lingüístico, derivado do equívoco milenar da superioridade lingüística, é o mais perigoso dos preconceitos: ele é naturalmente aceito pela comunidade, que transita, sem perceber, pela tênue fronteira entre língua como mecanismo de identificação e língua como mecanismo de poder” (2000).

A resistência em relação à adoção de neologismos lexicais deve-se, em parte, ao próprio aspecto conservador da língua, que impede que esse fato se verifique com freqüência. Há sempre uma reação ao novo elemento, considerado como um mal falar.

Os preconceitos decorrem da dificuldade vivenciada pelos indivíduos em relação à aceitação das diferenças, as quais são negadas a todo custo. Quando elas são admitidas, entretanto, são taxadas de “feias”, “erradas” ou “inferiores”. Fiorin acrescenta que a raiz dos preconceitos está na “rejeição da alteridade ou na consideração das diferenças como patologia, erro, vício etc.” (2000: 23), o que corresponderia, em nível psicanalítico, ao narcisismo. Os preconceitos, portanto, surgem sempre da intolerância. Para Marcos Bagno, o preconceito parece “algo inerente ao ser humano que vive em sociedade” (2001: 48). Citando Eagleton, acrescenta: “sem algum tipo de preconcepção nem sequer seríamos capazes de identificar uma questão ou situação, muito menos de emitir qualquer juízo sobre ela” (Ibidem).

Para Fiorin, os falantes adotam três posturas básicas diante da atividade lingüística:

1) descritiva, que leva a tentativas de teorizações sobre o fato da língua; 2) valorativa, que se traduz por julgamentos, por exemplo, sobre a elegância de uma determinada pronúncia; 3) normativa, que estabelece o que é certo e decreta o que é errado (2000: 25).

O presente estudo circunscreve-se ao terceiro plano, intrinsecamente vinculado à questão da ideologia dominante.

As variações e as inovações lingüísticas ocorrem em todas as línguas. O homem muda. Nada é estático, muito menos a língua. Marina Yaguello ressalta “na língua se inscreve a passagem do tempo: de forma lenta e inexorável, a língua se transforma” (apud Bagno, 2001: 67). Bagno entende que a língua não é jovem, nem velha: é apenas renovada. Nem sempre, porém, os preconceituosos se dão conta disso.

Aqui, faz-se um convite à reflexão: Será que já existe uma consciência em relação ao preconceito lingüístico? Sem dúvida, a língua é um instrumento de poder. Na prática, verifica-se que várias pessoas, inclusive consideradas liberais e politicamente corretas, pregam esse preconceito, sem ao menos estarem conscientes disso.

Os preconceitos lingüísticos têm a ver com o poder e acabam sendo alimentados por quem o detém. São veiculados por meios que, de qualquer forma, estão investidos de poder informativo: escolas, jornais, gramáticos que dão “consultoria gramatical” etc. Quem os propaga não tem consciência - ou não lhe interessa ter - da existência da variedade lingüística: acredita que a variante culta é a única forma possível de manifestação da língua. Essas pessoas não se dão conta de que não se podem classificar as variantes como “fáceis ou bonitas, erradas ou certas, deselegantes ou elegantes, são simplesmente diferentes” (Fiorin, 2000: 28). Como afirma o poeta Horácio, o supremo critério de validade das formas lingüísticas é o uso.

Não há como se admitir que gramáticas prescrevam o que é certo ou errado. A língua é criada constantemente por seu usuário, pelo falante; resulta de um longo processo histórico que não se congelou no tempo. Trata-se de um direito do falante mudar sua língua - “nem para o bem nem para o mal” (FARACO et al., 2000: 8). Não se trata, pois, de “certo” ou “errado”, mas adequação ou inadequação a situações de comunicação. Em algumas situações de interlocução, o adequado é a utilização da norma culta; em outros, uma variante coloquial.

Na verdade, a linguagem representa um palco de disputa pelo poder e traçar os limites entre o que representa prestígio e não-prestígio é uma atividade-chave na competição pelo acesso aos bens sociais entre integrantes de diferentes grupos sociais, visto que o uso da variante culta é determinante para as chances de acesso a esses bens. Para Garcez e Zilles,

[...] definir o que vale como bom, agradável, prestigioso, certo - enfim, definir as formas e os limites da língua de poder - vem a ser uma atividade-chave na competição pelo acesso aos bens sociais disputados pelos membros de diferentes grupos sociais dentro de uma sociedade, já que a competência lingüística e comunicativa no uso da língua do poder é determinante para as chances de acesso a bens sociais (2001: 17).

Este conceito parece dar conta - pelo menos parcialmente - das questões articuladas no início deste artigo, em relação aos diferentes níveis de tolerância/resistência na criação de vocábulos novos por pessoas oriundas de classes sociais distintas: o ex-ministro Magri (uso do termo imexível) e o ex-presidente FHC (uso do vocábulo inempregável). Encontramos em Marina Yaguello uma resposta bem pertinente:

A língua envelhece, aparentemente, com aquele que a fala e que se identifica com ela. Mas o homem não quer envelhecer; ele lê na evolução da língua sua própria decadência. Assim, ele deseja conservar a língua na pureza, na integridade de sua juventude. Tal como se deseja transmitir aos filhos os valores e a cultura do passado intactos, assim também se espera transmitir-lhes a herança da língua. Mas, de um modo insuportável para o purista, são as gerações jovens que, apropriando-se da língua, a mudam. A língua se encontra, assim, perpetuamente rejuvenescida e não envelhecida, ao passo que seus falantes, inexoravelmente, envelhecem. Aceitar a mudança é se sentir de certo modo despossuído, é perder um poder sobre e pela língua (apud Bagno, 2001: 68)

Assim, parte-se do princípio de que os preconceitos perpassam a esfera da ideologia dominante: se cada um firmar um compromisso com a autoconscientização e também com a conscientização do outro no que diz respeito à existência da norma culta apenas como uma variante lingüística, é possível que se consiga diminuir o peso dessa resistência também em relação às inovações e, quem sabe, no futuro, quando outro ministro oriundo de uma classe social desfavorecida aparecer e criar um neologismo, não seja tão discriminado como ocorreu com o autor do vocábulo imexível.

Referências bibliográficas

BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico. São Paulo, 2001.

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BASÍLIO, Margarida. Teoria lexical. 7. ed. São Paulo: Ática, 2003.

______. Estruturas lexicais do português: uma abordagem gerativa. Petrópolis, Vozes, 1980.

BECHARA, Evanildo. “Imexível não exige imexer”. Idioma, nº 18, 2º semestre de 1996, Rio de Janeiro: UERJ.

FARACO, Carlos Alberto (org.). Estrangeirismos: guerras em torno da língua. São Paulo: Parábola, 2001.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio. O dicionário da língua portuguesa. Século XXI. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

FIORIN, José Luiz. “Os Aldrovandos Cantagalos e o preconceito lingüístico”. In: SILVA, Fabio Lopes e MOURA, Heronides Maurílio. O direito à fala: a questão do preconceito lingüístico. Florianópolis: Insular, 2000.

GARCEZ, Pedro e ZILLES, Ana Maria. “Estrangeirismos - desejos e ameaças”. In: FARACO, Carlos Alberto (org.). Estrangeirismos: guerras em torno da língua. São Paulo: Parábola, 2001.

HENRIQUES, Claudio Cezar (org.). Morfologia portuguesa em perspectiva sincrônica: teoria e prática. Rio de Janeiro, 2003, p. 87 (mimeo).

Sites acessados:

www.estado.estadao.com.br [acesso em 27/10/2003].

SIMON, Maria Lúcia Mexias. “Neologismos”. In: www.filologia.org.br [acesso em 27 de novembro de 2003].