A ANÁLISE DE DISCURSO
E A APREENSÃO DE UNIVERSOS SIMBÓLICOS
UMA REFERÊNCIA PARA O ENTENDIMENTO
DA LINGUAGEM DE CRIAÇÃO POÉTICA
DE VINÍCIUS DE MORAES

Manuela Chagas Manhães (UENF)

Vinícius de Moraes vivia intensamente e era de sua vida que arrancava a poesia. Quanto mais veloz era a vida, mais numerosos os parceiros, mais envolventes as mulheres, melhor sua poesia. Drummond disse certa vez: "Vinícius é o único poeta brasileiro que viveu como um poeta". Vinícius, segundo Castello (1994), participa da bossa nova, embora seja difícil rotulá-lo a partir de uma tendência musical, de uma inovação. Se levarmos em consideração o temperamento dionisíaco e extremamente "quente" do compositor, percebe-se que os aspectos emocionais da Bossa Nova não se harmonizam com sua imagem de boêmio e apaixonado por todas as informações que vêm dos mais diferentes redutos, dos refinados aos populares, ao trocar o status de poeta erudito pela condição de letrista popular, o que faz desde os anos 50. Procura entrar em comunhão com a linguagem e a companhia pouca "elevada" dos sambistas, se comparadas com o mundo da diplomacia, onde atuava. Logo, Vinícius favorecia a arte com a qualidade da linguagem de criação subjetiva e cotidiana articulada em suas letras e poesias fazendo apelo às emoções. Sua poesia estava em barzinhos, rodas de violão, apartamentos e qualquer lugar onde os indivíduos guiados pelo coração, resplandeceriam as emoções únicas de sua poesia, legitimando a linguagem hedonista na sociedade contemporânea. Abordaremos a linguagem viniciana como criação poética, por meio da análise de discurso e pela apreensão de universos simbólicos. Assim, acreditamos que estaremos elaborando uma referência para o entendimento de sua linguagem como criação.

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