A CATEGORIA DE GÊNERO
NOS SUBSTANTIVOS E NOS ADJETIVOS

José Pereira da Silva (UERJ)

Percebida há séculos a dificuldade de se definir o processo de formação ou de indicação da categoria de gênero, há muito alguns lingüistas vêm lamentando a sua incompetência para resolver tão complexo problema, milenarmente identificado como um processo de flexão, tanto para os substantivos quanto para os substantivos.

Infelizmente, a autoridade de alguns lingüistas e gramáticos, que preferiram buscar a verdade a usufruir o lucro da conivência com a milenar tradição gramatical (viciada em copiar os seus antecessores), não tem conseguido crédito diante da gramática tradicional.

A primeira exposição corajosa e arrojada sobre o tema, sem medo e sem parcimônia, foi a do gramático e filólogo Evanildo Bechara, que arrolou um bom número de argumentos de outros importantes estudiosos do assunto que o precederam, em estudos aplicados à língua portuguesa e a outras línguas antigas e modernas.

Em síntese, o que se pretende apresentar nesse minicurso é uma série de argumentos e provas de que a categoria de gênero não se faz pelo processo da flexão nos substantivos, principalmente por dois motivos: a) porque a flexão consiste na modificação que uma palavra sofre para concordar com outra (o que não acontece com o substantivo) e b) porque a flexão é um processo de formação de palavras que se aplica à maioria das palavras de uma classe, admitindo-se apenas algumas exceções (que também não é o caso).

Talvez pudéssemos passar a tratar do gênero como forma marcada para o que até agora chamamos de feminino e como forma não marcada para os que denominamos masculinos, utilizando uma terminologia já preconizada com certo temor por alguns inteligentes lingüistas e gramáticos.

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