AS CAPAS DE DISCO COMO OBJETO SEMIÓTICO

Márcia Angélica dos Santos (FACTO / ULBRA)

Vive-se a época de CDs, DVDs, MP3, mas a cultura musical registrada em vinil - especificamente os lps - valoriza-se a cada ano. O interesse é atribuído a inúmeros fatores, entre os quais se incluem as capas. Inicialmente, as capas eram mera embalagem, tinham como função proteger o disco; depois, receberam tratamento visual cujo objetivo era identificar o artista; mas, no Brasil da Bossa- Nova, César Villela, artista gráfico carioca, criou um estilo para as capas, ao relacioná-las ao conteúdo gravado. É a partir de 1967 que as capas adquirem o status de obra de arte, quando artistas plásticos do movimento pop trabalham para bandas de rock famosas. Depois dessa caracterização, as capas foram classificadas também como texto publicitário e foto legendada ,fazendo parte de exposições e estudos variados. Porém, é como objeto semiótico que elas podem ser consideradas em sua imanência. As capas de disco classificam-se como texto misto ou sincrético ; nele, o que é comumente chamado de título pode integrar-se como volume da composição visual, ao qual se aplica uma gramática de sobredeterminação, constituída por códigos como o escalar, o espacial e o cromático, o que gera novos traços na significação. Assim, o discurso lingüístico de uma capa de disco não se articula somente nos percursos temático e figurativo que expressa , mas também no modo como se acha inserido no discurso visual. Seu caráter exclusivamente verbal não pressupõe uma hierarquia em que deva ser privilegiado; o que vale é o acordo que estabelece em cada manifestação sincrética.

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