COMO SE DEVE ENSINAR UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA?

Carmem Lucia Pereira Praxedes (UERJ)

A nossa experiência como professor de língua estrangeira - LE - leva-nos dia a dia ao questionamento daquilo que Umberto Eco chamaria de uma idéia seminal, na visão deste autor, seminal além de ser aquilo que colabora com a criação é também a (re-)descoberta do óbvio, bem ao modo pós-moderno. Tal qual uma criança, que observa o mundo com outros olhos - aqueles da sensibilidade nua e crua - o professor-pesquisador precisa estar atento no seu cotidiano às indagações de seus alunos, por mais simples que elas lhe pareçam. Neste sentido, impusemo-nos como desafio buscar respostas à pergunta título deste trabalho, consciente de que estaremos ingressando em uma guerra cujos soldados e generais defendem arduamente os seus territórios.

Muito mais do que prescrever, descrever ou explicar como se deve ensinar, buscaremos rever estudos com vistas a organizar um material que demonstre aos licenciandos em LE que para lançar mão desta ou daquela teoria é necessário, sobretudo, verificar a qual caso ela se adequa. A fundamentação teórica sobre a qual nos basearemos será lingüistico-semiótica, de que destacamos, especialmente, o pensamento de COSERIU (1980) pela atenção que este autor deu à língua italiana; ECO (1985, 1997, 2001); DE MAURO (1990); PAIS (1993) e BECHARA (1990). A nossa intenção com este estudo é colocar em contraste as principais teorias do ensino-aprendizagem de LE de maneira geral, destacando ou propondo uma que, ao nosso ver, mais se adeqüe ao ensino de ITAL/LE, considerando os valores das culturas italianas e brasileiras em contato. Além da leitura e análise do corpus teórico; composto pelas principais teorias como o gerativismo e o funcionalismo, entre outras; faremos também a análise de redações de alunos-licenciandos sobre o tema em questão ( Como se deve ensinar uma língua estrangeira?). Assim, ao nosso ver, poderemos constatar a ressignificação que ocorre no processo de ensino-aprendizagem de LE , quando o licenciando transita da situação de receptor de teorias, para aquela de crítico/construtor de um saber sobre o ensino de línguas. Buscaremos, deste modo, demonstrar ao licenciando a necessidade de um feedback contínuo do sistema de ensino-aprendizagem, de que ele é o principal ator capaz de retro-alimentá-lo.

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