E A LÍNGUA PORTUGUESA
TORNOU-SE DISCIPLINA CURRICULAR

Márcia de Souza Luz-Freitas (Universitas)

É pretensão, neste trabalho, apresentar algumas considerações acerca da trajetória do ensino de Língua Portuguesa no Brasil, salientando seu primeiro uso, como forma de aquisição das normas que regem a língua, e a função posterior de ferramenta de grande importância para uma participação ativa na sociedade. Comenta-se sobre o sistema jesuítico de ensino, que privilegiava a Gramática Latina, vinculando o ensino de Língua Portuguesa à alfabetização e sobre a Reforma Pombalina, que impôs a Língua Portuguesa como idioma-base do ensino. Com isso, às escolas de primeiras letras coube o papel de difundir a Língua Portuguesa, por meio de manuais produzidos por autoridades governamentais portuguesas, que mesclavam o ensino da língua, princípios religiosos e uma formação política calcada na obediência cívica e nos valores morais vigentes. Percebe-se que a metodologia do ensino da língua seguiu uma tipologia fragmentada, em decorrência da transposição da forma de ensino do Latim, adequando-a ao ensino da Língua Portuguesa. Desse modo, instauraram-se as divisões Gramática Nacional, Retórica e Poética. Já no século XIX, o caráter utilitário da educação, com vistas à formação profissional contribuiu para a perda de uma formação acadêmica mais abrangente. Conclui-se que as Humanidades já não eram mais consideradas prioritárias. A valorização do progresso técnico-científico interferia na constituição das disciplinas e do conteúdo curricular. Como conseqüência, aulas de Retórica e Poética já não faziam mais sentido. Foi necessário uni-las à Gramática, surgindo, então, em fins do século XIX, a disciplina intitulada Língua Portuguesa.

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