E O SILICONE RECRIOU A MULHER...
UMA ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO DE NOTA
SOBRE FAMOSOS EM SEÇÃO DE REVISTA

Sandra Kezen (UENF)
Sérgio Arruda de Moura
(UENF)

Nossos discursos tendem a ser organizados como um tecido em que à nossa própria voz se somam outras. Por mais que um texto seja produzido por uma única pessoa, ele jamais pode ser considerado obra exclusiva de um só enunciador. Boa parte do que dizemos e escrevemos é repetição de outros ditos e escritos. Logo, sob nossas palavras, outras palavras se dizem. Não há discurso constitutivamnente monológico, na medida em que reconhecemos que toda palavra é dialógica, que todo discurso tem dentro dele outro discurso, que tudo que é dito é um “já-dito”.

Expressamo-nos sempre segundo este perfil - que inclui o que sabemos, e as formas de linguagem que materializam nosso conhecimento - e essa identidade é variável segundo os muitos papéis que desempenhamos na vida. Assim, “por meio da enunciação, revela-se a personalidade do enunciador”.

O discurso não pode ser analisado simplesmente sob seu aspecto lingüístico, mas como jogo estratégico de ação e reação, entre enunciador e co-enunciador. Nessa visão, o discurso é uma forma de ação, pois toda enunciação visa modificar uma situação.

A linguagem que usamos define nossos propósitos, expõe nossas crenças e valores, reflete nossa visão de mundo e a do grupo social em que vivemos, e pode, ainda, servir como instrumento de manipulação ideológica.

A finalidade desta análise é observar como certos aspectos ideológicos moldam o discurso de indivíduos e refletem formas de perceber a realidade, de estabelecer identidades sociais e padrões de comportamento vigentes em nossa sociedade.

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