INFINITIVO PERIFRÁSTICO EM PB E PE
UM CASO DE VARIAÇÃO SINTÁTICA

Jacqueline Sousa Borges de Assis (UFU)

O presente estudo, parte de minha dissertação de Mestrado, analisa um aspecto gramatical do Português do Brasil (PB) na área da sintaxe na perspectiva da sociolingüística laboviana, a, a saber: o infinitivo perifrástico, que se encontra em estado de variação com o infinitivo em situações de fala.

Busca-se, assim, com esta pesquisa uma explicação para o uso das perífrases verbo auxiliar1 + estar + -ndo/ estar + -ndo e variações, fundamentada nos pressupostos teóricos da Sociolingüística laboviana e da Sociolingüística Paramétrica, de Tarallo e Kato (1989), com o objetivo de explicitar aspectos da variação que possibilitem predições sobre a mudança lingüística, por meio não só de um modelo de análise que assume a interação sistemática entre fatores internos e externos, como também de um modelo que resgata a variação intra e inter-lingüística.

Embora a freqüência do infinitivo perifrástico seja relativamente baixa, sua presença é importante porque evidencia um processo gramatical mais amplo: a tendência do PB de substituir formas sintéticas de tempos verbais por formas analíticas. O comportamento diferenciado do PB em relação ao português europeu é abordado. Dentre as várias sugestões levantadas sobre a origem da estrutura denominada gerundismo, está a possibilidade de “má tradução” do inglês, que teria se iniciado com os atendentes de telemarketing. Sustento a hipótese de que a estrutura não deve ter surgido por influência do inglês, visto que a perífrase é admitida pela língua portuguesa. Outra hipótese, a ser confirmada pela pesquisa, é a de que parece tratar-se de uma mudança em progresso, uma vez que estas variáveis são freqüentemente empregadas por um grupo socioeconômico intermediário e, como os estudos têm comprovado, são os grupos intermediários que avançam no processo de mudança lingüística.


1 Estão sendo considerados auxiliares os modais (poder e dever) e ter que.

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