JOGOS ESTÉTICOS NO TEXTO LITERÁRIO

Carlinda Fragale Pate Nuñez (UERJ)

O jogo, antes de impor o reconhecimento de seus aspectos recreativos e pedagógicos, deve ser percebido como uma estrutura antropológica que antecede e auxilia a organização das culturas. Todas as formas de expressão cultural integram aspectos lúdicos, assim como se integram no sistema maior da civilização, jogando com as demais esferas - informais e institucionais - da vida.

Nesse horizonte atento às astuciosas camuflagens do ludismo e às aporias que ele encerra, a retórica e a poética funcionam como acervos teóricos, nos quais o ludismo estético arquiva suas regras, estratégias de constituição e reservas de um imaginário tão práxico e plurissígnico quanto o dos jogos. A teoria da literatura de extração contemporânea, seguindo os passos abertos pelos filósofos iluministas, que recuperaram a dimensão epistemológica do jogo, vai desfazer a injustiça praticada pela tradição aristotélica claramente contrária aos jogos e ao pensamento lúdico.

A incorporação da metáfora lúdica, desde Kant e em Schiller, fundmentalmente, na teorização sobre estética, pode ser fartamente ilustrada, em Derrida, Iser e Adorno, apenas para citar alguns de seus maiores represetantes. A análise de textos poéticos, entretanto, como a ode de Ricardo Reis que narra o confronto de dois enxadristas, sai vitoriosa sobre todo o discurso pragmático em torno dos jogos estéticos.

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