LINGUAGEM VERBAL E NÃO-VERBAL NA DEFICIÊNCIA
UM ESTUDO
DE CASO

Anamaria Attié Figueira
(Instituto Benjamin Constant)

O objetivo deste trabalho é o estudo das múltiplas formas de expressão na deficiência, o que inclui a linguagem não-verbal. Assim, será dada ênfase ao corpo como possibilidade de comunicação (gestos, olhares, deslocamentos, representações), que acompanham ou podem acompanhar a linguagem propriamente dita. O corpo (con)sentido, centro da pesquisa realizada como tese de mestrado, na área de Educação Especial (Figueira 2004), parte de dados provenientes da observação sistemática em contexto natural, de trechos de interações entre um aluno autista e um ou mais interlocutores. P., diagnosticado como autista, foi acompanhado nas disciplinas de Teatro e Expressão Corporal na FUNLAR (Fundação Municipal Francisco de Paula, Rio de Janeiro), em gravações de videotape. O conteúdo das fitas foi resumido em um registro de observação, focalizando-se principalmente os movimentos corporais do jovem. Alguns desses episódios foram analisados e pôde-se constatar que P não apresentava apenas comportamentos previstos pelo DSM-4 (manual de doenças mentais), para o autismo, tais como: isolamento e estereotipia dos movimentos; mas era também capaz de outras formas de se comunicar, que incluíam a movimentação corporal. Este trabalho não rejeita nem nega a existência das características que definem um quadro patológico, já que os movimentos estereotipados são de fato traços do Transtorno Autista (v. Kanner), mas a par disto deve-se defender um olhar para as práticas educativas que envolvem o corpo enquanto manifesto ao que a palavra não diz. Entendida num sentido mais amplo que inclui a expressão corporal, a linguagem favorece a socialização, o que leva à inclusão social.

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