MARCAS IDEOLÓGICAS DO SUJEITO DA ENUNCIAÇÃO
NAS MANCHETES JORNALÍSTICAS

Patrícia Ribeiro Corado (UERJ)

O trabalho que se apresenta pretende revelar, pelo confronto dos arranjos sintático-semânticos que constituem manchetes de “O Globo” e do “Jornal do Brasil”, o alinhamento ideológico e a intencionalidade discursiva do sujeito enunciador desses textos, mostrando-os como instrumentos argumentativos e, assim, relativizando o conceito de objetividade jornalística e de isenção do discurso.

Trata-se de um exercício de leitura que procura ir além da superfície das evidências, buscando um sentido que se produz por um material lingüístico explícito, mas tem uma profundidade argumentativa que não se limita à forma concreta do discurso.

Numa sociedade que vive a falência de suas tradicionais instituições, a imprensa se consolida dia a dia como instrumento de defesa da moralidade e de denúncia, o que torna sua ação discursiva muito poderosa. É, de um modo geral, pela mídia que se toma conhecimento da realidade. Decidir os elementos dessa realidade que serão apresentados ao público e de que forma essa apresentação se dará envolve tendências ideológicas, comprometimentos e um jogo de interesses que vai desde as esferas globais até cartéis empresariais e oligarquias locais, fazendo da língua instrumento de dominação e, desse modo, objeto não mais exclusivamente lingüístico, mas também sócio-histórico-cultural e, conseqüentemente, ideológico.

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