O DATIVO DE 1ª, 2ª E 3ª PESSOAS
NORMA PRESCRITIVA E NORMA OBJETIVA
NA ESCRITA DE ESTUDANTES E DE JORNAIS

Mayra Cristina Guimarães Averbug (UFRJ)

O português brasileiro passa por um período especial de implementação de mudanças que afetam o sistema pronominal, com a redução do paradigma flexional - fenômeno sintático que caracteriza a “gramática brasileira” (cf. Galves, 1998) e, particularmente, as construções de dativo. Dentre esses estudos lingüísticos destacam-se o de Berlinck (1996), os de Gomes (1999, 2003) e o de Freire (2000), que investigam construções de dativo em língua oral.

Falta, portanto, analisar corpora de língua escrita. Com tal propósito esse trabalho, um estudo empírico sustentado pela associação da Sociolingüística Laboviana com a Teoria Gerativa, pesquisará, em primeiro lugar, textos de cem estudantes de Ensino Fundamental, Médio e Superior. O segundo corpus, constituído pelo projeto PEUL-UFRJ, compõe-se de textos de cinco jornais cariocas. Sendo assim, podem-se verificar: (a) como (e se) a escola recupera variantes já em desuso na língua oral e até que ponto outras variantes inovadoras já se encontram implementadas no sistema; (b) se os textos jornalísticos realizam plenamente as recomendações das gramáticas normativas para a posição de objeto indireto; (c) discutir a possível distância entre "norma objetiva" (uso efetivo pelos alunos e jornalistas) e a "norma subjetiva" (prescrita pela tradição gramatical).

No PB há uma tendência ao esvaziamento de objetos indiretos nulos, em detrimento do uso do clítico dativo lhe. Deve concorrer com a estratégia de dativo nulo o emprego de SNs anafóricos e de pronomes lexicais, regidos pelas preposições a e para.

Espera-se, assim, oferecer elementos quantitativos e avaliativos relevantes que possam enriquecer outros trabalhos.

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