O LEITOR IMPLÍCITO NAS NARRATIVAS INFANTIS
DE CLARICE LISPECTOR

Telma Maria Vieira (UNICASTELO)

Nas obras de Clarice Lispector, direcionadas ao público adulto, encontramos como uma das características marcantes a metalinguagem. A ficcionalização do processo criativo permite que linguagem, autor, narrador, personagem e leitor tornem-se elementos ficcionais da narrativa. Enquanto uma dessas “personagens”, o leitor tem o perfil construído no próprio texto.

Nas narrativas voltadas ao público infantil, também encontramos a caracterização do leitor. Nosso trabalho tem como objetivo desvendá-lo, isto é, apontar nas obras infantis da Autora: O místério do coelho pensante (1967), A mulher que matou os peixes (1969), A vida íntima de Laura (1974), Quase de verdade (1978) e Como nasceram as estrelas: doze lendas brasileiras (1978), o que ela considera e registra como leitor ideal. Esse leitor, que denominamos leitor-modelo-clarice, é construído no próprio texto, cujo repertório de sinais materializam o conjunto das preorientações para a recepção.

Para a análise dos textos, adotamos como suporte teórico a Estética da Recepção, especificamente os estudos de Wolfganger Iser, que distingue leitor real de leitor implícito. Esse é um tipo de leitor que não tem existência real, mas funda-se na estrutura do texto.

O leitor-modelo-clarice que buscamos definir seria o leitor virtual que, preorientado para a recepção estabelece e atualiza o sentido da obra, segundo a idealização da Autora.

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