O LUGAR DO BARROCO
NA HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA BRASILEIRA

Kellen Dias de Barros Violento (UERJ)

Esta apresentação analisará o lugar reservado ao Barroco na historiografia literária brasileira. Iniciamos nosso percurso pela historicização do conceito de literatura, que, tal como conhecemos hoje, é datado, teve início no século XIX e é carregado de conceitos subjetivistas, formulados após o Iluminismo. Este dado é preponderante para a análise da conceituação instável do Barroco nas Histórias da Literatura Brasileira, pois este estilo traduz uma tradição retórico-objetivista afastada dos modelos preconizados após o século das Luzes. Desconsiderando essas diferenças fundamentais, muitos autores guardam um lugar menor para o Barroco, quando não o excluem. Analisando várias Histórias da Literatura Brasileira, percebemos que, de forma geral, a visão histórica apresentada é fundamentalmente organicista, ansiando a construção de uma linearidade evolucionista nas produções literárias; e ontológica, por alimentar o que Haroldo de Campos (O seqüestro do Barroco, 1989) chama de “metafísica da presença”, esperando localizar em certos períodos pontos significativos no desenvolvimento histórico. Sendo assim, tais obras apresentam informações acerca dos autores, das características gerais de produção e se esquecem da análise crítica dos períodos. São perceptíveis, ainda, conclusões contraditórias acerca do período literário estudado, e uma indecisão quanto à origem de nossa literatura: o Barroco mereceria os louros de primeiro estilo literário brasileiro ou a exclusão dessa História? Enfim, o Barroco é uma ruptura, um desequilíbrio no fio condutor de um pensamento subjetivista predominante após o Iluminismo, e como tal deve ser focado na formação da literatura nacional.

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