O NOME DO RIO COMO REFERENTE: ESTUDO CONTRASTIVO DOS HIDRÔNIMOS DO TIETÊ

Alessandra Martins Antunes (USP)

Os cursos d’água, referencial dos aglomerados humanos formados ao longo de suas margens, são uns dos primeiros acidentes humanos (ou o primeiro) a ser nomeado e, por este motivo, registram potencialmente um saber lingüístico e cultural mais antigo. Dauzat, ao estudar nomes de lugar da França, constatou que, proporcionalmente, os nomes mais antigos encontravam-se estabelecidos em cursos d’água (1937: 195-6).

No Estado de São Paulo não poderia ser diferente. Se nativos desta terra utilizavam arquétipos lexicais para determinar o acidente geográfico no qual se referiam, coube ao colonizador torná-los topônimos propriamente ditos (DICK: 1996, 45). A bacia do Tietê, em especial, era utilizada como referencial para os bandeirantes, que percorriam o “sertão paulista” em busca de riquezas, e, posteriormente, como ponto de partida e expedições monçoeiras.

Os relatos históricos e os documentos cartográficos conhecidos apontam a utilização de indígenas como guias, dado seus conhecimentos da região e do percurso dos rios, seus perigos.

Dando continuidade à pesquisa por nós desenvolvida no Grupo de Trabalho Caminho das águas, povos dos rios. Uma visão etonolingüística da toponímia brasileira, pretendemos, na presente Comunicação, pelo estudo destes registros históricos, estabelecer o período de nomeação destes rios com palavras de origem indígena e o início da substituição por nomes de outra origem lingüística e identificar o momento em que o significado destes hidrônimos indígenas começam a não mais serem transparentes mesmo àqueles que os cruzam com freqüência.

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