OS VALORES DO GRUPO FAMILIAR
UMA REPRESENTAÇÃO FUNDADA NO CONTEXTO
DA REVOLUÇÃO DE 1932 PELO DISCURSO LITERÁRIO

Aparecida Regina Borges Sellan (PUCSP)

Postula-se que o discurso literário foi concebido, no fluxo de um longo tempo, como discurso de ficção para o exercício de uma leitura que se qualificaria pelo deleite e descompromisso; logo, dissociado de questões inerentes aos fatos sociais, quer seja, circunscritos a acontecimentos ocorrentes no mundo das vivências de práticas sociais, em épocas e lugares diversificados. Com o advento e desenvolvimento da lingüística textual, fundada na inter e multidisciplinaridade, o texto é configurado como espaço de materialidade de diferentes representações que os produtores fazem dos acontecimentos que povoam o mundo. Nessa perspectiva, busca-se verificar como o acontecimento histórico Revolução Paulista de 1932 está representado no discurso literário, de modo a possibilitar a compreensão da hierarquização de valores responsáveis pela permanência na ruptura da estruturação familiar da época, projetando matizes de sentidos que facultam compreender os valores dessa mesma estrutura familiar, na contemporaneidade do tempo presente. O texto-base selecionado para o tratamento do tema é a obra de Maria José Leandro Dupré, Éramos Seis, tematizado na sociedade na sociedade paulista, a partir de 1910 e, por ele, analisa-se o cenário dos acontecimentos antecedentes e conseqüentes dessa Revolução. A leitura analítica proposta possibilitou instituir um critério que resgata os valores daquela sociedade, de modo a focalizar um conjunto de fatos ordenados pelo princípio da historiografia. Os resultados apontam para a necessidade de se lançar um outro olhar sobre o discurso literário, visto que ele se faz discurso fundador para a construção da história do homem e da sociedade brasileira e, por essa história. Resgatam-se as matrizes das raízes que configuram as práticas sociais do povo brasileiro.

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