O VOCALISMO ROMÂNICO

Bruno Fregni Bassetto (USP)

Partindo das dez vogais do latim clássico, com suas cinco longas e cinco breves, cuja distinção tinha valor fonológico, o curso buscará mostrar como as línguas românicas modificaram essa herança vocálica indo-européia, transformando a quantidade original em acento de intensidade com diferenciação pelo timbre. O resultado foi diferente nas diversas regiões da România, com sistemas iniciais de sete, seis ou cinco fonemas vocálicos; posteriormente, houve evolução normal, segundo as características e tendências de cada região por influências, entre outras, do substrato e do superstrato. O português, nesse contexto, é a única língua românica que mantém, em sua plenitude, o sistema de sete fonemas vocálicos. Com exceção do sardo, sempre uma caso à parte, nas outras línguas românicas verificou-se a ditongação dita espontânea do /e/ e do /o/ breves latinos, que passaram primeiramente a timbre aberto nas línguas românicas. Essas relações entre a quantidade latina e o timbre vocálico românico são, a meu ver, muito pouco estudadas e devidamente aplicadas. Daí que não é de bom alvitre discurtir a priori se uma determinada vogal deve ser pronunciada aberta ou fechada. É preciso verificar a respectiva forma latina para se ter um ponto de partida seguro, verificando-se em seguida possíveis modificações em cada língua, conforme tendências ou características próprias.

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